Monday, January 28, 2008

- Você conseguiu o que queria, Luka.
- É.
- Karkaroff nem olha para ela, deveria estar comemorando. - Max insistiu.
Max observou calado o amigo por um tempo, e perguntou chocado:
- Ah não... Não me diga que você está gostando dela?
- Não vou dizer... – foi a resposta de Luka e ficou olhando para a garota loira que conversava com as amigas do outro lado do salão principal.
- Vocês não têm nada a ver um com o outro. – comentou Max.
- Mas poderia dar certo, pelo menos por um tempo... Não dizem que os opostos se atraem?
- Definitivamente você está com problemas mentais depois daqueles balaços.
Nesta hora duas garotas da Mannaz passaram por perto, sorriram para eles e continuaram seu caminho. Luka olhou para Max e disse:
- Mas só vou testar esta teoria amanhã. - e ambos riram enquanto iam atrás das garotas.

...E numa arriscada manobra, Kovac da Ansuz, pega o pomo bem debaixo do nariz do apanhador da Mannaz, encerrando a partida: Mannaz 190, Ansuz vitoriosa por 200...

Ecoavam as palavras do locutor enquanto eu dava uma volta pelo campo de braço erguido segurando o pomo de ouro, não demorou desci e no meio do campo o time comemorava. Luka se aproximou e me abraçou junto com os outros, em dado momento sussurrou ao meu ouvido:
- Precisamos comemorar, só nós dois. - E eu respondi baixo:
- Só em seus sonhos. – e ele riu cínico, enquanto recebíamos tapas nas costas dos companheiros de time.
Quando cheguei à república com minhas amigas, havia uma coruja com um ramo de flores lilás me esperando. Não precisava ser gênio para saber quem as havia mandado e acabei sorrindo quando as coloquei num vaso perto de minha cama.

- O que vamos fazer este fim de semana?- perguntou Vina.
- Estudar? Os NIEMS estão chegando... - respondeu Nina olhando para suas anotações sem reparar em nossas caretas de desgosto. Annia disse:
- Eu não vou estar aqui este fim de semana... - ficou vermelha e Evie perguntou fingindo inocência:
- O que você vai fazer que seja mais interessante que estudar como fazer a pedra filosofal conosco??
- Vou passear com John, ele esta vindo para cá e vai ficar na Spartacus. – rimos e nesta hora uma menina do primeiro ano bateu na nossa porta, avisando que eu tinha visitas.
Desci e encontrei Luka com as mãos nos bolsos olhando pela janela:
- Hã... Oi? - cumprimentei e ele se virou com uma cara séria. Já o conhecia o bastante para saber que algo estava acontecendo e perguntei:
- Aconteceu alguma coisa??
- Podemos dar uma volta? – assenti e peguei um casaco para sairmos. Após algum tempo chegamos numa praça do vilarejo e nos sentamos enquanto ele olhava para frente e começou a falar:
- Briguei com meu pai, pela lareira. - explicou.
- Vocês dois sempre discutiram, não pode ser tão sério. Ele ficou bem não? - e um sorriso irônico se formou em sua boca quando respondeu:
- Ele sempre fica bem. Ele quer que eu saia do time principal.
- Mas por quê? Ele sabe que você quer ser jogador de quadribol e isso é importante para você. – respondi.
- Sim, por ser importante para mim ele quer que eu saia. Ele diz que isso vai me fazer perder um tempo valioso, quando poderia estar aprendendo a gerir os negócios da família. Disse que posso ficar no time da escola, porque seria... Como foram as palavras dele:
“Conquistas escolares sempre contam pontos na sociedade”.
- Vocês precisam conversar. – disse simplesmente.
- Ele não vai me ouvir, vai impor sua vontade. Sabe... Algumas vezes penso em fazer como Irina. Arrumar algum trabalho longe de casa apenas para não ficar sob as ordens dele. Porque é só isso o que recebemos dele. Ordens. - disse de cabeça baixa.
Não pude deixar de reconhecer que Luka tinha razão. Tio Mikhail sempre foi autoritário e mesmo quando nos reuníamos, não notava nele, o mesmo carinho com os filhos, que caracterizava meu pai. Era sempre distante e exibia um ar arrogante, como se nos olhasse de cima, só relaxava um pouco quando ele e meu pai começavam a contar coisas de seu tempo de escola, mas quando se falava sobre tia Nadja, ele voltava a ficar sério.
Em uma conversa de meus pais que eu havia ouvido sem querer, papai dizia que a incapacidade de Mikhail para demonstrar amor pelos filhos, o levaria a ficar sozinho, tendo apenas os frios galeões como companhia. Isso era muito triste.
Aproximei-me de Luka e sem que ele pedisse, o abracei. Achei que era o que ele precisava no momento. Ficamos algum tempo assim, e quando começamos a nos afastar, Luka disse:
- Porque veio quando pedi?
- Somos amigos, era o mínimo que poderia fazer. – respondi notando como suas pupilas se dilatavam ao me olhar tão de perto. Bem devagar, ele foi se aproximando e eu fechei meus olhos, quando começamos a nos beijar, mas eu rompi o contato dizendo:
- Está na hora de irmos embora, Luka. Tenho que estudar e você já me parece melhor.
- Porque você não fica comigo Milla?
- Não quero ser mais um troféu na sua coleção.
- Não seria assim, é diferente o que sinto por você.
- Como seria diferente? Sou capaz de dizer o nome de pelo menos duas garotas que saíram com você nestes últimos dias. Isso sem me esforçar muito. Você não leva ninguém a sério. - respondi.
- Você gosta de mim. E está com medo do que os outros possam dizer. - ele disse presunçoso, e me puxou mais para perto.
- Não gosto não... Eu não tenho medo de fofocas. Solte-me Luka, ou sou capaz de arranhar esta sua cara bonita, para demonstrar o quanto “gosto” de você. - disse começando a me irritar.
- Se não gosta nem um pouco de mim, está tremendo porque??
- Não estou tremendo. – menti e me forcei a relaxar. Ele após me olhar nos olhos me soltou bem devagar, dizendo:
- Gostaria que pensasse em nós.
- Não há “nós”.
- Mas pode haver. É só você deixar de ser cabeça dura.
- Eu é que sou cabeça dura?? Você que fica insistindo em bancar o conquistador barato, mandando flores, cartinhas melosas e o pior: bregas...
- Cartinhas bregas??? Elas não são bregas! Saiba que são palavras bonitas que escolho para você, achei que você gostasse. - ele disse indignado.
- Pois saiba que não gosto, e está perdendo o seu tempo e o meu. E algumas coisas são bregas sim. Só falta aparecer por lá o poema da batatinha quando nasce. – espetei.
- Ah é?? Então não mandarei mais nada. - disse cruzando os braços em frente do peito.
- Não mande. - disse repetindo o gesto e olhando-o feio, não queria deixá-lo com a última palavra. Após no encararmos por algum tempo, comecei a me virar para ir embora, dei alguns passos e ele disse alto:
- Milla... Obrigado por me ouvir. - virei-me para ele e dei de ombros.
Voltei para a república pensando em suas palavras e me convenci de que por mais que tentássemos nunca daria certo. Somos muito diferentes.

Thursday, January 17, 2008

Tum, tum, tum...
- Ty você ta com algum problema?
- Hã? Não por quê???
- porque você esta batendo os pés a mais de 10 minutos e embora não seja normal, eu quero estudar. .
- Estou entediado...
- Pegue um livro. Coma uma fruta, faça um tricô... Mas pára com este barulho.
Após alguns segundos e uns suspiros...
- Estou realmente entediado... Até os patetas parecem estar se divertindo... –disse olhando pela janela, quando Micah fechou o livro e disse:
- Ok, o seu tédio me contagiou. O que vamos fazer?
E um sorriso se apoderou de Ty, enquanto abria o malão e ia tirando todo tipo de coisas de lá de dentro, e parou quando encontrou um saco pequeno:
- Já que eles gostam de ser alegres... Vamos dar motivo de alegria para eles. - e mostrou o conteúdo para Micah junto com um folheto.
- Cara, chego a ter medo quando você faz este ar maníaco sabe? Isso pega. – e começaram a rir.


Eu tinha uma poção das gemialidades Weasley chamada “Verdade instantânea” por apenas 5 minutos, você terá a verdade despejada aos seus pés. Perigo: os efeitos colaterais variam de dores de cabeça a pedidos de divórcio. Resultado garantido ou peça desconto na próxima compra.

