Friday, November 30, 2007

A chuva que caiu a semana inteira não dava trégua, e os pingos que batiam na janela eram tão grossos que faziam barulho. Terminava de arrumar minha cama ainda com sono e já me preparava para passar o sábado inteiro dentro da república refugiada da chuva quando um ponto muito preto do lado de fora foi crescendo vindo de encontro com a janela. A coruja bateu no vidro com violência e se deixou cair no parapeito.

Abri a janela apressada e peguei Morgan nos braços, em pânico. Minha coruja estava ensopada e parecia cansada e abatida da viagem. Peguei o envelope molhado da pata dela e a deixei ficar em cima da cama, no macio, até que estivesse seca outra vez. Mal consegui ler o conteúdo da carta devido ao estado em que ela se encontrava.

‘Evie,

Desculpe a demora em responder, mas não queria mandar Morgan de volta no temporal que caía aqui na Califórnia. Fiquei surpreso com o convite, mas feliz. Espero você no Café Cultural às 11hs.

Martin’

O pergaminho molhado ia se desfazendo na minha mão e tive que jogá-lo fora. Olhei o relógio do quarto, já eram 10:30, precisava ir ou me atrasaria. Usei o feitiço secante em Morgan e quando ela já estava seca e aquecida outra vez, deixei a república enrolada em casacos e encolhida debaixo de um guarda-chuva.

O caminho até o vilarejo não era longo, mas com o gramado da escola transformado em um lamaçal ficava difícil caminhar depressa. Então quando consegui chegar ao Café Cultural, Martin já me esperava do lado de fora. Ele estava de braços cruzados com um grosso casaco, tremendo de frio. Não pude deixar de rir. Onde ele mora é raro fazer frio, não estava acostumado.

‘Como consegue estudar aqui?’ Disse me abraçando ‘Estou congelando! E só estou aqui há 5 minutos’

‘Por que não entrou? Está frio aqui fora. Sua resposta só chegou hoje’

Entramos no Café e logo encontramos uma mesa vazia perto da janela. Pouquíssimos alunos de Durmstrang circulavam pelas ruas, mas alguns corajosos desafiavam o tempo e os guarda-chuvas para sair um pouco dos limites do castelo. Pedimos dois cafés e alguns biscoitos e ficamos nos encarando um tempo sem dizer nada. Martin foi quem falou primeiro.

‘Então, vai me dizer por que pediu para lhe encontrar aqui hoje, ou vou precisar puxar o orbe da mochila?’ Disse mordendo um biscoito. Ri ‘Fiquei sabendo que você e Josh terminaram’

‘Ah ele te contou então?’ Falei sem animo

‘Josh conversando comigo e se abrindo sobre sua vida pessoal?’ Martin falou rindo e ri também. Tinha feito uma pergunta idiota ‘Ele contou pra Margo, Kevin e eu ouvimos por trás da porta’

‘Que coisa feia, Martin!’ Fingi estar chocada ‘Espiando seu irmãozinho quando ele está se abrindo com a mãe de vocês’

‘Em minha defesa, não tive a intenção. Nem sabia o que estava se passando. Kevin era quem estava ajoelhado no corredor com um copo encostado no ouvido e me chamou’ Ele tomou um gole do café e me encarou ‘Mas não foi para isso que você me chamou, então desembucha’

‘Certo, vou direto ao ponto’ Parei de olhar as pessoas na rua e olhei para ele ‘Quero que você me conte tudo que sabe sobre Micah Sanders Wade’

Martin engoliu o café rápido demais ao ouvir o que disse e queimou a língua. Levou um tempo até se recuperar do acidente e me encarava surpreso, como se a última coisa que esperasse ouvir fosse aquilo. Esperei calada enquanto ele me olhava pensativo, e por fim terminou o café e se ajeitou na cadeira.

