Em uma semana de Setembro de 2007
- O que foi que aconteceu com ela?- perguntou o garoto moreno com traços indianos.
- Alguém a colou aqui, sabe que é semana das repúblicas...Qual o nome dela?- quis saber o garoto loiro.
- É a Leonora Ivashkov. Droga! Ela está congelada. Deve ter passado a noite toda aqui fora...- disse a menina loira.
A garota tremia tanto, que não conseguia falar, seus lábios estavam roxos e ela estava desnorteada.
O garoto alto e forte pra idade, pegou sua varinha e procurou se lembrar do feitiço de desfazer, mas a menina loira junto com o indiano ficaram impacientes, pegaram suas varinhas e disseram ao mesmo tempo:
- Diffindo...- e conseguiram soltar a garota, que quase caiu ao chão mas os dois meninos a seguraram a tempo.
- Nossa, ela é pesada.- resmungou o moreno e a loira disse:
- Não reclama Von Hoult, mexam-se, temos que leva-la para dentro.
- Talvez...precisem... de desenho...são garotos, Parvati...- a garota disse enquanto batia os dentes e a menina loirinha disse sorrindo:
- Até a menina picolé, está pensando mais rápido que vocês. – então os dois carregaram a garota para dentro e a levaram para o quarto indicado, colocaram cobertores em cima dela, e o menino indiano correu até a cozinha e logo voltou trazendo uma xicara cheia de chá fumegante:
- A cozinha de vocês é um horror, mas consegui fazer este chá para você se aquecer, não encontrei nada alcóolico, então isso terá que servir. Aliás eu sou Robert, sou da Osiris e ele é Marcus Finnegan, da Kratos.
- Não é melhor chamarmos algum adulto? Ela pode ficar doente...Pegar uma pneumonia...- disse o garoto loiro.
- Quem fez isso com você, meu bem?- disse Robert ajeitando os travesseiros da garota:
- Algumas garotas da Atlantis...
- Precisamos denunciá-las...- disse Finnegan e Leonora se agitou:
- NÃO! Não vamos fazer nada, quando eu parar de tremer eu mesma cuido disso.-e a garota de nome Parvati disse:
- É o que você quer? Porque eu posso botar a boca no mundo e eles vão me ouvir, te garanto.
- Sim, é o que quero. É a semana das repúblicas, e cada um resolve seus problemas não é? Além do mais, a responsável por isso foi a minha irmã e ela não espera que eu vá reagir, mandando um presente bem fedorento a ela. - e as duas garotas trocaram olhares maldosos e o menino moreno disse:
- Bem, seja o que for que fizer conte conosco, afinal somos os seus salvadores. Alguém ja avisou à vocês, que nem todo abajur da Tiffany combina com estas cores frias? – Robert disse olhando horrorizado ao redor do quarto e se pôs a dar ordens: - Finnegan, busque comida e bebia, Leonora fique na cama quentinha e Parvati, vamos redecorar este quarto! Preciso de um desafio e este é dos grandes. Começava ali umas da amizades mais estranhas daquela escola.
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Véspera de Natal 2014
Após o jantar em minha casa, onde tivemos uma troca de presentes constrangedora, pedi licença e fui para meu quarto. Minha avó já havia se retirado mais cedo com dor de cabeça após mais um dos rompantes de minha mãe e minha irmã, a respeito dos presentes que haviam recebido de minha avó.
Deitei-me usando o suéter novo que ganhei de Parvati e enquanto saboreava meus caramelos favoritos lia e via fotos de uma biografia não autorizada de um artista famoso que tinha ganhado de Robbie, quando ouvi um baulho na minha janela.Levantei-me e descobri que era o Finn. Estávamos meio estremecidos desde as Olimpiadas, mas me preocupei quando o vi escalar a treliça, ao lado da minha janela.
- Você enlouqueceu? Poderia cair e se machucar sériamente. –e ele riu:
- Faço isso há tempo demais para me deixar cair, Leo. Relaxa. Vai me deixar entrar ou eu vou ficar aqui morrendo de frio? Seja boazinha, é Natal.- olhei para ele, mas era dificil ficar zangada. Abri a porta de vidro e ele entrou, enquanto eu voltava para minha cama.
