Wednesday, October 31, 2007

‘Dom Diego De La Vega!’ Mario espetou o florete na barriga de Max ‘O que faz por aqui?’

‘Esse é meu território, Porthos’ Max respondeu entrando na brincadeira ‘O forasteiro aqui é você’

‘E este ser, quem é?’ Diego empurrou o irmão e encarou Josh dos pés a cabeça com cara de desdém ‘Rocky Balboa?’

Josh fechou a cara pela piada e prendi a risada. Depois aconteceu tudo tão rápido que mal pude assimilar direito os fatos. Josh ajeitou as luvas de boxe nas mãos, Diego puxou o florete do cinto, Santiago o imitou se postando ao seu lado, Max olhou alarmado, mas já pronto para o que viesse e tudo que vi depois foi uma nuvem de fumaça tomar conta dos sofás onde estávamos e todo mundo desaparecer no meio dela. Senti alguém me agarrar pela cintura e fui arrastada para longe da nuvem cinza. Quando paramos, já afastados, vi que quem me puxava era Mario e não Josh.

‘O que aconteceu? O que vocês fizeram?’ Falei quando ele me soltou ‘Onde estão os outros?’

‘Percebemos o quanto você parecia entediada ao lado dos dois, ai resolvemos agir em prol da sua sanidade. Diego e Santiago ainda estão entretendo o Zorro e o Rocky Balboa, então aproveite e desapareça. Marta e Pilar estavam lhe caçando agora a pouco’

Abri um enorme sorriso e agarrei Mario, lhe dando um beijo estalado na bochecha. Ele apoiou o peso do corpo satisfeito no florete e sai correndo pelo meio das pessoas no jardim. Era horrível ter essa necessidade toda de fugir de Josh, mas ele começava a me sufocar e queria aproveitar a festa. Não foi dificil localizer minhas primas. As duas estavam em cima de um dos sofás dançando animadas com alguns amigos da escola de Marta. Fiz sinal para que descessem e elas vieram pulando animadas na minha direção. Marta usava uma fantasia de Princesa Jasmine e Pilar estava vestida de She-Ra.

‘Vejo que os três mosqueteiros tiveram sucesso no plano!’ Pilar segurou minhas mãos e começou a me rodar pelo gramado

‘Vocês sabiam disso?’ Disse já um pouco tonta e ela parou

‘Nós que pedimos a eles para tirar você de lá’ Marta disse sorridente, enchendo três copos de ponche ‘Isso é uma festa, não um velório. Vem, vamos dançar!’

Ela empurrou um dos copos na minha mão e saíram me rebocando para o aglomerado de gente que dançava uma música de uma banda infantil trouxa. Parecia que todos tinham voltado à infância, pulando e cantando animados os versos em forma de gritos de guerra. Logo Andrei apareceu vestido de He-Man, tudo combinado antes com Pilar, e aproveitei a deixa para exibir bastante meu primo auror e musculoso pras meninas que lançavam olhares cobiçados para ele. E antes que percebesse Andrei já tinha me puxado para cima de um dos sofás laranja.

Ainda não tinha bebido o suficiente e normalmente desceria depressa para não atrair a atenção de ninguém, mas desde que os jogos tinham começado andava tão estressada que não me importei. Como se não bastasse Josh no meu calcanhar 24hs por dia, ainda tinha feito papel de idiota no encontro das fãs com Ben O’Shea. Georgia delegou a mim a tarefa de escrever sobre o acontecimento e tudo que consegui perguntar a ele em meio ao tumulto foi se estava sentindo frio em Durmstrang. Fiquei lá, com aquela cara de pateta, sem conseguir formular mais nenhuma sentença. Obviamente ele riu e disse já ter estudado aqui, o que causou um rebuliço maior por parte das alunas do Instituto, eu incluída nelas, e não consegui redigir mais nada. Sorte que Chris prometeu responder as perguntas que pudesse por ele, uma vez que era seu afilhado. Só precisava sentar com ele depois da festa e terminar isso. Alias, não via Chris desde que a festa começou. Ele estava vestido de Samurai e a última vez que o vi ele conversava com o pai, fantasiado de Hércules, e um homem vestido de Alvo Dumbledore. Depois desapareceu!

‘Gente, meu copo está vazio!’ Marta falou chocada e rimos

‘Hora de reabastecer’ Pilar puxou o He-Man pelo cinto e ele agarrou minha mão. Ela já estava um pouco alterada ‘Desçam desse palco que vocês não são paquitas!’

Conseguimos passar pela multidão de volta ao espaço amplo e Andrei nos deixou perto da mesa de sanduíches e levou Pilar embora dizendo que ia procurar alguma coisa doce pra cortar o álcool e já voltava. Procurava pela mesa um sanduíche que ainda estivesse inteiro e não caindo aos pedaços quando pela segunda vez alguém me agarrou pela cintura. Mas dessa vez não era Mario e nem Josh. Era Micah.

‘Ei minha Pocahontas’ Ele me ergueu do chão e beijou minha bochecha. Marta riu ‘Por onde andou? Ainda lembra de mim?’

‘Não é Pocahontas, é só uma fantasia de índia’ Disse me esquivando do abraço dele

‘Não importa, está linda do mesmo jeito’ Ele sorriu e se virou para Marta estendendo a mão ‘Já que Evi é mal educada, deixe que eu mesmo me apresento. Micah Wade, prazer. Voce é uma das primas dela, certo?’

‘Marta Toledo’ Ela respondeu toda animada. Devia estar com o cérebro a mil, bolando piadinhas para quando estivéssemos sozinhas ‘E sou prima da “Evi” sim. É um imenso prazer conhecê-lo, Micah. Você não faz idéia do quanto!’

‘Por que perguntou se ainda lembro de você?’ Interrompi o papo dos dois antes que Marta falasse mais do que deveria ‘Pelo que sei foi você que sumiu depois que seus amigos da Califórnia chegaram’

‘Está com ciúmes?’ Ele falou me provocando

‘Nem em seus sonhos’

‘Sabe, Shannon é só minha amiga, não precisa ficar preocupada’ Ele tornou a usar aquele tom debochado e senti meu corpo tremer de raiva. Odiava quando ele fazia isso

‘Você não me deve explicações’

‘Só estava fazendo um comunicado. Quer dançar?’ Micah sorriu amigável e estendeu a mão para mim, mas não a segurei

‘Acho melhor não, Josh pode aparecer e ficar reclamando’ Fui sincera. Até queria ir, mas a dor de cabeça que isso certamente me traria não compensava

‘E você, Marta? Também tem um namorado ciumento?’

‘Não, estou livre e desimpedida!’ Marta me olhou com cara de deboche e segurou a mão dele

Fiquei observando os dois se afastarem animados e senti meu estomago revirar. Sentei em um dos sofás vazios ainda de olho na direção onde eles estavam quando Josh sentou do meu lado, me abraçando. Empurrei-o pra longe e ele me olhou parecendo chateado.

‘O que houve?’ Perguntou segurando minha mão ‘Procurei você por toda parte, aqueles seus primos são uns idiotas, sabia?’

‘Não fala mal deles! Mario, Diego e Santiago não são idiotas!’ Respondi grossa e ele se assustou

‘Calma, não quero brigar, ok? Desculpa’ Disse sorrindo e revirei os olhos, deixando ele me abraçar. Ele passou a olhar na mesma direção que eu olhava e soltou um resmungo que não entendi.

‘O que foi?’

‘Acabei de ver alguém desagradável’ Olhei pra ele esperando o resto e ele continuou ‘Está vendo aquele garoto ali, com a capa preta e chapéu?’ Olhei pra onde ele apontava e vi que era Micah. Olhei para ele outra vez. ‘Não sei se já o conhece, mas como ele está estudando aqui, melhor alertá-la. Não se aproxime demais dele, Evie’

‘E por que não?’ Falei sem paciência ‘O que tem errado com ele?’

‘Prefiro privá-la de algumas coisas, mas confie em mim. Esse garoto não presta, e só vai trazer problemas a você caso se aproxime dele. Wade só me trouxe dor de cabeça’

Josh não falou mais nada e encostou a cabeça no sofá, começando a relatar uma das competições de que participou hoje, mas não estava mais prestando atenção. Agora não tirava mais os olhos de Marta e Micah. Que dor de cabeça ele pode ter causado a Josh? Isso significava que eles se conheciam? Mas desde quando?

Levantei do sofá e Josh fez menção de me seguir, mas pedi que não o fizesse, pois queria procurar Pilar e ver se ela estava bem. Disse que voltava logo, mas não voltei. Tampouco procurei minha prima. Olhando uma ultima vez para os dois dançando e rindo, senti meu estomago revirar outra vez e resolve ir dormir. Minha cabeça estava a ponto de explodir e a sensação incomoda que sentia em ver minha prima dançando com Micah, somada a vontade de estar junto com eles, só piorava a situação.

Voltei para a Avalon e quando entrei no quarto ele ainda estava vazio. Não me surpreendi, era muito cedo ainda e as meninas deviam estar aproveitando a festa. Agradeci por não estarem lá, não sentia a menor vontade de conversar. Deitei na cama sem nem ao menos tirar a fantasia e tentei dormir. Mas não preguei o olho a noite inteira.

So she said what's the problem baby
What's the problem I don't know
Well maybe I'm in love
Think about it every time
I think about it
Can't stop thinking about it

Counting Crows – Accidentally in Love
Halloween na geleira.
Das anotações de Ty McGregor

Chegamos à festa e ela estava não tinha outra palavra pra descrever: bombando!
Algumas meninas até pensaram estar diante de Toquinho Boardman e Ben O’Shea dos Duendeiros e isso ficava hilário na hora dos “autógrafos”. A turma de Beauxbatons de longe era a mais animada e Ian, Samuel, com suas fantasias do seriado Chaves arrancavam muitas risadas, por onde passavam. Gabriel com sua fantasia de “Harry Potter” fez muito sucesso e ao final até o Potter original achou engraçado.
As meninas da Avalon estavam muito bonitas em suas fantasias, mas quem estava atraindo muitos olhares eram as visitantes: Miyako, Shannon, Julianne, Beatrice e Jaeda, estavam vestidas, quer dizer tinha pouco pano nas fantasias de Spice Girls, por isso atraiam tantos olhares. Estava circulando pelo salão, pois não havia encontrado ainda minha mãe e minha irmã, quando encontrei Annia.
- Você só podia ser uma Alquimista do Estado mesmo, tem tudo a ver com você. Acho a tenente demais. - elogiei.
- Obrigada Ty, você está muito bem como Toquinho. Quando vi a sua entrada no salão com Micah, me segurei achando que eram eles.
- Não! Outro estouro de fãs, não. – demos risada e perguntei:
- Porque não está dançando?
- Eu estou esperando o meu par, ele foi pegar algo para nós tomarmos.
Nesta hora, percebi que alguns rapazes olhavam para um casal andando pelo salão, e meu olhar foi atraído para eles. Ela usava uma roupa de homem aranha justa e estava acompanhada por um homem fantasiado de Dumbledore, e parecia se divertir. Comecei a achar aquela mulher familiar quando vi o sorriso dela.
- Dá licença!- disse e comecei a andar até ela, acho que Annia ficou sem entender o que estava acontecendo.
- Mãe!
- Oi filho! Você tá lindo de Toquinho. Não é Ben? – e o homem fantasiado de Dumbledore, era o tio Ben, que piscou me pedindo segredo e disse:
- Ficou muito legal Ty. Você e seu amigo ganhariam bem fazendo covers dos “Duendeiros”. – sorri agradecido, mas voltei ao assunto que me incomodava:
- Mãe que roupa é esta?- perguntei olhando-a de cima em baixo. - Minha mãe virou para mim e sorriu:
- Sempre gostei do homem aranha, e como o figurino da MJ era muito sem graça, optei por este. Gostou? – deu uma volta e uns garotos que estavam perto aprovaram o que viram.
- Mãe isso tá mais justo que o julgamento divino. - disse um pouco azedo e ela levantou uma sobrancelha ao me encarar.
- E você quer enfrentá-lo agora Tyrone? – ela respondeu e pelo jeito como ela falou, percebi que ela estava ficando irritada.
- Não senhora. - disse arrependido e ela disse:
- Ty, é uma festa a fantasia, e não vejo problema algum em usar esta roupa. E se você acha que isso é um problema, é porque ainda não amadureceu como eu achei que tivesse. Sinto se isso o desagrada, mas não vou me sentir mal por estar me divertindo.
- Desculpe mamãe. Sabe que te acho linda e sinto ciúmes né? – abracei-a e logo Emily fantasiada de Helena de Tróia, nos encontrou e estava acompanhada do professor Skoblar vestido de gladiador, e ele segurava a mão dela. Abracei-a e ela sussurrou no meu ouvido:
- Não me faça passar vergonha...
- Não, isso vai ser nas festas da família. Ele é legal pelo menos... E tem belas pernas. - disse divertido e ela riu.
Ficamos rindo e conversando por um tempo, quando olhei por cima do ombro de minha mãe e vi Julianne e Beatrice, vindo em nossa direção com um homem vestido de: Homem Aranha. Sorri, prevendo diversão.
- Bela festa não? – o homem perguntou e pude reconhecer a voz de tio Logan. Mamãe se virou para ele e seu queixo caiu, enquanto o olhava de cima a baixo. As gêmeas tinham sorrisinhos marotos no rosto quando disseram:
- Você deveria tirar a mulher aranha para dançar tio, formam um casal bonito.
- Claro. – respondeu tio Logan e começou a esticar a mão para minha mãe quando ela disse tensa:
- Não! Quer dizer... Agora eu estou trabalhando...
Olhamos curiosos para mamãe e ela explicou:
- E eu estou acompanhada e não ficaria bem...
- Não se prenda por mim, ficarei bem. E todos os aurores estão em alerta, vá tranqüila. - respondeu tio Ben com uma voz de velho para que as meninas não o reconhecessem, enquanto pegava a mão de minha mãe e punha na mão de tio Logan, que não viu alternativa a não ser obedecer. Olhei para as garotas e elas disseram:
- Então... Tá a fim de mostrar aos pingüins como os astros se divertem?- perguntou Julianne. - encostando-se a mim.
- Aham. – respondi apreciando a sua fantasia abertamente.
- Sou capaz de apostar que Toquinho ou Ben O’Shea viviam saindo com mais de uma garota ao mesmo tempo... Isso é comum nos famosos, tem até um nome, que não lembro agora... Vamos ver como é? – perguntou Beatrice me abraçando do outro lado.
- Claro, o que a gente não faz para manter um ídolo no auge. - respondi e tio Ben engasgou com sua bebida disfarçando uma risada.
Fomos para a pista e entre copos de bebidas e muita farra, aquela foi a melhor festa de dia das bruxas que eu participei.

