Quando fomos para o rancho onde seria a festa de casamento de minha mãe, não imaginei que fosse encontrar um lugar tão grande e tão cheio de diversão como aquele. Nós passávamos o dia na beira da piscina e meu novo irmão, aos poucos ia ficando á vontade conosco, claro que eu e meus primos falávamos coisas sem noção sobre nossas escolas, e ele achava tudo espantoso, mas depois Mary nos desmascarou, e ele apenas ria fingindo acreditar no que dizíamos. As irmãs de tio Logan chegaram para ajudar junto com os filhos, e as gêmeas Julliane e Beatrice estavam super animadas, e viviam agradando minha mãe. Claro, que depois de algumas horas lá, percebi o motivo de tanto agrado, mas quem sou eu para reclamar???
‘... Don't you no that there
Ain't no mountain high enough
Ain't no valley low enough
Ain't no river wide enough
To keep me from getting to you baby…’
Eu, Gabriel e Miyako cantamos o ultimo verso da musica agradecemos e liberamos o microfone do karaokê para outros que estavam animados para tirar a poeira de alguns clássicos do passado, e era cada coisa que chegava a arrepiar. Minha avó me espantou ao cantar ‘I don’t wanna miss you thing’, e eu optei por colocar a culpa na bebida, vovó agia como a típica mãe da noiva e parecia feliz por isso.
Mesmo com as coreografias de tia Yulli, tio Scott, e de minha mãe com tio Ben não me fizeram rir tanto quanto a apresentação de Evie, Nina, Vina, e Milla, que estavam tão bêbedas que cantaram ‘Lady Marmelade’ como se tivessem nascido no palco do Moulin Rouge, com direito a rebolados para lá de interessantes. Iago, Micah, Victor babavam ao mesmo tempo em que olhavam feio para os gritos e assobios dos convidados para elas. Parker se mantinha sério, mas era uma calma aparente, prestes a explodir. Reparando bem, faltava alguém naquele palco e era Annia. Comecei a procurá-la, e a vi alheia ao show das amigas conversando com John. E meu primo estava empenhado em conquistá-la.
- E porque você acha que os argentinos são tão bons no futebol???Você viu que eles roubam... São violentos.- dizia Annia.
- Não os vi roubando, os vi defendendo o campo, com garra. O jogo dos escoceses é igual, duro e violento. Mas você não entenderia uma coisa assim. – John provocou:
- Só porque sou mulher acha que não tenho opinião? - ela perguntou inflamada.
- Adoro suas opiniões, são interessantes como você.
*silêncio*
- Er...Hum... Não tente mudar de assunto... - e ele se aproximou mais, ficando bem próximo:
- Gosto de você.
- Também gosto de você... Você é legal e... - e ele tampou a boca dela com os dedos e perguntou:
- Quer fazer algo a respeito??
- Estamos numa festa e... - não falou muito, pois ele a beijou e a soltou olhando-a nos olhos, esperando alguma reação irritada. Mas tudo o que viu foi ela, continuar de olhos fechados e depois lentamente os abrir e dizer corada:
- Quero continuar o que estamos fazendo John. - deram-se as mãos e saíram da festa que demorou muito para acabar.
-o-o-o-o-
- O que faz aqui?- perguntei baixo para não acordar os outros que dormiam no quarto, após a festa.
- Porque você acha que estou aqui Ty??- Julianne perguntou baixo:
- Talvez queira brincar com fogo, mas aviso que pode se queimar.
- É o que eu espero. - e me mordeu no pescoço, deslizando a mão sobre meu peito.
- Você é louca!
- E você não? – sorrimos e o jeito foi pegar minha varinha e sussurrar apontando para as cortinas ao redor da cama:
-Abbafiato!
Após algum tempo, nos despedimos e fui tomar um banho, quando tentei voltar a dormir, ouvi a porta do quarto se abrir novamente e John resmungou de sua cama:
- Isso está agitado demais. Vou dormir na biblioteca.
Antes que eu acendesse a luz, alguém deslizou para baixo do lençol e começou a me beijar. Pelo perfume e o jeito, sabia que não era Julianne.
- O que quer aqui Beatrice??