‘Estou surpreso, confesso. Não sabia que conhecia os amigos do Josh, ele nunca os apresenta a você’

‘Ele estuda aqui, foi transferido em Setembro. E ele e Josh não são amigos. Muito pelo contrário, se odeiam’

‘Verdade, não são amigos... agora’ Martin completou e me espantei ‘Mas já foram muito amigos, eram como irmãos. Arriscaria dizer que Josh e Micah eram mais amigos do que meu irmão é com o seu’

‘Como isso é possível? Vi o modo como os dois se olhavam durante as três semanas de jogos, e se aquilo não era ódio mortal, não sei o que pode ser’

‘Algumas coisas que aconteceram nas férias de Julho levaram os dois a romperem a amizade definitivamente’ Ele comeu outro biscoito e riu ‘E imagino que vá me pedir pra contar o que aconteceu’

‘Lógico. Quem sabe assim eu entenda porque Josh estava tão esquisito nas férias’

‘Bom, vou contar o que eu sei, pois não estava presente. Só posso contar o que ouvi, e pude ouvir as duas versões da história. Quando terminar, você tire suas próprias conclusões’

Concordei com a cabeça e encostei-me à cadeira ouvindo ele me relatar a história. Ouvi sem interrompê-lo me contar que Micah e Josh, junto com mais quatro amigos, se envolveram na morte de um garoto da idade deles. Uma brincadeira que saiu errado e resultou no afogamento do menino no lago. Martin contou que foi Micah quem empurrou o garoto, mas não tinha a intenção de jogá-lo na água, e sim apenas afastá-lo de Josh, que tentava enforcá-lo. Segundo ele, todos brigavam no barco e a situação saiu do controle quando o garoto mexeu com o pai de Josh.

‘Então um acusou o outro na delegacia para se livrar da culpa?’ Perguntei incrédula quando ele terminou

‘Não. Josh acusou Micah para se safar. Micah admitiu ter empurrado Ryan no lago, mas que não tinha intenção alguma de matá-lo, pois sequer sabia que ele não nadava. A única acusação dele contra Josh foi à de que ele era um mentiroso’

‘E quem você acha que contou a verdade?’

‘Honestamente?’ Martin desviou o olhar de mim um instante e passou a encarar a rua deserta ‘Acredito na versão do Micah. Josh saiu da história sem cumprir nenhum tipo de pena, e ainda teve a ficha limpa. Micah foi quem pagou o pato. Teve o nome fichado e forçado a fazer trabalho comunitário pelo resto do mês’

‘Mas não tinham outras quatro pessoas no barco?’ Se antes estava incrédula, agora estava indignada ‘Por que só ele pagou?’

‘Ele mesmo livrou a cara dos outros amigos. Assumiu a culpa sozinho, apesar dos protestos deles. Sabia que se alguém ali era culpado, era apenas ele e Josh. Mas Margo pagou um bom advogado para Josh, e no tribunal ele levou a melhor, deixando Micah levar a culpa sozinho’

Encostei-me à cadeira outra vez de braços cruzados e também passei a encarar a rua deserta. Vez ou outra passava alguém encolhido e ficamos assim, sem conversar, por um longo tempo. Martin sabia que eu estava absorvendo tudo que ele havia me contado e esperou até que eu falasse primeiro.

‘Tem outra coisa me incomodando’ Disse vaga ‘Será que Micah sabia que eu era a namorada do Josh?’

‘Isso não posso confirmar, pois não sei o que ele conversa com os amigos. Mas se ele nunca nem ao menos apresentou você a nenhum deles, é provável que não’

‘Às vezes penso que ele já me conhecia. É estranho, parece que ele sabe tudo sobre mim e só está aqui há três meses’

‘Gosto do Micah, ele sempre foi legal comigo, diferente dos outros amigos do Josh que freqüentam nossa casa’ Disse e tornei a encará-lo ‘Um dos motivos pelo qual Margo faz questão de ignorar que sou seu filho foi porque depus a favor de Micah no tribunal, contra meu irmão. Não achei justo o que Josh fez, ele teve mais culpa’

‘Também gosto dele e nos tornamos amigos, por isso queria entender algumas coisas’

‘Está sem saber o que fazer, não é?’ Falou rindo de leve ‘Sente que precisa escolher um lado, que não pode jogar pelos dos times, acertei?’ Concordei com a cabeça e ele riu outra vez ‘Se conselho fosse bom a gente vendia, mas vou lhe dar um assim mesmo: escolha sim um lado, mas escolha aquele que faz com que você se sinta melhor. Foi o que fiz, e descobri que foi a melhor coisa que poderia ter feito’

Sorri para ele, mas não respondi. Ele sabia que eu tinha entendido o recado e encerramos o assunto. Passamos parte da tarde conversando sobre os últimos meses e tudo que andava acontecendo. Já começava a escurecer quando deixamos o Café e a chuva dava indícios de que daria uma trégua. Martin me acompanhou até o portão da escola e nos despedimos antes dele desaparatar.