Monday, October 29, 2007

A festa estava muito animada, com as pessoas dançando, e era engraçado que a barreira da língua aprecia não existir, pois víamos vários estudantes se comunicarem por mímica. Iago havia me olhado sério e eu acenei pra ele, como se ele fosse apenas um amigo. Ele me olhou sem graça e acenou de volta. Annia estava tensa olhando para Ty, enquanto ele dançava muito animado com Beatrice, ou melhor, B. Num dos intervalos entre as músicas estávamos numa mesa conversando:
- Nina! Michael está vindo ai te chamar pra dançar... - disse Annia.
- Me escondam... – Nina disse rápido, mas quando percebeu que Annia estava brincando disse:
- Quer me matar? Jogue-me da ponte de uma vez. - e começamos a rir, quando alguns garotos se aproximaram para nos convidar para dançar.
- Oi! Você gostaria de dançar comigo? – perguntou um dos primos do Ty, Declan e Annia ficou vermelha, mas concordou.Nina foi dançar com um garoto que não conheciamos.Evie dançava com Josh, Lavinia foi dançar com Victor, quando Luka se aproximou:
- Ei Milla vamos dançar?
- Claro! - estávamos dançando e vi quando Iago puxou uma das americanas para dançar, era a que se chamava Jaeda. E ele parecia muito satisfeito. Senti uma raiva surda começar a me corroer por dentro. E Luka disse:
- Seu namorado parece estar se divertindo muito com aquela americana, ela é muito bonita...
- Sim, ela é. E... Iago e eu estamos dando um tempo.
- Ah é? Não sabia... Que pena Milla, parecia que vocês se davam tão bem... Mas porque isso?
- Porque ele não quer que eu jogue.
Continuamos a dançar, quando vi Jaeda passar correndo do meu lado puxando um Iago de olhos arregalados. Olhei para ver o que estava acontecendo quando eu o vi: Era Ben O’Shea.
Lindo em suas vestes negras, com seu sorriso de dentes perfeitos, com seu cabelo impecável, juro que senti um cheiro maravilhoso. Quando dei por mim eu estava correndo na direção dele, segurando a mão do Luka como uma espécie de tábua de salvação, daquelas que a gente precisa quando acha que vai desmaiar e quer algo fofo para cair, quando está no auge da emoção.
Estávamos todas amontoadas querendo chegar perto de nosso ídolo, quando mãos rudes nos afastaram, e a mãe do Ty muito irritada pulou no meio e agarrou o Ben, antes que eu conseguisse um pedaço da camisa dele, dizendo em alto e bom som:
- ‘Ele está comigo e sou ciumenta’ - aquilo teve o efeito de um balde de água fria, pois mais cedo, já tínhamos tido amostras de como era o gênio da mãe do Ty, e ninguém quis arriscar. Ficamos paradas olhando aquele ser mitológico ser levado para longe de nós. Aí na hora você faz aquilo que está mais fácil. Dá bronca em quem está na sua frente.
- Porque você não pegou um autógrafo para mim?- perguntei irada para Luka e ele se encolheu, enquanto respondia:
- Não deu tempo Milla, nem sabia que você era fã dele, até ver isso. - mostrou com os braços a quantidade de garotas paradas esperando um só aceno do Ben, para começar a correr novamente. Iago e Jaeda estavam perto e ela dizia irritada para ele:
- Porque você não o segurou? Com este eu tamanho seria moleza. – e ele resmungou um ‘desculpe’, talvez com medo dela, já que não a conhecia e já estava levando bronca.
Após um tempo Ty, Gabriel e Miyako voltaram e nos deram a noticia de que Ben, iria nos atender a conversar conosco, dar autógrafos, tirar fotografias, e todas as garotas começaram a tratar os seus pares com um pouco mais de consideração e voltamos a curtir a festa. Acho que nem vou dormir esta noite. O Ben é mais lindo de perto do que nas capas de disco. Será que não vou gaguejar quando for apresentada a ele? Ai Merlim que roupa vou usar amanhã?

Sunday, October 28, 2007

*Por Naveen Odebretch*


‘Debby! Será que você tem um minuto?’

Uma garota de cabelos intensamente negros e olhos verdes, observou surpresa o menino moreno de cabelos em topete que a chamava. Sentiu seu coração faltar uma batida e o corpo ficar quente. Gostava daquele menino desde a sua infância, mas ele nunca a dera expectativas. Eram só bons amigos e ela estava começando a se acostumar com aquela situação...

‘Claro, Nav...’ sorriu para o menino e se afastou do grupo de amigas que seguiam para o corredor. ‘O que foi?’

‘Preciso da sua ajuda. Só posso confiar em você’ seu tom era urgente e a menina se assustou. Logo ele, que sempre passava uma posição dura das coisas... Os dois se sentaram e ele foi direto. ‘Preciso que finja que é minha namorada.’

‘O QUÊ?’ tinha certeza agora: seu coração parara momentaneamente. Sentiu as mãos gelarem. ‘Por quê?’

‘Não posso te dizer exatamente o que estou planejando. Isso é arriscado para você, para mim, e para outras pessoas. Você confia em mim?’

‘Confio, mas não entendo... Você quer me usar para passar ciúmes em alguém?’ ela perguntou escolhendo as palavras. Não seria capaz de acreditar... Ele sabia que ela sempre gostara dele. Como poderia fazer isso? Ele segurou sua mão e a olhou desesperado.

‘Eu nunca te usaria. Nunca. Você é a minha única amiga. Não gosto de ninguém, não quero passar ciúmes. Você vai ter de confiar em mim, mais uma vez.’

‘Não. Isso será uma tortura para mim. Você sabe que eu gosto de você desde quando éramos crianças, não sabe? Por que faz isso comigo? Não posso te ajudar, desculpa.’ Disse vacilante mas sabia que era o certo. Não queria se machucar, e não iria deixar que ele a machucasse, mesmo sendo amigos.

Levantou-se decidida, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, ele a puxou e a beijou intensamente. Era como se sua cabeça estivesse em chamas. Não conseguia pensar, nem agir. Estava paralisada naquele momento que por tantos dias sonhou. Quando se afastaram ela manteve os olhos fechados por uns segundos, como se tivesse medo de abri-los e descobrir que tudo não passara de mais um dos seus devaneios. Mas quando abriu, viu o rosto de Naveen a centímetros do seu. Seus olhos tinham uma expressão significativa, terna, carinhosa. Ele continuou abraçando-a.

‘Não estou te usando. Você me ajuda, mas ao mesmo tempo pode me provar por que eu sou burro de não sentir o que você sente por mim. Me ajuda a gostar de você...’

E antes que ela se desse conta do que estava fazendo, concordou com a cabeça e ele a beijou novamente, aliviado. Todo o seu plano estava dando certo.