Como achei aquilo engraçado, optei por jogar no meu malão, quem sabe em algum momento ela poderia ser útil. Peguei a poção e junto com Micah acrescentamos uns cogumelos alucinógenos que encontramos na nossa exploração à floresta, a mistura adquiriu uma cor laranja forte e foi o melhor meio de misturar ao suco de abóbora servido no café da manhã. Pela quantidade de poção, o efeito duraria apenas um ou dois minutos, mas o suficiente para darmos boas risadas. Fomos até a cozinha e enquanto Micah fazia mil perguntas aos elfos, eu joguei a poção no enorme caldeirão que usavam para fazer o suco. Voltamos para o salão e começamos a comer, para disfarçar. Logo Luka, Max e Chris chegaram e sentaram enchendo seus copos de sucos e continuaram a conversar e nos ignoraram, Micah e eu nos olhávamos em expectativa e nada. De repente as garotas chegaram e antes que falássemos alguma coisa, os rapazes empurraram seus copos com suco para elas, e se serviram de outros. Em Durmstrang quando uma jarra de suco vai chegando ao final, basta bater com a colher na mesma que ela se enche sozinha. Até tentei pegar a jarra para não aumentar o estrago, mas um cara do sétimo ano a pegou e distribuiu pros amigos. Não demorou muito e o efeito da poção se tornou visível por vários lugares do salão.

- Te amo Stanley... - gritou um garoto do 5° ano e sua resposta foi ouvida logo:
- Também te amo Viggo... - e caímos na risada quando ouvimos a resposta do garoto do 6º ano, enquanto os dois corriam para se abraçar e algumas meninas os olhavam chocadas, afinal eles eram “pegadores”.
- Estou com ódio deste exercício... Parece o Parker. Vou rasgá-lo depois de aperta-lo bem lentamente... - disse Nina e Annia tomou o papel da mão dela:
- Eu gosto dele, é tão cheio de números... Oi papel, você é bonito. Sim, tô falando com você, bonitão.
- É... Quem precisa de Aritmancia? Aquilo é um porre. – e Evie subiu na mesa gritando:
- Abaixo a Aritmancia! Abaixo os professores que nos oprimem... Abaixo avôs intransigentes... - e Annia estava picando o pergaminho em pedacinhos com os olhos vidrados:
- Bem me quer, mal me quer, bem me quer... Sim, sim John me quer e como quer... - e soltava risadinhas histéricas, enquanto ficava vermelha:
Vina depois de segurar a cabeça como se tivesse recebido um balaço e estremecer como se estivesse possuída, gritava a plenos pulmões em um lugar mais alto:
- Estou curada! Vejam eu estou curada de todos os males visíveis e invisíveis. Aleluia! Hare Krishna, Guti, guti. - e jogava para o alto seus comprimidos coloridos como se fossem confete.
Milla chorava e ria ao mesmo, e parecia apaixonada pelo mundo:
- Luka sabe que eu te amo? Você é tão bonito... Iago, você é tão forte... Quero você também... Vamos formar um trio? Hey, professor Skoblar, tem lugar pra você também, você é muito gato. Miau! – e fazia barulhos como um gato ronronando, e mostrando as garras. Iago tinha lágrimas nos olhos de riso, mas procurava ajudar ao professor de DCAT que tentava tira-las de cima da mesa.
Um garoto do sétimo ano, agarrou a professora Mariska e ela tentava solta-lo sem machuca-lo mas ele aprecia um polvo, e falava coisas melosas:
- Mira, você é a mulher da minha vida... Vamos embora meu amor, sei que você me ama e que nosso amor é incompreendido, mas eu serei seu cavaleiro de armadura reluzente... e começou a cantar alto uma musica criada por ele:
' Você me amaaaaaaaaa, você me queeerrrrrrrr, só eu te chamo de meu amorrrrr... ' o salão ao ouvir aquela musica bizarra explodiu em gargalhadas e a professora ficava cada vez mais irritada com as tentativas do polvo em segura-la ate que lançou um feitiço do corpo preso nele.
Os três patetas resolveram soltar os bichos e era engraçado os vermos imitando macacos, com direito a briga por bananas imaginárias. Logo jogavam comida uns nos outros.
Max teve seu momento cérebro e gritou levantando a camisa:
- Nós vamos dominar o mundo. ´Somos os maiorais, ousem nos enfrentar escória”.Rátátátátá! - devia estar com uma metralhadora imaginaria na mão.
Luka parecia estar em outra dimensão, pois ficava dizendo:
- Vim em paz volcanos... A paz do universo será mantida... Sim capitão Kirk, o senhor é muito bom... É o meu herói. **
De repente um garoto do primeiro ano começou a engasgar e pareceu perder o ar. Olhei para Micah e nos aproximamos dele que ia ficando arroxeado:
- O que ele tem?? Não sei...
- Garoto o que foi que ele bebeu??
- Ele bebeu o suco de abóbora como todo mundo.
- Ele tem alguma alergia?
- Tem a cogumelos...
Não pensamos muito. Seguramos o garoto um de cada lado e o levamos para a enfermaria. Ao chegar já fomos dizendo:
- Cogumelos alucinógenos.
A enfermeira, rapidamente o recolheu nós voltamos para o salão a tempo de ver os três patetas imitando os macacos do ‘não vejo, não ouço e não falo’.
Poderíamos ate rir, se o diretor da escola não marchasse decidido em nossa direção e junto dele o professor de educação física.
- Minha sala senhores. Agora!
- Vocês têm algo a nos dizer senhores McGregor e Wade?
- A escola está transbordando de amor hoje?- respondeu Micah e eu tossi para disfarçar uma risada e fiquei calado.
- Rapazes, sei que é divertido pregar peças nos colegas, mas vocês foram longe demais. Podiam ter matado um aluno.
- Há alguma prova contra nós senhor? Ou o senhor está especulando?- perguntei.
- Os elfos disseram que os viram na cozinha, esta manhã.
- Muita gente freqüenta a cozinha, afinal lá tem comida. - respondi e vi uma veiazinha azulada pulsar na testa do diretor e ele disse:
- E já que a ficha pregressa de vocês é cheia de anotações e vocês não estão negando, presumo que meu palpite esteja certo. Agora preciso pensar em uma detenção bem “animada” para vocês. Afinal todos precisam de diversão não? Alguma sugestão Maddox? – e vi o olhar astuto do professor:
- Deixe a detenção deles sob minha responsabilidade, diretor. Garanto que será uma boa punição. - e após o diretor concordar saímos da sala acompanhados pelo professor que disse:
- McGregor, Wade. Quero vocês no campo de trancabola, após o treino.
- Eu vou poder treinar?- perguntou Micah.
- Claro que vai meu jovem, e saiba vou exigir muito de você. Quero a roupa bem suja.
- Eu tenho treino de quadribol.- disse esperançoso.
- Eu sei McGregor, vai terminar no mesmo horário que o do time de trancabola, portanto anda de atrasos.
Vimos quando ele falou com o capitão do time da minha casa e com alguns jogadores do time de trancabola. E nenhum deles ousou nos contar o que ele havia dito. E as meninas ficaram de bico conosco o restante do dia, mas não era nossa culpa se elas têm fantasias estranhas e uma poçãozinha de nada as tira do sério, não é?

Após o treino daquela noite, encontrei Micah e o professor Maddox nos esperava com um olhar matreiro no rosto. Fez um sinal e o acompanhamos. Entramos no castelo, numa parte próxima da cozinha e vimos tachos enormes com água quente, varais de roupas e elfos correndo de lá para cá. Um dele, que parecia ser o encarregado se aproximou e nos levou para uma área mais afastada. Onde havia alguns tanques e o professor nos olhou:
- Hoje vocês lavarão os uniformes dos times de quadribol e de trancabola, e garanto senhores será inesquecível. Só poderão sair depois que tiverem lavado tudo.
E nos deixou lá olhando um para o outro.De repente uma portinha no teto se abriu e as roupas começaram a cair, e o que logo sentimos foi o fedor, aquele cheiro de suor de homem que não conhece água e sabão.
- De onde tiraram isso? É cheiro de gambá e cachorro morto. - disse Micah, segurando uma onda de náusea.
- Como podem feder tanto? Parece que nenhum deles toma banho há anos. E olha este barro grudado nas vestes... Tavam no chiqueiro? - resmunguei.
Após um longo tempo, ouvimos a porta se abrir e vozes conhecidas chegaram até nós:
- Olha aqui Ty, precisa de um uniforme de criada. (e jogou um uniforme preto com rendas trouxa). Acho que vou chamá-lo de Anastácia... Não sei o nome da gata borralheira. - disse Annia e riram.
- Guarde-o Annia, se a saia for bem curta pode deixar John doidinho.- rimos quando ela me mostrou a língua.
- Micah, vou contratar seus serviços de doméstica, sabe que fica uma gracinha?- provocou Evie e Micah respondeu:
- Só se fizer parte do trabalho dormir com a patroa. - e rimos porque Evie ficou vermelha e resmungou:
- Idiota.
Vina tapava o nariz e dizia:
- Depois vocês vão demorar uma semana para se desinfetar, que lugarzinho mais cheio de bactérias. - e ameacei encostar a mão nela que se afastou soltando gritinhos. Milla nos olhava rindo e eu disse:
- Já afiou as garras tigresa? Rrraaauuuuu. - e Milla após me olhar de olhos franzidos deu risada respondendo:
- Vocês arrumaram alguns inimigos hoje.
- Bem, então ta na hora de começar a distribuição de senha, todos serão atendidos. - respondi rindo. Logo as meninas começaram a contar tudo o que sentiram e fizeram uma promessa:
- Algum dia, nós vamos pegar vocês. - olhei para Micah e respondemos:
- Só quando os porcos voarem! huahuahuahua.