‘Gosta de passear na chuva?’ Ouvi a voz de Micah atrás de mim e me virei ‘Bom saber que é fácil agradar você’

‘Temos o mesmo gosto então’ Respondi parando para ele me alcançar ‘O que está fazendo aqui fora?’

‘Resolvi dar uma volta, espairecer um pouco’ Micah falou sério e depois riu ‘Como se eu tivesse muitos problemas... Está voltando para a república?’ Confirmei com a cabeça e ele estendeu o braço ‘Então se me permite acompanhá-la... ’

Fingi pensar um pouco antes de responder, mas sorri e segurei seu braço. A chuva agora havia parado por completo e voltamos pisando nas poças de lama pelo caminho, Micah fazendo questão de pisar com mais força para espirrar lama o mais alto que podia pelas minhas pernas. Havia entendido bem o que Martin tinha dito, e não parecia que teria dificuldades em escolher o meu lado, no fim das contas.

Thursday, November 29, 2007

das anotações de Ty McGregor

A chuva persistiu até o fim da semana, desanimando a todos de saírem, então o jeito era estudar ou ler enquanto se esperava por coisa melhor.
Micah estava escrevendo algumas cartas na escrivaninha e eu estava deitado na cama, tentando absorver um capitulo do livro de Alquimia, quando ouvimos uma batida na porta. Micah a abriu e disse:
- Que foi O’Shea?
- Visita pro McGregor. - e nesta hora Micah falou me olhando:
- Ty, sua mãe veio te visitar. - sacudi a cabeça negando, mas ele me ignorou e disse:
- Pode entrar senhora McGregor.
- Obrigada senhor Wade.
- Pode me chamar de Micah.
- Alex. – sorriram um ao outro e vi que minha mãe já havia arrumado mais um fã ¬¬.
- Vou estar lá embaixo. - ele avisou e nos deixou a sós. O ar afável de minha mãe para Micah desapareceu quando olhou para mim, e eu levantei irritado da cama e a encarei:
- Não a convidei para vir aqui.
- Precisamos conversar Tyrone.
- Quer falar o quê? Que meu pai mal esfriou no túmulo, você arrumou um amante? É mesmo uma...
Paft!
Minha cabeça foi jogada para trás com o impacto da bofetada.
- Você me bateu! - resmunguei sentindo o rosto arder.
- Devia ter feito isso quando você me envergonhou na frente de nossos amigos, e vou bater de novo se você não calar a boca e me ouvir. Sou sua mãe, exijo respeito.
Eu estava em choque. Minha mãe nunca levantou a mão para mim e para minha surpresa ela batia forte.
- Ty, eu mais do que ninguém queria ter morrido no lugar do seu pai. – senti um aperto no peito quando ela falou isso, mas me calei.
- Sabe... Tudo o que houve foi porque eu decidi alguns anos atrás salvar meu marido da morte certa numa missão de captura de comensais. Naquele dia tivemos muitas perdas de ambos os lados, e por causa de uma vingança que deveria ter sido dirigida a mim, nossa família pagou um alto preço. Amei seu pai por praticamente toda a minha vida, cresci com ele, brinquei, chorei e sorri com ele, então não me venha falar que eu o esqueci. Ele sempre vai estar dentro do meu coração e se isso não for suficiente basta olhar para a melhor coisa que ele me deixou. – e ela me encarou séria, daquele jeito que faz você querer se enfiar embaixo da cama de vergonha. Engoli seco.
- Isso esclarecido, vamos ao outro ponto: Você sempre soube que eu e Logan tivemos uma história no passado, nunca escondi isso de você não é? – e sacudi a cabeça afirmativamente.
- Estar com Logan, me fez perceber o quanto eu ainda posso amar alguém sem esquecer do seu pai. Eu não vou discutir com você sobre isso, assim como não discutirei com a família a minha decisão. Aliás, eles já sabem sobre o Logan e sua avó o aprova. Achou muito corajoso de nossa parte.
Fiquei sem reação por alguns instantes, mas empinei o queixo teimoso:
- Para mim é uma traição, e não coragem. Você deve ter se esquecido o que significa coragem.
- Não seja injusto. Eu sei muito bem o que é coragem. Como sei o que é amar alguém e ter coragem de enfrentar o mundo pela pessoa amada, isso você não sabe.
- Não diga que não sei o que é amar alguém...
- Você pensa que sabe é diferente. Na primeira dificuldade com a Rory, você optou por desistir dela, isso não é coragem é medo. Ok, você havia acabado de perder o seu pai, mas você sequer a ouviu, Ty. Julgou e deu a sentença: culpada. Hoje olhando para trás será que você não se precipitou?
- Pela omissão dela, meu pai está morto. – resmunguei.
- Não nego isso, e ela vai carregar isso para o resto da vida, mas as pessoas podem se arrepender. E a morte não chega para ninguém antes da hora, você sabe disso. – concordei com a cabeça e vi que ela estava perto o bastante para um abraço, mas nossa conversa ainda não havia acabado.
- Logan está disposto a ir embora da minha vida para sempre para que você volte a falar comigo, porque sabe o quanto eu amo você filho. Ele adora você, e acredita que você sente a minha falta como eu sinto a sua, e não quer nos ver separados por causa dele.
Mas sabe? Eu disse a ele que isso não seria justo, não fizemos nada de errado. E se você aprendeu alguma coisa com o seu pai, vai deixar de bancar o moleque mimado e agir direito conosco. – e quando ela tornou a falar sua voz, era quente, macia.
- Eu me apaixonei pelo Logan, Ty. Não vou dizer que o amo mais que a seu pai, porque não dá pra medir o amor, mas sei que ele me faz sentir viva, feliz e não vou abrir mão dele. Já perdi o homem que eu amava uma vez, e ninguém nem mesmo você sabe a dor que passei, então não tem o direito de expulsar o Logan da minha vida, porém não posso obrigar você à aceita-lo, mas pelo menos pense sobre isso. - ela virou-se para ir embora, mas a segurei pelo braço e a puxei para um abraço apertado.
- Mãe me perdoa?Eu fui um idiota, grosseirão, mimado, egoísta, arrogante, e não tem nada de que me arrependa mais que ficar sem falar com você este tempo. Quero me desculpar com tio Logan também, ele sempre foi legal comigo. – ficamos abraçados por um tempo quando eu disse:
- Acho que devíamos descer. Pega mal ficar abraçando a minha mãe no meu quarto, como um bebê.
- Ah sim, claro, você tem uma reputação a zelar. Sei como é, T.J. - imitou o sotaque carregado de Julianne e demos risada.
- E mãe...
- Uum?
- Você bate bem. - elogiei.
- Aprendi com o melhor. - ela respondeu sorrindo.
Descemos e conversamos por um tempo, antes de nos despedirmos, peguei um casaco e um guarda chuva e fui procurar alguém que me emprestasse uma coruja. Precisava escrever para Went em Beauxbatons e descobrir onde Rory estava estudando. Era hora de resolver isso na minha vida, se eu quisesse seguir em frente de verdade.

