Tuesday, February 24, 2009

A Segunda Tarefa

22 de Fevereiro de 2000

- Que foi?! – Eu falei rabugento, jogando um travesseiro em Bram. – Me deixa dormir!
- Uau, você acordando mais tarde que eu? – Ele falou surpreso, recebendo outro travesseiro.
- Se não parar de me encher, eu juro que te transformo em um rato bem gordo e dou de comer para algum gato. – Falei com raiva, mudando de posição. As cortinas foram abertas e o sol iluminou o quarto, me fazendo bufar de raiva.
- Vamos logo, dorminhoco! Ta na hora de acordar. – Outra voz falou, pulando na cama em cima de mim, me fazendo acordar.
- O que você ta fazendo aqui, Julianne?! – Eu falei, pulando assustado e sentando-me na cama.
- Viemos te acordar, o que mais podia ser?! Já é quase hora do almoço e você ainda está dormindo! – Dessa vez foi Annia que falou, jogando um travesseiro em cheio no meu rosto.
- Poupe-me! Hoje é sábado e dentro de dois dias estou competindo, deixem-me dormir! – Falei, tentando voltar pra cama, porém Julianne me abraçou e me fez ficar sentado.
- Você ta um caco, hein, Reno. – Victor lançou um travesseiro em mim, enquanto Chris e Wes riam.
- Que isso?! Meu quarto virou festa?! Me deixem dormir! – Falei jogando mais travesseiros neles, mas já estava totalmente acordado e fizemos uma pequena guerra de travesseiros. Depois que eu estava definitivamente acordado, saímos todos juntos para almoçar, para durante a tarde eu continuar com mais alguns treinos, apesar que não havia muito mais que eu pudesse fazer. Estava confiante!
O dia 24 de Fevereiro estava chegando, e com ele meu humor começava a cair vertiginosamente. A Segunda Tarefa era extremamente importante para mim, uma vez que minha Primeira tarefa foi um fiasco! Eu não aceitaria uma derrota nessa tarefa e faria tudo para conseguir a vitória, pois só assim eu poderia me considerar ainda na reta de competição. Em dois dias eu estaria entrando no lago para competir pela minha posição no torneio. Por isso, todos os dias eu nadava por pelo menos 2 horas, explorando o máximo do lago que eu conseguisse, e sabia que eu tinha uma vantagem em relação à Gina e ao Gabriel, pois estava acostumado ao frio, enquanto eles não. Essa tarefa parecia tudo que eu precisava para ganhar, e não a desperdiçaria de nenhum modo!
No último mês, seguindo os conselhos de mamãe, comecei a treinar ainda mais alquimia avançada, uma vez que debaixo d’água, magia seria provavelmente inútil, pois não conseguiria falar os feitiços com perfeição, e não tinha tempo para treinar executar feitiços sem um encantamento. Por isso eu passava a maior parte da tarde ou da noite com a Annia, que me ajudava a encontrar uma forma de ganhar vantagem na água. Nós dois conseguimos transmutar algumas coisas que poderiam me ajudar, e conseguimos desenvolver diversos círculos de transmutação que não se dissolviam em água, além de uma forma de eu respirar debaixo d’água. Quase beijei a Annia quando ela me mostrou o que tinha conseguido!
É claro que Julianne, July como eu a chamava às vezes, não gostava muito disso, porém ela não mostrava ciúmes, sabendo que Annia era como minha irmã apenas. Ela até brincava que durante a noite ela deixava eu ter minha amante, a alquimia. Nosso relacionamento estava caminhando bem, pois ela sabia como lidar com meu jeito e uma vez quando discutimos, terminamos de brigar rindo e tacando coisas um no outro. Nós passamos nosso primeiro Dia dos Namorados juntos passeando por Paris, que ela fez questão de me levar para conhecer e passamos um longo dia andando pela cidade e conhecendo seus pontos turísticos, e tenho que admitir Paris é uma bela cidade, com lugares muito bonitos. Eu prometi que a levaria para conhecer os melhores lugares da Bulgária e da Alemanha.
Em relação aos vampiros, eu continuava com um alvo nas costas, mas sabia que eles não me machucariam, pois me queriam vivo para obter outra Pedra Filosofal, para o que eu não sei. Vampiros são imortais por natureza, porque eles precisariam da Pedra? Riquezas? Eles não precisam disso...Passei algumas noites pensando nisso, mas não consegui descobrir um motivo e preferi me concentrar em outras coisas. Os Chronos mantinham uma vigilância pesada em Durmstrang, ainda sob o comando de Isaac e dos gêmeos, porém, Seth agora tinha uma nova ligação com os vampiros e ele sabia que eles não atacariam tão cedo.

24 de Fevereiro, Manhã da Segunda Tarefa.

Eram 8 da manhã e eu já estava totalmente acordado, com meu short de natação, meu estojo preparado e minha varinha pronta. Eu sei que não poderia levar muita coisa para debaixo d’água, mas o estojo continha apenas as coisas que eu precisaria e o largaria assim que entrasse no lago. A competição só começaria as 9 da manhã, mas eu queria estar acordado bem cedo, e as 8 eu já tomava café e apenas aguardava o horário para ir para o lago. Todos os alunos da escola me desejavam boa sorte e me davam tapinhas no ombro, outros, esses eu marquei para me vingar depois, falavam para eu não ficar com medo de algum Grindylow.
Gina chegou cedo para tomar café também, acompanhada por vários amigos e alunos de Hogwarts, que pareciam confiantes, mas o mesmo não podia dizer dela. Ela sentou-se do meu lado e me deu um sorriso fraco, eu sorri de volta desejando-lhe boa sorte. Nós fomos juntos para o lago, acompanhados de nossos amigos, e July andava de mãos dadas comigo, enquanto do outro lado Annia segurava minha mão também, desejando-me sorte, quando nos separamos perto do lago.
Eu rapidamente tirei a camisa, ficando apenas de short, já me alongando e me preparando, enquanto Gina sentou em um banco próximo ao lago totalmente agasalhada, encarando-o como se fosse um monstro preste a devorá-la. Só faltava o Gabriel, e eu já começava a ficar preocupado quando ele finalmente apareceu, aproximando-se de mim e de Gina. A multidão nas arquibancadas gritava torcendo por seus campeões. Nós três nos cumprimentamos e desejamos sorte, quando Fedorovich nos chamou e após conferir alguns papeis aumentou sua voz magicamente:
- Para completar a segunda tarefa, nossos campeões dependerão não só de suas habilidades em feitiços de defesa, como também de uma boa memória. Irei contar uma história a eles e, uma vez dentro do lago, deverão procurar os sereianos guardiões dos 14 pedestais. Em cada pedestal haverá uma pergunta sobre a história. Acertem a pergunta e receberão uma bandeira, podendo seguir para o próximo. Errem, e receberão um bastão. Para completar o ciclo de perguntas é preciso ter 7 bandeiras na mão. Ao entregarem as 7 bandeiras ao sereiano responsável, enfrentarão um último desafio indicado por ele – ele parou de encarar o público e nos encarou sério - Nesse desafio, vocês irão se deparar com uma escolha difícil. Não há certo ou errado, apenas sua própria consciência. Ao passarem por ele, retornem a superfície para encerrar a prova. Vocês terão uma hora para completar tudo.
Ele pigarreou e começou a contar a história da vida de Gellert Grindelwald, e eu não pude segurar um sorriso. A Segunda Tarefa seria realmente minha! A história de Grindelwald muitas vezes se misturava a de Durmstrang e todo aluno dessa escola conhecia-a completamente, e isso era uma imensa vantagem para mim. Após terminar a história, Ivanovich levantou-se das mesas dos jurados, indicando que nos preparássemos. Eu ajeitei meu estojo de alquimia, enquanto nos aproximávamos da água. Ivanovich ergueu a mão acima da cabeça e concentrei-me nele, em seguida ouvimos um apito alto, enquanto o Diretor abaixava a mão rapidamente. Era o sinal.
Eu mergulhei de cabeça no lago, já abrindo o estojo de alquimia enquanto nadava. Vi que os outros campeões perderam preciosos segundos tirando casacos, enquanto eu pegava um papel com círculo de transmutação e tocava a varinha nele. A água ao redor dele começou a brilhar e flutuou até minha boca, nariz e olhos, criando uma fina película de água prateada em meu rosto, isso me permitia respirar normalmente, pois transmutava água em ar. Depois apontei a varinha para os pés e prendi dois outros círculos neles, diminuindo o atrito com a água. Soltei o estojo e deixei ele flutuar para a superfície enquanto começava a nadar velozmente para o fundo do lago.
Mal atingi o fundo e vi um dos pilares, nadando rapidamente para ele. O sereiano que o guardava olhou para mim e entregou uma placa, que continua a pergunta:
- Em que ano Gellert Grindelwald nasceu? – Eu apontei a resposta rapidamente, 1883, e o sereiano me entregou uma bandeira vermelha, que prendi ao short, voltando a nadar rapidamente.
Eu nadava próximo ao fundo do lago, guiando-me para outros pedestais e fui atacado por alguns Grindylows, repelidos facilmente por um impedimenta, pois minha transmutação me permitia falar perfeitamente, espantando-os. Em pouco tempo eu já tinha conseguido mais três bandeiras, sem errar nenhuma vez, quando avistei o quinto, nadando rapidamente para lá, recebendo outra placa do sereiano.
- Qual o símbolo de Gellert Grindelwald? – Eu indiquei o triângulo com um círculo e um traço em seu interior e o sereiano me deu outra bandeira.
Eu nadei para outro pedestal e recebi nova pergunta, acertando novamente. Eu notei que em todos pedestais que passei, sempre havia uma pergunta, isso indicava que eu estava na frente dos outros. Só faltava mais um pedestal e eu nadei rapidamente para ele, ignorando alguns dilátex vorazes, jogando um pedaço de carne que tirei do bolso como iscas para eles. O sereiano me deu a última placa e eu li rapidamente
- Qual o ano em que Gellert Grindelwald entrou para Durmstrang? – Eu sorri e respondi aliviado o ano de 1894, ganhando a última bandeira, assim como a indicação da última parte da tarefa.
Nadei com todas minhas forças na direção indicada pelo sereiano e cheguei a uma imensa estrutura feita de pedras e algas, com um sereiano na entrada. Eu sorri para ele, ganhando o que parecia um sorriso e entreguei as sete bandeiras, notando que não havia mais nenhuma outra. Ele me entregou uma placa em troca:
“Existem dois caminhos para se chegar ao fim desta tarefa. No mais longo você enfrentará criaturas aquáticas e no fim encontrará aquele que é o seu maior desafeto, mas que aguarda o seu resgate. No mais curto existem poucas criaturas, mas você poderá encontrar a pista que o levará a Taça Tribruxo. Suas escolhas mostram quem você é. Não há certo ou errado, apenas sua própria consciência”.
Eu devolvi a placa e olhei para as duas entradas. Podia pensar em vários que poderiam estar no fundo do labirinto longo, que não mereciam minha ajuda, e comecei a rumar para o caminho mais curto, porém parei embaixo de sua entrada e algo me dizia que quem estaria do outro lado era o Seth. Isso me fez pensar, pois estávamos nos dando melhor agora, fora que ele arriscara a vida para defender a escola. E principalmente, eu sabia que isso poderia me ajudar de alguma forma. Eu me decidi e nadei para o caminho mais longo, entrando sem olhar para trás.
Eu segui o caminho facilmente, sem encontrar quase nenhum inimigo, apenas um guidão sozinho que ficou com medo de mim e fugiu. Quando cheguei ao final do trajeto, eu tive um ataque de risos e fiquei alguns segundos encarando Seth. Pois ele estava preso a um poste de madeira, porém estava acordado me olhando nos olhos com uma cara de quem queria me matar.
- Dá pra vir logo?! To cansado de ficar aqui embaixo. – Ouvi sua voz em minha mente, junto de um brilho feroz em seus olhos. Eu nadei até ele rindo e cortei suas cordas, puxando-o para cima. Assim que ele se soltou, um sereiano surgiu e me entregou um objeto de plástico que continha um papel dentro, me deixando sem entender, porém decidi ir logo. Seth nadou sem ajuda e nadamos até a superfície rapidamente.
Assim que coloquei a cabeça para fora da água, ouvi a multidão gritar, enquanto eu e Seth nadávamos para fora do lago, sendo recebidos pela enfermeira que tentou cuidar de Seth, mas ele disse que estava bem, e ela veio me ver, tratando de alguns arranhões devido minhas lutas na água. Notei com felicidade que nem Gina nem Gabriel estavam fora do lago e soube que havia sido o primeiro. Nesse momento, Gina colocou a cabeça para fora d’água e precisou de ajuda da enfermeira para sair de lá, enquanto desfazia o seu feitiço de cabeça-de-bolha. Ela não trazia ninguém com ela, apenas um objeto exatamente igual ao meu na mão, me deixando intrigado. Ela sentou-se ao meu lado, tremendo muito, enrolada em um cobertor. Eu dei meu cobertor para ela e ela agradeceu aliviada, tentando se manter mais aquecida.
- Nada mal, vocês fizeram em menos de 40 minutos. – Seth comentou, sentando-se ao lado de Gina, abraçando-a para mantê-la quente. Ele também não precisava de cobertor, e tentava acalmar e aquecer uma Gina que tremia muito.
- Obrigada, Seth, sei que Luna não vai me matar por isso. – Gina falou rindo, um pouco mais recuperada, enquanto mantinha-se abraçada a Seth. – Você sabe como fomos?
- Pelos meus cálculos, o Reno fez em 32 minutos e você deve ter feito em uns 33 ou 34.
- Nada do Gabriel ainda? – Perguntei, preocupado.
- Nada. Os juízes disseram que ele se enrolou um pouco.
Nós ficamos calados então, aguardando que Gabriel surgisse a qualquer momento na superfície da água, mas ele demorava cada vez mais. O imenso relógio na mesa dos juízes já indicava um tempo de prova de 50 minutos e eu estava de pé, andando de um lado para o outro, enquanto Gina estava deitada em uma maca, ambos preocupados com Gabriel. Seth voltara às arquibancadas, mas também parecia preocupado com a demora. Então, por volta dos 55 minutos, Gabriel finalmente surgiu na superfície da água, cuspindo água e respirando velozmente. Gina correu para ajudá-lo assim como a enfermeira. Conversando juntos, descobrimos que a última parte não passava de uma pegadinha e todos os três conseguiram a última pista para a última tarefa. Depois de algum tempo, Ivanovich nos chamou, e ficamos diante da bancada dos juízes.
- Senhoras e senhores, já chegamos a uma decisão. Em um máximo de cinqüenta, decidimos atribuir a cada campeão, as seguintes notas... - ele tornou a abrir o pergaminho e pigarreou alto - O Sr. Renomaru Kollontai, que usou uma forma avançada de alquimia quase completa, mas eficiente, foi o primeiro a voltar e trouxe consigo o refém - os alunos de Durmstrang fizeram muito barulho e batiam os pés no chão - Portanto, recebeu quarenta e sete pontos.
- Nada mal. – Gabriel me deu os parabéns enquanto eu respirava aliviado e feliz.
- A senhorita Gina Weasley, em uma excelente demonstração do feitiço Cabeça-de-Bolha, foi a segunda a retornar, apenas um minuto depois do Sr. Kollontai - agora era a arquibancada de Hogwarts que gritava - No entanto, ela não trouxe o refém e receberá quarenta pontos.
- Droga, esses 5 pontos vão fazer falta. Maldita Romilda Vane! - Gina resmungou do meu lado, fazendo eu e Gabriel rirmos.
- O Sr. Gabriel Lupin usou guelricho com grande eficácia - a torcida de Beauxbatons gritou animada – Mas como foi o último a retornar, também sem trazer o refém e quase estourando o tempo, receberá trinta e cinco pontos.
- Ufa, achei que ia receber uns vinte – Gabriel respirou quase caindo no chão de alívio e rimos juntos.
- A terceira e última tarefa será realizada ao anoitecer do dia vinte e quatro de junho - continuou o diretor - Os campeões serão informados do que os espera exatamente um mês antes. Agradecemos o apoio dado aos campeões e até a última tarefa!
O Diretor terminou de falar e nos deu um sorriso de parabéns, antes da enfermeira da escola começar a nos levar de volta para a tenda, assim como os reféns que foram retirados do lago. Eu estava radiante e estava a ponto de pular de gritar, pois consegui uma excelente pontuação que me fazia saltar no quadro geral! Agora estaria mais calmo até Maio, sem me preocupar muito com a terceira tarefa, e sem me sentir péssimo por uma má atuação.