Friday, October 26, 2007

- Olha lá! – falei para Micah e acenei para uma pessoa no meio da delegação de Beauxbatons. Minha agitação se devia a ter localizado Miyako, Griffon, Seth, Jean Savoy e mais alguns amigos da escola francesa.
- Uau, aquela é a sua amiga?- perguntou Micah.
- Sim, aquela é a Miyako, você vai adorar conhece-la. E você achou quem procurava?
- Está lá, veja. Hey Shannon aqui! - e ele sacudiu a mão agitado para que a amiga o localizasse.
- Ho-Ho! O Natal veio mais cedo este ano meu caro. – falei dando a entender que tinha achado sua amiga bonita e quando vi quem estava ao lado dela, voltei a agitar os braços dizendo:
- É o Lobo! É o lobo! É o lobo! - disse e ele entendeu que eu me referia ao Gabriel que tentava fazer uma cara “responsável”, mas estava tão animado quanto nós. Localizei Hermione, Gina e Luna no meio dos atletas de Hogwarts e agitei os braços para cumprimentá-las. Annia estava do meu lado e disse:
-Vai dizer que você as conhece também?
- Sim, são gente boa. Veja Ron Wesley e Harry Potter estão com elas. Aee garoto matador de cobras. Uhu! – Harry ouviu meu comentário e olhou na minha direção e riu sem graça. – antes que ela falasse mais alguma coisa, gritei novamente, saudando outras pessoas das delegações da Escócia, Irlanda e Itália que retribuíram os acenos. Minhas primas haviam me visto e me jogavam beijos, durante o desfile e me mostravam para seus amigos que entravam na onda acenavam de volta.
Depois da cerimônia, Micah e eu corremos em direção de nossos amigos e logo vimos que tínhamos amigos em comum e por coincidência estavam perto. Carreguei Miyako de cavalinho enquanto ela abraçava meu pescoço toda animada:
- Quando você dizia que aqui era um freezer eu achava exagero. Como você suporta isso?
- É só o primeiro dia, logo se acostuma. – coloquei-a no chão e ela pulou no colo de Gabriel tentando sufoca-lo de beijos.
Enquanto eu cumprimentava Griffon e Seth, meus primos John, Declan se aproximaram me dando tapas nas costas e Sophia, Amber e Mary já me davam beijos e abraços animados. Fui apresentando a turma de Durmstrang:
- Pessoal: estes são os amigos que fiz aqui: Annia, Nina, Vina, Milla. A Evie está meio longe, mas logo vocês vão conhecê-la. Micah, Gabriel, Seth, Griff e Jean vocês já conhecem. Logo verão o Iago, o Reno, o Bram, Victor e Ricard. E vi quando Seth fechou a cara ao ouvir o nome do Reno.
- A Milla nós já conhecemos das Ilhas Hébridas tudo bem com você? Yuri te mandou um beijo de boa sorte. – disse Mary e John beijou Milla no rosto também, e todos foram se cumprimentando.
-E ai? O que temos que fazer agora?- perguntou Amber, puxando o cronograma verde limão do bolso: Diz aqui, depois do Desfile das delegações... - Todos desfilaram?(rimos quando ela levantou a mão) – Feito! - Após este evento é para nos alojarmos nas repúblicas e depois voltar para a festa de boas vindas no castelo.
- Certo, então digam suas repúblicas, e poderemos guiá-los. - disse Micah.
- Eu vou ficar na Spartacus. - disse Declan.
- Hey é onde moramos. E as outras repúblicas são muito próximas. – disse animado.
- Eu vou para a... Opa! Spartacus também. - respondeu John e a de Jean era a mesma. Quando olhei para Griff ele já exibia um sorriso maroto, enquanto olhava o papel de Gabriel:
- Não adianta Ty, vamos ter que aturar seus roncos. – demos risada e Seth disse:
- Me fala onde fica esta república e logo os vejo lá, vou procurar a Luna Ok?
Expliquei a ele onde morávamos e ele foi atrás da namorada dele o mais rápido que podia. Talvez não quisesse ver nossos sorrisinhos zombando da cara apaixonada que ele faz, quando fala o nome da Luna. Seguimos nosso caminho falando muito.
- Quem selecionou as republicas e seus ocupantes foi um gênio. - disse animado enquanto os rapazes, que eram amigos de Micah verificavam os deles. Olhei para Miyako:
- Vou ficar na Avalon, até achei que tinha o dedo da Emily, sabe? Por causa das aulas dela, mas pelo jeito é o destino conspirando a nosso favor. – disse imitando nosso antigo professor de Adivinhação.
- Devem ter feito algum feitiço de compatibilidade, pois estamos todas na mesma república: Avalon. - disse Sophia, e Annia disse simpática:
- Pois então ficaremos juntas, podemos ir para lá então?- antes que nos movêssemos, uma garota negra de cabelos longos se aproximou e perguntou:
- Desculpe, ouvi vocês falarem na República Avalon, ficarei alojada lá também, posso ir com vocês?
Olhei para ela e disse logo:
- Claro que sim, sempre tem espaço na Avalon para uma garota bonita: Ty McGregor, Durmstrang ao seu dispor. - estiquei a mão.
- Jaeda Smith, Escola Texana e... Não estou ao seu dispor. – disse bem humorada enquanto me dava a mão e todo mundo começou a rir e eu respondi:
- Não se pode ganhar todas, mas você é bem vinda assim mesmo. O que mais precisamos aqui é de gente bonita e animada.
Estávamos conversando e esperando a multidão se movimentar quando vi um homem alto com chapéu de cowboy se aproximando. Acenei para chamá-lo e Annia resmungou:
- Você o conhece também? Você é a conferência da ONU em forma de gente?
- É o tio Logan! – respondi como se isso explicasse tudo.
Gabriel e Miyako também o cumprimentaram e junto dele vinham duas garotas, e juro que havia a palavra encrenca escrita em cada palmo daquelas roupas que usavam:
- Olá tio Logan, não sabia que estaria por aqui. – cumprimentei.
- Olá Ty, Gabriel, Miyako (acenou com a cabeça para os outros). Trouxe minhas sobrinhas, a escola de Montana se inscreveu na última hora e elas perderam a chave de portal. ¬¬
- Oi, sou Beatrice, mas pode me chamar de B.- disse a primeira enquanto me esticava a mão sorrindo.
- Eu sou Julianne, mas pode ser...
- J. – respondi e ela sorriu alegrinha: - Acho que vamos nos dar bem.
- ôh! Se vamos... – respondi sorrindo e Annia tinha uma voz um pouco ríspida quando falou:
- Vocês vão ficar alojadas aonde hein? Talvez seja melhor irem até os organizadores no castelo para ver isso. Vamos embora?- me deu um cutucão com o dedo.
Antes que eu falasse mais alguma coisa, um pop foi ouvido e minha mãe apareceu ao nosso lado:
- Olá pessoal! (vi surpresa nos olhos dela) - Logan, não sabia que você viria hoje...
- É, e no fim nos esbarramos Alexandra. As meninas perderam a chave de portal, programada pelo Ben. – e notei que minha mãe e tio Logan estavam tensos um com o outro, mas Beatrice chamou nossa atenção.
- Vamos ficar num lugar chamado Avalon é este o nome. Deve ser alguma pousada, eu só espero que tenha água quente e os criados sejam educados. - disse a garota e ouvi alguém bufar ao meu lado, enquanto minha mãe levantava a sobrancelha e tio Logan dizia constrangido:
- São as filhas de Claire... – como se isso explicasse as coisas, e devia ser algum código entre eles, porque mamãe tomou conta da situação, após olhar as caras irritadas das meninas da Avalon:
- Sou Alex McGregor, sou chefe da segurança e vamos esclarecer algumas coisas: o castelo vai alojar os organizadores, voluntários equipe médica, será fácil localizar o seu tio lá se precisarem dele ok? E os atletas visitantes ficarão juntos com os alunos daqui nas repúblicas. Cada um será responsável por si e manter a ordem, enquanto estiver na república. Hóspedes educados sempre têm as portas abertas, portanto não pensem que contarão com serviço de quarto e outras mordomias. Durmstrang não é um resort. As repúblicas ficam perto umas das outras, e estas garotas serão suas anfitriãs (mostrou Milla e as garotas, Annia tinha um olhar assassino), e agora que já esclarecemos isso, seria bom vocês irem pros alojamentos ou vão se atrasar para a festa. Circulando.
O pessoal segurava o riso por causa das caras chocadas das gêmeas, pois mamãe parecia um sargento metralhando as regras, então para quebrar o clima tenso, eu disse:
- Vamos logo para as repúblicas, temos uma festa nos esperando. Até depois mãe, tio Logan. – nos despedimos deles e recomeçamos a caminhar. Jaeda começou a falar com as garotas para colocá-las à vontade e aos poucos Miyako e Shannon também estavam na conversa. Apesar das aparências, pareciam ter pontos em comum.
Enquanto andávamos puxei papo com Jean:
- Jean, não vi sua namorada Angelique na delegação de Beauxbatons...
- Terminamos e ela não estuda mais lá. Aliás, nenhum dos Montpellier. - e ele me olhou sério.
- Ah é? Sei... - fiquei calado, mas ele continuou:
- Rory recebeu um convite de alguma escola na América para trabalhar no jornal, e depois do que houve entre vocês... Talvez ela esteja em alguma outra delegação.
- Não ela não veio... (me dei conta de haver confessado alto que eu procurei por ela). - Mas e como está o campeonato em Beauxbatons? – mudei de assunto e ele entendeu que eu não falaria mais sobre aquilo. Miyako deve ter ouvido nossa conversa e veio para o meu lado e logo eu estava rindo das provocações que os dois jogavam um contra o outro. Serão três semanas muito divertidas.
Depois de dois meses de expectativa, havia enfim chegado o dia em que as delegações de 22 outras escolas de magia desembarcariam em Durmstrang. E o clima entre os alunos não poderia ser outro senão entusiasmo e ansiedade. Há dois o castelo já entrara nesse estado de euforia exagerada com a chegada dos muitos voluntários que trabalhariam para o bom funcionamento das competições, mas nada se comparava a tensão que se criou durante as horas que antecederam a recepção das delegações. Não existia espaço para outro assunto que não fossem os jogos e muitos alunos começavam a dar ataques histéricos devido a pressão de vencer alguma competição. Sem contar que ninguém sabia como seria a interação com alunos de tantas nacionalidades diferentes, e isso começava a gerar mais nervosismo entre eles.

‘Não consigo comer nada, estou muito ansiosa’ Evie empurrou o pacote de feijõezinhos de todos os sabores para o lado com uma expressão de enjôo no rosto

‘Ai ótimo, precisava falar? Agora fiquei nervosa também!’ Nina também afastou sua caixa de sapos de chocolate, se sacudindo na cadeira ‘Estou aflita com isso tudo, o castelo está numa tensão sem tamanho!’

‘Olha lá, lá vai a bajuladora de araque’ Milla falou com a voz azeda e todas viraram para ver Georgia acompanhar o diretor muito sorridente. Ele parou na frente da mesa dos professores e todos se calaram.

‘Atenção, por favor. As autoridades responsáveis pelas Olimpíadas já se encontram no castelo, e as delegações chegarão dentro de meia hora, portanto quero todos postados nos jardins para a recepção. Sigam os comandos do professor Sanader e a professora Mesic, que os organizará de modo a não ficarem afastados demais uns dos outros e dirá o que devem e o que não devem fazer. O Instituto Durmstrang tem uma tradição a zelar, e não vou permitir que vocês a destruam em apenas uma tarde com convidados de fora. Agora por favor, todos para fora.

Os alunos que ouviam atentos ao que o diretor dizia levantaram apressados e seguiram para os jardins, onde o professor de artes e a professora de Transfirugaçao já os aguardavam sem muita paciência. Começaram a enfileirar os alunos de acordo com as turmas e Evie se viu sendo empurrada por uma professora estressada para o lado de seus colegas do 6º ano, enquanto o professor Ivo ia se certificando de que estavam todos com as roupas limpas e sem amassados.

‘Neitchez, ajeite essa gravata, o senhor não é nenhum desabrigado para andar desleixado assim’ Ivo falou enérgico e Victor fez uma careta antes de apertar o nó da gravata ‘McGregor, Wade, não é hora para brincadeiras, deixem o Ivanov e o Parvanov em paz’

‘Não vai agradecer ao professor por lhe defender, zorro?’ Micah provocou Max, que ameaçou começar uma briga e foi impedido por Chris

‘A gente se fala em campo, Wade’ Max respondeu com rispidez ‘Quero ver essa cara de deboche depois que derrotar você’

‘Ah zorro, mas eu não vejo a hora de enfrentar você em qualquer esporte. Quero ter a chance de ver você apanhar sem poder chorar pra algum professor, afinal, é um bom esportista. Estou certo?’

‘Eu falei sério quando disse que não era hora para brincadeira, rapazes!’ Ivo tornou a passar por eles e empurrou um para cada lado, os separando ‘Se não sabem se portar em público, então para longe um do outro’

Ivo afastou o grupo apressado e Micah e Ty pararam ao lado das meninas, enquanto Luka, Max e Chris foram empurrados para o outro lado da fila. Não demorou muito até que todos os alunos de Durmstrang estivessem enfileirados de acordo com o gosto dos professores e instantes depois o portão se abriu, dando passagem às delegações das 22 escolas de magia que participariam dos jogos.

Hogwarts e Beauxbatons, as outras duas anfitriãs, puxavam o cortejo. Evie logo localizou os primos que estudavam na escola da França e em seguida viu a delegação espanhola, trazendo todos os outros. Os gêmeos eram os que vinham fazendo mais bagunça, agitando animados a bandeira da escola. Annia, que estava ao lado de Ty, começou a resmungar algo inaudível. Mas uma rápida olhada na expressão dele, e seguindo o caminho dos acenos animados, via-se que ele tentava se comunicar com uma menina da delegação de Beauxbatons e ficava claro o motivo dos resmungos. Ela procurou as amigas e riram juntas da cara azeda da garota. Seriam longas três semanas para alguém.

Quando todas as escolas já haviam entrado e se enfileirado, formando um semicírculo imenso, teve início à cerimônia de abertura do I Jogos Olímpicos Bruxos Interescolares. Foram mais de duas horas de apresentações, onde cada escola mostrou um pouco da cultura do seu país, e no fim os alunos que se apresentaram se uniram para cantar a música tema dos jogos. O diretor de Durmstrang parecia muito satisfeito com tudo, e comentava cada movimento na arena com os Ministros sentados ao seu lado. Evie também notou que Micah acenava com a mesma empolgação de Ty, e às vezes faziam graça na mesma direção, talvez até para a mesma pessoa. Ninguém mais dos seus amigos pareciam conhecer alunos de outras escolas, e ela se limitou a prestar atenção ao que era apresentado.

Quando a cerimônia chegou ao fim, Evie viu Micah e Ty dispararem no meio dos alunos, cada um para um lado, ambos abrindo os braços para segurar uma amiga que saltava em cima deles. Em seguida Ty foi carregando a menina japonesa para quem acenava nas costas até onde Micah ainda abraçava e rodava uma menina de cabelos castanhos, enquanto tentava cumprimentar todos os outros amigos. Annia parecia incomodada, mas ela resolveu não comprar seu mau humor e se misturou a multidão com as amigas para procurar os primos.

‘Evie!’ Dois garotos loiros e idênticos vieram correndo e se atiraram em cima dela. Se as meninas não estivessem logo atrás para amparar, Evie tinha caído no chão ‘Caramba, que lugar frio é esse que você estuda??’

‘Vocês não têm mais 5 anos, estão pesados!’ Ela se livrou dos abraços rindo e virou para as amigas ‘Meninas, esses são Mario e Diego, e essas são Milla, Nina, Vina e Annia, minhas amigas’

‘Muito prazer, meninas’ Mario fez uma reverência que foi imitada por Diego e elas riram ‘Qualquer coisa que possam vir a escutar sobre nós dois, é pura intriga da oposição’

‘Temos certeza que sim, levando em consideração tudo que Evie já nos contou’ Milla falou rindo e imitou a reverência dos dois

‘Ih, sujou...’ Diego esticou o pescoço e olhou por cima do ombro da prima ‘Lá vem aquele seu namorado, Evie. Vamos Mario, temos que procurar o Afonso. Depois a gente se fala, prima’

Os gêmeos se afastaram depressa sumindo na multidão e antes que Evie pudesse pensar em fazer qualquer movimento, dois braços a agarraram pela cintura e o dono deles começou a beijar seu pescoço. Ela o afastou sem graça pelas amigas estarem olhando e rindo e sorriu amarelo para Josh, que vinha com Max logo atrás. Ela olhou para o outro lado depressa e viu Micah cercado de amigos, rindo e brincando com eles parecendo mais feliz do que nunca, e em seguida encarou Josh com os braços prendendo sua cintura falando sobre tática de jogos com Max, já definindo estratégias de como vencer os adversários. Talvez essas três semanas não fossem ser longas apenas para Annia...

Wednesday, October 24, 2007

- Por favor, por favor, por favor!! – disse Nina, quase de joelhos, juntando as mãos – Nós prometemos que...
- Não, nem adianta, Nina! A Vina me avisou para não chegar perto de vocês duas até o fim das Olimpíadas – respondeu Annia, cortando as duas garotas e recolhendo sua pilha de livros.

Evie e Nina passaram o dia todo atrás de voluntários para praticar tênis, mas, aparentemente, Vina havia entregado folders por toda Durmstrang alertando os desavisados. Nem os meninos se arriscavam a participar após os relatos minuciosos do nariz quebrado.