A volta para Durmstrang estava sendo muito pior do que eu esperava. Ou desejava. Por mais que já se passassem quase duas semanas, todas as minhas amigas contavam rindo as histórias das Olimpíadas. Ou relembravam as competições em que ganharam medalha de ouro.

Eu, ao contrário, voltei para o castelo sem medalha de ouro, sem histórias engraçadas para contar, sem namorado e sem Ricard para desabafar. Tirando o fato que meu olho ainda estava um pouco inchado em função da briga... Resumindo: só queria que aquelas três semanas fossem esquecidas o mais rapidamente possível.
Na quarta-feira, uma chuva persistiu em cair o dia inteiro obrigando os alunos a circularem pelos jardins embaixo de capas de chuva, e mesmo assim, chegando ensopados para todas as aulas.

Estávamos na Estufa Imperial, e eu havia acabado de liberar todos. Evie se despediu apressada e correu para a reunião do jornal. Nina me ajudou a limpar os balcões, que estavam cheios de bosta de dragão, e além de nós duas só havia uma única pessoa: Naveen. Mas alguma coisa muito estranha estava acontecendo com ele. Geralmente ele era MUITO participativo nas reuniões. Até demais. Dava palpites, se atropelava para responder coisas que nem se quer tinha perguntado... Mas naquele dia, ele entrou calado e permaneceu calado até o fim. Quando Nina puxou a capa e saiu correndo da estufa para evitar o máximo de pingos que pudesse, me aproximei dele.