Wednesday, January 16, 2008

Evie estava sentada com as pernas cruzadas em posição de yoga em cima de um dos diversos bancos dos jardins enquanto Micah estava de pé de frente para ela, contando sobre seu teste para o time de trancabola. Embora a riqueza de detalhes sobre a pancadaria no relato dele fosse demasiada desnecessária, ela não se importava. Do contrario, a fazia rir. Sentia-se cada vez mais relaxada quando estava perto dele, que até as piadinhas e insinuações não a incomodavam mais.

‘Então um garoto da Mannaz surgiu do nada, literalmente voou em cima de mim, mas ao invés de tomar a goles da minha mão, me deu uma cabeçada’ Dizia imitando o ataque surpresa ‘Depois disso não lembro mais nada. Acordei na enfermaria com uma tremenda dor de cabeça e ele tava apagado na cama do lado’

‘Mas então você não passou nos testes?’ Ela interrompeu a narração dele ‘Não é justo! Esse menino louco te ataca e prejudica sua chance de passar?’

‘É por isso que gosto de você, Anna Pavlona. Sempre disposta a brigar pela causa dos amigos’ Disse rindo ‘Mas fique tranqüila, eu passei assim mesmo’

‘Será que você pode parar de me colocar apelidos?’

‘Por quê?’ Ele parou de andar e cruzou os braços, como se estivesse irritado ‘O Peter Pan não quer?’

‘Eu também gostaria muito que você parasse de falar do Chris com esse tom de voz debochado’

‘Ok, a partir de agora só chamo você de Evi. Está bom assim?’ Falou abrindo os braços, impaciente.

‘E quanto ao Chris?’ Evie queria testar a paciência dele

‘Aí você já está querendo demais! Um desejo por vez, não sou um maldito gênio da lâmpada pra atender mais de um. E você nem esfregou a lâmpada!’

‘Já entendi’ falou ignorando a insinuação e se esforçando para não rir ‘Seus modos são como uma doença. Tem que curá-los aos poucos. Essa vai ser minha meta para esse ano’

‘Já passou pela sua cabeça que o motivo de toda a implicância do Peter Pan comigo é ciúme de você?’ Ele disse sorrindo e se aproximando mais ‘Ele acha que temos um caso, ou o que seja. E não é o único que pensa assim aqui na escola’

‘Chris não tem ciúmes de mim com você, isso é besteira. Somos só amigos, ele não tem motivo para isso’

‘Quando disse que são só amigos, estava se referindo a mim ou a ele?’ Micah perguntou provocando

‘Ele’ Disse série, mas logo acrescentou ‘E você também, serve para os dois. Chris e eu somos amigos desde crianças, nunca vamos passar disso’

‘Ouch, por que não acerta logo um soco nos países baixos dele? Vai doer menos que essa afirmação’ Evie riu e ele se aproximou mais ‘Mas também não entendo essa inquietação dele comigo. Ele não arrumou uma namorada nas Olimpíadas?’

‘Não, ele não tem namorada. Se tivesse, eu saberia. Contamos tudo um ao outro’ Embora afirmasse, não tinha mais tanta certeza assim

‘Tem certeza que contam tudo mesmo?’ Ele riu e se aproximou ainda mais, encarando-a bem de perto

Ela não respondeu dessa vez. Não tinha certeza há algum tempo, pelo fato de que ela mesma andara deixando algumas informações de lado ao conversar com o melhor amigo. Micah agora estava curvado em cima de Evie e a única coisa impedindo que ele caísse sobre ela era o fato de suas mãos estarem apoiadas no banco, de maneira que ela estava cercada e não tinha como sair dali a não ser escorregando por entre as pernas dele. Seus rostos estavam a centímetros um do outro e ele sorria de um jeito malicioso. O mesmo sorriso que a fazia querer sorrir também, e dessa vez Evie não conseguiu controlar o impulso. ‘Droga’, ela pensou. Tudo que ela menos queria era que Micah notasse o quanto ela ficava vulnerável ao seu jeito de sorrir pra ela.

‘Eu poderia beijar você agora, sabia? E você não teria nem pra onde fugir’

‘Sim, eu sei’ Ele estava testando-a e Evie resolveu participar do jogo ‘Mas você não faria isso’

‘E como você pode ter tanta certeza assim?’

‘Porque você pode não respeitar as outras meninas, mas não faria nada comigo a força’

‘Você não me conhece tão bem assim pra saber’

‘Conheço sim, e sei que esse fato lhe irrita profundamente. E sei também que se você me beijar, vai levar uma detenção. Aqui é proibido, esqueceu? Só do outro lado dos muros’

‘Bom, não seja por isso! Quer que eu faça escadinha pra você pular primeiro?’

‘Não, estou bem confortável aqui no banco’ Ela se fez de sonsa e ele deixou escapar uma risada debochada

‘Olha garota, escuta bem o que eu vou te falar: o dia que você for minha, é melhor arrumar alguém pra entreter aquele seu irmão grudento, porque eu não vou deixar você sair de dentro daquela republica por uma semana’

‘Quanto a isso não tenho com o que me preocupar’ Evie o encarou retribuindo o sorriso debochado ‘Eu nunca vou ser sua’

‘Veremos’

Micah ainda ficou na mesma posição algum tempo, encarando-a, esperando a reação dela diante de sua certeza de que um dia ela seria só dele. Evie apenas deixou escapar um leve sorriso, mas que para Micah dizia tudo que ele precisava saber. Irritada com a demonstração grátis de fraqueza diante dele, ela o empurrou para o lado, encontrando espaço para sair. Micah se largou no banco jogando as pernas por cima de seu braço de madeira, encarando-a sorridente, vitorioso. ‘Droga’, Evie tornou a reclamar em pensamentos. Ela odiava quando ele a olhava com aquele ar de triunfo. A sensação que ela tinha quando ele fazia isso era de que estava invadindo sua mente, lendo seus pensamentos, e os usando contra ela. Decidindo não deixar ele a irritar, Evie se abaixou perto dele para pegar os sapatos e voltar pra republica. Ele colocou os pés em cima da bota para que ela não a pegasse.

‘Será que dá pra tirar a pata de cima da minha bota?’

‘Pata?’ Micah fingiu estar ofendido ‘Olha os modos, Anna Pavlona! Pede direito que eu removo meus pés’

‘Esquece, pode ficar com ela’

Levantando e tentando ao máximo não deixar transparecer a irritação, Evie saiu andando descalça pela neve, deixando ele com aquele ar de triunfo irritante estampado na cara. Por mais que aquilo a enlouquecesse, não ia dar o braço a torcer. E a bota estava velha, ela queria mais usá-la de qualquer jeito...