- A Lavínia não perde por esperar...o pescoço dela vai ficar idêntico ao nariz – vociferou Nina, imitando o movimento com as mãos – Podemos pedir para a Milla, o que você acha? “Imagina que a bola é a cabeça do Iago”!
- Ela saiu revoltada e avisou que vai passar o dia fora aproveitando a “liberdade” dela – respondeu Evie, imitando aspas com os dedos.
- Não tem jeito, Evie...a não ser que a gente tente a maldição Imperiatus...
- É uma idéia...- as duas se entreolharam por um segundo e balançaram a cabeça freneticamente – Ok, precisamos de um descanso desses treinos.
- Eu sei...ontem eu sonhei que um bispo estava me atacando com um florete e uma raquete. Dentro de uma piscina. Isso não pode ser normal.
- Então que seja declarado nosso dia de folga, certo? Nós merecemos isso! Vamos estudar ou andar pelo campo, qualquer coisa que não tenha a ver com esportes – disse, Evie
- Fechado, então – Nina respondeu, desanimada, debruçando o corpo sobre a janela – Opa! Ty e os meninos estão passando lá, vamos falar com eles?
- Que animação é essa para falar com o Ty? – perguntou Evie, franzindo a testa e empurrando Nina para olhar pela janela também – Ah, Chris.
- Ridícula...bom, eu preciso falar uma coisa com eles. Já volto, ok?
- Sei, sei – riu Evie – Eu vou procurar a Annia e depois a gente se fala.

Nina se enrolou em um casaco e enfiou a cabeça em um gorro peludo antes de correr para a porta da República. Ty, Micah, Iago e Chris discutiam quadribol animadamente até que a menina derrapou pela porta.

- Ei...meninos! – gritou Nina, recuperando o equilíbrio e sorrindo – Lindo dia, não?
- Hey, Nina! Lindo guaxinim na sua cabeça! – brincou Ty, arrancando risos de todos, menos Chris, que não moveu um músculo desde a aparição brusca da garota.
- Muito espirituoso, Ty, há-há. Bom...do que vocês estão falando? – perguntou Nina, corando.
- De como as garotas acham que podem nos enrolar – disse Micah – Fala logo o que você quer saber, Nina, você é uma péssima atriz!
- Que grosseria!Eu só queria ser simpática e...e...interagir com vocês...
- Eeee? – perguntaram todos eles, em coro
- ...falar com o Parker – respondeu a menina, encarando os pés e corando mais ainda enquanto os garotos riam e faziam um longo “iiiihh” – É rápido! É sobre as Olimpíadas!!
- Claro, claro. Não vamos interromper mais, né, “garotão” – disse Ty, dando tapinhas nas costas de Chris e se afastando junto com os outros garotos, que ainda riam. O rosto de Nina estava magenta.
- Bestas...então...tudo bom, Parker? – perguntou Nina, tentando controlar a voz que insistia em sair esganiçada. Chris levantou a sobrancelha em sinal de resposta, mas continuou em silêncio – Ah, por Merlin, você vai ser infantil a ponto de não falar mais comigo?! O que eu fiz?

Chris permanecia em absoluto silêncio, encarando Nina, mas parecia estar adorando a situação. As mãos da garota começavam a tremer e o silêncio estava se tornando insuportável. Desde o dia do treino, Chris havia parado com qualquer forma de comunicação, incluindo as piadinhas habituais. Passou a evitar a menina nos corredores.

- Deixa de ser idiota, Parker! Você está se comportando como uma criança...me ignorando...isso é patético! Eu não fiz nada...- silêncio – E eu não quis dizer aquilo...eu realmente não quis...- silêncio – eu não quero nada com o Michael, só falei por falar. – um sorriso cínico foi surgindo no rosto de Chris e Nina suspirou aliviada – Ótimo, então. O problema era só esse?
- Imagina, Olenova. Não tinha problema nenhum – começou o garoto, ainda com seu ar constante de cinismo. Quer dizer...temos um problema agora.
- Problema? Que problema?? – perguntou Nina, assustada
- Bom, você me contou que tinha interesse no meu querido irmãozinho, lembra? Eu fiquei radiante e não podia deixar passar a oportunidade de ser o responsável pela união de dois corações que anseiam por isso...

A menina congelou. Estava começando a entender onde Chris queria chegar.

- Do...que...você está...falando? – perguntou Nina, dando ênfase a cada sílaba.
- Ahh, Olenova, minha grandiosa bondade fez com que eu passasse os últimos cinco dias enchendo a cabecinha e o coração do pequeno Michael de esperanças. Inesperadamente – e arregalou os olhos, exagerado – ele já gostava de você, mas achava que não tinha chances! Veja só isso! Tsc tsc...felizmente, eu pude reverter esse erro. Você não imagina a alegria dele...
- Parker...eu não acredito...que você fez isso!!! – Nina começava a recuperar a cor magenta e a cerrar os punhos. – Você sabia que eu só falei por falar, você sabia!!
- Merlin...Olenova...então, então – lutava para falar em meio a falsos soluços – você não está apaixonada pelo meu irmãozinho? Mas e agora? Você não vai quebrar o coração dele, certo? Não posso permitir que faça isso...
- Mas...mas...eu...
- ...ele é muito sensível – e sorriu, triunfante. Nina queria ter bolas de tênis a mão só para fazer com que ele as engolisse. Sua mão tateava os bolsos, procurando a varinha – Não brinque com os sentimentos dele, cunhadinha. Ele está em suas mãos...cuide do meu menino, por favor. Confio em você. Ah, olha só quem está vindo, não morre tão cedo!! – Michael apareceu do outro lado da rua e Chris se aproximou da menina, ignorando a cara de fúria e o perigo de que ela cuspisse fogo – Eu...de certa forma...encorajei ele a tomar uma atitude e declarar seu amor te convidando para um jantar. Ele ficou tão entusiasmado!
- Você não podia ter feito isso... – Nina tentava conter lágrimas de raiva ao encarar o rosto sorridente de Chris.
- Um conselho: beba sua Coca Cola devagar e coma a torta com cuidado...nunca se sabe se pode ter um anel dentro... – enquanto se afastava, piscou e assoprou um beijo para a menina.

Nina sentia o corpo todo tremer. Queria pegar a varinha e gritar o primeiro feitiço que lembrasse, sem se importar com o efeito. Tentou correr para a República, mas uma voz conhecida a impediu.

- NINA! Ah, Nina! Eu te procurei o dia todo, onde você estava?? – disse Michael, com uma alegria maior do que a de costume, se é que era possível.
- Na República... – Nina ainda tremia descontroladamente.
- Você está com frio, quer o meu casaco? – Michael nem esperou a resposta e já estendia a mão com o cachecol e o blusão de frio
- Não, Michael...escuta, preciso falar com você...
- É, eu também! Aliás, vou direto ao assunto! Você-quer-sair-comigo? – e disse tão rápido que Nina mal teve tempo de reagir. A expectativa era notável e o menino mordia os lábios de ansiedade.
- Ah, Michael...eu... – não conseguia dizer “não”, absolutamente penalizada com a tristeza do menino em saber que foi iludido pelo irmão. Nina respirou fundo e fechou os olhos – Tudo bem. Eu vou sim, mas é só um jantar, ok?
- OBRIGADO!!! – Michael pulava de alegria e puxou a menina para um abraço sufocante do qual ela se livrou rapidamente com a desculpa de que tinha “uma pilha de pergaminhos aguardando”.
Enquanto caminhava para a República, com os ossos doloridos após o abraço e a cabeça girando de ódio, lembrou da velha frase que seus irmãos sempre usavam. “A vingança é um prato que se come frio”. Ahh, seria. E como já dizia o cantor trouxa, “what goes around, comes around”...

Tuesday, October 23, 2007

Tarde da noite, olhei pela janela e vi Iago parado em frente à republica com as mãos no bolso. Desci para falar com ele. Fazia frio, mas não ligava. Precisava saber o que ele tinha a me dizer sobre meu desempenho como Miles. Eu esperava que ao final ríssemos disso, mas ele ainda exibia uma carranca.
- Os treinos pesados do quadribol, as aulas dos clubes... Por isso você tem estado tão cansada... – ele começou assim que me aproximei.
- É.
- Quando perguntei se você tinha algo a me dizer e você dizia que não, era mentira... Odeio mentiras.
- Não era mentira... Eu precisava de tempo para mostrar que mulheres podem jogar quadribol. Luka sequer teria me deixado fazer os testes, você sabe disso.
- Muito bem, você já provou do que é capaz. Você vai sair do time não é?
- Não, claro que não! Lutei pra conseguir um lugar no time e vou mantê-lo.
- Custe o que custar?
- Você quer que eu escolha?- e o garoto tinha um olhar decidido:
- Sim, quero que escolha: O time ou eu.
- Porque isso? Você sempre foi aberto a coisas novas... - ela tentou argumentar, mas ele foi inflexível:
- O time ou eu?
- É porque sou mulher? Tem medo que eu possa ser melhor que você? Porque hoje mostrei que sou melhor que o seu apanhador de uma figa. – provoquei e ele respondeu irritado, elevando a voz:
- Eu tenho medo é que algum balaço arrebente esta sua cabeça de vento. Sabia que os meus balaços eram pra te derrubar? (arregalei o olho) :
- É, não me olha chocada, eu jogo pra vencer, faço o que for preciso pelo meu time. Ainda mais agora que estou no time principal, jogar na escola é um treino, testo tudo o que posso fazer lá fora. E nós íamos vencer você sabe disso, você teve muita sorte de conseguir o pomo antes. – ele tomou fôlego e não me deixava falar:
- E os vestiários? Sabia que não tem vestiários separados aqui? Você vai ter que trocar de roupa no meio dos rapazes. Vai ouvir piadinhas em todo lugar que for. Ou você acha que as garotas daqui vão te apoiar? Algumas estão achando a idéia moderna, mas daqui a algum tempo quando elas perceberem que vai haver garotas juntos aos namorados delas, não vão gostar.
- Quer dizer que quando você viajar para jogar, e o time adversário tiver garotas significa que você vai olhá-las com outros olhos??- perguntei fria ¬¬.
- Nada a ver. No profissional não tem disso.- respondeu depois de uns instantes.
- Você acabou de dizer que mulheres em time de quadribol, faz os jogadores terem pensamentos estranhos, foi o que entendi. Você pelo jeito faz parte desta turma que não pode ver um rabo de saia...
- Não queria mudar o rumo do problema: O time ou eu?
- Bem depois desta clara demonstração de “confiança” eu escolho o time. Eu achei que você fosse diferente Iago, que fosse entender e me apoiar. - disse magoada.
-Você achou que eu fosse sempre abaixar a cabeça pra tudo o que você quer fazer. Mas não é assim e não vai ser assim.
- Então isso significa o fim? Você quer terminar?- perguntei firme.
Nesta hora ele vacilou, mas disse:
- Vamos dar um tempo ok?
- Este dar um tempo significa que não somos namorados... Que podemos até sair com outras pessoas se quisermos, é isto que você quer dizer?- e ele engoliu seco antes de responder:
- Aham.
- Entendi. Então seja feliz nesta sua vida livre Iago, porque eu vou aproveitar muito a minha liberdade. – ela estava tão irritada ao lhe dar as costas que não parou para olhar para trás.
Entrou no quarto e suas amigas a esperavam. Logo ela despejou sua raiva e frustração com o namorado, e lhes contou como foi o quase monólogo do Iago.
- ‘Vamos dar um tempo” humpft. Se é isso que aquele machista quer, ele vai ter. Homens porque precisamos deles mesmo?- disse revoltada.
- Pra abrir vidro de conserva??- respondeu Evie e rimos.
- Qual é o nome do livro mais fino no mundo? "O que os homens sabem sobre as mulheres” disse Nina e entre risadas, Vina bateu com o salto do sapato na mesa pedindo ordem:
- Está aberta a sessão: “ Os motivos de não precisarmos dos homens”. – e passamos o resto da noite rindo com as piadinhas infames que sabíamos sobre os membros da irmandade XY. Se ele achou que eu ia passar a noite chorando por causa dele, ele se enganou. Talvez seja bom ele saber que além de me vestir de menino para alcançar meus objetivos, posso passar a agir como um também em relação aos sentimentos.

