Diário de Reno G. Kollontai
- Sr. Kollontai! O que pensa que está fazendo? Pelo que me lembro mandei a turma realizar a transmutação usando o mercúrio!
- Me desculpa professora Kollontai, mas o mercúrio é um reagente muito lento. Prefiro o Enxofre.
- Vocês estão praticando o básico de alquimia, Sr. Kollontai. Ainda estão começando.
- Eles podem estar começando. Eu não. Assim como acho que a Annia deveria usar os próprios ingredientes também.
- Basta! Ao final da aula, fique em sala, Sr. Kollontai.
Emburrei a cara, enquanto a professora apontava a varinha e desfazia minha transmutação. Guardei meu material de alquimia com raiva e aguardei todos saírem da sala, ficando a sós com a professora de alquimia: minha mãe.
- Reno, querido, por que faz isso? – mamãe falou, com a voz cansada quando ficamos a sós.
- Porque eu não queria usar o mercúrio, o enxofre reage muito mais rapidamente e dá resultados melhores, Sra. Kollontai.
- Pode me chamar de mãe quando estamos a sós, e pare de me chamar de Sra. Kollontai com esse sarcasmo na voz!
- Desculpe, mãe. Mas eu não concordo em adotar este nome. Deveríamos manter o seu nome, e não o de papai, apesar de gostar muito dele.
- Chega Reno! Já discutimos muito isso, e tenho certeza da minha escolha!
- Mas é a sua escolha! E não a minha! Só não me apresento como Reno Fla...
- Já chega Reno! Agora já chega!
- Está bem então! Eu só não me apresento desse modo em respeito a você, mas se isso não é nada tudo bem! Posso ir, mamãe? – falei a ultima palavra com certa ferocidade e mamãe rebateu com um olhar gélido, mas acamou-se.
- Pode sim, filho... Mas não me desobedeça mais durante minhas aulas. Sei que você está mais avançado que sua turma, assim como a Annie. Mas para isso existe o Clube de Alquimia Avançada, que por sinal você é o Monitor. Por que você não ajuda seus colegas então?
- Porque não quero. Eles não têm capacidade para aprender algo dessa facilidade, então não há nada que eu possa ensinar.
- Eu só espero que você cresça e pare de ser assim. Porque sei que quando você quer, você é uma pessoa maravilhosa. E por baixo dessa sua cara de enfezado e malvado, tem um ótimo garoto. Meu baixinho – Ela falou, rindo da minha cara de chateado e me abraçou. Abracei-a também, pois mesmo que briguemos muito, ela é minha mãe, e a pouca família que ainda me restou...
Quando sai da sala de aula, fui direto para a república onde moro. No meio do caminho falei com algumas pessoas, e ignorei algumas. Além de estar de mau-humor, não queria falar muito com certas pessoas. Só falei direito com a Annia, pois ela queria saber se minha mãe havia brigado comigo.
- Ela brigou um pouco sim. Pediu para que eu não a desmentisse nem nada em suas aulas, mas nada demais.
- É sério Reno, você tinha que parar de brigar com sua mãe, principalmente na aula dela. Os outros alunos podem achar que estão no mesmo direito.
- Ai deles! Eu mesmo transmuto eles em ratos e os coloco para serem caçados pelos cães de caça da escola! Por falar em alquimia, não se esqueça, há encontro do CAA essa noite. Espero que possamos discutir alguma alquimia melhor que as das aulas.
- Claro estarei lá. Vou encontrar o Ty daqui a pouco. Já o conheceu? É um dos novatos.
- Não, não conheci e nem tenho muita vontade de conhecer novatos. Eu vou acordar o Bram então, ainda não o vi pela escola, deve estar dormindo ainda. Até mais, Annia.
Despedi-me dela e rumei para a república, onde acertei ao adivinhar que o Bram ainda dormia. Havia uma coruja piando na janela, mas mesmo assim ele não acordava. Peguei a coruja e reconheci a letra de Griffon, primo de Bram. Com curiosidade, mas sem vontade de invadir a correspondência de meu amigo, cutuquei-o com o pé até acordar.
- Vamos Bram, acorda! Chegou uma coruja do Griffon, lê logo quero saber o que é. E você perdeu uma aula, pra variar.
- Ah, bom dia também, Reno. Carta do Griffon o que será? – Ele sentou-se na cama e pegou os óculos, começando a ler a carta. Enquanto isso eu olhava pela janela e vi um garoto vindo na direção da república, mas o ignorei. – Ah, ele mandou um abraço para você também. Ele disse que vai participar das Olimpíadas. Por Merlim! Acho que ele vai participar de umas 7 ou 8 modalidades. Ah, o Seth também vai participar.