Tuesday, January 15, 2008

Era um início de noite como outra qualquer no povoado onde ficavam as repúblicas de Durmstrang. Na Spartacus, Reno combinava vários ingredientes para suas experiências alquímicas, enquanto Bram tirava um cochilo. Reno saiu rapidamente após guardar seus materiais para a reunião do Clube de Alquimia Avançada, que ele presidia. No caminho encontrou com Ty, que ia para uma de suas atividades noturnas.
- Ah oi, Ty. Como foi de ano novo? – Reno perguntou quando um alcançou o outro, meio desligado enquanto mexia em uma proveta.
- Foi demais. E almocei na casa dos Chronos no Natal, fui visitar o Seth, o Griffon e a Ártemis, minha afilhada, revi minha irmã e meus primos, aproveitei muito a festa de casamento de minha mãe, enfim tudo ótimo.
- Se tivesse me avisado, eu teria preparado algo para o Seth... Ando melhorando no preparo de venenos.
- Por que tanta rivalidade com o Seth? E caso não lembre, ele é meio-vampiro, um veneno não iria matá-lo. Talvez até o deixasse mais forte rsrs.
- Então eu conjuro algo para dar cabo daquele idiota depois. ¬¬
- Por falar em vampiros... O início do ano foi agitado para eles. Um vampiro, Hellion, que odeia os Chronos, tentou atacar minha irmã.
- Ah, a professora de Beauxbatons? O Griffon tem uma queda por ela.
- Sim, ela é professora em Beauxbatons, e como sabe que o Griffon tem uma queda por ela? Ele falou alguma coisa?
- Nem precisava. Eu vi a baba escorrendo da boca dele durante os jogos naquela escola. E como descobriu sobre o ataque aos Chronos? Minha mãe também foi avisada sobre isso.
- Sou amigo deles não? E eles avisaram a todos ligados à família. Hellion não tem escrúpulos, ele atacou inocentes várias vezes e fará de novo, então fui avisado.
- Por isso quer minha companhia é? Para te proteger? – Reno falou enquanto ria com sarcasmo.
- Ah, claro, como se eu precisasse da ajuda e sua proteção Kollontai.
- Claro que precisa. Um bebê como você ainda não sabe se cuidar, McGregor.
- Sei me cuidar melhor do que você...
Ficaram se provocando e rindo, quando Ty parou no meio da fala, com os olhos atentos. Por um momento ele pensou ter visto o mesmo brilho de alerta nos olhos de Kollontai, como se ele também percebesse algo. O treinamento que Ty recebera de seu Tio Alucard dizia que havia algo muito errado no ar. Como se uma nuvem negra e venenosa tocasse o chão.
Com espanto eles notaram que tudo estava negro ao redor deles, que sem notar haviam se afastado demais e saído do povoado. A escuridão parecia se intensificar ao redor deles, e quase podiam ouvir uma gargalhada. Ty sacou a varinha rapidamente, se pondo em posição de combate, os olhos varrendo a escuridão. Reno sacou a varinha também, ao mesmo tempo em que abria uma de suas provetas e despejava um líquido branco em suas mãos. Rapidamente ele também despejou o líquido nas mãos de Ty, que ficou sem entender, até o momento em que o líquido começou a brilhar, tornando-se uma fonte de luz. Reno esticou uma mão à frente, girando e apontando-a em diversas direções. Em uma das direções, a luz que saia da mão dele se tornou vermelha, e com um movimento rápido ele jogou uma pequena bola de vidro naquela direção. Ao quebrar a bola de vidro liberou um gás vermelho, e puderam ouvir um guincho quando uma figura humana surgiu diante deles. Seus olhos estavam vermelhos, e os caninos protuberantes a mostra. Ele urrava de raiva com a fumaça que o revelara e encarou os dois garotos:
- Então você estava se escondendo aí. – Reno falou sério, com a varinha apontada para o peito do vampiro.
- Não posso acreditar na minha sorte! Vim caçar apenas o jovem McGregor amigo daquela família nojenta e achei outra presa suculenta: Um Kollontai. – os olhos do vampiro piscaram de prazer enquanto ele sorria malignamente.
- Você só pode ser Hellion. O que quer de nós, seu verme? – Ty encarou-o sério, pronto para um ataque iminente. Sempre ouvira falar do vampiro que transformara seu Tio Alucard, e pela primeira vez estava diante dele.
- Como eu falei, McGregor. Sua família é uma grande amiga dos Chronos, então se não posso atacá-los, ataco aqueles próximos a eles. (e virou-se para Reno):
- Sua família também é próxima dos Chronos, Kollontai, eu pesquisei tudo sobre o passado de vocês. Não esperava encontra-lo tão cedo.
- Tenho certeza que não pesquisou nem metade, vampiro. – Reno falou com um olhar que misturou desprezo e raiva. Ty notou alguma coisa escondida no ar naquela conversa.
- Será, Kollontai? Sabe o que é melhor de atacar vocês aqui? Ninguém virá ajudar vocês! Não há amiguinhos, ou parentes. Por falar nisso, McGregor. Seu pai me deu muito trabalho antigamente, se não fosse por ele eu teria eliminado a família Chronos antes. Queria muito ter estado no ataque que o matou... Adoraria sugar o seu sangue antes dele morrer, quem sabe ele não imploraria para que eu o transformasse? Eu teria o poder de mantê-lo vivo.
Hellion soltou um sorriso maligno, tentando provocar Ty. Mas Ty havia sido avisado disso e se manteve calmo, ganhando tempo para Reno, que sem que Hellion notasse, fazia círculos no ar sutilmente com a varinha. Reno finalmente gritou uma palavra que Ty não reconheceu e atirou um frasco no ar onde ele estivera fazendo os círculos. O frasco ficou suspenso no ar alguns instantes antes de explodir em desenas de cacos, jogando um líquido vermelho no ar. Ty por instinto sabia o que fazer e com um floreio lateral da varinha, empurrou líquido magicamente para Hellion. O líquido o atingiu no rosto, e Reno acertou um soco no chão, segurando um frasco com o mesmo líquido. No mesmo momento o líquido no rosto de Hellion tomou vida própria e entrou pela boca do vampiro quando ele saltava sobre os garotos. Ty conjurou um patrono que atacou Hellion, enquanto lançava outros feitiços que aprendera em seus treinamentos, todos inspirados no fogo. Hellion uivava de dor, mas por algum motivo não conseguia se mover.
Ty e Reno tomaram posição para lançar um feitiço incendiário juntos aproveitando que Hellion estava paralisado. Porém algo os interrompeu quando uma pedra foi jogada contra eles, e foram obrigados a saltar. Quando se levantaram em prontidão, Hellion conseguira escapar e a ilusão desapareceu, e eles notaram que estavam próximos dos limites do povoado.
- Que droga! Onde é que ele foi?! – Reno xingou enquanto olhava em volta.
- Ele conseguiu fugir! E alguém o ajudou, mas quem?!
- Não sei, mas é melhor sairmos daqui antes que ele apareça de novo!
- Concordo, vamos rápido para a escola, aí você pode procurar sua mãe, ela precisa saber do atentado.
- Tudo bem. Eu nunca tinha ouvido falar dele, apenas minha mãe sabia dele e tinha me alertado apenas para ser cauteloso, dizendo que havia um vampiro a solta e que podíamos estar em perigo. Por isso preparei algumas coisas.
- O que você fez?
- Sangue. Usei meu próprio sangue e o transmutei em sangue de morto. Dizem que pode paralisar um vampiro. A nuvem que usei para achá-lo era também de sangue de morto, mas em forma gasosa. E você? Como sabe tantos feitiços?
- Recebi treinamento de auror do Tio Alucard, o pai dos gêmeos. Ele me ensinou dezenas de feitiços contra as Artes das Trevas.
- Que bom, isso ajudou muito, porque eu não saberia o que usar contra ele! Então copiei o feitiço que você estava usando.
- Eu preciso avisar aos Chronos e a minha mãe. Nunca imaginei que ele poderia me atacar e aqui, então outras pessoas podem estar em perigo! Meus amigos também!- disse preocupado:
- Ele me pareceu desesperado...
- É, percebi isso, mais um motivo para redobrarmos nossos esforços... Aliás, quero que me ensine este negócio aí do sangue. Precisaremos de proteção extra, já que ele pelo jeito não está sozinho.
- Isso é Alquimia Avançada, é demais para você, que nem consegue fazer o básico. – disse Reno presunçoso.
- Tá que não sou genial como você (disse fazendo uma reverência zombeteira), e eu não quero meus amigos sendo usados como isca. Preciso fazer alguma coisa.
Reno começou a pensar e após algum tempo disse:
- Está certo, ensino a você, mas aviso que não tenho a paciência da Annia.
- Certo, vou me esforçar. Mas vamos procurar sua mãe, agora você se tornou um alvo dele, apenas por estar comigo.
- Não, não foi por isso. Em alguma hora ele viria atrás de mim, ele mesmo disse isso.
- Por quê?
- Assuntos de família. - e foram para o castelo, cada um perdido em seus próprios pensamentos.