Friday, February 20, 2009

I'm so tired of all we're going through
I don't want to live like that
I'm so tired of all we're going through
I don't want to love like that
I just want to be with you
Now and forever, peaceful, true...

Elaborate Lives- Tim Rice and Elton John- Aida


Micah estava deitado na cama encarando o teto, imaginando o que ela estaria fazendo. Quando ele a deixou, há dois meses, ele fez algumas promessas a si mesmo, e uma delas era que iria consertar as coisas. Faria tudo que pudesse para reparar o dano que ele causou e não mediria esforços para mantê-la segura, mesmo sabendo que ela ainda poderia estar o odiando.

Evie às vezes não fazia sentido algum. O jeito que ela tinha para lidar com os problemas era apenas uma das coisas que não combinavam com ela. Ela provavelmente pensava que merecia tudo isso. Ele não a conhecia há anos, mas conhecia tempo suficiente para imaginar seus motivos.

Mas agora ele já havia desistido de fingir que havia a esquecido. Ele havia desistido de fingir que não o matava não tê-la ao seu lado. Depois de deixá-la para trás e voltar para a escola da Califórnia à força, ele havia dito a Chris que não iria desistir e ele dizia a verdade.

Seu telefone estava jogado em cima da almofada ao seu lado, a almofada que era dela e que acidentalmente ainda carregava seu perfume. Ele queria tê-la outra vez só para ele e não sabia como lidar com isso. Então, quando seu telefone tocou ao seu lado e ele viu o nome dela na tela, quis ignorar. Mas se pegou atendendo ao primeiro toque.

‘Alô?’ Ela não podia falar, sua garganta parecia estar fechada ‘Evi’ Ela mordeu os lábios, concentrada no jeito que a voz dele dizia seu nome.

Ele a ouviu se mexer do outro lado da linha e desejou que ela ao menos admitisse que era ela, mas sabia o quanto a tinha custado para ligar para ele primeiro. Ele tentou então ficar feliz que ela tenha ligado no fim das contas.

‘Eu tenho pensado em você, sabia? Você é persistente’ Ela sorriu, entendendo aquele sentimento ‘Ultimamente tenho me focado no jeito que você fica quando dorme. Sabia que você fala durante o sono às vezes? Nada revelador, na verdade não faz sentido algum, mas é adorável’ Ela fechou os olhos e apenas o ouviu ‘Sabe, você não precisa…’ Ele parou e ela abriu os olhos, esperando apreensiva.

Ele queria dizer a ela que ela não precisava ligar para ele, que ela não precisava estar sozinha. Ele queria dizer a ela para ir até ele. Mas ele sabia que não podia.

‘… esqueca. Então, você vai falar comigo?’ Ela não respondeu ‘Ok então. Isso vai ser divertido’

Ele se atrapalhou um pouco, incerto do que dizer. Se ela estivesse sentada ao lado dele, eles não precisariam estar conversando.

‘O que você está pensando?’ Ela sorriu, imaginando os braços dele em volta dela enquanto ele sussurrava em seu ouvido.

‘O que você acha?’ Ela respondeu baixo

‘Ela está viva!’ Ele estava mais do que feliz por ouvir a voz dela, era quase patético. Ele sentou na cama para ficar mais confortável e passou a encarar a janela.

‘Cale a boca’ Ela o provocou, torcendo para ele não levar a sério

‘Ok’ Ele concordou com ela. Ele queria fazê-la falar, queria ouvi-la.

‘Não!’ Sua voz era cheia de necessidade e ela odiava que ele a deixasse tão desesperada às vezes.

‘Não o que, meu amor?’ Ele se sentiu culpado, mas sabia que ele não poderia ser o único disposto a manter a conversa. Ela teria que trabalhar para isso também, ou no fim não teria significado algum.

‘Continue falando’ Ela sabia que se ele não continuasse falando eles teriam que desligar, e sendo um erro ou não, ela não queria que terminasse ainda. Apenas ouvi-lo parecia acalmar o caos um pouco.

‘Por que?’

‘Você precisa de um motivo?’

‘Sim’

Ele não iria recuar e ela sabia que se quisesse ele de volta em sua vida, ela teria que superar o medo de se entregar por completo. Ele não estava pedindo muito, ele apenas queria saber por que ela queria ouvir sua voz.

‘Ta bom’ Ela cedeu com um suspiro ‘Porque eu gosto de ouvir você’

Ele não pode impedir o sorriso que se formou em seu rosto, não pode evitar a sensação de sentir o estomago revirar.

‘Ah é?’ Ele perguntou torcendo para que ela confirmasse

Ele tinha que saber que quando ele falava assim, a fazia querê-lo ainda mais. Ela podia imaginar o sorriso pretensioso que ele tinha no rosto, aquele sorriso afetado que a enlouquecia.

‘É, mas não deixe que isso suba à sua cabeça’ Ele sabia que as bochechas dela estavam vermelhas, que ela havia virado a cabeça para o lado tímida. Ela sorriu, mais feliz do que havia estado há dias. Apenas em falar com ele sobre nada fazia da vida mais simples, fazia eles parecerem poder dar certo.

‘Então’ Ela levantou do chão caminhando até a cama, o olhar dos primos a seguindo e nenhum dos dois emitia qualquer tipo de som.

‘Então’ Ele respondeu no mesmo tom. Eles se calaram por alguns segundos.

‘Eu talvez sinta sua falta’ Ela confessou, toda a tequila ingerida mais cedo enchendo-a de coragem.

‘Eu sinto sua falta’ Ele admitiu de verdade

‘Você acha que…’ Ela queria pedir que ele ficasse na linha, mas ela não tinha esse direito e era bobo e estúpido. Ele provavelmente tinha coisas melhores para fazer. E também ele ainda devia estar chateado com ela. Claro que ele estava sendo legal agora, mas se ela começasse a soar carente ele não iria adiante.

‘Eu acho o que, Evi?’ Ele podia dizer que era importante, ela sempre ficava hesitante quando queria pedir algo que precisasse.

‘Nada’ Ela respondeu depressa, lamentando ter levantado o assunto.

‘Você pode falar comigo, Evi’ Ele imploraria se fosse preciso

‘É idiota’

‘Eu duvido’ Por que ela tinha que questionar tudo?

‘Eu não mereço você’ Ela sussurrou

‘Você está errada’ Ela se culpava, ele estava certo.

Ela suspirou, sentindo-se cansada. Talvez fosse a conversa. Ou talvez ele apenas a fizesse sentir-se tão segura e capaz que estar com ele daquele jeito, ouvindo sua voz, baixa e suave, gentil e carinhosa, a acalmava.

‘Você parece sonolenta. Estava bebendo, não é?’

‘Talvez um pouco’ Ela admitiu e virou para o outro lado, abraçando o travesseiro e esfregando o nariz nele por um momento, imaginando o perfume dele.

‘Queria estar ai’ Ele sussurrou suave. Ela sorriu.

‘Eu queria que você estivesse aqui também, mas ainda há muitas coisas que você não sabe. Coisas que não posso contar a você ainda’ Ela suspirou e virou de costas. Ele merecia mais dela e ela não podia oferecer mais a ele até que seu pai estivesse fora do caminho.