Aqui estou eu sozinho com o tempo
O tempo que você me pediu
Isso é orgulho do passado
Um presente pra você
Uma delicada lembrança
Branca neve que nunca sentiu
Solidão me deixe forte
Talvez resolva meus problemas
Eu morreria por você
Na guerra ou na paz
Eu morreria por você
Sem saber do que sou capaz

N.A. Mudança de Comportamento – Kid Abelha

Monday, October 22, 2007

- Como você consegue comer pizza fria a esta hora da manhã? Faz mal. - disse Luka reprovador.
- O que eu como no café da manhã é problema meu. – a garota respondeu.
- Você precisa se alimentar direito, ainda tá em fase de crescimento. - o garoto provocou e ela começou a rir, dizendo entre um riso e outro:
- Nem meu pai falaria isso. Ele já percebeu que eu sou grandinha.
- Ainda continua baixinha para mim. - ele provocou chegando bem perto e fazendo com que ela olhasse para cima e respondesse séria, avaliando-o. Ele tinha uma expressão estranha enquanto a analisava, e isso estava deixando-a tensa. Ainda não era a hora de ele saber o seu segredo:
- Tenho uma altura normal, você sabe disso. Aliás vá cuidar do seu time, em vez de ficar aqui me incomodando.
- Ah, eu te incomodo? Bom saber... - riu.
- Incomodaria, se você fosse alguém “interessante”. Faça o que quiser.
- Ser brindado pelo seu “bom humor” num dia de jogo, é como tomar pus de Bubotuberas, Milla. Revigorante! E o pior que é que estou começando a gostar disso. Tchau Catatau. - o garoto disse e saiu correndo antes que ela atirasse alguma coisa nele.
- Tonto! – foi seu pensamento enquanto terminava seu peculiar café da manhã, antes de subir correndo ao seu quarto e buscar tudo o que precisava para enfrentar o dia para o qual ela vinha se preparando há algum tempo.

o-o-o-o-o-o-o

- ...E o jogo continua acirrado caros expectadores: Ansuz 40 X Berkana 80, e o lá vão os apanhadores, parecem ter encontrado o pomo de ouro, e Arre! O apanhador da Ansuz quase foi derrubado por um balaço do capitão da Berkana Iago Karkaroff., porém o garoto franzino é bom.- disse o locutor.-‘ Conseguiu desviar do balaço e se manter na partida.... Mas o que é aquilo? É o pomo, é o pomo, é o pomo, eles vão trombar, não, não trombaram e vence a Ansuz senhoras e senhores, 190 a 80, e vejam um dos jogadores da Ansuz foi apanhado por um balaço errante...
Um dos jogadores foi atingido na cabeça por um balaço perdido e começou a cair. Miles, o novo apanhador da Ansuz era quem estava mais próximo e ele não hesitou. Inclinou-se na vassoura e foi atrás do jogador. Conseguiu alcança-lo e amenizar a queda, os outros jogadores do time se aproximaram e ajudaram o novato a pegar o colega machucado. O franzino jogador sustinha a maior parte do peso do jogador e com um esbarrão dos outros na tentativa de ajudar, uma coisa parecida com uma peruca caiu ao chão e revelou uma longa cabeleira loura. A agitação entre os jogadores dos 2 times silenciou:
- É uma garota.
- Não, é um trasgo. Estou vendo que é uma garota.
- Caraca, nosso apanhador é uma garota. – disse outro.
- Claro que não vamos ter uma garota no time. Não é capitão?
Ao soltar o jogador no chão, ela olhou para Luka e ele tinha duas lascas de gelo no lugar dos olhos azuis. Nunca o vira tão zangado, mas isso fez com que erguesse o queixo em desafio.Como se fosse um rastilho de pólvora logo o narrador informava os últimos acontecimentos:
- Senhoras e senhores, o apanhador da Ansuz é uma garota. Nunca na história de Durmstrang uma mulher disputou uma partida de quadribol... - e no campo a confusão continuava. Muitas pessoas das arquibancadas haviam conseguido chegar até eles, suas amigas foram empurrado quem estava no caminho, junto com Ty e Micah:
O jogador machucado começou a acordar e disse ao olhar para quem ainda segurava o seu braço:
- Eu estou no céu... - e antes que ela disse mais alguma coisa o capitão da Ansuz disse:
- Dimitri você não está no céu. Tá olhando para seu colega de time, o “Miles”.
O garoto levantou rápido e disse fazendo careta:
- Você tá brincando. Ai minha cabeça!
Os jogadores do outro time a olhavam pasmos e o juiz da partida o professor Volchov estava um pouco perdido sobre o que fazer. Mas o que a deixava insegura era o olhar irritado do capitão da Berkana, Karkaroff, enquanto os jogadores resmungavam:
- Quadribol é esporte pra homem, e uma garota no time é bizarro. - disse Max, o irmão de Evie.
- Não pode haver meninas no time. Isso em si, já pode desclassificar a Ansuz. – disse um jogador da Berkana.
Milla arregalou os olhos.
- Não podem fazer isso, joguei como qualquer um de vocês, fiz os testes. - defendeu-se.
- Quem fez o teste foi um tal de Miles, que não existe. – respondeu um dos batedores da Ansuz.
- Isso é injusto. Ela jogou bem, e qual o problema em ser mulher? Está na hora das coisas evoluírem aqui. - disse Ty e seus amigos o apoiaram.
- Eu joguei bem, ninguém pode negar isso. Fiz a minha parte. Vocês viram que sou capaz. - disse ao olhar para os colegas de time, e eles ficaram calados.
- Mas aqui só os homens jogam. - insistiu o jogador da Berkana e ela olhou suplicante para o capitão do time adversário que se mantinha calado com uma máscara fria no rosto, quando disse com voz mais fria ainda:
- O time tá certo. Peço a desclassificação da Ansuz neste jogo, juiz. - e ela olhava chocada para o seu namorado:
O diretor da escola se aproximou e ao se por ao tomar pé da situação disse:
- Até o momento só ouvi um lado da questão: o que o capitão da Ansuz acha disso? É a favor dos times mistos?
E os olhares se voltaram para Luka. Milla olhou desafiante para ele e ele disse, rígido:
- Nunca fui a favor dos times mistos, professor, mas após o desempenho da Kovac hoje, acho que... Está na hora de mudarmos esta regra. Devemos nos adaptar aos novos tempos. - e olhou firme para cada um dos outros jogadores, que balançaram as cabeças contrariadas.
- Maravilhoso! Então está decidido: o jogo de hoje está valendo pelo campeonato das casas, e sinto muito senhor Karkaroff, não vou desclassificar a Ansuz por um preconceito tolo. As coisas mudam, e as pessoas evoluem. Estamos numa nova era. – e o juiz apitou e levantou o braço do Luka como vencedor da partida. E misturando vaias e aplausos os alunos foram se dispersando, e comentando entre si a novidade.
Após algum tempo restavam poucas pessoas em campo. Seus amigos a cumprimentaram felizes, e Iago estava parado apenas olhando-a:
- Iago... - ela começou e ele a cortou brusco.
- Depois... Eles a esperam. – e foi embora em direção ao vestiário da Berkana. - ela olhou para seus amigos se desculpando e foi em direção ao time que estava avaliando-a ainda com estranheza. Aquilo a irritou.
- Vão me mandar embora? Vou poupar o trabalho: estou fora!
Luka estreitou os olhos e a pegou pelo braço e foi puxando-a, quando os outros jogadores fizeram menção de segui-los ele disse, sem nem olhar para trás:
- Fiquem aqui. Preciso conversar com ela a sós.
Ele foi com ela até a sala do time, onde entrou e trancou a porta:
- O que você pensou que estava fazendo?- Luka perguntou sem rodeios.
- Só queria te mostrar que era boa o bastante para jogar no seu time. Mulheres sabem jogar quadribol.
- Ótimo provou este ponto e eu quero você no time.
- Mas eu não vou ficar. Sei que você só concordou com o diretor, para não sofrer a desclassificação, então não finja que é liberal. Eu te conheço bem.
- Sim, eu precisei me adaptar para salvar o time, mas você foi o melhor apanhador que me apareceu, provou que pode agüentar uma partida difícil. Deu-me esperança de poder disputar a copa com as outras casas de igual para igual e agora a tira de mim? Porque você me odeia tanto?
Ficaram se encarando e ela pensava na pergunta dele. Via o quanto ele estava irritado e sua língua foi mais rápida que meu pensamento:
- Eu não te odeio. - respondeu por fim.
- Pois você age como se me odiasse. Olha eu não sei o que fiz de errado, mas seja o que for me desculpe. Embora eu precise de você... No time... Eu não posso obrigá-la a ficar.
Ele começou a virar as costas para ir embora e ela disse:
- Eu acho que posso jogar ate o fim do ano letivo, pra dar uma força para o time, depois disso você deve fazer novos testes. E não sei se os outros jogadores vão me aceitar...
- E desde quando você tem medo deles?- ele desafiou.
- Nunca. A vaga é minha? – ela disse.
- Você vai seguir minhas ordens como capitão?
- Você não falou que ia mandar em mim... – ela começou a dizer.
- Eu mando no time, e minhas ordens são leis. Você vai segui-las pelo bem da equipe? Ela podia ver a engrenagem na cabeça dele funcionando. Ele havia levado a melhor. E sabia disso, pois tinha um olhar astuto enquanto aguardava a resposta dela, que suspirou resignada e disse:
- Está bem, capitão. Vou seguir suas instruções. Você deve saber o que faz.
- Eu saberei o que fazer com você, Milla. – estavam tão próximos que ela podia ver que os olhos dele escureciam e respondeu:
- Não tenha tanta certeza, Luka. - ele se aproximou mais e uma batida na porta o interrompeu.
- Milla você está bem?- era a voz de Ty e Luka riu cínico:
- Salva pelo gongo! - e ele se afastou abrindo a porta e chamando o resto do time para uma conversa enquanto a liberava.
Saiu dali e encontrou seus amigos e foram todos juntos para a Avalon. Pelo caminho iam encontrando outras pessoas que apoiavam sua atitude ou a olhavam abismadas para o fato dela ter jogado quadribol, mexendo numa antiga tradição. E embora sorrisse e tivesse achado seu desempenho muito bom, não encontrava o seu namorado entre eles. Micah percebendo seus olhares preocupados disse:
- Hey “garotão”, não fica preocupada. O Yéti deve tá meio chocado, mas depois fica tudo bem entre vocês. Ele se acostuma.
Ty fazendo graça emendou:
- Micah, nossa criança venceu seu primeiro jogo! Vamos tirar uma foto? - disse arrancando risos de todos. Ela festejou com eles e decidiu não dar ouvidos à sensação que apertava o seu peito:
‘ As coisas vão mudar’.

Thursday, October 18, 2007

- O que vamos fazer na Avalon? – perguntava Ty para Micah enquanto andavam apressados.
- Aulas! - respondeu o garoto
- Já as tivemos esta semana. Ah não, se Annia falar de novo sobre a tal tábua de esmeralda eu não vou disfarçar o ronco.
- Não é nada disso, nós é que vamos dar aulas hoje.
- É? E de quê?
- Você vai ver, e garanto meu amigo, vai ser divertido. – e ambos continuaram a andar.
Os garotos ao chegarem à república logo foram levados ao quarto que Evie dividia com suas amigas, por Vina. Ao entrarem Annia sacou a varinha, girou-a e disse:
- Abafiato! – e quem passasse pelo corredor ouviria apenas o zumbido de abelhas vindo do quarto delas.
- Ok, tá tudo muito interessante, mas o que vai rolar hein?- disse Ty olhando curioso para as garotas e para Micah. Antes que alguém dissesse algo, a porta do banheiro se abriu e um garoto magricelo saiu de lá de dentro, dizendo:
- Oi Wade, McGregor... Gatas!- e as garotas riram, mas Ty depois de uma boa olhada no garoto, disse próximo ao riso:
- Você tá brincando? Como não perceberam isso? – e caiu na gargalhada e o magricelo disse:
- Ai tá tão ruim assim? Como ele percebeu só de olhar?
- Ty pára de rir precisamos ajudar a Milla a manter o disfarce ainda por um tempo. – disse Annia, e ele perguntou:
- Por quê?
- Porque quero provar que garotas podem jogar quadribol, tão bem quanto eles. Vai ajudar?
- Claro, você joga bem e sempre gosto de rir das caras dos patetas. Já vou começar dando uma dica: homem não usa brilho labial rosa com cheiro de fruta, a menos que não seja homem. - e caiu na risada.

Após algum tempo...


- Cospe no chão! – mandou Micah.
- Mas isso é nojento... - Milla resmungou.
- Se quer convencer eles de que é um garoto, é melhor começar a molhar a grama.
- Tá bom assim? – ela perguntou depois de cuspir no chão.
- Passável. Agora se coça. - disse Ty.
- Já sei fazer isso.
- Sabe como uma garota. Homem não fica vermelho assim quando se coça, aliás a gente não liga pra quem tá olhando. – e a garota tentou imitar um garoto e Ty ao ver os fracos avanços disse:
- É assim que se faz, ó. - e se coçou com vontade, e os garotos riram da vermelhidão que se espalhou pelas bochechas das meninas, mas Milla o imitou e ele disse que estava bom.
- Agora numa briga... - disse Ty.
- Como assim numa briga? Eu não vou brigar.
- Se precisar vai, e se você entrar numa briga nada de brigar como mulherzinha. - disse Micah.
- Mas eu sou mulherzinha... - ela se queixou.
- Mas o Milles não, na hora da briga se afaste dos cabelos. - disse Micah.
- E nada de tapinha sem noção, é punho fechado. Nada de gritinhos, homem urra, soca, pragueja: HÁÁÁ! (gritou Ty levantando os punhos e Micah fez o mesmo e os dois ficaram se encarando com as testas grudadas, se empurrando e gritando ao mesmo tempo) HÁÁÁ! – pareciam que iam brigar de verdade, as meninas ficaram chocadas com a empolgação deles e eles caíram na risada e continuaram:
-Se querem matar um homem de dor, dêem um chute no saco. Vocês vão ter ele na palma da mão: "ponto fraco de mulher é cabelo, ponto fraco de homem são os côcos". – disse Ty, e riu quando elas balançaram a cabeça, caladas.