Sunday, January 13, 2008

O time principal havia voltado vitorioso de um jogo contra a Itália e eu estava no vestiário feminino, me preparando para voltar para a república após o treino do time, quando ouvi o som de vozes animadas. Olhei ao redor e vi uma pequena entrada de ar e o som vinha dali. Aproximei-me e parecia que aquela entrada de ar captava os sons do vestiário masculino e reconheci a voz de Luka e Max conversando com os outros garotos, não queria bisbilhotar, mas, que mal haveria de ouvir enquanto me trocava:
-... E as italianas são lindas. Quer dizer “Bellíssimas”. – disse Max e o som de beijo estalado foi ouvido, gerando algumas risadas... - ele continuou falando.
- Krum como sempre chamou a atenção, choviam garotas atrás dele, mas quem me surpreendeu foi Karkaroff, que ficou com a mais bonita, e olha que Luka estava de olho nela, mas ela preferiu a fera rsrsrs.
- há, há, há... E você que ficou sozinho Max? – respondeu Luka e todos riram mais ainda.
- Mas Karkaroff tem namorada. Não acho isso certo. - comentou um dos rapazes.
- Vários ali têm, mas o que os olhos não vêm o coração não sente, certo? - disse outro e arrancou risos.
- Esperem aí..., só o vimos conversando com a garota nada mais. - disse Luka e um outro emendou:
- Claro, eles poderiam estar trocando receitas de pizza... – riram e começaram a entoar uma musica elogiando os atributos masculinos, praticamente um grito de guerra de muito mau gosto. Desisti de ouvir aquilo e fui embora. Não conseguia me decidir se procurava Iago para brigar ou me sentia aliviada. Afinal, ele não era tão inocente assim... Cheguei na Avalon e havia uma coruja me esperando. Abri a carta e dei-lhe um biscoito para comer enquanto lia a carta, que já sabia que não era de Iago. Ele nunca fazia nada romântico:

‘Your lips were made for kisses so tender
I'm almost in love tonight
When we are close, my heart says surrender
I'm almost in love tonight

Sei que não tenho direito de te falar isso, só queria que soubesse como estou feliz por estar de volta...
L.’

Aspirei o perfume da rosa mais uma vez e guardei mais uma das cartas diárias de Luka, dentro de um dos livros de alquimia e deitei-me de barriga para cima e comecei a olhar o teto de nosso quarto na república. Minhas amigas já dormiam a sono solto e eu me via perguntando o que fazer, agora que os dias quentes e ensolarados ficaram para trás. Era hora de enfrentar os problemas, tomar decisões e arcar com as conseqüências...
o-o-o-o-

It's so strange he doesn't show me more affection than he needs
Almost formal, too respectful, never takes romantic leads
There are times when I imagine I'm not always on his mind
He's not thinking what I'm thinking, always half a beat behind
Always half a beat behind


Iago como acontecia nos últimos dias, estava preso em mais uma das reuniões de estratégia do time principal e só nos víamos na escola. Mesmo quando ele se aproximava e me dava um beijo era algo tão rápido e logo ele começava a falar sobre o time, e de seus planos para a seleção principal. Várias vezes eu o abracei, enquanto falava, e algumas vezes ele deixava de se preocupar com seus projetos e me perguntava o que me fazia estar triste e distante, e eu respondia que era apenas cansaço. Algumas vezes ao olhar para ele, percebia a dúvida naqueles olhos castanhos, mas ele se calava, parecia ter medo do que iria ouvir ou talvez não quisesse mesmo saber.

o-o-o-o-o-o--

- Você está me traindo com o Luka não é? - Iago perguntou irritado, e vi que ele segurava o meu livro de Alquimia na mão. Engoli seco.
- Não! Não estou te traindo com ele.
- Mas aconteceu alguma coisa... O seu jeito e isso aqui. - mostrou a carta de Luka.
- Ele... Nós... Nós nos beijamos.
O livro foi ao chão, quando ele socou a parede e pronunciou um palavrão. Eu me mantive firme, mas tremia por dentro:
- Foi apenas uma vez, quando estávamos brigados por causa da boate...
- Devia ter me contado...
- Estou te contando agora.
- Só por que não tem opção.
- Eu não queria magoar você... - e ele ergueu os cantos da boca em um sorriso irônico e perguntou:
- Você gosta dele?
- Não sei...
- E eu? O que você sente por mim?
- Gosto de você... Não quero te perder, mas não acho justo pensar em outra pessoa quando estamos juntos...
- Bem, isso encerra a questão: quem não quer agora sou eu. Até qualquer hora, Kovac.

Thought that everything was perfect,
Isn't that how it's supposed to be?
Thought you thought that I was worth it,
Now I think a little differently.
All i wanted was your
Love, love, love, love, love, love.

Pelos arredores do castelo, podiam-se ver grupos de alunos conversando e aguardando a hora do jantar terminar para irem até as salas para as aulas extras. Alguns alunos do sexto ano estavam conversando, e perto dali Micah e Ty, verificavam suas anotações de Alquimia com Annia quando viram a cara irritada de Iago e perceberam que alguma coisa ia mal, e ficaram alertas.
Iago vinha andando decidido e mal respondia aos cumprimentos que recebia pelo caminho. Olhou ao redor e localizou o seu alvo. Um garoto alto de cabelos e olhos escuros que ria de alguma piada contada pelos amigos. O grandalhão, se aproximou do garoto e com uma agilidade incrível, praticamente o ergueu do chão, o prensou na parede e apertou o seu pescoço com o cotovelo. Micah e Ty viram que os amigos de Luka iriam reagir e se aproximaram, com suas varinhas em punho, dizendo respectivamente:
- Paradinhos aí, libélulas. É assunto deles.
- Guardem a purpurina, a festa não é para vocês.
Max e Chris olharam de um para outro avaliando as possibilidades de enfrentá-los quando Luka disse:
- Não se envolvam. Isso é coisa minha. - Iago afrouxou um pouco o aperto e disse entre dentes:
- Não sei o que você fez, mas aviso: não a machuque.
- Ou o quê? Vai me bater para tê-la de volta?
- Não, mas vou ficar de olho em você. Não tente usa-la para me atingir. – ficaram se encarando por um tempo quando Luka disse provocando:
- Você se valoriza demais, Karkaroff. - e após mais uma troca de olhares raivosos, Iago o soltou, e quando ia embora ouviu as palavras irônicas de Luka:
- Diz o velho ditado: Quem não dá assistência, abre para a concorrência.
POW!
Ele deu apenas um soco, e saiu andando de volta para sua república, nem precisou olhar para trás, para saber que era seguido por seus dois amigos.



N.AUTORA:
Almost in love - Elvis Presley
Hate (I really don’t like you) - Plain White T’s

Wednesday, January 09, 2008

Depois de uma semana com o quente sol do Texas, curtindo ressaca e piscina, fomos enviados de volta ao castigante frio de Durmstrang: as férias de natal haviam, lamentavelmente, chegado ao fim. E já no retorno às aulas, algumas novidades. Agora todas às quartas-feiras à tarde teríamos aula de Educação Física com um professor grandalhão chamado Garo Maddox. Ele era intimidador, mas gente boa. Ao menos eu, que estava acostumado com esse tipo de aula na Califórnia, não sofri nenhum baque em sua primeira aula. Já as meninas, especialmente Evi, Nina e Vina, pareciam estar sendo torturadas por um carrasco, com direito a capuz e tudo. Vina em particular não nasceu para os esportes.

‘Muito bem, podem parar aqui!’ Maddox assoprou um apito alto e a turma cessou as voltas ao redor do campo de quadribol, parando em volta dele ‘Acho que para nossa primeira aula está bom, não é?’ Disse animado e concordamos. Evi, Nina e Vina tinham um palmo de língua pra fora

‘As aulas vão ser sempre assim?’ Nina levantou a mão quase sem forças ‘Correndo em círculos?’

‘Claro que não, hoje foi só um aquecimento’ Respondeu sorrindo ‘Semana que vem vamos praticar alguns esportes’ Nina fez uma careta de dor e Vina levou a mão ao peito como se fosse enfartar ‘E falando em esportes, queria fazer um comunicado: a quem possa interessar, estarei fazendo testes para montar um time de trancabola para competir com as escolas da Europa. Soube que Durmstrang teve um desempenho bom nas Olimpíadas, apesar do 4º lugar, e acho que com treino podemos ter um dos times mais fortes da Liga Européia Estudantil. Os que se interessarem basta me procurarem para deixar os nomes. O dia dos testes será pregado no mural de avisos da escola. Agora podem ir, ou se atrasarão para a próxima aula’

Deixamos o campo de quadribol comentando a aula e nos separamos das meninas para nos trocarmos nos vestiários. Não falei nada com os garotos, mas tinha gostado da idéia do time de trancabola. Não era nenhum profissional, mas tinha uma noção do jogo e até seria legal competir pela escola. Mostrar um pouco de espírito vermelho e vestir a camisa do Instituto não faz mal a ninguém, não é? Ainda tinha algum tempo livre até a reunião do jornal e fui procurar o professor. Ele se mostrou bastante entusiasmado por ter sido o primeiro aluno a se inscrever e ficamos muito tempo conversando sobre esportes bruxos. Já estava quase na hora da reunião e voltei ao castelo, mas o barulho de uma discussão no corredor do 5º andar me chamou a atenção. Era Evi e o irmão besta dela, Max. Parei no meio da escada para ouvir.