- Você.
- Isso não está certo... Sua irmã...
- Não ligo e te garanto que nem ela... A menos você não tenha se recuperado... - disse após passar a mão na minha perna, e ameaçou se levantar. Segurei-a pela cintura e a beijei rude. Ela sorriu quando a soltei:
- E eu achando que você era do tipo gentil...
- É gentileza o que você quer? – perguntei.
- Não. - ela respondeu e se colocou por cima de mim com um olhar astuto. Sorri indulgente e inverti as posições, segurando seus braços acima de sua cabeça, enquanto ela arregalava os olhos surpresa, mas os fechou quando a beijei.
Dia seguinte
- Garotos, eu estou grávida!- foi o anuncio de minha mãe na hora que levantei depois de uma noite agitada. Abracei-a feliz, pois sempre quis ter um irmãozinho e Ethan estava sério na mesa, e mamãe perguntou, depois de lançar um olhar preocupado para Logan:
- Tudo bem Ethan?
- Sim. Parabéns. – e ele ficou empurrando a comida de um lado a outro no prato. Logo Brianna veio buscá-lo para irem conhecer o rio junto com Jack, o capataz e não o vi mais. Na hora do jantar ele comeu rápido e estava tenso, fiquei observando-o. Já passei pela idade dele, e sei que a gente sempre apronta, quando tá engasgado com alguma coisa.
Nesta noite, sem que as gêmeas soubessem troquei de lugar com Riven, não queria distrações, e fiquei aguardando.
Estava sentado na janela quando vi uma sombra pequena sair pela porta da frente. O segui e logo o alcancei:
- Está fugindo Ethan? – e ele parou assustado, mas empinou o queixo e disse:
- Vou embora e você não vai me impedir.
- Você não é um prisioneiro. Só queria entender o porquê – respondi e aos poucos ia me aproximando.
- Vão me mandar embora, e não vou para um orfanato. - e achei ter visto seu queixo tremer, mas ele continuou falando:
- Eles vão ter um bebê...
- Fugir não é a solução, e não sei se você lembra, mas mamãe é uma espécie de policial, te acharia rápido. – e ele começou a pensar no que eu disse e eu continuei:
- Tem alguma comida ai?- apontei para a jaqueta dele.
- Não.
- Como você quer fugir em um lugar cheio de lobos, durante a noite sem comida para distraí-los?- nesta hora ouvimos um uivo bem alto e ele me olhou agitado:
- Cara você ouviu isso? É um lobo de verdade.
- Sim, só espero que não seja um lobisomen...
- Ah eles não existem... Não é?- perguntou incerto.
- Hollywood, não tem idéias sobre criaturas fantásticas do nada. – e ele parou de andar e me encarou:
- Porque você não me deixa ir embora?
- Você é meu irmão, e tenho que cuidar de você.
- Não somos irmãos de verdade...
- Pra mim isso não importa. E com a chegada de nosso irmãozinho, mamãe vai precisar muito de você, eu vou estar na escola.
- Acho que eles nem gostam tanto assim de mim.
- Não? Minha mãe vive de olho para saber aonde você esta, e Logan o apresenta como filho para todo mundo, já pensou que eles fazem isso porque gostam de você? Olha sei que você passou por coisas ruins na vida, mas já parou para pensar que ter medo de se apegar a alguém é o mesmo que estar de volta ao inferno? Só poderemos ser sua família se você quiser. – ele ficou pensando e eu cheguei até a porta de entrada, olhei para ele e esperei.
Ele respirou fundo e se aproximou entrando na casa comigo, quando chegamos na cozinha, meus primos lá estavam sentados e faziam sanduíches, e até Gabriel e Miyako estavam no meio, Ethan me olhou curiosos, e eu disse levantando os ombros, enquanto me sentava:
- Cuidamos uns dos outros, é assim que somos. - e ele se sentou perto de Mary e ia ouvindo com atenção as brincadeiras que fazíamos entre nós. Algum tempo depois o fiz montar em minhas costas e o levei para a cama, e ele disse sonolento:
- Vou gostar de ser seu irmão. – e adormeceu.
Sorri, sabia que ele ficaria bem.