Ele quase desejou que pudesse contar a ela que ele sabia, tornar as coisas mais fáceis, mas teria que ser assim. Ele não podia arriscar colocar a vida dela em risco, por um deslize seu. Faria as coisas como havia planejado.

‘Eu só preciso ouvir a sua voz’ Ela odiava ter se tornado tão dependente dele. Mas isso era tudo que ela conseguia pensar, no jeito que a voz dele soava, o jeito que ele a fazia se sentir tão segura e amada. Ouvi-la implorando quase partiu seu coração.

‘Eu talvez tenha outros sentimentos por você’ Ele disse suavemente, seus dedos brincando com o fio solto do telefone. Esperando ela cortá-lo, como sempre.

‘Eu sei’ Ela respondeu no mesmo tom.

‘Você não vai fazer nenhuma objeção quanto a isso?’ Ele se surpreendeu com a reação dela.

‘Não posso e acho que você sabe o porquê’ Ela agora brincava com a ponta do cobertor. Dario e Marta trocavam olhares rápidos vez ou outra, atentos a tudo.

‘Evi, por que você não diz logo?’ Ele suspirou. Sempre um passo a frente, dois para trás.

‘Então, eu tenho pensado em dar um nome ao cachorro’ Ela comentou mudando de assunto.

‘Entendi, assunto encerrado’ Ele suspirou e saiu da cama, encarando o sol que fazia do lado de fora. Sua mala com os casacos que separava para voltar a Durmstrang aberta no chão.

‘Só…’ ela parou, abrindo a porta da varanda do hotel e saindo ‘…espere’ A chuva que caia estava diminuindo, mas o frio não passava.

‘Para sempre?’ Ele perguntou impaciente, os dedos batucando na janela.

‘Apenas não agora’ Ela deixou um suspiro escapar e entrou outra vez, se atirando na cama outra vez.

‘Ok, então, o que está fazendo?’ Ele perguntou enquanto voltava para a cama, deitando de costas.

‘Falando com você’ Ela riu

‘Obrigado, já havia decifrado essa parte’ A risada alta dela o fez sorrir ‘Evi, eu...’

‘Não, Micah’ Ele se calou. Ela apenas queria que ele soubesse, e não sabia como dizer a ele.

‘Eu não preciso da sua pena e não quero só um encontro casual com você, especialmente pelo telefone’ Sua voz era firme, inflexível, e ela sabia que ir além seria inútil, mas ela não podia deixá-lo com o pensamento de que aquilo tudo não significava nada para ela.

‘Não é nada disso que você pensa!’

‘Então o que é?’ Ele realmente não sabia e era inteiramente culpa dela. Como ele poderia saber que ela estava morrendo por dentro por tê-lo deixado ir embora? Ele estava certo em exigir mais dela. Sempre voltaria àquele ponto. Mas ainda assim ela esperava que ele pudesse ler nas entrelinhas e enxergar o quanto ele significava para ela. Talvez ela nunca fosse capaz de dizer isso a ele.

‘Se você não sabe, então não vale a pena. Boa noite’ Ela puxou o telefone para longe do ouvido e estava prestes a apertar o botão para desligar, mas as palavras dele foram altas o suficiente para que ela ouvisse.

‘Eu apenas não sei o meu lugar ao seu lado. Você me diz que quer mais, mas veta quando eu tento avançar’

‘Não posso’ Ela recolocou o telefone no ouvido e respondeu a ele

‘Certo’ Ele disse sem emoção. Como se ela estivesse fazendo de propósito.

‘Ah, por favor. Não seja um cretino sobre isso’ Ele podia dizer que ela estava com raiva, mas ele tinha o direito de ficar puto e ela teria que lidar com isso. Ele estava cansado e de saco cheio dela afastá-lo.

‘Não, eu tenho que fingir que está tudo ótimo!’ Ele exigiu saber

‘O que você quer de mim?’ Ela revidou. Se ele pensava que isso era fácil para ela, ele estava louco.

‘Algum tipo de confirmação não seria ruim’ Ele fez uma pausa, esperando. Sempre esperando por ela.

‘Você quer que eu diga que eu te amo!’ Ela levantou outra vez e empurrou a almofada da cama para o chão, irritada.

‘Não exatamente. Eu não sei se acredito em você’ Suas palavras foram cruéis e ele sabia disso, mas não se importava. Não mais. Ele socou a parede irritado, incapaz de se conter.

‘Eu não quero brigar com você. Nada que eu lhe ofereça será o suficiente’ Ele era um idiota. Ela o odiava tanto por fazê-la querer chorar ‘Só porque eu estou aqui, não significa que não estou com você’ Ela murmurou.

‘Na verdade meu amor, significa sim’ Ele não podia mais ouvir isso. Não podia mais fazer isso. Ele pensou que pudesse suportar, pensou que apenas ouvir a voz dela outra vez fosse o suficiente. Ele estava errado.

‘Eu lhe prometo Micah…’ Ela sussurrou, sentando encolhida no cama, uma mão segurando firme o telefone e a outra apertando os joelhos.

‘Não faça promessas que não pode cumprir’

‘Eu lhe prometo que se você for um pouco mais paciente...’

‘O que?’ Ele exigiu. O que ele poderia ganhar por ficar esperando sentado algo mais dela?

‘Você também não diz as palavras’ Ela o acusou, com raiva por ele não querer dar mais tempo a ela.

‘Não sou eu que estou sendo questionado’

‘Como você sabe disso, Micah? Como você sabe que eu não questiono você todos os dias? Você apenas se aproximou de mim para se vingar do Josh, e agora eu supostamente deveria acreditar que você não tem outros motivos? Você mentiu também’

Ela não tinha pensado que isso a incomodava, mas a verdade era que incomodava sim. A incomodava e muito que ele também não dissesse. O que ela sabia que era extremamente egoísta e hipócrita da parte dela. Quantas vezes ela havia o impedido de dizê-las?

‘Eu não menti. Você sabe que não’ Ele negou as acusações, não tendo parado para pensar que talvez ela também não pudesse confiar nele.

‘Isso é ótimo… Você acha que ainda seremos capazes de ter uma conversa sem discutirmos?’ Ela se viu lutando contra as lágrimas outra vez.

Ela confiava sim nele, mais do que em qualquer outra pessoa, mas a parte dela que ela não podia entregar a ele cairia sempre no mesmo assunto. Talvez tudo isso fosse sem sentido.

‘Algum dia, talvez’ Ele esperava mais que tudo que suas palavras fossem verdade. Esperava que um dia tudo isso fosse parte do passado, uma parte que talvez fosse necessária, mas que finalmente houvesse terminado.

‘Isso foi uma péssima idéia’ Ela suspirou, sem ter certeza se ela tinha se referido ao telefonema ou ter se envolvido com ele

‘Não, não foi. Nunca mais pense assim’ Ele tentou fazer com que ela visse que não era. Que ela havia feito tanto por ele, deixando ele saber tanto com aquele telefonema. Que ela fez a vida dele melhor, fez dele uma pessoa melhor. Isso nunca poderia ter sido um erro. E ela não poderia pensar isso.

‘Eu quero poder demonstrar o quanto sinto sua falta. Eu quero fazer você se sentir como eu me sinto. Eu não queria brigar’ Uma lágrima escorregou por sua bochecha enquanto ela deitava na cama, puxava o travesseiro outra vez para si e fechava os olhos.

‘Eu quero que isso dê certo’ Ele sussurrou

‘Eu também’ O tom da sua voz, o jeito com que aquelas palavras saíram tão convincentes. Ele acreditava nela.

‘Eu te amo’ Ele sentiu sua garganta se fechar com aquelas palavras

‘…porque?’ Ele mal ouviu ela falar

‘Eu não deveria, sabe…’ Ela sorriu de leve. Ela sabia. Ela conhecia aquela sensação muito bem. Nada disso deveria ter acontecido. Quando ela havia perdido o controle da situação?

Talvez tenha sido a primeira vez na vida que ela estava feliz por ter perdido o controle. Ela nunca havia aprendido como era essa sensação.

‘Eu sei’ Ela confirmou, mas ainda esperando que ele respondesse sua pergunta.

‘Por que eu te amo?’ Ele perguntou sentando na cama outra vez, feliz por ter tirado aquele peso dos ombros. Ele não precisava mais temer que ela rejeitasse seus sentimentos, que ela não se importava mais.

‘Sim’

‘Porque… você é linda. Quando você não está tentando ser outra pessoa, quando você está realmente comigo, eu sinto que posso fazer tudo, como se tudo de errado que já fiz fosse esquecido. Você é tão… você’ Ele admitiu. Tudo na vida dele era incerto, espontâneo, menos Evie. Como ele se sentia em relação ela, aquilo era uma certeza.

‘Eu quero valer isso tudo’ Ela admitiu. Suas lágrimas caindo na frente dos primos como um livro aberto.

‘Ah meu amor… Eu quero valer a pena para você. Não entende? Talvez nós sejamos exatamente o que merecemos’ Suas palavras foram tão convincentes e cheias de paixão, ela não podia evitar acreditar nele.

‘Eu quero você aqui ao meu lado’

‘Me diga o que lhe impede’ A constatação dela deu a coragem que ele precisava e ele a pressionou

‘Tenho medo do que pode acontecer se eu for até ai’

‘Eu nunca deixaria nada acontecer a você, Evi’ Ele prometeu e ela sabia que ele acreditava nisso. O problema é que nem sempre ele tinha o controle de tudo

‘Eu sei que você acredita nisso. Eu também. Eu só preciso resolver algumas coisas antes de nós...’ ela tentou explicar. Sim, ela queria o mesmo que ele, só precisava de um tempo.

‘Antes de termos o que nós queremos?’ Ele tentou arrancar uma confirmação de que ele não estava esperando em vão, que ela realmente queria as mesmas coisas que ele, e que mais cedo ou mais tarde, eles finalmente ficariam juntos.

‘Sim. O que nós queremos’ Ela sorriu e ele quase pode ouvir através do telefone.

‘Evie, procure o Dimitri’ Ele relutou durante toda a conversa para dizer aquelas palavras, mas finalmente se convenceu de que era a única saída.

‘Por quê?’ Ela estava confusa. O que seu irmão mais novo poderia fazer?

‘Apenas me prometa que vai procurá-lo. Ele pode ajudar mais do que pensa’

‘Ok’ Ela concordou, embora incerta do que poderia dizer a Dimitri.

‘Você parece cansada’ Ele podia dizer que ela não ia resistir por mais muito tempo.

‘Não muito, só um pouco bêbada’ Seus olhos fecharam enquanto ela lutava contra o sono, querendo ficar com ele um pouco mais.

‘Você é linda, Evi. Essa é minha hora favorita de olhar pra você, logo que você pega no sono’ Ele murmurou suavemente.

‘Micah?’

‘O que?’

‘Eu te amo’

‘Eu sei. Durma’ Ele sabia que ela estava quase apagando, mas não se importou. Ela o amava.

Thursday, February 19, 2009

Com toda a agitação devido ao ataque dos vampiros e todo o cerco que o Ministério fazia, quase nenhum aluno optava por passar o fim de semana na escola. Restavam apenas aqueles que moravam em outros países ou alguns veteranos ocupados demais com deveres para se importar com a vigilância constante e a liberdade perdida. Evie era uma das alunas que não suportava mais ficar em Durmstrang e fugia toda sexta-feira para a casa com o avô, mas pela primeira vez, os planos mudaram. Vendo que a prima começava a se animar outra vez com o teatro, Dario sugeriu passarem o fim de semana em Londres, onde poderiam assistir algumas peças no West End e se desligar um pouco dos problemas. Junto com eles estaria Marta, a prima de ambos que estudava na Espanha e compartilhava com eles a paixão pela dança. Seriam apenas os três, sem regras e horário para nada, apenas curtindo as poucas horas que tinham antes de voltarem à escola.