- Já deitada? Porque não está la embaixo festejando? Sabe que esta é a melhor época do ano para se estar com a familia.
- Finn, nesta casa não costumamos recriar o clima de ‘filme de sessão da tarde com a familia feliz’ , então não enche...- Joguei um caramelo para ele que o apanhou rápido.
- Ok, ok, não vim aqui para brigar. Vim te buscar para ir até a minha casa.
- E eu iria até a sua casa, porque?
- Porque minha mãe já perguntou por você umas quinze vezes, meu pai adora seus comentários sobre os jogos na tv, e ah ia me esquecendo: você é minha amiga e quero te dar o meu presente, nesta ordem.- disse e eu ri:
- Você poderia ter trazido e me dar agora...
- Não teria graça, tem que ser na manhã de Natal.
- Ah, claro e aposto que você vai colocar biscoitos e leite para o Papai Noel também?- o provoquei porque Finn adorava estas tradições, e ele ficou vermelho, mas não respondeu a minha pergunta.
- Você vem?Por favor?Por favor?- e eu sorri com a sua insistência e fiz que sim. Deixei um bilhete avisando aonde estava indo, apenas por força do hábito. Meus pais não iriam me procurar de qualquer forma.
A casa de Finn, era um sobrado e estava decorado com muitas luzes, e havia até mesmo um boneco de neve na entrada, usando um cachecol e segurando um taco de hóquei, e os pais dele pareciam felizes por me ver ali.
A mãe de Finn estava tão acostumada comigo em sua casa, que ela não agia como os outros pais, que proibiam garotas e garotos de ficarem no mesmo quarto de portas fechadas. Eles confiavam em seu filho e em mim. E eu procurava estar à altura desta confiança.
Depois de beber, comer e conversarmos seus pais se despediram, e eu e Finn fomos para seu quarto e ficamos conversando até muito tarde, jogando video game, enquanto bebiamos cervejas amanteigadas. Dava para ouvir que nas casas vizinhas havia música sendo tocada, e nós acabavamos cantarolando juntos.
Acordei com alguém me beijando de leve e não evitei um suspiro, mas continuei de olhos fechados. Queria continuar sonhando...
- Leonora acorda..É Natal!- abri os olhos e ele estava a centímetros de meu rosto sorrindo.Ficamos nos olhando e ele até começou a abaixar o rosto novamente, mas ouvimos sua mãe gritar o nome dele, e ele se afastou:
- Vamos abrir os presentes...- ele me puxou e não houve outro jeito de não segui-lo.
O engraçado era que Finn lembrava um daqueles garotos de filme de sessão da tarde, que ficam de olhos arregalados quando encontra a árvore cheia de presentes. Ele estava realmente alegre por ser manhã de Natal e era uma sensação contagiante. Ajudei a mãe dele a fazer o café da manhã, e fiz uma das receitas de minha avó para rabanadas, e passamos a manhã aproveitando os presentes trocados. Depois fomos patinar no lago perto de sua casa e foi muito divertido. Algumas garotas olhavam para Finn e sorriam animadas, ele até olhava para algumas delas, mas não saía de perto de mim, sempre segurando a minha mão quando patinávamos, levantando a gola de meu casaco quando começava a fazer frio, ou tirando uma mecha do meu cabelo do rosto. Em um destes momentos, ele me beijou.
Quando nos separamos nos olhamos e sorrimos um ao outro, e tornamos a nos beijar. Não estávamos começando um namoro ou algo do tipo, eram apenas duas pessoas que se gostavam e queriam passar um tempo juntos, era nisso que eu acreditaria hoje e talvez, só talvez...O dia de Natal, torne-se o meu dia favorito do ano.
I can't fight this feeling any longer
And yet I'm still afraid to let it flow
What started out as friendship has grown stronger
I only wish I had the strength to let it show
And even as I wonder I'm keeping you in sight
You're a candle in the window on a cold dark winter's night
And I'm getting closer than I ever thought I might
N.Autora: Can’t fight this feeling, Glee