- Aquele Seth vai participar? Em que? Duvido que ele ganhe algo.
- Em tiro, arquearia, natação, montaria, nas 3 modalidades de esgrima e algumas outras.
- Ah! Ótimo posso mostrar para aquele lá que sou melhor que ele em todos estes! Humpf, Seth. – falei com rancor na voz. Gostava do Griffon, mas odiava o Seth, e o sentimento era recíproco.
- Alguém falou o nome Seth? – o garoto que eu vira da janela entrou sem sequer bater. Ele tinha cabelos negros e olhos cinzentos e um ar de felicidade constante.
- Como é que você ousa entrar sem ser convidado, sem sequer bater?! – eu perguntei chocado e com certo rancor pela ousadia.
- Ah, olá Ty. Falamos no Seth sim, você o conhece? – Bram falou rindo da minha reação, enquanto ambos ignoravam meus olhares de raiva.
- Claro que o conheço. Assim como o irmão dele. – ele respondeu também sorrindo. Perdi a paciência e simplesmente o ignorei, saindo da república.
- Você tem aula agora, Bram, não se esqueça. Não sou seu elfo particular! E você intrometido, dê-me licença. – falei ao passar pelo garoto, esbarrando nele de propósito, mas ele veio atrás de mim um momento depois.
- Você é o Reno não?
- Kollontai para você.
- Como alguém como você é amigo do Bram? Ele é tão calmo e tão amigável. Você é tão... Irritado e fechado.
- E você tão intrometido... Vejo porque é amigo daquele lá.
- Aquele quem? O Seth ou o Griff?
- Quem mais? Minha tia? Óbvio que o Seth Chronos. O Griffon é boa gente.
- Sempre o Griffon que atrai amizades... Mas o Seth é uma ótima pessoa! Não sei por que não gosta dele.
- Isso não te interessa e não sei por que está falando comigo, novato.
- Ty por favor. Acho que sei por que não gosta do Seth. Ele é totalmente seu oposto. A pessoa mais calma e bondosa que já conheci, ao contrário de certas pessoas. – ele falou de forma ácida, mas rindo. Eu o empurrei com o ombro e preparava-me para um acerto de contas quando Luka e Max apareceram ali perto Acho que gosto menos deles do que do Seth, o Seth ao menos é inteligente... Já esses, para mim, não valiam nada... E ainda eram jogadores de quadribol.
- E aí Kollontai, também quer dar uma lição no novato?
- Ah, olá, Patetas – Ty revidou sem medo, e sua coragem já me deixou mais calmo com ele.
- Saiam daqui Ivanov e Parvanov, não os chamei aqui pelo que sei. – respondi com acidez os dois.
- Calma lá, Kollontai também queremos tirar nossas satisfações com esse aí. – Max falou apontando para Ty.
- Covardes como sempre então? O intelecto de vocês mudou pouco. Acho que em vez de gastarem força física em quadribol, gastam os neurônios isso sim. E que decadência está o time de vocês.
- Fique calado então Kollontai! Não estamos nem aí para sua alquimiazinha... - Luka falou rindo de mim, mas eu já estava acostumado a duelar usando alquimia.
Rapidamente saquei um frasco de meu bolso e joguei contra ele, transmutando o líquido em outro líquido mais grosso que caiu em sua roupa, manchando-a de verde. Sorte dele, se caísse em sua pele ele ia ficar com muitas espinhas... O Ty também aproveitou o momento certo para lançar um feitiço de pernas bambas em Max. E os dois tiveram que ir embora, prometendo vingança.
- Nada mal para um estressado. – Ty comentou, quando estávamos a sós novamente.
- E você também, nada mal para um intrometido amigo de certas pessoas. E ainda por cima novato!
- Já falei que o Seth é boa gente! Bem, me chamo Tyrone John Mcgregor. Prazer.
- Renomaru Goldensun Kollontai. Pode chamar de Reno. Prazer também.
- Pode me chamar de Ty então, acho que chega de discutir não? Só não gostei do que falou de quadribol! Eu também jogo!
- Afff mais um jogador de quadribol?! Vocês se multiplicam?!
Fomos na direção do castelo discutindo sobre isso e rindo um pouco das caras de Luka e Max.
Até que para um novato ele era legal, e parecia inteligente, acho que vai ser uma boa amizade. Só espero que ele não queira que eu e Seth dividamos o mesmo espaço...