‘Adorei a peça’ Marta se atirou na cama do hotel cansada, tirando os sapatos ‘Não achava que fosse gostar de Les Mirésables’

‘Eu também gostei, mas é muito triste’ Evie respondeu sentando em sua cama, cabisbaixa ‘Me deprimiu’

‘Ah nada disso’ Dario levantou da cama e encarou as duas ‘A peça é triste, mas nada de choro aqui hoje!’

‘Não estou chorando, só disse que não sai da peça dando saltos de felicidade’ Evie respondeu irritada e Marta também ficou de pé

‘Sabe o que devíamos fazer?’ Ela cortou o assunto antes que começassem a brigar ‘Devíamos fazer o teste para o elenco de Cats!’

‘Olha só, Evie, ela pirou’ Dario falou debochado e Evie acabou rindo ‘Está louca, mulher?’

‘Não estou louca não, o que temos a perder?’

‘A nossa dignidade?’ Evie sugeriu e foi a vez de Dario rir

‘Bobagem, ninguém nos conhece aqui’ Ela ignorou os dois e abriu o armário do quarto, puxando uma garrafa de tequila de dentro ‘Tudo que precisamos são de algumas doses de coragem. Quem me acompanha?’

‘Eu pego o sal’ Dario se prontificou, animado.

‘E eu o limão!’ Evie levantou animada também, já esquecendo que estava triste.

*****

‘Não tenho mais visto Hanna com você’ Evie comentou depois de virar sua sexta dose de tequila. A mesa do quarto estava suja de sal, respingos de tequila e continha diversos bagaços de limão ‘Não que isso seja da minha conta, só estou fazendo uma observação’

‘Querem saber o que aconteceu?’ Dario forçou uma risada ‘Não me incomodo em contar a vocês’

‘Sim, estou curiosa, admito’ Ela encarou o primo e deu um sorriso fraco

‘Algumas pessoas na escola estão comentando coisas sobre mim’ Ele deixou um suspiro escapar e passou a encarar o copo vazio enquanto falava ‘E Hanna teve sua parcela de culpa, foi ela quem espalhou, por vingança’

‘O que Hanna espalhou, Dario?’ Marta perguntou curiosa, com um pedaço de limão preso na boca ‘Por que Hanna quis se vingar de você?’

‘Eu sou gay’ Dario foi direto e elas se assustaram, embora Evie já tenha ouvido boatos ‘E quando Hanna descobriu e me confrontou, eu confiei nela e me abri’ Sua voz era de desgosto enquanto falava ‘Foi o maior erro da minha vida. Ela não aceitou como eu esperava que aceitasse e contou aos nossos pais, que por sua vez também não reagiram bem a noticia. E como não queria que as pessoas soubessem, ela passou a me chantagear, me cobrar favores e eu era obrigado a obedecê-la. Mas eu cansei disso, cansei de me esconder e não me importo mais que as pessoas saibam. Então quando me recusei a espionar você para ela, ela espalhou a fofoca pra escola toda’

‘Não acredito que Hanna tenha feito isso!’ Evie falou enjoada ‘Pedir pra você me espionar pra que? Pra ter o que contar a Inês? Sei que elas andam juntas!’ E Dario confirmou com a cabeça ‘E chantagear você, que horrível’

‘Não aja como se não conhecesse minha irmã, Evie. Você sabe que ela seria perfeitamente capaz de algo assim. Mas Hanna não dá ponto sem nó, ela deve estar vendo alguma vantagem nisso tudo, ou não teria se metido. Não sei o que ela pode estar ganhando, mas agora meu pai praticamente me escorraçou de casa e quando as aulas acabarem, eu não tenho pra onde ir’

‘Como você não tem pra onde ir? Fale com o vovô, conte isso a ele! Ele nunca ia deixar você na rua’ Marta falou indignada, com raiva de Hanna. Dario sempre teve muitos defeitos, mas era família e agora um de seus melhores amigos, ela não admitia que lhe fizessem mal.

‘Não tenho coragem de dizer que meu pai me odeia e me expulsou de casa. Tenho vergonha de dizer a ele o que sou’ Ele pareceu derrotado. Era a primeira vez que elas viam o primo assim ‘Mas o que mais me magoa foi o que Hanna fez. Você acha que conhece uma pessoa, confia sua vida a ela, e ela trai você’

Evie não respondeu. Estava pensando na última coisa que ele havia dito. Sabia bem como era aquela sensação, de confiar em alguém e ser traída. Era a pior sensação do mundo, e agora ela não se sentia mais tão segura em confiar em qualquer outra pessoa. Ela não suportaria passar por tudo outra vez.

‘E você? Não vai voltar a falar com Max nunca mais?’ Dario pegou-a de surpresa ‘Já faz quanto tempo que estão brigados? Um ano?’

‘Algum dia acha que vai perdoar Hanna e voltar a falar com ela?’ Evie perguntou no lugar da resposta e Dario se calou, rindo de leve e balançando a cabeça ‘Pronto, já respondeu sua própria pergunta’

‘Dario, deixe de bobagens e fale com o vovô’ Marta foi direta, enchendo outra vez os copos ‘Se você não falar, falo eu. Você não vai ficar sem casa, é patético pensar isso com a família que você tem. Todos vão lhe apoiar’

‘Estou sendo um idiota, não estou?’ Dario perguntou sem encarar as primas

‘Sim’ As duas responderam juntas e ele riu, levantando a cabeça.

‘Ok, ok, vou conversar com ele quando voltarmos. Prometo’ Ele sorriu parecendo mais animado e lambeu o sal da mão, virando mais um copo e mordendo o limão em seguida ‘Argh, já está começando a queimar. Acho que não consigo andar até o teatro’

‘Vocês estão mesmo pensando em ir fazer esse teste?’ Evie encarou os dois, espantada ‘Só podem estar brincando, não é? São 3 horas da manha, nem dormimos e estamos bêbados!’

‘Bobagem, podemos fazer o teste sim. Só temos que subir no palco e cantar Memories’ Marta respondeu confiante ‘Você só precisa de mais doses de coragem, tome’ E estendeu mais um copo a prima.

‘Preciso de doses de coragem pra tanta coisa...’ Ela respondeu baixo, mais para si mesma do que para os primos.

‘Está falando dele?’ Marta perguntou olhando para Dario, receosa.

‘Sim’ Evie virou a bebida de uma vez só e devolveu o copo a ela, para encher outra vez ‘Queria dizer tanta coisa a ele’

‘O que te impede de pegar aquele telefone ali, agora, e ligar pra ele?’ Dario pressionou ‘Medo do seu pai?’

‘Não é por medo, é por falta de coragem’ Ela respondeu encarando o chão, a voz fraca ‘Acho que ia ouvir a voz dele e travar, não ia conseguir dizer nada’

‘Mas só de poder ouvir a voz dele já seria bom, não é?’ Marta perguntou e Evie assentiu com a cabeça, sentindo seu rosto corar ‘Então! Liga pra ele, Evie. Tenho certeza que ele vai ficar feliz, mesmo que você não diga nada’

‘Liga, liga, liga, liga’ Dario começou a repetir, batendo com a mão na mesa de leve, e Marta se juntou ao coro. Evie ainda tentou resistir, mas não conseguiu segurar o riso.

Marta levantou do chão e caminhou até o criado mudo, pegando o telefone e estendendo a Evie. A garota ainda relutou, mas acabou cedendo e pegando o aparelho. Fechou os olhos e respirou fundo, discando o numero que já sabia de cabeça, sem nem precisar olhar para as teclas.

((Continua...))
Fevereiro de 2007

-Ora, ora...O que o leão faz fora da toca?- o dono da casa perguntou ao visitante.
- Porque você foi à minha casa assustar a minha família?
- Fui apenas fazer uma visita, não tive a intenção de perturbar ninguém. Só quero retomar as velhas amizades...- o homem disse cínico.
- Quero que você fique longe deles...- disse o visitante sério.
- Deles ou dela? Tem medo que ela queira relembrar os velhos tempos?
- Não seja ridículo. Somos felizes e nos amamos.
- Se você tivesse tanta certeza disso, não teria vindo aqui. - e o homem percebeu ter tocado num ponto sensível do outro, e aproveitou a vantagem.
- O tempo fez bem a ela, está bonita e talvez ela tenha sentido a minha falta...
- Não ouse se aproximar dela, ou eu sou capaz de matá-lo.- disse o visitante segurando o homem pelas vestes, e o homem respondeu cínico:
- Posso até não me aproximar dela, mas nada impede que ela venha até a mim. Lembro-me de que ela era um furacão. Ainda é assim? - e o homem deu-lhe um soco jogando ao chão.
- Fique longe da minha família, estou avisando. - e o visitante foi embora, batendo a porta ao sair.
O homem levantou-se do chão, desamassando as vestes e disse para si próprio na sala vazia, enquanto massageava o maxilar dolorido:
- Acho que chegou a hora de tomar de volta o que é meu.

Fevereiro de 2000

Depois do ataque dos vampiros, a escola começou a voltar ao ritmo ‘normal’. O diretor Ivanovich procurava manter uma certa normalidade, mas víamos que cada pequena coisa que ele conseguia manter como antes, era conquistada a duras penas, via-se pelas expressões irritadas dos aurores encarregados da censura.
O trabalho da professora Mira foi uma surpresa. Com o ataque dos vampiros, estávamos nos protegendo no castelo, e nem lembramos de levar os nossos ‘filhos’ e eles registraram maus tratos, alguns bebês até queimaram os circuitos internos de tanto chorar. Tínhamos receio de reprovar na matéria dela, mas quando ela nos perguntou o que achamos da experiência de criar um filho e ter uma família ainda na escola, a maioria explicou a ela que ter filhos não estava em nossos planos, pois éramos muito jovens, ela sorriu contente, dizendo que o seu objetivo havia sido alcançado. E deu uma nota boa para todos.

Não haveria baile pelo dia dos Namorados, em respeito aos aurores mortos defendendo a escola, teríamos um jantar, então a nova esposa do diretor, que era a mãe das gêmeas Julianne e Beatrice, cuidou pessoalmente da decoração e das comidas e bebidas e deixou tudo muito elegante. Dava para ver o orgulho do pai da Annia enquanto andava pelo salão cumprimentando os alunos e professores com a esposa ao lado, e era nítido que ela realmente gostava do diretor e queria vê-lo feliz. Atormentávamos Annia, chamando-a de a Nova Cinderela, já que ela agora tinha irmãs, e uma madrasta, todas bonitas rsrs.
Com a tarefa do torneio Tribruxo a cada dia mais próxima, a escola teve que antecipar a aplicação dos simulados dos NIEM’s e isso não deixou ninguém contente. Por todo o castelo via-se a turma do sétimo ano de 3 escolas, estudando, revisando feitiços, ficando até tarde na biblioteca. Na nossa, república, Nina era o desespero em pessoa, não havia post-it suficiente para ela colar pelas paredes do nosso quarto e nós já estávamos nos acostumando com a decoração colorida. Ruim mesmo era quando ela enfeitiçou alguns destes papeizinhos coloridos com alarmes que tocavam nas horas mais doidas da noite. Junte-se a tudo isso, a nossa pesquisa à tal sociedade secreta, estava um pouco conturbada. Não podíamos sair quando quiséssemos, e também tínhamos que ser discretas, mesmo contando com aurores do clã Chronos nos seguindo, era difícil. Pois algumas pistas estavam difíceis de serem rastreadas, e não podíamos deixar que Max percebesse o que fazíamos ou ele contaria ao pai. E isso colocaria toda a investigação abaixo, e deixaria Evie num perigo maior ainda.