‘E qual vai ser a sua desculpa pra ele?’ Ouvi Max falar em tom autoritário ‘Papai estava furioso porque não apareceu’

‘Sabe Max, estou começando a não me importar com o que ele pensa’ Evi respondeu no mesmo tom. Não pude evitar sorrir ‘Se ele não se importa, porque vou me dar ao trabalho?’

‘Ele se importa sim, sua mal agradecida! Veio até aqui procurá-la e não lhe encontrou. Onde esteve? Pensei que tinha dito que ficaria na escola!’

‘Não é da sua conta pra onde fui durante as férias. Meta-se na sua vida!’ Ela respondeu com raiva ‘E ele não se importa não, pois se veio me procurar, parece que deixou o assunto pra trás quando não me encontrou aqui. Se estivesse realmente preocupado comigo, e não apenas em me repreender e sabe-se lá o que mais, teria acionado até o Ministro da Magia pra me localizar!’

Houve um silêncio momentâneo e não podia ver o que estavam fazendo. Era um silêncio até constrangedor, que foi quebrado pela voz debochada dela.

‘O que foi, Max? Está tentando encontrar uma justificativa pra ele?’ Ela riu ‘Não precisa ter esse trabalho, não vou acreditar de qualquer forma’

‘Não sei o que anda contando aos seus amiguinhos, mas aviso logo que é melhor parar! Se o vovô por acaso acreditar nas mentiras que você conta, vai acabar pagando um preço alto’ Max segurou o braço dela com força e saltei da escada para o corredor

‘Algum problema, Evi?’ Falei alto, encarando ele

‘Não, nenhum. Max já estava indo embora, não é?’ Ela puxou o braço da mão dele com força e deu dois passos para trás, parando perto de mim

‘Por que não se mete na sua vida?’ Respondeu me encarando ‘Isso é assunto de família’

‘Ora, mas você não gosta de se intrometer na vida dela? Com que moral cobra isso de outra pessoa?’ Respondi o desafiando

‘Parem, não vão começar a brigar aqui no meio do corredor!’ Evi se pôs entre nós dois ‘Max, vá caçar algo de útil pra fazer e me deixem em paz! Micah, vamos embora ou Georgia vai comer nosso fígado’

Max ainda nos fitou alguns segundos e eu já estava pronto para a briga, mas acabou virando de costas e descendo as escadas. Evi me olhou com um ar cansado e saiu andando pelo corredor sem dizer nada. Ficou calada durante toda a reunião do jornal, e nem mesmo contestou quando Georgia lhe delegou a pior matéria da lista. Apenas pegou o papel e foi para sua mesa sem reclamar. Deixei meus recortes sobre o campeonato de quadribol da escola em cima da mesa e caminhei até ela. Todos já estavam ocupados demais com seus artigos para notar qualquer movimento na sala.

‘Vai mesmo escrever sobre o problema com o excesso de neve?’ Sentei-me à mesa e ela olhou para cima para me encarar. Percebi que tinha os olhos vermelhos

‘Se é isso que ela quer, sim. Não estou com animo de entrar o ano batendo boca com aquela vaca’

‘Está tudo bem?’ Indiquei os olhos vermelhos dela e ela se ajeitou na cadeira ‘É por causa do Max?’ Ela balançou a cabeça negando, mas continuou me encarando muda ‘Ok, não quer conversar, tudo bem’

‘É meu avô’ Disse por fim ‘Ele está chateado porque não fui ao enterro da vovó e nem dei uma satisfação’

‘A morte dela ainda está muito recente, é normal ele estar assim’

‘Se você visse como ele me tratou não diria isso. Era como se eu fosse uma estranha. Estava diferente, distante. Ele-’ Ela cortou a frase e encarou a mesa antes de completar ‘Ele parecia meu pai’

‘Dê um tempo a ele, Evi. Seu avô é legal, só é um pouco rigoroso. Quando a dor diminuir, ele amolece’ Ela me encarou outra vez e deu um sorriso fraco. Senti que precisava mudar o assunto ‘Já contei que me inscrevi para os testes de trancabola?’

‘Olha só quem resolveu vestir a camisa da escola!’ Evi sorriu mais animada

‘Pois é, já que estudo aqui agora, não me custa nada defender as cores de Durmstrang de vez em quando’

‘Legal, Micah. Gostei’ Disse sincera ‘Acho que desviar um pouco as atenções do quadribol vai fazer bem à escola’

‘Também acho. E fora que trancabola é mais divertido! Os testes são semana que vem, vamos ver como me saio e quem mais vai aparecer’

‘E os testes do musical?’ Ela riu e percebi que queria me provocar ‘É no fim do mês, não vai mesmo participar?’

‘Claro que não’ Georgia apareceu na mesa com as mãos na cintura. Evi revirou os olhos e a encarou ‘Micah sabe que não tem a menor chance contra Alexsei. Aquele teste foi pura sorte. Agora que isso está esclarecido, que tal trabalharmos um pouco? Parvanov, quero sua matéria na minha mesa amanhã, pois como não é de muita importância, vou decidir se entrará na edição de acordo com o que escrever’

Evi bateu continência como um soldado com um ar de deboche na cara e o sorriso no rosto de Georgia tremeu levemente. Ela empurrou uma pasta grossa na minha mão, que logo percebi serem coisas para arquivar, e saiu da sala. Evi fez uma careta imitando ela falar e ri, caminhando até o armário de arquivo para começar a guardar aquela montoeira de papel. O poder estava subindo à cabeça da Barbie e estava na hora de reagir. Pode ser intuição minha, ou algo meio obvio, mas acho que poderia contar com o apoio da Evi para uma pequena rebelião na redação do Expresso Polar...
Quando fomos para o rancho onde seria a festa de casamento de minha mãe, não imaginei que fosse encontrar um lugar tão grande e tão cheio de diversão como aquele. Nós passávamos o dia na beira da piscina e meu novo irmão, aos poucos ia ficando á vontade conosco, claro que eu e meus primos falávamos coisas sem noção sobre nossas escolas, e ele achava tudo espantoso, mas depois Mary nos desmascarou, e ele apenas ria fingindo acreditar no que dizíamos. As irmãs de tio Logan chegaram para ajudar junto com os filhos, e as gêmeas Julliane e Beatrice estavam super animadas, e viviam agradando minha mãe. Claro, que depois de algumas horas lá, percebi o motivo de tanto agrado, mas quem sou eu para reclamar???

‘... Don't you no that there
Ain't no mountain high enough
Ain't no valley low enough
Ain't no river wide enough
To keep me from getting to you baby…’

Eu, Gabriel e Miyako cantamos o ultimo verso da musica agradecemos e liberamos o microfone do karaokê para outros que estavam animados para tirar a poeira de alguns clássicos do passado, e era cada coisa que chegava a arrepiar. Minha avó me espantou ao cantar ‘I don’t wanna miss you thing’, e eu optei por colocar a culpa na bebida, vovó agia como a típica mãe da noiva e parecia feliz por isso.
Mesmo com as coreografias de tia Yulli, tio Scott, e de minha mãe com tio Ben não me fizeram rir tanto quanto a apresentação de Evie, Nina, Vina, e Milla, que estavam tão bêbedas que cantaram ‘Lady Marmelade’ como se tivessem nascido no palco do Moulin Rouge, com direito a rebolados para lá de interessantes. Iago, Micah, Victor babavam ao mesmo tempo em que olhavam feio para os gritos e assobios dos convidados para elas. Parker se mantinha sério, mas era uma calma aparente, prestes a explodir. Reparando bem, faltava alguém naquele palco e era Annia. Comecei a procurá-la, e a vi alheia ao show das amigas conversando com John. E meu primo estava empenhado em conquistá-la.