‘Oi...’ disse me sentando ao seu lado e sorrindo. Ele levantou os olhos para mim e forçou um sorriso.

‘Oi’

‘Está tudo bem com você? Não disse nada na reunião. E está com uma cara péssima’

‘Está tudo sim, obrigado’ ele respondeu meio seco, meio educado. Fiquei calada e apenas balancei a cabeça. Ele se levantou e vestiu sua própria capa.

Vesti a minha também e preparávamos para sair da estufa quando a chuva engrossou de maneira tão inesperada que me assustei. Os pingos batiam com violência ao nosso redor, e o chão da estufa tremia.

‘Maravilha... Esqueci meu guarda-chuva e ainda tenho clube de astronomia hoje!’ Soltei, mais como um pensamento alto do que como um desabafo. Naveen se adiantou.

‘Posso te dar uma “carona”, se quiser...’ ele disse e abriu o guarda-chuva, suficientemente grande para caber nós dois. Olhei em dúvida.

‘Não, não precisa, obrigada. A república não fica muito longe daqui...’

‘Ou seu namorado poderia achar ruim te ver comigo, não é?’ ele perguntou com simplicidade. Senti um gosto amargo na boca.

‘Não tenho mais namorado. Terminamos nas Olimpíadas...’ respondi depressa, como se quisesse me livrar do fardo. Naveen pareceu interessado. ‘Ah, e se quer saber, vou aceitar sim sua companhia. A chuva está muito forte.’

Saímos juntos da Estufa, e Naveen abraçou minha cintura para que eu ficasse grudada do lado dele. Fomos correndo juntos em direção à república, tentando escapar das poças de lama. Quando chegamos a Avalon, nos precipitamos encharcados para dentro, respirando ofegantes. E rindo. Naveen sacudiu a capa e os cabelos, que já não estavam arrepiados como de costume, e sim caídos sobre os olhos, pingando. Puxei minha varinha apontando para meu uniforme e ordenei ‘secar’. Aos poucos, o uniforme ia se livrando da água, soltando vapores.

‘Acho que precisamos de um chocolate quente. Pegar chuva gelada pode levar a pneumonia!’ eu disse séria e Naveen riu, também secando o uniforme.

‘Bom, se você está dizendo... Não sou eu quem vai discordar! Já me contaram da sua fama na enfermaria.’

‘Tudo intriga. Eu só me sinto um pouco doente, de vez em quando. Só isso.’ Respondi constrangida, ele concordou sorrindo.

Fomos até a cozinha e preparei o chocolate, estendendo uma caneca para ele. Sentamos à mesa e ficamos uns minutos em silêncio.

‘Eu também terminei meu namoro.’ ele disse de maneira repentina, quebrando o silêncio. ‘Na verdade, foi Deborah quem terminou comigo... Disse que precisa de um tempo, que está precisando organizar as idéias. Eu a amo!’ ele exclamou e tomou um gole exagerado de chocolate. Eu estava me sentindo desconfortável. Aquilo era definitivamente um desabafo, e Naveen nem era meu amigo! Eu não sabia o que dizer. Até por que, enquanto ele me contava aquilo, o rosto de Victor não saía da minha cabeça...

‘Sinto muito’ foi a pior coisa a se dizer. Não tinha morrido ninguém! Mas foi a única coisa que saiu. Ficamos em silêncio um tempo, cada um encarando o fundo de sua própria caneca.

‘Tudo bem. Se depender de mim, esse tempo vai ser curto. Vou correr atrás dela, até ela se cansar de me dizer não.’ Ele sorriu amargurado.

‘Boa sorte então...’

Queria mudar de assunto imediatamente. Já estava me sentindo deprimida com aquele clima. Milla e Annia apareceram na escada, conversando e rindo. Pararam de chofre ao nos encontrar na cozinha, com um silêncio desagradável despejado em cima da mesa.

‘Vina? Você não vai para o Clube de Astronomia?’ Milla perguntou caminhando até nossa direção. Annia em seu encalço. Consultei o relógio: faltavam 20 minutos para começar. Naveen se levantou.

‘Vou indo nessa então, Vínia. Obrigado pelo chocolate.’ Ele sorriu gentil e eu retribui.

‘Obrigada pela “carona”. Ah, espero que você consiga...’