Enfim os simulados do NIEMS começaram e isso ocupou todos os nossos pensamentos. Quando vimos nossas notas, suspiramos aliviadas. E para meu espanto, DCAT foi a minha melhor nota em 7 anos, eu tirei um A, claro que eu teria que agradecer e muito ao treinamento intensivo contra vampiros que tivemos nestes últimos tempos. E fomos bem em listar as maldições e contra maldições que o professor solicitou, graças ao papeis coloridos da Nina.
Como o Berrador, o jornal criado pelos alunos em reação à censura do jornal, circulava pela escola denunciando os desmandos do Ministério, era comum ver os aurores confiscando os jornais subversivos, mas é claro que sempre apareciam outros para substituir.
Os aurores encarregados pelo fechamento do jornal quiseram interrogar a Geórgia e os outros membros do staff, mas o diretor foi em defesa deles e não permitiu. Disse que não permitiria o interrogatório de alunos sem provas. E o melhor foi que as diretoras de Beauxbatons e Hogwarts o apoiaram, ameaçando escrever uma denúncia aos ministros de se seus países. Claro que a auror prepotente teve que recuar, mas não sem antes lançar olhares irritados para a galera do jornal. Óbvio, que isso não os impediria de pensar em uma nova edição do jornal.

Os simulados haviam acabado e teríamos um fim de semana livre, então combinamos de ir até a boate nova para dançar. Conseguimos convencer a Evie a vir conosco, então estávamos animados. Quer dizer, eu estava um pouco chateada, pois havia visto no Profeta Diário uma foto de Iago, beijando Hannah Montgomery, artilheira do Harpias de Hollyhead, mas o que eu poderia fazer? Ele não era meu namorado, podia sair com quem quisesse, assim como eu, afinal este era o combinado. Mas porque colocar em prática, este acordo doía tanto?

Estávamos dançando e bebendo há um tempo, quando Luka se aproximou de nossa mesa. Os meninos o olharam feio, mas ele ignorou, me olhava intensamente.
-Milla você poderia vir comigo um pouco? Quero conversar com você, sobre nossos irmãos...- falou perto do meu ouvido, e eu acenei afirmativamente e sai com ele, depois de acenar para as meninas.
- Como vai seu irmão?- ele perguntou.
- Yuri está bem na medida do possível, trabalhando...E Irina?
- Está deprimida. Meu pai diz que ela emagreceu e os médicos acham que ela não vai conseguir levar a gravidez até o final.
- O bebê corre risco?- perguntei alarmada e ele respondeu:
- Ainda não, mas minha irmã parece ter perdido a vontade de viver. Eu queria te pedir um favor. Será que seu irmão poderia falar com ela?
- Acho difícil convencê-lo. Seu pai ofendeu ao meu irmão e ao meu pai, Luka, ele ofereceu suborno, como se Yuri quisesse colocar a Irina na cadeia.
- Meu pai acha que o dinheiro resolve tudo, mas nesse caso não vai resolver. Acredito que se Yuri conversar com ela, ela começa a reagir a se cuidar...
- Seu pai sabe disso? - perguntei
- Não, meu pai não sabe, mas eu não quero perder minha irmã sem fazer nada para ajudar. Eu sei que ela errou feio, Milla, mas há um bebê envolvido nisso, não posso ficar de braços cruzados. É o nosso sobrinho. Você me ajuda?- e ele parecia tão sincero em sua preocupação com sua irmã, que respondi:
- Sim, ajudo. Acho que mesmo que estejam separados, o bebê é o mais importante agora. - na hora começou a tocar uma musica, ele estendeu a mão para mim e começamos a dançar e íamos conversando:
- Você está com o Iago?- ele perguntou.
- Não. Estamos muito ocupados com nossos assuntos, e namoro a distância nunca dá certo. - respondi e ele me encarava bem perto. A forma como suas mãos subiam e desciam pelas minhas costas, me deixava estremecida. Estávamos tão perto que ele começou a me beijar, e eu correspondi. Após alguns segundos, eu interrompi o beijo, ele encostou o rosto ao meu enquanto falávamos.
- Eu sinto sua falta Milla, éramos amigos antes...
- Sim, éramos, mas você mudou Luka. Deixou de ser o garoto idealista que eu...- parei de falar e ele insistiu me puxando para mais perto, acho que o álcool em meu sangue me fez soltar a língua:
- Apesar de nossas brigas, eu admirava o jeito que você conseguia controlar os problemas, não havia brigas com o seu pai e você defendia o que você acreditava, procurava ser justo, mas de uns tempos para cá você mudou, nem seus amigos o reconhecem mais...Eu me decepcionei com você.
-Isso foi porque eu cedi à pressão do meu pai e não lutei por nós não é? Eu fui imaturo e covarde. Você tem razão em tudo, mas você nunca errou? Nunca pediu uma segunda chance? Mesmo rodeada de amigos, às vezes, não se sente sozinha?- e seu abraço era tão confortador, que respondi:
- Seu pai não me aprova e...
-Ssshh! Esqueça o meu pai, tudo que importa é o agora.
- E amanhã Luka?
- Vamos viver o amanhã quando ele chegar, Milla, você não se cansa de sempre pensar no futuro?
Sim, eu me cansava. Eu suspirei e o puxei mais perto quando senti seus lábios nos meus.

Everyone's known someone they just can't help but want
Even though we just can't make it work out
Well the want to lingers on
So once again we wind up in each other's arms pretending that it's right
I may hate myself in the morning
But I'm gonna love you tonight


N.Autora: trecho da música: I may hate myself in the morning, Lee Ann Womack

Wednesday, February 18, 2009

Em algum lugar da Califórnia...

‘Bom, isso é tudo, acho que encerramos por hoje’ A professora McPhee sorriu satisfeita e encarou a turma ‘Fizeram um excelente trabalho com as apresentações, as notas saem semana que vem. Podem ir!’

Guardei meu material na mochila e sai da sala de Herbologia com Sean e Stuart. Já era hora do almoço e sentia meu estomago roncar, então decidi não parar no armário para guardar os livros e fomos direto para o refeitório. Encaramos a fila para pegar a comida e conseguimos uma mesa ainda vazia, mas mal deu tempo de abrir a caixa de suco e alguém atirou um jornal em cima da mesa, me assustando. Olhei para o lado e vi Shannon e Evan ocupando as duas cadeiras vazias da mesa, me encarando sérios.

‘O que foi?’ Perguntei encarando os dois também, voltando a me ocupar com o suco ‘Quem morreu?’

‘Você tem falado com os seus amigos de Durmstrang?’ Evan foi direto e fechei a cara, negando com a cabeça.

‘Gabriel me mandou isso’ Shannon empurrou o jornal que atirara na mesa e o peguei ‘Acho que devia ler’

Olhei para Sean e Stuart em busca de algum sinal de compreensão, mas eles pareciam tão perdidos quanto eu, então abri o jornal na mesa. Logo de cara me espantei ao ver uma foto de Harry Potter, Hermione Granger, Ron Weasley e Neville Longbottom estampada na primeira página, com a manchete “Ministério interfere em Durmstrang: a história se repete?”. Corri os olhos pelas outras matérias de capa e a cada manchete, ia me assustando mais. Ataque de vampiros, censura no teatro, torneio tribruxo e campeonato de quadribol ameaçados? O que estava acontecendo em Durmstrang?

‘De quando é isso?’ Perguntei depois de um longo silencio, quando acabei de ler tudo.

‘Saiu essa semana, Gabriel disse que é o jornal que eles criaram para expor tudo que estava acontecendo na escola, depois que foram expulsos do jornal oficial’ Shannon explicou ‘Você não sabia de nada disso?’

‘Ah sim, veja a cara de uma pessoa que sabia das coisas!’ Respondi irônico e ela me olhou feio ‘Claro que não fazia a menor idéia!’

‘A coisa está feia lá’ Evan comentou e Sean e Stuart concordaram com a cabeça ‘Por que você não...’

‘Não!’ Respondi antes mesmo que ele terminasse de falar Já mandei esquecerem isso, não vou até lá!’

‘Micah? Aonde vai?’ Shannon me chamou quando levantei, mas não respondi e sai do refeitório sem ter almoçado.

Andava pelos corredores esbarrando nas pessoas, incomodado com o que tinha lido no jornal. Não fazia idéia de que meus amigos estavam passando por tanto aperto na escola, que corriam perigo. A idéia de que Evie podia ter morrido no ataque de vampiros me deixou apavorado e a fome que sentia antes pareceu evaporar. Queria poder fazer alguma coisa, mas sabia que aquela situação estava fora do meu alcance. Encostei a cabeça no armário e o barulho atraiu olhares curiosos, mas ignorei. A última noticia que tinha tido dos meninos eram pistas falsas que acabaram desviando eles do rumo certo e ainda não tinham conseguido encontrar o caminho de volta, e aquela espera as cegas estava me deixando maluco. Joguei os livros de qualquer jeito dentro do armário, mas antes de sair uma voz me chamou a atenção. Olhei para o lado e vi alguém conversando sozinho, a cabeça escondida pela porta do armário aberta.

‘Sim, ele ainda está aqui’ Ouvi Josh dizer e parei para prestar atenção ‘E não acho que vá a algum lugar, ele sabe o que está em jogo’ Ele parou de falar e parecia estar recebendo instruções, mas não podia ouvir o que era ‘Não senhor, não se preocupe. Vou continuar de olho. E senhor... Como ela está?’ Silencio outra vez. Comecei a me aproximar da porta, os punhos fechados ‘Não, eu entendo, sei que ela deve estar bem. Afinal, ele está aqui... Ok, vou manter contato’ A conversa pareceu ter encerrado e quando Josh fechou a porta do armário, agarrei seu pescoço com as duas mãos e o colei contra a porta

‘Com que estava falando?’ Perguntei o encarando de perto. Algumas pessoas no corredor pararam para olhar.

‘Não é da sua conta, Wade’ Josh tentou se livrar, mas apertei seu pescoço um pouco mais e ele desistiu.

‘É da minha conta quando sei que estão falando de mim. Vou perguntar mais uma vez: com quem estava falando?’ Ele continuou calado, mas estava nítido que estava com medo de apanhar na frente de todos aqueles alunos ‘RESPONDE!’

‘Com o pai dela!’ Josh gritou tentando proteger o rosto, mas não me movi ‘Já disse, pronto. Agora me solta!’

‘Quer dizer então que é a ele que você manda relatórios diários e fica me seguindo o dia inteiro? Já percebi que está sempre de olho, agradeça a Shannon por ainda não ter partido a sua cara no meio!’

‘Não me agrada seguir você o dia todo, mas são ordens’

‘E qual o pagamento? Evie?’ Perguntei irritado e quando ele vacilou, acertei-lhe um soco no meio da cara. Josh deslizou pelo armário e caiu no chão, a mão apertando a marca vermelha que deixei ‘Você é um covarde que não sabe nem lutar pelo que quer sem jogar sujo! Não se iluda, ele acha você um merda, nunca vai permitir que fique com ela. Ele só está usando você, como faz com todo mundo. Sabe o que eu sinto por Josh? Pena!’

Deixei-o caído no chão e sai empurrando os curiosos que estavam no caminho, indo na direção do pátio. Shannon e os garotos logo apareceram correndo atrás de mim, já sabendo o que tinha acontecido, e agradeci por não perguntarem o motivo de ter batido em Josh. Quando o sinal das aulas da tarde tocou, deixei os garotos irem na frente e puxei Shannon para um canto.

‘O que aconteceu, Micah?’ Ela perguntou logo, aproveitando que estávamos sozinhos.

‘Aquele homem mandou que Josh me seguisse, ele anda passando relatórios a ele!’ Respondi irritado ‘E sabe o que ele prometeu em troca? ELA!’

‘Como é?’ Shannon se espantou ‘Como ele pode oferecer a filha em troca de um trabalho sujo? Quem pessoa é essa?’

‘O pior tipo’ Ela ainda me olhava chocada e a encarei sério ‘Já tomei uma decisão, Shan. Eu vou voltar pra lá, não posso mais ficar aqui’

‘Micah, você não pode! Já esqueceu o que ele disse?’ Ela falou apavorada ‘Ele não estava blefando!’