- E porque você acha que os argentinos são tão bons no futebol???Você viu que eles roubam... São violentos.- dizia Annia.
- Não os vi roubando, os vi defendendo o campo, com garra. O jogo dos escoceses é igual, duro e violento. Mas você não entenderia uma coisa assim. – John provocou:
- Só porque sou mulher acha que não tenho opinião? - ela perguntou inflamada.
- Adoro suas opiniões, são interessantes como você.
*silêncio*
- Er...Hum... Não tente mudar de assunto... - e ele se aproximou mais, ficando bem próximo:
- Gosto de você.
- Também gosto de você... Você é legal e... - e ele tampou a boca dela com os dedos e perguntou:
- Quer fazer algo a respeito??
- Estamos numa festa e... - não falou muito, pois ele a beijou e a soltou olhando-a nos olhos, esperando alguma reação irritada. Mas tudo o que viu foi ela, continuar de olhos fechados e depois lentamente os abrir e dizer corada:
- Quero continuar o que estamos fazendo John. - deram-se as mãos e saíram da festa que demorou muito para acabar.

-o-o-o-o-

- O que faz aqui?- perguntei baixo para não acordar os outros que dormiam no quarto, após a festa.
- Porque você acha que estou aqui Ty??- Julianne perguntou baixo:
- Talvez queira brincar com fogo, mas aviso que pode se queimar.
- É o que eu espero. - e me mordeu no pescoço, deslizando a mão sobre meu peito.
- Você é louca!
- E você não? – sorrimos e o jeito foi pegar minha varinha e sussurrar apontando para as cortinas ao redor da cama:
-Abbafiato!
Após algum tempo, nos despedimos e fui tomar um banho, quando tentei voltar a dormir, ouvi a porta do quarto se abrir novamente e John resmungou de sua cama:
- Isso está agitado demais. Vou dormir na biblioteca.
Antes que eu acendesse a luz, alguém deslizou para baixo do lençol e começou a me beijar. Pelo perfume e o jeito, sabia que não era Julianne.
- O que quer aqui Beatrice??
- Você.
- Isso não está certo... Sua irmã...
- Não ligo e te garanto que nem ela... A menos você não tenha se recuperado... - disse após passar a mão na minha perna, e ameaçou se levantar. Segurei-a pela cintura e a beijei rude. Ela sorriu quando a soltei:
- E eu achando que você era do tipo gentil...
- É gentileza o que você quer? – perguntei.
- Não. - ela respondeu e se colocou por cima de mim com um olhar astuto. Sorri indulgente e inverti as posições, segurando seus braços acima de sua cabeça, enquanto ela arregalava os olhos surpresa, mas os fechou quando a beijei.


Dia seguinte

- Garotos, eu estou grávida!- foi o anuncio de minha mãe na hora que levantei depois de uma noite agitada. Abracei-a feliz, pois sempre quis ter um irmãozinho e Ethan estava sério na mesa, e mamãe perguntou, depois de lançar um olhar preocupado para Logan:
- Tudo bem Ethan?
- Sim. Parabéns. – e ele ficou empurrando a comida de um lado a outro no prato. Logo Brianna veio buscá-lo para irem conhecer o rio junto com Jack, o capataz e não o vi mais. Na hora do jantar ele comeu rápido e estava tenso, fiquei observando-o. Já passei pela idade dele, e sei que a gente sempre apronta, quando tá engasgado com alguma coisa.
Nesta noite, sem que as gêmeas soubessem troquei de lugar com Riven, não queria distrações, e fiquei aguardando.
Estava sentado na janela quando vi uma sombra pequena sair pela porta da frente. O segui e logo o alcancei:
- Está fugindo Ethan? – e ele parou assustado, mas empinou o queixo e disse:
- Vou embora e você não vai me impedir.
- Você não é um prisioneiro. Só queria entender o porquê – respondi e aos poucos ia me aproximando.
- Vão me mandar embora, e não vou para um orfanato. - e achei ter visto seu queixo tremer, mas ele continuou falando:
- Eles vão ter um bebê...
- Fugir não é a solução, e não sei se você lembra, mas mamãe é uma espécie de policial, te acharia rápido. – e ele começou a pensar no que eu disse e eu continuei:
- Tem alguma comida ai?- apontei para a jaqueta dele.
- Não.
- Como você quer fugir em um lugar cheio de lobos, durante a noite sem comida para distraí-los?- nesta hora ouvimos um uivo bem alto e ele me olhou agitado:
- Cara você ouviu isso? É um lobo de verdade.
- Sim, só espero que não seja um lobisomen...
- Ah eles não existem... Não é?- perguntou incerto.
- Hollywood, não tem idéias sobre criaturas fantásticas do nada. – e ele parou de andar e me encarou:
- Porque você não me deixa ir embora?
- Você é meu irmão, e tenho que cuidar de você.
- Não somos irmãos de verdade...
- Pra mim isso não importa. E com a chegada de nosso irmãozinho, mamãe vai precisar muito de você, eu vou estar na escola.
- Acho que eles nem gostam tanto assim de mim.
- Não? Minha mãe vive de olho para saber aonde você esta, e Logan o apresenta como filho para todo mundo, já pensou que eles fazem isso porque gostam de você? Olha sei que você passou por coisas ruins na vida, mas já parou para pensar que ter medo de se apegar a alguém é o mesmo que estar de volta ao inferno? Só poderemos ser sua família se você quiser. – ele ficou pensando e eu cheguei até a porta de entrada, olhei para ele e esperei.
Ele respirou fundo e se aproximou entrando na casa comigo, quando chegamos na cozinha, meus primos lá estavam sentados e faziam sanduíches, e até Gabriel e Miyako estavam no meio, Ethan me olhou curiosos, e eu disse levantando os ombros, enquanto me sentava:
- Cuidamos uns dos outros, é assim que somos. - e ele se sentou perto de Mary e ia ouvindo com atenção as brincadeiras que fazíamos entre nós. Algum tempo depois o fiz montar em minhas costas e o levei para a cama, e ele disse sonolento:
- Vou gostar de ser seu irmão. – e adormeceu.
Sorri, sabia que ele ficaria bem.

Sunday, January 06, 2008

‘Lembra daquele ano que você, Marcella e eu fomos ao desfile do St. Patrick’s Day vestidos de vermelho?’ Vlade perguntou rindo e eu quase cuspi o vinho.

‘Ohhh, se lembro! Todo mundo nos olhando como se fôssemos aberrações!’

‘Bom, e éramos! Em uma multidão verde, três pontinhos vermelhos. Rebeldes sem causa’

‘Ah, era meu aniversário. Gosto de fazer coisas inovadoras no meu aniversário’

Até algumas semanas antes do Natal, eu acharia impossível que uma cena como essa fosse acontecer tão cedo. A verdade, porém, era que eu e Vlade resolvemos passar uma borracha em todas as nossas discussões e agora nos divertíamos vendo antigos álbuns de fotos que ele tinha pegado na nossa casa de Dublin, e relembrando fatos da minha infância. Antes de eu entrar em Durmstrang.

‘Isso eu sei muito bem. Lembra naquele seu aniversário que você fez um balão flutuar com as mãos e aquela sua amiga trouxa, como é mesmo o nome dela (?), saiu correndo para longe de você?’

‘Lembro! Foi o aniversário de 11 anos, por que em setembro daquele ano eu fui para Durmstrang. Acho que o nome dela era Mathilda, ou alguma coisa assim. Não ia muito com a cara dela, de qualquer maneira. Toda cheia de mimos!’

Rimos e continuamos a ver as fotos em silêncio, ou vez ou outra mostrando uma e comentando sobre o momento em que foi tirada. Quando terminamos, Vlade serviu um pouco mais de vinho para cada um de nós e ficamos observando a lareira queimar.

‘Você e o seu namorado, hum... ’ ele começou depois de um tempo e deixou a frase morrer.

‘Terminamos. Aliás, como ele disse: “estamos dando um tempo”’ Completei por ele, me sentindo subitamente triste por me lembrar daquilo, mas não querendo transparecer.

‘Você gosta dele?’

‘Gosto. Muito’

‘Então por que vocês estão separados?’ Ele perguntou, mas continuou olhando as chamas.

‘Por que nenhum de nós ainda desceu do seu próprio orgulho para se desculpar. Ou talvez, ele nem goste mais de mim... ’ Minha garganta travou com aquela possibilidade e Vlade sorriu amarguradamente.

‘Acredito mais na primeira possibilidade’

Shadows fill an empty heart
As love is fading
For all the things that we are,
We are not saying
Can we see beyond the scars
And make it to the dawn?