- E agora o toque final. Preciso das suas amigas. - disse Micah.
- Pra quê?- perguntou Vina.
- Pra dar instruções de como agradar ao "Miles". - ele respondeu.
- Olha aqui, o Miles, quer dizer eu, não tenho que agradar nenhuma garota. - disse Milla defensivamente.
- Ah, mas ai que tá o "segredo" pra ser aceito pelos seus amigos enjoados. Você tem que mostrar que é um "matador" aí, passa a ser oficialmente um de nós. - explicou Ty e ela após pensar uns segundos, suspirou resignada e disse:
- Evie... Vina...
- Não, elas não. - disse Micah rápido.
- Porque não?- perguntou Evie.
- Primeiro porque têm namorados e por mais que você se esforce Milla, não acho que você agüentaria um soco, se os namorados delas resolverem te acertar. Pode ser a Annia, ela é esperta, tem jeito de ser boa atriz.
Evie começou a protestar e Micah disse:
- O tempo tá correndo, quer que passemos a noite aqui?
- Não, claro que não. Continuem. - Evie respondeu sem graça.
- Vamos lá Miles mostra pra gente como você chegaria numa menina.- pediu Micah.
- Não precisa, não vou chegar em ninguém, nenhuma delas me atrai.- ela tentou fazer graça.
- Então vai continuar sendo um nada pro resto do time. Mostra como se faz Ty. – disse Micah com um olhar malicioso.
-Claro Micah. Levanta Annia!
- Por que eu?
- Porque as outras tem namorado e não vou chegar perto do Miles, ele é "homem" e não aprenderia nada. - disse Ty.
- Mas tem a Nina e... - e antes que argumentasse mais, foi empurrada do sofá pelas amigas e ficou de pé:
-Tá bom, tô aqui.- disse contrariada.
- Nossa, meiga feito um estivador do porto. Mais delicadeza faz favor? – disse Ty com ar de enfado e todos riram, inclusive Annia:
- Pronto, professor estou aqui;
- Melhorou. - e Ty vai se aproximando e começa a falar:
- Sabe, eu ando observando você há algum tempo e gostaria de conhece-la melhor...- e ela foi dando uns passinhos para trás e acabou encostando na parede. - Ty com um sorrisinho, colocou os braços um de cada lado e começou a falar olhando concentrado nos olhos dela:
- Sabe que acho seus olhos lindos?- e Annia parecia hipnotizada apenas balançava a cabeça negativamente, enquanto ele continuava calmamente:
-Seus olhos são tão expressivos... E sua boca...Linda!- e Annia começou a suar e disse num fio de voz:
- Está calor aqui não?- e Ty a assoprou e perguntou, a milímetros do rosto dela:
- Ficou melhor? (e Annia engoliu seco). - Ok, acho que vocês já entenderam não é??? (se afastando bruscamente). Se Annia não estivesse apoiada na parede teria caído.
- Hum, ainda não... E depois disso, Ty?- perguntou Milla cínica.
- Depois depende dos instintos do aluno. Mas nada contra você beijar sua amiga na boca, talvez seja o que vá convencê-los no final. – disse Ty e riu quando elas disseram ao mesmo tempo: ECA.
Antes de irem embora, Micah e Ty cochicharam algo com Annia e os olhos dela brilharam e ela falou algo com eles, que nenhuma de nós conseguiu arrancar dela depois. Espero que não seja nada muito doido.

No dia seguinte...

Miles foi ao vilarejo, e entrou no pub onde o time costumava se reunir. Notou as caras de poucos amigos deles, e apesar do frio na barriga, seguiu em frente:
- E ai, pessoal, tudo bem?
- Sim. Tudo tranqüilo. – respondeu Luka e Max torceu o nariz.
- Posso me sentar com vocês? – perguntou.
- Não. Não, melhor você procurar algum outro lugar, já ta reservado aqui. – respondeu Luka rápido.
Nesta hora, Annia entrou andando rápido e o puxou pela camisa:
- Então é assim Miles? Você vai me ignorar...
- Hã? Quer dizer... Como assim Annia?- caprichei na voz rouca.
- Você está me ignorando. Não responde aos meus bilhetes. O que eu fiz pra você me rejeitar assim?
- Não tô te rejeitando... É que... – e vi Micah e Ty fazendo sinal de cortar o pescoço. E entendi:
- Olha aqui Annia, foi bom enquanto durou entende? Agora eu to numa nova fase da minha vida e não há lugar pra você gata. Você entende não é?
- Mas eu nunca vou esquecer nossos beijos ardentes Miles, você é tudo o que eu quero num namorado.
- Eu sei, que foi bom, mas você, precisa seguir em frente.
Ela fingiu deixar umas lágrimas caírem e disse:
- Esta bem querido. Sabe que não consigo recusar um pedido seu. – e fez biquinho pedindo beijo, beijei a ponta dos meus dedos e pousei nos lábios dela que saiu dramaticamente. Ele olhou para a mesa do Luka e eles estavam de olhos arregalados.
- Garotas, sabem como é... Acham que alguns beijos viram compromisso... – disse rindo e ajeitou as calças, antes que ele falasse mais alguma coisa, uma garota do sétimo ano, conhecida por ter gênio forte e ser feminista, entrou pela porta. Os rapazes ficaram olhando embasbacados para ela enquanto ela ia na direção do Miles.
Ela usava roupas coladas e uma saia curta, que mais lembrava um cinto. A blusa era tão justa que se ela espirrasse, muitos naquele bar ficariam cegos:
- Oi Milles. Ando com saudades de nossos... Você sabe. - e piscou. – ele riu amarelo, mas respondeu.
- Ah minha linda, sabe que ando ocupado não é? Não adianta fazer beicinho. Não gosto de mulher grudenta.
- Não precisa ficar chateado Milles, eu entendo. Saiba que a hora que você quiser, basta me chamar, ok?- e virou-se pra ir embora, ficando parada esperando alguma coisa. Ele olhou rápido pra Micah e ele deu um tapa no ombro do Ty, como se estapeasse uma mosca. Então Miles deu uma palmada no traseiro dela, bem ao estilo cafajeste. Quando ele se virou para os garotos na mesa, para se despedir, eles o puxaram rápido para se sentar com eles e conversar.
Miles olhou para os lados de Micah e Ty e eles estavam sorrindo satisfeitos.
Bem, após um curso intensivo de como ser um homem em algumas lições, Milla, quer dizer Miles, havia se tornado "um dos rapazes".

Wednesday, October 17, 2007

Nina levantou o mais cedo possível e correu para vestir o uniforme de tênis, meticulosamente organizado na noite anterior. As Olimpíadas estavam se aproximando e Durmstrang iria competir com várias outras escolas, de todas as partes do mundo. Durms parecia ter sido contaminada por um espírito competitivo gigantesco: alunos se esbarravam nos corredores tentando chegar mais cedo para reservar a quadra de treinos e sussurravam estratégias na mesa antes do café da manhã, sempre com os olhos atentos nos movimentos dos concorrentes. Nina se inscreveu em tênis, esporte que pratica desde os 8 anos, esgrima, xadrez de bruxo e natação. Sua dupla de tênis era Evie, que, aparentemente, estava tão empolgada quanto a menina.

- Dia, Nina! – apareceu na porta treinando manobras com a raquete – Olha só nossas voluntárias para o treino de hoje – falou, empurrado uma Vina sonolenta e uma Milla contrariada.
- Por voluntária ela deveria entender que estamos aqui por livre e espontânea vontade, Evangeline? – perguntou Milla, enquanto Vina balançava a cabeça em sinal de acordo.
- Ah, vocês querem que Durmstrang ganhe, não? Então ajudem! Bom trabalho, Evie, espero que você não tenha precisado ameaçar envenenar a coruja delas... – disse Nina, jogando a bolinha para cima e para baixo.
- Não. Pura e simples chantagem emocional! Vamos?
- Espera um minuto, vou perguntar se meu plano de saúde cobre acidentes em quadras de tênis... – falou Vina, tentando sair sem ser notada.
- Deixa de ser boba, Vina, nós somos delicadas! – respondeu Evie, puxando as meninas pela mão enquanto Nina ria genuinamente.

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- LAVÍNIA! MAS SERÁ POSSÍVEL QUE VOCÊ NÃO ENXERGA A DROGA DA BOLA??!!!! – Nina gritava enquanto sacudia a bola freneticamente no rosto de Vina.
- Eu...euu...
- EU quero trocar de time! Evangeline, passa a Milla, você fica com a Vina – Nina avançou na direção da amiga com o dedo esticado e puxou Milla.
- De jeito nenhum!! Eu fico com a Milla e você com a Vina! – respondeu, agarrando o braço da amiga
- Desculpe interromper, só queria avisar que eu tenho sentimentos! – gritou Vina tentando chamar a atenção das duas.
- E eu queria avisar que tenho braços, só não sei por quanto tempo...me larguem!!! Bom, vamos decidir isso como pessoas civilizadas e maduras. Cara ou coroa, Evie? – perguntou Milla.
- Cara...não, Coroa...CARA!
- Cara – disse Milla, enquanto Evie pulava de alegria.
- Ah, não, você roubou!! – gritou Nina, virando a moeda diversas vezes para verificar.
- Como alguém pode roubar no Cara e Coroa, Nina...?
- Existem diversas maneiras. Par ou ímpar é um jogo muito mais justo! Eu quero ímpar!
- Par – disse Evie, contrariada – Ahá! Seis é par!!
- Não é! Quer dizer...é, mas Pedra, Papel e Tesoura seria...
- NÃO! A MILLA É MINHA!
- Er...ok...
- Obrigada! – disse Evie triunfante, arrastando a garota para o outro lado do campo.
- É bom ser disputada – falou Milla, rindo.
- Pelo menos não é você que está no time do Hitler de saias – disse Vina
- É, mas estou no do Stálin de batom, não faz muita diferença
- Eu ouvi isso! Quero 50 flexões agora!!! – gritou Nina, apontando para as duas, que começaram a rir – Err...desculpem. Vem, Vina...tenta acertar dessa vez ou vamos ter que treinar com uma bola de praia.

Depois de duas horas de intenso jogo e “gritos de Evie e Nina (“ACERTA A BOLA!”, “MIRA DIREITO”, “NEM MACHUCOU TANTO, LAVÍNIA, É SÓ UM POUCO DE SANGUE!”), as duas garotas arremessaram as raquetes no chão e saíram do campo xingando a dupla.

- Que falta de espírito esportivo, não? – perguntou Evie, olhando indignada
- Inacreditável, tem gente que simplesmente não sabe brincar! Ahh, Merlim, me esconde, Evie! – disse Nina, usando a menina como escudo.
- Você quer entrar na bolsa de raquetes...o que aconteceu?! Ah...Michael...

Michael e Chris vinham andando na direção das duas. Michael saltitava, enquanto Chris se arrastava, lutando contra os próprios calcanhares.

- NINA!! – disse Michael correndo para abraçar a menina – A gente não se vê há tanto tempo!
- Jura, é? Parece que te vi ontem ainda...err...pára, Michael...brigada... – respondeu, se desvencilhando do garoto.
- Olenova, quer um abraço? – perguntou Chris, sorrindo para a menina e passando para cumprimentar Evie.

Nina sorriu abertamente, mas disfarçou logo que notou o sorrisinho triunfante de Evie.

- Não, Parker. Dispenso. Já se inscreveu nas Olimpíadas?
- Sim. Esgrima, Trancabola e Xadrez...você?
- Esgrima, tênis, xadrez e natação...- Nina mal havia terminado de falar quando Michael gritou.
- Nossa, que coincidência, estava agora mesmo pensando em fazer exatamente essas! – Chris abafou uma risada com as mãos quando Nina o encarou com absoluto pavor e Evie bateu palmas.
- PERFEITOI! Estamos mesmo precisando de cobaias...er...companheiros de treino. Fica com o Chris e eu com o Michael, ok, Nina? – disse, piscando para a amiga que respondeu com um “Tanto faz” apático.
- E quem disse que eu quero jogar??? – perguntou Chris indignado – Vocês arrastam os primeiros que aparecem e pronto?
- Esse é o esquema. Você não estava esperando uma remuneração, né?
- Se ele não quiser jogar, eu fico no time da Ninys – disse Michael, correndo para o campo oposto.
- Ele vai jogar, não vai? – Nina perguntou em um tom de súplica, misturado com um sorriso nervoso – Eu te pago um sorvete – falou, entredentes, chegando mais perto do menino.
- Uhnn – Chris olhava atentamente para ela e chegou ainda mais perto para dizer – Dois sorvetes.
- Fechado.
- Eu jogo! – disse Chris para Evie e Michael fechou a cara. Ficava extremamente incomodado com a proximidade entre o irmão e a menina – Você começa? Quero ver o que você pode fazer, Olenova.