‘Eu sei que não, mas não posso fugir. Posso ajudar mais se estiver por perto, me sinto um inútil aqui!’ Argumentei, embora soubesse o quanto era arriscado o que queria fazer ‘Pode ser um tiro no pé, mas não vou cruzar os braços e me render ao que ele quer’

‘Você sabe que não aprovo isso, mas desde quando você muda de idéia por causa de uma opinião minha?’

‘Você sabe que a sua opinião é a que mais importa pra mim, mas não posso ceder a ela dessa vez’ Apertei sua mão e Shannon tremia de nervoso ‘Queria te pedir uma coisa. Vem comigo?’

‘Como é?’ Ela se assustou

‘Vamos comigo pra Durmstrang, pedimos transferências juntos. Preciso de você comigo, Shan’

‘Micah, você enlouqueceu, só pode ser isso!’

‘Não enlouqueci, sei o que estou fazendo. E não estou propondo irmos amanha, antes preciso fazer algumas coisas por aqui’ Ela me olhava como se fosse louco, mas não ia desistir ‘Você confia em mim?’

‘Claro que confio, que pergunta idiota’

‘Então peça ao seu pai que mandei alguns casacos, faz frio na Escandinávia’ Pisquei pra ela e apertei sua bochecha, e ela acabou rindo.

‘Espero que saiba mesmo o que está fazendo’ Ela me abraçou ainda assustada e baguncei seus cabelos, algo que ela odiava.

‘Confie em mim, vai dar tudo certo’

Friday, February 06, 2009

O teatro do vilarejo era muito antigo. Seu palco era um pouco menor que o palco de Durmstrang, algumas tábuas estava soltas e as cortinas corroídas, assim como alguns assentos na platéia. Foi necessário um mutirão com os alunos para deixar o teatro seguro e depois de se certificar que todas as tábuas do palco estavam seguras, o professor Ivo deu inicio aos ensaios para a peça. Eu já havia montado minha equipe. Filipe seria o responsável pela iluminação, Wes ajudaria com a sonoplastia e Gina havia se voluntariado para me ajudar com o cenário. Discutíamos sentadas no fundo do teatro como ficariam as peças no palco, mas paramos quando o grupo ia começar a ensaiar a música La Vie Boheme. Era minha parte favorita do musical e estalávamos os dedos no ritmo da música, vendo Gabriel em cima da mesa dançando.

‘Ele fica uma graça cantando’ Gina comentou rindo, enquanto Gabriel deslizava pela mesa na direção de Ricard ‘Ele disse que vai cortar o cabelo quando estiver mais próximo da peça, pra entrar no clima do personagem’

‘Adoro os meninos dançando e cantando nas peças, fica um charme mesmo’ Respondi rindo também, observando agora Chris subir na mesa ‘Muitos aqui acham que é coisa de mulher, só mesmo Chris e Alexei não ligam pro que pensam. Gostei quando Gabriel, Dario e Ricard se animaram esse ano’

‘Não sei se teria coragem de subir num palco e cantar’ Gina sacudiu a cabeça e ri ‘Ia morrer de vergonha’

‘Também pensava isso, mas ano passado foi muito legal, o professor conseguiu desinibir todo mundo e adoramos encenar um musical’

‘E por que você não está lá no palco?’ Ela perguntou curiosa e balancei a cabeça

‘Muito complicado, melhor você não entender’ Respondi forçando um sorriso despreocupado e ela percebeu, então não insistiu ‘E estou gostando de ser contra-regra, variar um pouco é bom’

Paramos de conversar e voltamos a prestar atenção no ensaio, que estava nem animado. Quando a cena da música terminou, o professor deu alguns minutos de descanso e Gina levantou para tirar algumas medidas do palco. Dario sentou do meu lado com uma toalha no ombro, esgotado.

‘Você está mais cansado que o normal’ Comentei quando ele deitou no banco e fechou os olhos ‘O que houve?’

‘Tenho dormido pouco’ Ele sentou outra vez e me encarou sério, conferindo se os outros estavam longe ‘A Sociedade, andei investigando’

‘Descobriu alguma coisa?’ Larguei a prancheta que segurava e encarei-o aflita

‘Acho que sim. Ele é mesmo Accolon, isso pude comprovar no dia da minha iniciação. Andei o seguindo, e ontem ouvi uma conversa estranha. Não consegui ouvir tudo, mas definitivamente ouvi o nome do Micah e depois falaram sobre um homem chamado Arthur Strauss’

‘Arthur Strauss’ Repeti pensativa ‘Onde já ouvi esse nome? Ele não é estranho’

‘Arthur Strauss foi encontrado morto em um lago não muito longe daqui, atacado por Grindylows. Ele era da Sociedade, seu nome lá era Percival. Pelo que ouvi, ele estava disposto a entregar tudo, revelar a um jornalista tudo que sabia sobre os Reis e Sombras, mas morreu antes que pudesse fazer isso. Estranho, não?’ Perguntou desconfiado

‘Micah me disse que tinha encontrado uma pessoa que ia contar a ele tudo sobre a sociedade, tinham combinado de conversar’ Aos poucos ia lembrando de fatos soltos ‘Isso foi na época que saiu a nota de falecimento dele e logo depois Micah foi atacado’

‘Evie, não posso afirmar ainda que seu pai tenha ligação com a morte desse homem, mas temos que concordar que é muita coincidência justamente ele estar falando dos dois’ Concordei com a cabeça, assustada, e ele continuou ‘Se pudéssemos encontrar alguém ligado a esse homem, talvez a pessoa possa nos dizer se ele teve algum contato com o Micah. Temos que saber quando que ele morreu e seus passos durante o dia’

‘Foi um dia antes do aniversário do Micah, 26 de Março’ Respondi de imediato ‘A nota do jornal saiu no dia do aniversário dele, aconteceu no dia anterior’

‘Ótimo, já temos um ponto de partida. Se conseguirmos ligar Micah, Arthur Strauss e seu pai, podemos por um fim nisso’

‘Dario, o descanso acabou, volte para o palco!’ O professor gritou da frente do teatro e Dario levantou

‘Depois continuamos a conversa, mas conte as meninas hoje a noite’

Assenti com a cabeça e ele correu de volta pro palco, se preparando para ensaiar um numero com Alexei. Gina sentou outra vez ao meu lado, seguida por Wes e Filipe, e passamos o resto da noite discutindo sobre o que faríamos na peça. Conseguimos acertar praticamente tudo e quando o ensaio finalmente terminou, Ivo conduziu os alunos aos poucos de volta para o castelo. Apenas a equipe do jornal, que por coincidência todos faziam parte do teatro, ficou pra trás. Nos reunimos nas poltronas para conversar sobre o jornal alternativo e quando não restava mais ninguém para atravessar a passagem, o professor veio até o nosso grupo.

‘Sei que amam minha aula, mas temo ter que pedir que voltem ao castelo’ Ele brincou quando se aproximou e rimos ‘Qual o motivo da reunião?’

‘Estamos com um problema, professor’ Falei vendo que ninguém mais ia responder e eles me olharam alarmados ‘Tudo bem, ele vai ajudar’

‘O que aconteceu?’ Ele perguntou preocupado, sentando do lado de Georgia

‘Nós saímos do jornal por, digamos que divergência de opiniões’ Gabriel explicou

‘Sim, estávamos discordando de algumas coisas e decidimos sair’ Georgia falava agora ‘E pensamos em criar um jornal alternativo’

‘É, por baixo dos panos, sabe?’ Miyako comentou um pouco incerta se deveria dizer aquilo

‘Excelente idéia!’ Ivo falou animado e até nos assustamos um pouco ‘É exatamente isso que vocês têm que fazer, lutar contra eles!’

‘É esse o problema, professor’ Falei tentando não desanimar ‘Queremos lutar, mas não temos armas’

‘Não temos onde imprimir o jornal’ Gina explicou quando ele não entendeu ‘A redação esta sendo guardada como um cofre do Gringotes’

‘O problema de vocês é só imprimir o jornal?’ Ivo perguntou e confirmamos ‘Então eu posso ajudar, mas vocês terão que correr contra o tempo. Tenho uma amiga jornalista que trabalha aqui no vilarejo e ela pode imprimir pra vocês, mas ela sai de férias na terça-feira. Acham que conseguem me entregar tudo até segunda, na hora do almoço?’

‘Conseguimos, não é pessoal?’ Georgia ficou de pé, mais animada, e concordamos com a cabeça animados também ‘O jornal vai estar na sua mão segunda-feira, sem falta!’

‘As matérias já estão definidas, certo?’ Perguntei em duvida

‘As matérias menores sim, mas ainda não temos definidas as matérias que vão cobrir a primeira pagina’ Miyako respondeu

‘Então vamos decidir isso agora. Miyako, pode escrever sobre o campeonato de quadribol?’ Miyako assentiu com a cabeça e Georgia se virou para Wes e Nina ‘Wes, quero uma pesquisa na escola, saber o que os alunos estão achando da intervenção do Ministério. E Nina, preciso de um resumo sobre a nossa peça, quero a historia dela contada em detalhes no jornal e os motivos que fizeram o Ministério impedir que ela fosse apresentada’ Os dois concordaram animados e ela olhou pra mim ‘Evie, precisamos contar do ataque dos vampiros. Você participou de tudo, sei que consegue falar dele. A escola teve uma noite de caos e ninguém deu importância. E alguém precisa falar do torneio tribruxo’

‘E qual vai ser a matéria de capa?’ Gabriel perguntou olhando para Georgia ‘São matérias boas, mas nenhuma é bombástica o suficiente pra matéria principal’

‘Alguma sugestão?’

‘Que tal uma entrevista com quem já sofreu com a repressão do Ministério?’ Gabriel sugeriu e ele e Gina sorriram cúmplices

‘O que tem em mente, Lupin?’ Georgia perguntou com um tom de animação nítido na voz

‘Gina e eu podemos fazer uma viagem a Londres amanha’ Ele falou animado e Gina concordou ‘Voltamos com a sua matéria de capa, pode confiar’

‘Façam o que quiserem, confio em vocês. Eu fico então com o torneio tribruxo. Fechamos?’ E fizemos que sim com a cabeça

‘Ótimo! Então mãos a obra! Quero ver essa edição pegando fogo!’ O professor bateu palma animado e sorrimos, confiantes outra vez ‘Agora vamos voltar antes que notem nossa ausência’

Ele levantou da cadeira e nos guiou em grupos de 2 de volta para o teatro do castelo, onde éramos recebidos pelo professor Marko. Quando todos voltaram eles nos levaram de volta para as republicas e embora cansada, não consegui pregar o olho durante um bom tempo. Com todo aquele ar de revolução nos rondando, era difícil relaxar e curtir uma noite de sono tranqüila. Mas uma coisa era certa: "O Berrador" ia entrar pra história.