°°°
No dia de Natal, Vlade me levou até a casa da Milla e passamos o dia lá. No começo, me senti na obrigação de ficar perto dele, mas depois ele e Yuri, o irmão da Milla, começaram a conversar assuntos burocráticos como trabalho, quadribol e notícias, que senti à vontade para ir até o quarto da Milla conversar com ela e Annia, que também estava lá.

No final do dia, me despedi de Vlade e fiquei por lá. Ty havia nos convidado para a festa de casamento da sua mãe, no Reveillon, e iríamos juntas...

°°°
A cerimônia do casamento foi tradicional e muito bonita. Acompanhada inclusive de quilos e quilos de arroz que um grupo de amigos da mãe do Ty lançava em cima deles, quando passavam por nós de mãos dadas, recém-casados. A festa, porém, estava sendo muito diferente do que eu jamais imaginara!

Uma mistura de country e rock estourava por todos os lados. Muitas pessoas sapateavam e pulavam na pista de dança, fazendo trenzinhos e cortando as mesas. Além disso, do outro lado, tinha karaokê e a bebida rolava solta para quem quisesse beber.

Evie e Micah, que não tinham tido um Natal muito feliz, agora se juntavam a outras pessoas e tentavam aprender a coreografia maluca. Não preciso dizer: sem sucesso algum! A coreografia maluca era antes de tudo... descompassada! Quando eles perceberam que não havia ritmo e nem ordem, começaram a sapatear e pular juntos.
Annia e Milla saíram atrás de Ben O’Shea, que hora ou outra passava por nossa mesa acompanhado de um outro cara L.I.N.D.O., rindo. Mais tarde, descobrimos que o outro homem era padrinho do Gabriel.

Falando em Gabriel e companhia, Miyako também estava lá. Ricard e ela estavam dançando, um pouco mais coordenados que Evie e Micah, mas mesmo assim sem qualquer compasso. Eu e ela estávamos nos esforçando a manter a maior distância possível uma da outra, e apesar do fato de Ricard ter me abandonado completamente, descobri que aquilo não me aborrecia mais. Nina e eu estávamos sentadas na mesa rindo e tecendo comentários sobre a festa e as pessoas em geral. Michael Parker até tentou tirá-la para dançar (sob um risada frenética do Chris), mas bastou Nina queimá-lo com os olhos e ele percebeu que não conseguiria.
E Victor... Bom, ele parecia muito bem. Bebia, dançava e conversava com os primos do Ty que ele havia conhecido nas Olimpíadas. Nem se quer olhava na minha direção.

‘Está tudo bem, Vina?’ Nina perguntou quando me surpreendeu encarando Victor, que estava de costas para mim, rindo abertamente. Sacudi a cabeça e desviei logo os olhos para outro lado.

‘Está. Tudo ótimo’ Respondi sorrindo, mas ela não se convenceu. Sabia que não estava nada bem.

Change the colors of the sky
And open up to
The ways you made me feel alive
The ways I loved you
For all the things that never died,
To make it through the night,
Love will find you.

°°°
O céu já adquiria um tom cinza pálido e a festa agora se limitava ao canto do karaokê. Muitos convidados, já bem “felizes” sob efeito do álcool disputavam o microfone e cantavam suas melhores melodias. Evie e Micah, ambos MUITO bêbados, haviam dado uma palinha cantando “The time of my life”, mas tirando eu, Nina, e talvez Michael Parker, todo o restante dos nossos amigos estavam bêbados demais para fotografarem com perfeição a cena.

Annia havia desaparecido. Milla e Iago dançavam ao som das cantorias. Até Nina parecia estar se divertindo, pois algumas primas do Ty se sentaram na nossa mesa, onde tínhamos uma melhor visão do palco improvisado, e conversavam conosco. Estávamos assistindo a mãe e o padrinho de Gabriel cantando “Ebony and Ivory”, quando senti um par de mãos agarrando meu braço. Era Victor.

Não disse nada, mas puxou minha mão e saiu me arrastando para longe. Paramos em um lado da pista de dança, já praticamente deserta, e ele ficou me encarando uns segundos. Eu tinha muitas coisas a dizer, mas estava esperando que ele começasse... Só não esperava o que veio a seguir: sem qualquer precedente, sem dizer uma única palavra, sem nem ao menos nos entendermos, ele me puxou pela cintura e me beijou com tanta vontade que não consegui tomar qualquer tipo de atitude. Senti tudo ao redor ficar silencioso e girar por uns segundos e envolvi meus braços ao redor do seu pescoço, correspondendo. Como disse Ricard uma vez: “vocês mais discutem a relação do que namoram!”, então, por que eu iria estragar aquele momento que eu entendi como nosso “entendimento não-verbal”?

What about now?
What about today?
What if you’re making me all that I was meant to be?
What if our love never went away?
What if it’s lost behind words we could never find?
Baby, before it’s too late,
What about now?

°°°
O dia 1° de janeiro amanheceu com muita ressaca no rancho, e um sol muito, muito quente. Estava sofrendo para sobreviver naquele lugar, mas me sentindo feliz. Eu e Victor não havíamos dito uma única palavra na noite anterior, mas estávamos juntos novamente e isso seria esquecido. Tudo seria apagado de nossas memórias, como se nunca tivéssemos nos “dado um tempo”.

‘Bom dia, Vina’ Ricard se sentou ao meu lado na grande mesa de café da manhã que havia sido providenciada na varanda.

‘Bom dia’ sorri. ‘Viu o Victor? Ainda está dormindo?’

‘Não. Se levantou bem cedo. Acho que foi conhecer os cavalos daqui... Ele estava animado com essa idéia. ’ Ele apanhou um pedaço de bolo enfiando quase todo na boca, depois me encarou levantando a sobrancelha. ‘Por quê? Aconteceu alguma coisa que ainda não estou sabendo?’

‘Várias coisas’ ri e ele começou a mastigar mais depressa. ‘Mas não precisa se desesperar. Antes vou conversar com ele e depois te conto tudo’.

Ele resmungou, mas eu já tinha levantado e me afastado em direção ao pasto. Não foi difícil encontrar Victor. Ele estava montado em um bonito cavalo negro e conversava com um homem que parecia ser peão. Quando me aproximei da cerca sorrindo e acenando para ele, o homem deu um tapinha no cavalo e Victor se aproximou.

The sun is breaking in your eyes
To start a new day
This broken heart can still survive
With a touch of your grace
Shatters fade into the light
I am by your side,
Where love will find you.

‘Bom dia, cowboy’ disse empolgada me levantando um pouco na direção dele e do cavalo. ‘Acho que se Atena soubesse que você está montando em outro cavalo, sentiria ciúmes’.

‘Bom dia, Lavínia’.

Foi a única coisa que ele disse. Em seu pior tom seco e direto. Percebi que alguma coisa estava errada.

‘Aconteceu alguma coisa, Vi?’ perguntei assustada. Ele sacudiu os ombros.

‘Eu que te pergunto! Pensei que estávamos separados’

‘Do que você está falando? E ontem à noite?’

‘O que tem ontem à noite?’

‘O QUE TEM? Você me beijou! Chegou à minha mesa, me puxou e me beijou! Pensei que já estava tudo bem!’

‘Eu... o que?!’ ele sorriu surpreso, mas não escondendo um tom de ironia.

‘Você não se lembra disso?’

‘É claro que não me lembro! Sabe por quê? Por que isso NÃO aconteceu!’

‘Você está querendo dizer que eu estou inventando isso?’

‘Não estou dizendo nada. Mas se a carapuça serviu... ’ ele disse alto e senti meu sangue ferver. ‘Olha, Lavínia. Vamos deixar tudo em panos limpos, ok? A única certeza que eu tenho é a que eu não te beijei ontem. Se você beijou alguém, me confundiu. Se você quer voltar a namorar comigo, por que simplesmente não fala? Você sabe que eu ainda gosto muito de você, mas se está esperando que eu tome a iniciativa dessa vez, está enganada’.

‘Foi VOCÊ quem me beijou!!! Arghhh! Você é um idiota!’

‘Ótimo. Você insiste nessa história! Alguém pode testemunhar?’

‘Mesmo que tivesse. Você está me acusando! Não sei o que vim fazer aqui. Você não me merece!’

Sai pisoteando e bufando de raiva. Estava tudo acabado. Prometi a mim mesma que nunca mais olharia na cara do Victor!

What about now?
What about today?
What if you’re making me all that I was meant to be?
What if our love it never went away?
What if it’s lost behind words we could never find?
Baby, before it’s too late,
What about now?

N.A.: What about now? - Daughtry