Nina sacou a bola em cima de Evie, que mirou em Chris e por pouco não fez ponto. O garoto recuperou a bola miraculosamente e atirou no irmão que caiu sentado.

- PARKER!!! – gritou Evie para Michael.
- Whoa, genial! – Nina aplaudia, empolgada
- Obrigado. É um jogo particular que tenho desde os cinco anos de idade: acerte o Michael. Serve com qualquer objeto. – explicou, orgulhoso – Sempre fui uma criança simples. Sabia apreciar as pequenas alegrias da vida.
- Isso é horrível. – disse Nina, balançando a cabeça – Eu...posso tentar?
- Olenova, o que fizeram com você? – Chris parecia intrigado, mas não tirava o sorriso divertido do rosto – Há alguns meses atrás você me daria uma raquetada por isso!
- Eu sei...esquece. Eu não quis falar isso...pobre Michael. Desculpa.
- Não, não, eu acho ótimo! Dois sorvetes se você conseguir.
- Err...fechado?
- Fechado.
- Pronto, meu jogador já está bem...mas tentem ser menos agressivos...E VOCÊ TENTE SER MENOS FROUXO! – gritou Evie,pegando a bolinha do chão.

O jogo recomeçou e logo no saque Nina conseguiu acertar o menino, que caiu novamente. Largou a raquete no chão, horrorizada.

- Michael...Merlim, o que eu fiz?!
- PARKER!!! – Evie avançou novamente em Michael, que gemia exageradamente.
- De primeira!! Isso valia cinco pontos na minha tabela...estou orgulhoso! – falou Chris, olhando admirado.
- Olha só o que eu fiz, coitado...arrgh, culpa sua! Pobrezinho!
- Olenova...- e Chris estava com um tom compreensivo pela primeira vez – ele só caiu, ele sempre exagera. Michael não é de porcelana, apesar de parecer...
- Ele é sensível...
- Pensa pelo lado bom...quem sabe assim ele não para de te perseguir um pouco – disse Chris, displicente. Congelou quanto notou que Nina o encarava irritada. – Que dizer...você notou, não? Ele te persegue o tempo todo. E eu imagino que você não goste.
- Eu nunca disse que não gostava – disse, grossa
- Eu não acho que você queira nada com ele.
- Talvez eu queira – respondeu só pela força do argumento, mas se arrependeu logo em seguida – Bem...
- Ok. Pode arrumar os esparadrapos para ele, então - Tranqüilamente, colocou a raquete no chão, deixando Nina muda – E estamos quites na questão do sorvete.
- ARGH! Acabou o treino. Meu jogador foi buscar o antiinflamatório da Lavínia e o seu saiu de campo...Nina? Terra para Nina... – disse Evie, sacudindo as mãos na frente do rosto da garota – Cadê o Chris?
- Ah, ele precisou fazer uma coisa...- respondeu Nina, ainda encarando a saída do campo.
- É, sei. Vamos ser diretas? Você gosta dele, né?
- O quê?! Eu?! Claro que não...ridículo.
- Nina, por favor...
- Você é louca...e eu preciso treinar xadrez. Até mais.

E saiu na direção oposta, ainda ouvindo Evie perguntar: “Xadrez sozinha?!”.

Tuesday, October 16, 2007

Masmorras cheias, encapuzados a postos olhando para um tablado um pouco elevado, e na parte mais alta, o líder dava suas últimas instruções aos iniciados... Hoje seria a prova final...

- Quero que vocês duelem entre si e o vencedor será um membro da sociedade, menos o mais velho dos iniciados, para você haverá algo diferente... (dizia Arthur em voz alta e clara).
O garoto mais velho olhou em volta e procurou se manter impassível, sabia que para ele nada seria fácil.
- Quero que você enfrente um dos meus melhores espadachins: Sagramor. – e um homem se adiantou a frente. Pelas roupas podia se ver que era um homem forte, acostumado a duelar.
Não, não seria nada fácil... (era seu pensamento enquanto avaliava seu oponente).
- Sagramor! Lute sem piedade. – foi a ordem dada por Arthur e um sorriso maldoso brincou nos lábios daquele cavaleiro.
Aproximaram-se, cumprimentaram-se e logo os retinir das espadas era ouvido por todos os lados. Aparentemente não se passou muito tempo e as outras lutas foram se encerrando e o garoto mais velho ainda oferecia resistência, embora exibisse pequenos cortes pelos braços e corpo. A luta parecia já ter um final definido, o mais velho exibia um sorriso confiante, porém num momento oportuno, o garoto assumiu a postura de ataque, levantou os dois braços acima da cabeça com as pernas separadas e o homem se preparou para o golpe com certa displicência, achava-se superior, mas o que ele não esperava era a força empregada no golpe pelo garoto. A energia acumulada o fez recuar e perceber que o garoto guardou forças durante toda a luta e se deixou machucar apenas para perceber seu ponto fraco, e quando Sagramor se deu conta disso era tarde demais: um golpe forte desarmou o cavaleiro mais velho, e o impacto o jogou ao chão. O garoto encostou a espada no pescoço do homem que o provocou ainda uma última vez:
- Vamos, faça o que tiver que fazer ou não tem coragem? - e seus olhos se dilataram quando o garoto ergueu a espada no alto, e a bateu no chão a milímetros do rosto do homem. – o garoto disse cansado entre os murmúrios aprovadores e decepcionados:
- Minha espada não precisa do sangue de meu irmão para ser forte. Apenas de minha força. – e estendeu a mão ao homem para ajudá-lo a levantar-se do chão. O homem após olhar para o garoto, assentiu com a cabeça e aceitou a mão oferecida.
Alguns cavaleiros observavam o novato com uma raiva muda. O grande teste ainda não havia sido feito e eles tinham certeza, neste ele falharia. Eles o forçariam a falhar.
Após o duelo de espadas e de 5 novatos serem aprovados e estarem sob os cuidados de outros cavaleiros, Arthur levantou a mão e o silêncio se fez:
- Agora é a vez de nosso iniciado mais velho. Sua ultima tarefa será mais complexa. Você deverá roubar os arquivos da sala do diretor da escola, e nos revelar quais os alunos são mestiços. – um burburinho foi ouvido e Arthur levantou a mão e todos silenciaram novamente. O jovem olhou firme para o líder e perguntou:
- E se eu me recusar, serei eliminado? – novos sussurros.
- A recusa pode acarretar numa punição a você por sua desobediência. - a após observar que o garoto não imploraria por sua entrada, ele disse: - Não, você não seria eliminado por isso. Então o que me diz? Vai roubar os aquivos?
- Não! - foi sua resposta firme, e o líder o olhou curioso:
- Por quê?
- Porque o código da cavalaria é claro: Proteja os inocentes, e isso eu carrego como norma de vida. E eu já provei o meu valor, tenho o direito de fazer parte da irmandade.
Antes que Arthur dissesse algo, um dos cavaleiros disse:
- Ele tem que ser punido, Arthur. Exijo o direito de fazer isso. - e o garoto virou o rosto para olhar o cavaleiro que queria puni-lo. Ele havia reconhecido àquela voz, e se aquela pessoa estava ali, sua chance de ser eliminado após ter passado por tantas provações seriam maiores.
-Ah é? E o que você pensa em fazer Galahad? – perguntou Arthur.- Quero que ele receba 5 golpes de chicote como punição por ousar não cumprir uma ordem sua.
- 10 golpes. - disse uma outra voz que o garoto também reconheceu, mas ficou calado, enquanto o segundo falava:
- Veremos se ele seria capaz de suportar qualquer coisa pela irmandade.
Alguns cavaleiros começaram a reagir em protesto, Sagramor e Derfell entre eles.
- Isso é demais...
- É degradante...
- Nunca vi uma coisa assim...
- Ele se mostrou capaz como qualquer outro de nós...
Um outro cavaleiro mais velho aproximou-se e disse, com um indisfarçável prazer na voz:
- Este poderia ser o teste final caro Arthur, uma vez que ele só está sendo testado, porque reivindicou o direito do sangue. Pois que seu sangue mostre o seu valor.
Arthur após pensar por alguns momentos disse:
- Está decidido: Deverá suportar 10 chibatadas, ao final se ainda estiver de pé, terá vencido o desafio final. Galahad e Gauvain, esta prova será dirigida por vocês.
Os dois cavaleiros se aproximaram e enquanto um deles pegava um chicote, o outro com uma faca rasgava suas vestes, expondo suas costas. O cavaleiro chamado Galahad disse, baixo em seu ouvido antes do primeiro golpe:
- Não deveria ter se metido com a gente...
Ele não teve tempo de responder, pois sua pele ardeu ao primeiro golpe e ele segurou o grito. Fechou os olhos e lembrou-se do porque estava ali, e sua determinação o faria suportar qualquer coisa, até mesmo o gosto de sangue que sentia na boca.
Após o que lhe pareceram horas, em que seus algozes o puniram com toda a força de que eram capazes, seu tormento chegou ao fim. Mantinha-se de pé, com a cabeça erguida e após olhar para Arthur e ouvir ele dizer basta, não demonstrou o alívio esperado, continuou firme, nem sequer tentou se cobrir, pois suas roupas estavam em frangalhos, enquanto Arthur fazia sua declaração:
- Estes nobres cavaleiros, passaram por vários testes ao longo de sua iniciação e agora é chegada a hora de fazerem o juramento de fidelidade ao seu líder e seus companheiros. Eu vos pergunto: Algum de vocês quer desistir?
- Não! - responderam em uníssono.
- Dispam suas vestes. É hora de receberem a marca que nos diferencia dos comuns. – ordenou o líder e ele ouviu os outros iniciados gritarem, enquanto o cheiro de carne queimada enchia as masmorras, a ele pareceu ouvir seu nome de cavaleiro ser pronunciado por outra pessoa, mas era sua própria voz, respondendo à pergunta de Arthur.
A partir daquele dia ele seria chamado de Gareth.
Logo dois homens encapuzados, que haviam permanecido o tempo todo em silencio, se aproximaram, e foram tirando suas máscaras dizendo pesarosos, ante sua surpresa ao reconhecê-los:
- Nos perdoe! Não sabíamos que seria desta maneira. – disse o homem mais velho, enquanto tirava das vestes uma poção para as dores. O mais jovem dos dois homens olhava para suas costas e ao ver o sofrimento em seus olhos, o garoto resolveu amenizar o tormento.
- Acabou! Sou um de vocês agora. Posso saber como chamá-los?
- Sou Heitor. - respondeu o mais velho enquanto lhe dava outra poção.
- E eu sou Leodegrance. - respondeu o outro que usava a varinha para fechar suas feridas, e fazia isso delicadamente para não deixar cicatrizes.
Os dois mascarados que se revezaram em sua punição se aproximaram e retiraram as mascaras. Aquele que sugeriu o açoitamento disse cínico:
- Agora somos irmãos, espero que não haja ressentimentos. – e estendeu a mão com uma postura arrogante. O outro ao seu lado o olhava sério, com as mãos ao lado do corpo.
- Ressentimento é uma emoção, e denota sentimento. Eu não costumo ter sentimentos por aquilo que eu desprezo. – Ignorou a mão estendida e gostou de ver o choque nos olhos de Galahad e Gauvain.
Não se importava com os sentimentos deles, ele havia alcançado o seu objetivo. Agora tudo que ele precisava era se manter firme por mais algum tempo.

Thursday, October 11, 2007

Penseira de Lavínia Durigan


‘FA-XI-NA!’ A veterana de cabelos loiros possuía um sorriso empolgado ao nos indicar com o braço, baldes, panos, vassouras e esfregões. Eu e as outras novatas trocamos olhares apreensivos.

‘Esse será o trote de vocês. Terão de deixar essa república um brinco por uma semana completa. Isso inclui lavar, passar, arrumar, limpar, cozinhar, lustrar...’ A outra veterana, um pouco mais baixa e morena, disse cética. A novata ao meu lado, bastante pálida, magra e com grandes olhos verdes levantou a mão. A veterana loira a indicou com a cabeça.

‘Alguma dúvida Olenova? Não sabe como manusear uma vassoura comum?’ perguntou irônica. A menina abaixou a mão mas manteve o rosto firme e disse decidida...

'Já faz um mês desde que chegamos a Durmstrang! Acho que o tempo de trotes já está esgotado.’ Concordamos com a cabeça e as duas novatas riram com gosto.

‘Não perguntamos há quanto tempo vocês chegaram aqui. Isso não muda o fato de que são NOVATAS. Quem decide a hora do trote somos nós... E se quiserem permanecer na Avalon, cumprirão isso direitinho. E digo isso em nome de todas as outras garotas, afinal, eu sou a líder este ano...’ ela sacudiu os cabelos para trás e a sua amiga exibia um ar admirado que me deu enjôo. ‘Bom, se não há mais dúvidas, podem começar!’