Ele balançou a cabeça, arrumou a capa, abriu o guarda-chuva e saiu da porta. Acompanhei seus pés sumirem pensativa, e Milla e Annia também. Quando a porta bateu, as duas ficaram me olhando interrogativas.

‘O que é?’

‘Pensei que você tivesse dito que ele era um imbecil!’ Annia disse enérgica.

‘Ele era... Quer dizer, é. Ah, sei lá. Acho que eu julguei cedo demais. Me parece ser simpático.’ Respondi me levantando. ‘Melhor nos apressarmos. Os jardins estão um rio, e temos 15 minutos para chegarmos na Torre de Astronomia. Nina e Evie já foram.’

‘Ainda não gosto da cara desse menino!’ Milla gritou enquanto eu subia correndo a escada para apanhar o meu guarda-chuva.

‘Ótimo. Acho que ele também não foi com a sua cara, Milla...’ respondi rindo quando voltei ao patamar. As duas riram. Saímos desabaladas pelos jardins.

‘Será que está chovendo em Saturno também?’ Annia perguntou ao meu lado.

‘Se conseguirmos encontrar Saturno, embaixo dessa chuva, saberemos!’ respondi e apressamos o passo em direção às torres de Durmstrang.

Thursday, November 22, 2007

Das memórias de Ty McGregor

A festa da Lufa Lufa, era de longe a mais animada, pois através dos túneis era possível, ouvir o barulho e a agitação. Ele a levou para um lugar mais sossegado e com uma cara marota, e sem nem falar nada, a abraçou e aproximou os lábios devagar da boca dela. Como ela estivesse insegura e mantivesse a boca fechada ele disse paciente:
- Não precisa ficar com a boca tão dura Annia. Deixe seus lábios se moverem contra os meus.- ele disse paciente.
- Certo. - e mentalmente ela ia relembrando os milhares de artigos que havia lido sobre beijos. Mas as sensações eram totalmente desconhecidas, e ficou tensa quando ele a puxou mais para perto, para que ficasse totalmente colados um ao outro. Ele sentindo a hesitação dela, disse:
- Só quero sentir você mais próxima de mim. Não precisa ter medo... Ainda. - e riu quando ela arregalou os olhos, mas fez o que ele pedia, e ele sorriu. Quando ele terminou o segundo beijo, ela o olhou e perguntou:
- É normal tremer deste jeito?
- Algumas vezes sim... Vamos ver...
Novamente ele a beijou e sentiu o nervosismo da parte dela. Olhou-a nos olhos e ela tinha aquele ar de quem vai perguntar alguma coisa:
- O que foi Annia?
- Porque você está aqui comigo?
‘Pronto! Agora as coisas podem ficar complicadas... ’ – foi seu pensamento, mas ele a olhou e disse sincero:
- Porque você é minha amiga.
- Então somos amigos, mesmo nos beijando deste jeito? Não seria estranho?
- Devemos saber separar as coisas. Acho que amigos que sintam alguma atração podem ficar uns com os outros, sem perder a amizade. E você é especial para mim, quer me beije ou não. Para mim nada muda e para você? – ele pensou ter visto certo desapontamento nos olhos dela, mas foi muito rápido. Ela se aproximou mais e disse com o rosto próximo ao dele:
- Eu posso conviver com isso.
- Corajosa... Gosto disso. - ele disse antes de abaixar a cabeça para beijá-la.