Thursday, February 05, 2009

- Não tem problema falarmos sobre isso em um lugar aberto assim? – Wes perguntou, olhando em volta. Havíamos nos reunido fora do castelo e das repúblicas para discutirmos sobre a Rei e Sombras.
- Eu acho que não, escolhemos um lugar muito afastado de todos, raramente pessoas vem pra cá, estamos muito ao oeste do castelo. – Chris respondeu.
- E não se preocupem com os aurores. Eles são dos Chronos, Tio Lu sabe de tudo que estamos fazendo e pesquisando, ele nos dá apoio e seus aurores também estão investigando. – Gabriel falou, referindo-se aos sete aurores com a insígnia do clã que estavam um pouco afastados, vigiando o perímetro.
- Eles não vão deixar mais ninguém chegar perto de nós, ouvi quando Isaac lhes deu essa instrução. – Ty comentou.
- As coisas estão saindo do controle demais, as últimas iniciações foram complicadas. Parecia que queriam matar o novato, pelo que fiquei sabendo. – Chris comentou.
- Pessoas que não tem nada a ver com tudo isso já foram envolvidas, está na hora de darmos um fim nisso. – Eu comentei, falando pela primeira vez.
- É verdade, por isso acho que todos estão tão preocupados em desmascarar esses problemas. Pode ser exagero da minha parte, mas aquilo é quase uma escola de Comensais. – Victor comentou, levantando um assunto que todos achavam possível.
- Comparado as últimas iniciações, Derfel parece um anjo...Quando ele ministrou algumas iniciações poucos saíram machucados. – Chris falou.
- Accolon já ultrapassou os limites a muito tempo...Mas o que aconteceu recentemente foi demais. Marcarem Micah para morrer, foi uma covardia! – Chris falou, exaltado e também fechando os punhos.
- Tio Ben, me procurou recentemente para dizer que as investigações vão sem sucesso, mas que vão continuar com elas. – Gabriel explicou, contando do dia em que Ben O’Shea foi a Durmstrang disfarçado.
- E Isaac me falou hoje de manhã que os espiões dos Chronos ainda não conseguiram nada. – Ty completou.
- Ele é esperto, é um imbecil que merecia morrer, mas é esperto. Ele sabe esconder seus crimes. – Eu falei, agora começando a ficar mais furioso.
- Antes de continuar, onde estão Seth e Griffon? Achei que eles iriam nos ajudar. – Victor perguntou.
- Com esses problemas dos vampiros, eles estão muito envolvidos com o clã. Griffon está ajudando Isaac na vigília, e nem se Merlin ressuscitasse e ordena-se a Seth sair de perto de Luna, ele faria isso. – Ty falou rindo, quebrando um pouco a atmosfera de raiva que pairava, fazendo todos rirem e concordarem.
- Eu não o culpo, se minha namorada estivesse marcada para morrer, eu não sairia do lado dela por nada. – Wes comentou.
- Sim, eu também. Mas Seth conseguiu descobrir algumas coisas. Parece que ele foi capaz de entrar em uma das masmorras durante a noite. Ele já localizou três lugares de reunião. – Ty falou sobre o que Seth havia lhe contado. – E ele deixou “escutas” nesses lugares...Ninguém vai notar um rato negro a mais.
- E Griffon conseguiu para que vasculhássemos alguns papeis antigos. – Eu falei, tirando do bolso da capa os papéis que Griffon achou, o motivo principal de nossa reunião.
- O que é isso? – Chris perguntou.
- São anotações da escola e do vilarejo trouxa próximo daqui. – Eu expliquei passando os papéis para eles. Todos receberam uma cópia dos papéis. Eu aguardei enquanto eles liam o conteúdo.
- Isso é sério?! Como ninguém nunca achou estranho? – Victor perguntou, a perplexidade extrema no rosto.
- São dezenas de desaparecimentos, alguns corpos encontrados com sinais de tortura... – Wes falou boquiaberto.
- Isso é horrível! Nem o Ministério investigou? – Chris perguntou.
- Accolon é poderoso o bastante para ter contatos no Ministério...Muitos talvez até trabalhem lá. – Ty falou, frio.
- E reparem nas datas...Esses são anotações que Seth e eu encontramos durante uma noite. – Eu falei já distribuindo outra folha de papel. Todos olharam o que estava escrito e pararam para comparar com os outros papéis.
- Não pode ser... – Ricard falou, entendendo a ligação. – Todos esses desaparecimentos e torturas ocorreram em épocas de iniciação!
- E para ser mais exato, períodos em que Accolon ministrou as iniciações. – Ty completou, pescando o que estava menos óbvio.
- Exatamente...Em todos os anos de iniciação ministrados por Accolon e seus aliados, houveram dezenas de desaparecimentos, alguns corpos com sinais de tortura, vandalismo... – Completei.
- Como ninguém nunca percebeu essas ligações? Até mesmo os membros da sociedade poderiam ter notado. – Ty falou chocado.
- Ty, o problema é: preste atenção nas vítimas. São mendigos, prostitutas, sem-tetos, a maioria trouxa. Raramente notam o sumiço deles, na verdade não duvido nada que alguns governantes estivessem até felizes com esses desaparecimentos. – Gabriel deixou a emoção em sua voz, fazendo seus olhos mostrarem todo o nojo que sentia.
- Os casos de tortura foram investigados superficialmente, e as autoridades culparam simplesmente brigas de rua. O mesmo para os demais casos, todos são considerados como fuga por dívidas, brigas etc. – Chris falou, lendo o trecho que dizia sobre isso.
- Temos que investigar isso tudo! Podemos achar alguma pista importante! Com sorte, uma memória! – Ricard falou animado.
- É simplesmente impossível, que em todos esses casos ninguém tenha visto algo... – Gabriel comentou, e todos tivemos que concordar.
- É isso que precisamos, investigar. Podemos nos dividir e cada um procura investigar um número de vítimas, temos que encontrar algo! – Ty falou também animado.
- Vamos faze-los pagar por tudo que fizeram a essas pessoas... – Wes falou, os olhos meio vazios enquanto relia os nomes das vítimas.
- Vamos nos dividir então. Cada um deve ficar com um grupo de casos e investigar. Vamos todos juntos ao vilarejo assim que houver a oportunidade. – Ricard falou, já começando a separar os casos.
- Os aurores do Ministério podem ser um problema...Mas vou pedir para que Isaac nos ajude. – Ty falou quando pegou o seu número de casos. Enquanto ele falava isso, ele olhou os aurores, e seus olhos ficaram sérios no mesmo momento. Todos nós olhamos para os aurores e eles pareciam preocupados, e um deles correu para nós.
- O que houve, Ragnarson? – Gabriel perguntou, começando a ficar assustado.
- Eles acabam de invadir o perímetro delimitado por Isaac. Precisamos sair daqui imediatamente, um grupo de vampiros está a menos de 5km daqui. Estamos muito a oeste, vamos rápido! Isaac e o Sr. Alucard já estão enviando reforços.
- Tio Lu está aqui? – Ty perguntou, já guardando os papéis e correndo.
- Ele veio aumentar as defesas e já estão em movimento. Precisamos ser rápidos, vocês vão na frente, nós lhes daremos cobertura.
Todos nós sacamos as varinhas e corríamos rapidamente, de volta para o castelo. Os aurores corriam em formação circular ao nosso redor, com três deles mais a trás para nos dar apoio. Eu estava com medo e apreensivo, pois havia finalmente chegado a hora da invasão. Todos pareciam igualmente apreensivos e com medo, mas nenhum de nós iria fugir caso encontrássemos um vampiro. Nós havíamos corrido apenas alguns minutos quando ouvimos o barulho de magias sendo lançadas, seguidas por explosões. Sem parar de correr, olhei para trás e vi os três aurores disparando feitiço atrás de feitiço contra um grupo de cinco vampiros que estavam a algumas centenas de metros de distância. Eu praguejei, pois a velocidade vampírica havia nos ganhado e em pouco tempo eles estariam perto demais de nós.
- Continuem correndo! – Um dos aurores que nos circundava gritou, enquanto lançava uma imensa bola de fogo na direção dos vampiros. O feitiço errou um dos vampiros por pouco, seu impacto abrindo uma cratera no chão.
Em pouco tempo os vampiros haviam nos alcançado e corriam paralelamente a nós, desviando de feitiços lançados pelos aurores e por nós. Os três aurores que guardavam nossa retaguarda corriam atrás de nós enquanto disparavam feitiços, porém os vampiros desviavam com facilidade. Eu peguei um frasco de meu casaco e o taquei contra um vampiro que chegou perto demais de mim. O frasco explodiu em seu peito fazendo o fogo se espalhar pelo seu corpo. O vampiro urrou de dor enquanto seu corpo era queimado. Os demais vampiros desapareceram no ar e ficamos sem entender, até que um dos aurores cortou a cabeça do vampiro e deixou o fogo fazer o resto do trabalho.
- Eram ilusões! ... Isso foi um ataque falso! Continuem correndo! O verdadeiro já deve estar chegando! – Ragnarson gritou e nesse momento todos os garotos, com exceção de Gabriel, que ainda não conhecia o castelo como nós, ficaram meio atônitos.
- O Castelo foi trancado! Esses vampiros não estão brincando. – Chris falou, já correndo novamente.
- Temos que chegar a ele. Mesmo se não pudermos entrar, os professores e o castelo tem como nos proteger. – Falei correndo novamente.
- Como não podemos entrar? – Gabriel perguntou, enquanto corria.
- Ao ser trancado, o castelo ativa todas suas defesas e não é destrancado até que o perigo desapareça. Mas suas defesas podem nos ajudar. – Ty explicou, correndo também.
Os aurores nos instigavam a correr mais, quando começávamos a ouvir o barulho do vento, que estava ficando mais forte. O vento nos impedia de conseguir correr com toda velocidade, e nos obrigava a pôr a mão diante dos olhos para nos proteger. Aquele vento não era normal! Foi nesse momento, lutando contra o vento também, que Isaac chegou, acompanhado de dez aurores.
- Vocês estão bem? – Ele gritou, sua voz difícil de ouvir com a fúria do vento. Ele assumiu a dianteira, ao nosso lado, enquanto os outros aurores aumentavam o círculo ao nosso redor.
- Estamos, senhor. Houve um ataque falso, eles usavam ilusões! – Ragnarson explicou, também gritando.
- Esses malditos! Foram espertos! Precisamos chegar perto do castelo, o outro ataque está chegando! – Ele falou, porém encarou o ar com os olhos preocupados e cheio de raiva. – CUIDADO!
Ele gritou e com um floreio longo da varinha jogou a todos nós ao chão, em seguida apontando para um ponto no ar. Uma gigantesca pedra foi feita em pedaços com a explosão. A pedra fora jogada contra nós. Os aurores levantaram-se rapidamente, e nos fizeram ficar no meio deles. Todos nós começamos a apontar as varinhas para o céu, destruindo pedras enormes que eram jogadas contra nós. Isaac parecia uma metralhadora trouxa, pois disparava mais feitiços do que eu já vi alguém lançar, fazendo várias pedras em pó. O vento aumentou, nos jogando no chão, deixando apenas os aurores de pé.
Então de repente, um dos aurores soltou um grito de surpresa, e no momento seguinte sangue jorrava de seu peito e ele caia ao chão. Isaac disparou um feitiço e um vulto negro foi jogado longe, e poucos segundos depois Isaac conjurava bandagens para o auror que gemia. Outro auror gritou quando um jato de sangue voou de seu braço e ficava impossibilitado de usar a varinha. O restante dos aurores pareciam lutar com o próprio ar, e depois que me acostumei ao vento e à velocidade vi que vultos atacavam os aurores sem parar, fazendo-os dispararem feitiço atrás de feitiço, enquanto tentavam se proteger. Outro auror caiu apertando o braço da varinha, sangue escorrendo de um machucado profundo. As vestes dos aurores já estavam todas rasgadas e com perfurações, e todos, com exceção de Isaac tinham ao menos algum corte. Porém, nenhum vampiro ultrapassou o círculo que eles faziam. Caso um deles caísse, outro já cobria sua posição, e mesmo os caídos lutavam para se manterem no lugar, nos protegendo.