Se tinha uma coisa que eu definitivamente odiava na vida era obedecer a ordens. Mas desde que chegara a Durmstrang, eu descobri que o que as pessoas mais gostavam era de dar-lhes. Quando vi as duas veteranas mesquinhas saírem da república com ares triunfantes para aproveitarem seus fins de semana, senti um desejo imenso de saltar em cima daquela cabeleira loira e arrancar o máximo de fios que conseguisse, mas vendo que duas das novatas já tinham apanhado baldes e panos, respirei fundo e me aproximei das outras. A outra novata loira olhou para nós decidida, e riu. Foi uma risada tão espontânea e sobrenatural, que todas se encararam assustadas.

'Sabem, isso não vai dar certo!’ ela disse finalmente, controlando a risada. Como não falássemos nada, ela continuou. ‘Dormimos no mesmo quarto há um mês e nem se quer nos conhecemos! Se formos trabalhar separadas, não vamos conseguir limpar essa casa nunca! Então, sugiro uma breve apresentação...’ continuamos todas a encarando assustadas. Ela retirou o sorriso do rosto e soltou um muxoxo impaciente levantando um dos braços. ‘Oi. Meu nome é Ludmilla Kovac. Podem me chamar só de Milla, se preferirem.’

‘Anastácia Ivanovic. Os meus amigos costumam me chamar de Annia...’ outra novata de cabelos castanhos também levantou a mão sorrindo gentil e se apresentou.

‘Nina Olenova, e não tenho apelidos devido ao motivo óbvio de meu nome ser estupidamente pequeno. Me chamem de Nina mesmo.’ Todas nós rimos.

‘Evangeline Parvanov. Me chamem só de Evie, por favor. Odeio meu nome!’ concordamos e ela agradeceu com um aceno de cabeça. Todas olharam para mim, que acabei levantando o braço também antes de me apresentar.

‘Lavínia Durigan. Nunca me deram apelidos, portanto podem criar um se quiserem, ou me chamar de Lavínia mesmo...’ elas riram. Milla disse pensativa.

‘Lavínia... Ok, então vamos te chamar de Vina, o que acha?’

‘Tudo bem.’ Concordei sorrindo.

‘Acho que agora estamos preparadas.’ Milla disse olhando os baldes no chão. ‘Vamos deixar essa república brilhando! O que acham de cada uma cuidar de um quarto e depois limparmos juntas o andar de baixo?’ ela perguntou e concordamos dividindo o que cada uma limparia.

A semana de faxina estava só começando...

ººº

NO: Meu reino por um banho! – Nina se largou na cadeira exausta e todas nós a acompanhamos.

Finalmente havíamos terminado o último dia de trote e a república estava tão limpa que a olhamos orgulhosas.

EP: Acho que aquelas veteranas sabichonas não vão poder reclamar de nada. Fizemos um ótimo trabalho. – Evie concluiu satisfeita.
AI: Ah não... – Annia disse desanimada e a olhamos. Ela encarava fixamente um único ponto, do outro lado da sala. Todas viraram a cabeça para ver do que se tratava e no mesmo instante, o desânimo de Annia se contagiou para todas nós.
LK: Droga! O aquário do Bolha! Esquecemos de limpar a droga do aquário do ‘Bolhazinha da mamãe’! – Milla completou imitando a voz de Olga quando conversava com o peixe pelas manhãs.

O Bolha estava morando na Avalon há sete anos, e por conveniência, Olga e suas amigas puxa-saco tinham agregado a ele o símbolo de ‘mascote da casa’. Era um peixe dourado bastante gordo e egoísta. Todas as vezes que experimentaram colocar outro peixe junto com ele, o coitado amanhecia morto na manhã seguinte. Ficamos o observando nadar entre as pedras e plantas artificiais no fundo do aquário gigante até Nina se levantar decidida.

NO: Vamos limpar isso de uma vez! Somos cinco contra um peixe gordo e um aquário, nada pode dar errado...

Doce engano de cinco meninas inocentes. Mal sabíamos nós que teria sido muito melhor deixar o aquário do jeito que se encontrava... Evie, Annia e Milla carregaram o aquário até a mesa com cuidado. Nina destampou e com uma peneira eu peguei Bolha que começou a se debater entre a rede, desesperado. Coloquei-o em uma jarra de água que Milla estendia na boca do aquário e assim que caiu dentro do recipiente minúsculo o peixe começou a dar voltas descontroladas e rápidas. Annia tapou a jarra depressa. Bolha dava voltas tão rápidas que minha cabeça estava ficando tonta só de acompanhar. Nina se sentou e aproximou o rosto da jarra de modo que seu nariz encostou-se no vidro. Alisou com carinho um dos lados da jarra, mas Bolha não parou.

NO: Xiii, calminho, Bolhazinha da titia. – ela imitou a voz de Olga e Evie, eu, Milla e Annia nos entreolhamos caindo na risada logo em seguida. Nina nos lançou um olhar de censura. – Estou tentando acalmar o peixe! Vocês não deveriam estar limpando esse aquário? – perguntou irritada e paramos de rir esvaziando o aquário para começarmos a limpar.

Estava indo tudo extremamente bem. Já havíamos terminado de limpar o aquário, recolocar as pedras e plantas, enchido novamente com água limpa... Só faltava voltar Bolha para seu lugar de origem. Annia pegou a peneira e Nina destampou a jarra. Ao ver a invasão das redes, Bolha se desesperou novamente e começou a nadar para longe do alcance de Annia. Como a jarra era bastante pequena, não demorou muito e Annia o capturou. O peixe começou a se debater novamente, e assim que Annia levantou a peneira, ele deu um salto tão violento que se livrou da rede e caiu em cima da mesa.

AI: SEU PEIXE BURRO! – Annia gritou e sacudiu a peneira na direção de Bolha, mas o peixe estava quicando em cima da mesa descontrolado. – ME AJUDEM!

O grito dela nos fez sair do estado de letargia que entramos desde o momento que acompanhamos em câmera lenta o peixe se livrar da peneira. Milla e Evie saltaram em cima da mesa tentando agarrar o peixe com as mãos. Eu corri para o outro lado da mesa e também comecei a tentar capturá-lo. Nina corria ao redor da mesa gritando.

NO: Bolhazinha, seu peixe levado! Fica quietinho que a titia promete te colocar de volta no seu aquário. O que acha? FICA QUIETO, SEU ANIMAL IDIOTA! – Nina berrou levando as mãos à cabeça.

Mas o circo estava armado. Annia xingava o bicho. Evie e Milla já estavam descabeladas de saltar atrás do peixe. Eu e Nina não sabíamos o que fazer ou a quem ajudar. Depois de aproximadamente cinco minutos nessa agonia, aconteceu o que mais temíamos... Bolha parou. Ficou estático, estendido na superfície da mesa. Annia abaixou a peneira desanimada. Evie e Milla se entreolharam em desespero. Eu e Nina corremos.

LD: Parada cardio-respiratória! Ele precisa de uma massagem cardíaca!!! – com os dois dedos indicadores, comecei a pressionar o peito do peixe, que não reagiu. Milla segurou meu braço mecanicamente.
LK: Ele está morto. Vamos pelo menos entregá-lo à Olga sem furos.
EP: NÃO! Ele não está morto Milla. Vina está certa. Ele precisa de ar! Me abram espaço... – Evie pegou Bolha e o aproximou a boca do bicho de sua própria boca, começando a sugá-lo. O que deveria ser uma respiração boca-a-boca quase terminou em uma tragédia pior. Evie se desesperou ao ver que o peixe não reagia e sugou com tanta força o peixe que acabou o engolindo. Engasgou-se na mesma hora apertando a garganta e tossindo.
AI: EVIE! – Annia correu até ela e começou a socar com violência suas costas. Bolha saiu da boca de Evie e caiu no chão.
NO: Ótimo! Agora além de morto, ele está todo babado. – Nina pegou o peixe na ponta dos dedos enojada. – Realmente ótimo!
EP: Pelo menos não fiquei de braços cruzados assistindo tudo! – Evie disse com raiva recuperando a voz. Nina não respondeu.

A cena toda seria cômica se não fosse trágica. Um minuto depois ouvimos a porta da sala se abrir e congelamos. Olga e Diana entraram na república rindo e olharam ao redor.

‘Uau. A república está bastante limpa, não está? Acho que as novatas estão livres do tro...’ Olga ia dizendo, mas ao ver que estávamos congeladas ali, Nina segurando Bolha esticado no ar, completamente imóvel, ela arregalou os olhos aterrorizada e soltou um berro agudo que preencheu todo o ar. Com o susto, Nina deixou o cadáver do peixe cair no chão e nos precipitamos para recolhê-lo, mas era tarde demais. Olga já vinha na nossa direção, aos prantos. Diana tinha as mãos na boca. ‘O QUE VOCÊS FIZERAM COM O BOLHA??? BOLHAZINHA, ACORDA! BOLHA, ME CONTA O QUE ELAS FIZERAM COM VOCÊ! BOLHA!’

Era Olga quem estava desesperada agora. Sacudia Bolha freneticamente, chorando. Evie se adiantou com cara de enterro e segurou os braços da menina.

EP: Para Olga, para! Não adianta!

‘TIRA SUAS MÃOS ASSASSINAS DE MIM! BOLHA!’

LK: PARA OLGA! DEIXA DE SER IDIOTA! O SEU PEIXE ESTÁ MORTO! – Milla gritou parecendo a beira de entrar em colapso. Olga parou de sacudir o peixe morto por um momento e a encarou com ódio. – Desculpe... Nós não queríamos, mas foi um acidente. Fomos limpar o aquário e ele escapou da rede, caiu, e ninguém conseguiu agarrá-lo...

A cada palavra que Milla dizia, uma veia diferente pulsava na têmpora de Olga. Lágrimas ainda escorriam em seu rosto, mas os seus olhos adquiriram um novo tom maníaco quando recomeçou a gritar.

‘ASSASSINAS! FORA DAQUI! NÃO QUERO OLHAR NUNCA MAIS PARA A CARA DE VOCÊS! SUMAM DA MINHA FRENTE!’

NO: Não vamos sair. – Foi a vez de Nina falar. Embora ela estivesse com uma expressão de culpa, falou firme. Olga a encarou. – Não vamos sair daqui pois você não pode nos expulsar. Só o diretor pode. Então, aprenda a controlar seu ódio, pois vai ter que conviver conosco.

‘CERTO! VOCÊS QUEREM GUERRA? É GUERRA QUE TERÃO. NÃO POSSO MESMO EXPULSAR VOCÊS DA REPÚBLICA, MAS DO QUARTO SIM. A PARTIR DE HOJE, VOCÊS TODAS ESTÃO BANIDAS PARA O SÓTÃO, CASO NÃO QUEIRAM DORMIR NA SOLEIRA DA CASA!’

Pegando Bolha e recomeçando a chorar, Olga virou as costas e saiu correndo, batendo a porta ao passar. Diana ficou nos encarando por um momento sem qualquer expressão, então saiu correndo atrás dela. O silêncio caiu na sala. Evie desabou na cadeira com as mãos na cabeça. Nina andava de um lado para outro. Milla, Annia e eu continuamos estáticas.

EP: Elas podem mesmo nos banir? – Evie perguntou com a voz sufocada pois escondia o rosto nas mãos. Nina disse amarga.
NO: Pode. A líder da república comanda a divisão de quartos. QUE DROGA DE PEIXE MALDITO!
LK: Onde foi parar o ‘Bolhazinha da titia’? – Milla perguntou. Por um instante, todas nós trocamos olhares tensos e culpados, e um segundo depois começamos a gargalhar.
LD: Eu sei que é trágico, que vão nos odiar para sempre por termos assassinado o mascote da Avalon, mas tenho que admitir... Isso está muito engraçado! Parece cena de comédia teatral!
AI: Acho que começamos mal por aqui, e vocês? – Annia perguntou secando lágrimas. Concordamos. Nossa fama estava no lixo.
NO: Bom, acho melhor respeitarmos o luto da Olga e começarmos agora mesmo nossa mudança para o sótão. Podemos colocar ordem ali... Depois de pronto, teremos um andar inteiro só nosso! – ela completou e rimos.

A partir daquele dia, a nossa amizade só cresceu. Tudo bem que Olga tratou de colocar nossa reputação no chão ao contar dramaticamente o episódio na manhã seguinte para todas as outras meninas. Mas já não nos importávamos. Alguns meses depois ela se formou e nós passamos a ser veteranas. O restante das meninas esqueceu da história e nos tratava bem. O nosso sótão demorou a ser organizado, mas no final de uma semana, estava colorido, arejado, claro, e com a nossa cara. Foi nesse quarto onde várias noites passamos em claro nos ajudando, rindo, bolando teorias e criando momentos que nunca mais seriam esquecidos por nenhuma de nós, ‘as meninas da Avalon’.

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N.A.: Texto de como Evie, Annia, Milla, Nina e Vina se tornaram tão amigas. Baseado em fatos um tanto reais ocorridos com a And, e estruturado a partir de uma conversa do trio: Ju, And e eu (Tandi).