o-o-o-o-o

Eu estava me despedindo de Juan, Jaeda, Julianne e Beatrice, os novos amigos que havia feito durante os jogos quando Declan passou feito uma bala do meu lado e John e Riven vinham no seu encalço.
- Hey, o que houve?
- Vou matar um cara de pancada. - respondeu Declan irritado e John completou enquanto andávamos:
- Ele quer bater naquele babaca de Durmstrang, o Ivanov.
- O que ele fez?
- Ficou com a Sophia, e estava contando vantagens.
- Sophia? – perguntei chocado.
Resolvi ir junto, brigar com Luka havia se tornado um bom passatempo e era difícil ver Declan nervoso. Não iria perder isso por nada.
Encontramos Luka junto com seus amigos, perto da delegação de Durmstrang e as meninas da Avalon estavam próximas, se preparando para partir. Micah se aproximou, talvez pressentisse problemas.
- Hey você! Porque estava falando da minha irmã?
- Porque ela é uma graça? Qual é o problema afinal? Estes jogos eram para “estreitar laços de amizade” e foi o que fiz com a sua irmã. - e ele e os amigos riram.
- Eu vou matar você! - e Declan tentou ir pra cima dele, e o seguramos, pois os amigos dele se fecharam em bloco. Pelo canto do olho vi Iago, Victor, Ricard se aproximando.
- Você não tem o menor senso Moe, é muito idiota, e merece ter a cara quebrada. - disse segurando Declan com Victor, e Riven segurava John com a ajuda de Micah.
- Ah é McGregor? Porque não larga o bebê e vamos resolver isso? Não sabia que você queria a priminha para você.
- Deixa de ser nojento Moe, Sophia acabou de fazer 14 anos. – e Luka arregalou os olhos em surpresa, mas logo se recuperou:
- Ela não age como se tivesse 14 anos. – soltei Declan e ia pra cima de Luka quando minhas primas chegaram e se meteram na frente:
- Pára com isso agora Ty. Quer que tia Alex coma o seu fígado?- disse Sophia.
- Você vai defender o babaca? Ficou falando de você. – perguntou Declan para Sophia.
- Eu fiquei com ele sim, por minha vontade. Ele não me obrigou a nada. - ela disse, e Luka estufou o peito, mas murchou quando ela continuou:
- Apostei com minhas amigas que conseguia ficar com um cara mais velho, e como seus amigos bonitos já são comprometidos, eu precisava de um otário egocêntrico e ele foi a bola da vez.
- Hey garota quem você pensa que é?- Luka perguntou nervoso e seus amigos já tinham sorrisinhos na cara. Todo mundo gosta de ver um cara metido a conquistador ser desmascarado. Sophia virou para ele e disse:
- Você não devia contar vantagens sabe? Porque basta inflar seu ego para você achar que tá arrasando e sinceramente você é uma mala sem alça. – e o riso explodiu ao redor dele, deixando-o vermelho.
- Luka que vergonha, caiu no truque da “garota descolada”? Tsc, tsc, tsc esperava mais de você. – disse e comecei a rir da cara feia dele.
- Ria enquanto pode McGregor. - ameaçou e saiu pisando duro, seus amigos foram atrás sem esconder o riso.
Virei-me para Sophia e perguntei:
- A aposta rendeu bem?
- Ganhei 4 galões, 25 nuques e 15 sicles. Nosso passeio nas férias, será por minha conta. - e meus primos assobiaram, e as meninas de Durmstrang ficaram pasmas, pois para elas essa mudança de humor tão rápida, era muito doido. Antes que falássemos mais coisas, minha mãe fez mais uma chamada para reunir os atletas, pois as chaves de Portal começariam a ser acionadas. Abracei meus primos pela última vez e nos separamos. Olhei para os lados de Luka e sabia que isso renderia gozações por muito tempo.

o-o-o-o-o-

Fui atrás de Gabriel e Miyako para me despedir mais uma vez, pois nossas delegações seriam as últimas a partir por serem as maiores, e ficamos conversando sobre tudo quando vimos nossas mães reunidas e conversando animadas. Caminhamos até elas sem fazer barulho e quando estávamos perto ouvimos o que minha mãe falava:
-... Foi fantástico. Nunca pensei que fosse dizer isso, mas acho que me apaixonei pelo Logan novamente. – riram e tia Louise e tia Yulli pararam de rir quando me viram:
- Mãe! – foi o que consegui dizer enquanto assimilava o que descobria.
- Ty...
- Meu pai acabou de morrer. Como você pôde?- disse quando minha mãe me olhou com um ar culpado, e me virei para ir embora. Mal dei 2 passos, quando ela me segurou pelo braço.
- Ty sempre amei seu pai, nunca duvide disso...
- Ele mal esfriou no túmulo e você já está com outro homem. - disse irritado, e puxei o braço.
- Alex o que está acontecendo?- era tio Logan e parecia preocupado.
- O que faz aqui?- mamãe perguntou assustada e ele respondeu após olhar para nós:
- Annabeth vai levar as meninas com ela. Voltei para ficar com você... Para ajudar... –explicou-se.
- Está tudo sob controle. Não estou precisando de nada agora Logan. – o tom de voz dela, o jeito que tio Logan olhou para as amigas de minha mãe...
- É você não é? Sempre rondou minha mãe, mesmo com meu pai vivo. Olhei para minha mãe, furioso, sentia-me traído.
- Você é...
- Olha o que você vai dizer garoto, ela é sua mãe. - disse Logan enérgico se aproximando e o vi fechar os punhos e eu fazia o mesmo. Nesta hora tio Sergei se aproximou e me puxou pelo braço.
- Está na hora de você ir para a escola Ty. Gabriel, Miyako vamos!
A última coisa que vi foi minha mãe com os olhos cheios de lágrimas e minhas tias consolando-a, olhando-me irritadas. Uma parte minha ficou triste em vê-la daquele jeito, mas a outra e mais forte, ainda sentia raiva, pois ainda era cedo demais para eu ter um novo “papai”. Quando cheguei ao navio da escola, abracei meu padrinho e meus amigos e subi direto para a nossa cabine. Quando os outros chegaram me encontraram lendo o Pasquim, e eu disse:
- Vamos jogar um pouco?- pela troca de olhares deles com Micah, sabia que o que me deixara irritado já era de conhecimento deles, mas entenderam que eu não queria tocar no assunto. E ficamos jogando, até que nosso barco aportou em Durmstrang. Afinal, o período de diversão havia acabado.