- Até que vocês são bons, Chronos. Mais um motivo para extermina-los por completo. – Uma voz falou em meio ao vento e vimos quando o ar pareceu tomar forma e um alto vampiro surgiu diante de nós, na direção de Isaac. Os demais vampiros surgiram também, totalizando cinco vampiros, que nos cercavam.
- Venha se você conseguir. – Isaac desafiou sério. O vampiro gargalhou e fez um movimento rápido com o braço. No mesmo momento uma rajada de ar atingiu Isaac, fazendo um corte em sua bochecha, mas sem faze-lo se mover.
- Tentando parecer durão, é? – O vampiro perguntou rindo, fazendo um segundo movimento com a mão. Dessa vez Isaac fez um movimento vertical com a varinha e o ar voltou contra o vampiro, cortando suas vestes.
- Um controlador de vento. Não achei que iriam mandar um vampiro desse nível para morrer. – Isaac falou calmamente.
- Sim, sou um controlador...E fui enviado para matar, não para morrer...
- É o que veremos.
- Você ai, você é o Flamel, não é? Renomaru Goldensun Flamel Kollontai. – O vampiro falou, ignorando Isaac e olhando para mim.
- Sou.
- Corajoso...Venha conosco agora, e mataremos seus amigos rapidamente. – O vampiro sorriu.
- Vá pro Inferno! – Falei com raiva, cuspindo no chão na direção dele.
- Hahahahahaha...Corajoso, criança, pedirei para que não o torturem muito. – Ele falou com um sorriso maligno no rosto e fez um movimento com o braço em minha direção. Senti o ar vindo em minha direção e também vi quando Isaac se preparou para conter o ar, mas eu me movi primeiro. Ergui a varinha e fiz um movimento para o lado rapidamente. O rosto do vampiro recebeu um corte e um fino filete de sangue surgiu em seu rosto.
- Controle de elementos, é algo básico para alquimia avançada. – Falei sorrindo. Isaac sorriu também, assim como os demais. Eu cuspi novamente e agora fiz o ar jogar o cuspe no rosto do vampiro. – Vá para o Inferno!
- Criança estúpida! – O vampiro ficou furioso com a humilhação e todos eles urraram, fazendo-nos pular. – Capturem o Flamel, não o machuquem muito. Matem todos os outros! – Ele gritou e todos os vampiros saltaram juntos, e nós nos preparamos para lutar.
- AGORA! – Eu gritei, jogando com força um frasco no chão. Imediatamente uma fumaça negra espalhou-se, cobrindo a todos nós.
- Criança estúpida, acha que não enxergamos vocês?! – O vampiro falou, porém eles pararam antes de entrar na fumaça e não conseguiam nem enxergar através dela, nem sentir cheiro, nem nos sentir dentro dela. Ele ficou atônito e confuso, apenas por alguns momentos. – Ali! Um deles está tentando fugir!
Por alguns segundos todos os vampiros viraram na direção de um vulto que corria. Nesses segundos de descuido, Isaac saltou para fora da fumaça e com os punhos brilhando em vermelho atingiu as costas de dois vampiros, cortando-lhes a cabeça com um feitiço rápido. E de dentro da fumaça saíram mais de vinte feitiços, disparados por todos nós. Eram os feitiços mais poderosos que conhecíamos, e a explosão de todos eles nos corpos dos vampiros os fez serem jogados para trás, e no segundo seguinte saíamos da fumaça negra, disparando novos feitiços. Os três aurores feridos fizeram cair uma chuva de bolas de fogo, atingindo os vampiros e fazendo-os queimar. Os demais aurores correram para o ataque, disparando feitiços sem parar, sendo liderados por Isaac que cortara a cabeça de mais um vampiro. Após o susto e surpresa, os últimos dois vampiros ainda de pé urraram de ódio e retornaram o ataque. Eram os dois mais poderosos e eles começaram a dançar entre os aurores, cortando e perfurando com suas garras poderosas, ao mesmo tempo que o vento tornava-se furioso e tentava nos jogar ao chão.
O líder dos vampiros, o controlador de vento, perfurou o ombro de dois aurores e correu na minha direção. Eu levantei uma coluna de terra obstruindo seu caminho, mas ele a derrubou com um soco e pulou para mim, as garras mirando meu pescoço. Porém, Gabriel e Ty conseguiram atingi-lo com feitiços no ar, fazendo-o cair no chão, próximo a mim. Wes e Chris dispararam bolas de fogo contra ele, que as repeliu com uma lufada de vento. Ele pulou para mim novamente, desferindo golpes em velocidades incríveis, ignorando os feitiços dos outros. Eu consegui escapar dos primeiros por sorte, mas ele acertou um poderoso soco em minha barriga, fazendo-me cuspir sangue. Isaac veio em meu auxílio, fazendo o vampiro recuar, enquanto Victor e Ricard vinham me ajudar.
Isaac lutava ainda com os punhos brilhando em vermelho, assim como lançando feitiços contra o vampiro, que desviava e tentava acerta-lo. Nesse momento ouvimos um grito de dor e olhamos para onde o outro vampiro era queimado por dezenas de labaredas, virando uma imensa fogueira, espalhando fumaça negra. O último vampiro urrou de raiva e partiu para cima de mim novamente, decidido a pelo menos tentar me levar. Ele empurrou os outros para o lado e saltou em minha direção, enquanto eu pulava para trás em resposta. Ele esticou o braço em minha direção e perfurou minha camisa e, por sorte, perfurou a lateral da minha barriga apenas superficialmente, mas o suficiente para me fazer gritar de dor. Meu sangue caiu ao chão e minha camisa começou a ficar encharcada. O vampiro gargalhou e pulou para me segurar. Porém Ty usou a projeção astral novamente, jogando-a com toda sua energia contra o vampiro, que ao chocar-se com uma energia mágica pura, entrou em combustão. O vampiro caiu ao chão e todos nós apontamos a varinha para ele, e oito varinhas cuspiram labaredas, incinerando o vampiro.
- Vocês estão bem?! Reno!! Fique parado, você precisa de cuidados! – Isaac, gritou correndo para nós. Eu cai no chão, agora sentindo toda a dor na barriga, enquanto apertava o ferimento. Ty caiu do meu lado, respirando com dificuldade devido ao uso da projeção. Todos os garotos sentaram-se no chão, todos machucados, devido aos ataques do vento e da luta. Gabriel tinha um corte que ia do ombro ao cotovelo, Ty um corte na perna e um braço quebrado que pendia em um ângulo estranho, Chris um olho inchado devido a um soco poderoso, Wes, Ricard e Victor massageavam o peito devido ao golpe que levaram do vampiro quando ele me atacou.
Os aurores também estavam todos machucados, mas estavam melhores do que nós, e já começavam a tratar de seus ferimentos e dos nossos. Isaac conjurou bandagens e apontou a varinha para minha barriga, dando os primeiros socorros.
- Muito bem! Vocês lutaram muito bem, estão de parabéns! – Isaac falou animado, rindo após tudo isso. – E o que foi aquilo, Reno?
- Uma invenção minha. Pedi a Seth algumas amostras do sangue e da pele dele, e com a ajuda da Annia, consegui estuda-las. Como o corpo do Seth é metade vampiro, metade humano, eu simplesmente transmutei as amostras totalmente em vampiros. Ai! – Falei enquanto Isaac apertava as bandagens. – E depois Annia conseguiu descobrir algo que fizesse efeito contra vampiros. Então criamos aquela fumaça, ela dificulta todos os sentidos do vampiro, sua visão, seu olfato, tudo.
- E havíamos treinado isso antes. Ty usaria a projeção para atrair a atenção e nós atacaríamos de surpresa. – Ricard completou, enquanto um dos aurores fechavam seu machucado.
- Foi fantástico! Vocês foram muito inteligentes, e gostei do trabalho em equipe. Reno, é provável que Alucard queria conversar com você e com Annia para utilizar essa fumaça. Mas agora precisamos voltar ao castelo, vocês precisam de cuidados, fiz apenas os primeiros socorros, mas não sou muito bom em cura. Vamos. Mantenham a formação fechada, podem haver mais vampiros ainda.
- Mais?! Eu não quero nem ver o Tio Lu e o Seth depois disso. – Ty brincou, enquanto prendia o braço, imobilizando-o.
- Tá reclamando do que? Eu tenho um buraco na barriga! – Falei revoltado, enquanto testava o peso do corpo nas pernas, tentando andar.
Seguimos para o castelo, disputando quem tinha o pior ferimento, e agora rindo de tudo isso, feliz por termos sobrevivido a um ataque de vampiros. Estávamos próximos do castelo e já podíamos ver a Avalon ao longe quando ouvimos um grito. Era um grito cheio de dor e de uma voz conhecida...Todos nós nos paralisamos de medo, pensando no pior.
- Eu conheço essa voz! LUNA! – Gabriel gritou e, ignorando a dor, saiu correndo desesperado para o castelo.
Todos nós o seguimos, também correndo, mas apenas Isaac conseguia correr tanto quanto Gabriel. Algum tempo depois do primeiro grito, ouvimos um segundo, esse cheio de desespero e raiva. Na verdade era um urro, que nos fez ter calafrios e lembrarmos dos vampiros. Era um urro de puro ódio.
- Por Merlin....Seth! – Foi a vez de Isaac falar e correr também. Coisas horríveis passavam pelas nossas cabeças e corríamos desesperados, chegando no castelo em pouco tempo.
Quando chegamos, Gabriel gritou novamente e correu para Alucard, que carregava um corpo nos braços. Todo o restante de nós ficou estático, olhando o corpo inerte nos braço de Alucard, o corpo de Luna. Miyako abraçava o corpo chorando, e quando Gabriel chegou perto o suficiente ele a abraçou chorando também, deixando-se levar pelo desespero. Isaac correu para Alucard, olhando sério e preocupado. Nós chegamos quando ele explicava o que tinha acontecido, e dizia que Luna estava bem, apenas desacordada, mas ele precisou sacudir Gabriel para que este o ouvisse.
As garotas, que estavam reunidas em torno de Luna, correram para nós quando nos viram e nos abraçaram, chorando. Os garotos reclamaram que machucava, mas as abraçaram de volta, felizes por elas estarem bem. Mamãe, Annia e Julianne correram para mim, sendo mamãe a primeira a me abraçar, seguida por Annia e Julianne. As duas choraram em meu abraço, dando tapas fracos em meu peito enquanto falavam que eu era um idiota. Eu senti um pouco de dor, mas ri disso e acalmei as três dizendo que estava tudo bem. Julianne demorou mais em meu abraço e no final me deu um longo beijo, algo que eu não esperava e que me deixou meio vermelho. Annia e mamãe riram e brincaram conosco, enquanto me levavam para ser tratado direito. Julianne não largou minha mão em momento algum.
- Seu idiota! Por que não me contou que tinha um alvo nas suas costas?! – Ela falou enquanto Griffon tratava do meu ferimento e tentava segurar o riso.
- Porque não queria envolver você em perigos. Está com medo, por acaso?
- Claro que não, eu já estaria te namorando há mais tempo! – Ela falou apertando minha mão e me beijando no rosto.
- Essa é a Julianne que conheço, adora o perigo! – Griffon falou rindo, não se segurando mais. – Sendo prima de quem é, só podia dar nisso...Mas logo o Reno?! Ele é tão...
- Fica quieto, Griffon. Ai, você fez de propósito! – Reclamei quando ele apertou o ferimento com mais força. – Agora que esse imbecil parou de querer me machucar mais, posso fazer direito: quer namorar comigo, Julianne?
- Só se sempre tiver perigo assim! – Ela falou rindo e me beijando, e depois ganhamos os parabéns de mamãe e Annia, que tinha um olhar do tipo “já era hora”.
Após eu ter sido tratado, eu ouvi a história de tudo que tinha ocorrido, e todos prestamos homenagens aos quinze aurores mortos no ataque dos vampiros. Passamos a noite toda juntos em uma sala do primeiro andar, todos torcendo por Seth, que em sua raiva fora caçar Isaiah, e eu queria, mas queria muito, que ele capturasse Isaiah e o fizesse sofrer. Luna ia melhorando aos poucos e todos nós nos revezávamos para doar sangue a ela. Tudo estava se acalmando, e nós respirávamos mais aliviados. Porém, por volta da meia-noite, Griffon foi para a França, para ajudar Emily, irmã de Ty e o amor de Griffon. Ficamos novamente apreensivos, pois os vampiros não estavam brincando e nunca mais seria a mesma coisa. Algo estava me dizendo que esse ataque podia ser apenas o começo.