ENCERRAMENTO DAS OLIMPÍADAS – SALÃO COMUNAL DA LUFA-LUFA
Por Victor Neitchez e Ricard Dragash

Já estava quase amanhecendo em Hogwarts. Em poucas horas, voltaríamos para Durmstrang e para nossas rotinas de estudantes comuns, mas ninguém parecia disposto a sofrer isso por antecipação. Muito pelo contrário. O fim da festa de encerramento na Lufa-lufa demonstrou ser muito mais divertido do que qualquer outra coisa até aquele momento.

‘Vocês terminaram?’ Ty perguntou assombrado quando se juntou ao clube do bolinha. Ele e Annia tinham retornado ao Salão Comunal depois de umas horas de sumiço completo, e agora o atualizávamos da festa. ‘Caramba... E eu pensando que os fatos de Annia me agarrar, ou Micah dobrar a Evie já eram surpresas demais para uma única festa!’ Ele disse e virou uma garrafa de cerveja amanteigada.

‘Pois eu acho que você fez muito bem. A Vina precisa de um tempo para sentir sua falta, Victor. Ela vai sentir. Não se preocupe’ Ricard disse sério, também virando uma taça de whisky de fogo. Balancei os ombros. Não queria conversar sobre isso naquele momento... Na nossa última noite de festas. ‘Miyako e eu também terminamos. Quer dizer: se é que tínhamos começado alguma coisa, de verdade... ’ ele disse parecendo amargurado. Ty levantou os olhos.

‘Não me leva a mal não, Ricard, mas eu nunca achei que esse rolo de vocês fosse sério. São muito diferentes. E não me venha com aquela história de que “os opostos se atraem” por que nesse caso não conta. Miyako provavelmente ficaria maluca com essa sua mania de ter tudo sob controle, tudo dentro das regras. Entende?’ Ty disse em tom paciente, como se estivesse explicando para uma criança como funcionava o alfabeto. Ricard riu.

‘Ela disse exatamente a mesma coisa. E tem razão. Ou ela ficava maluca, ou eu ficaria. Ela é enérgica demais para mim... Mas vamos continuar sendo amigos. ’

Mal ele acabou de dizer isso e Chris Parker, Micah, Iago, Gabriel e Juan se aproximaram e se sentaram conosco. Todos rindo.

‘Podem parar a conversa por aqui, por temos uma novidade interessante para contar. ’ Chris disse, servindo whisky de fogo para todos.

‘Juan se mostrou bastante interessado por Nina alguns minutos atrás. Acho que não nos custa nada dar um “empurrãozinho” para essa história de amor, não é?’ Micah disse rindo e pegando a taça que Chris lhe estendia.

‘O “muchacho” está apaixonado pela Olenova! Dá para acreditar?’ Chris completou e eles riram. Juan também riu, mas provavelmente só para acompanhar.

‘Vocês estão brincando?!’ Ricard perguntou assustado. Olhou para Nina, que estava conversando de cabeça junta com as outras amigas.

‘Não! Estamos falando sério! Então... Vamos ou não vamos ajudar esse pobre mexicano a se socializar com “la bella chica”?’ Gabriel perguntou com os olhos brilhando.

Nos entreolhamos um segundo em silêncio. Juan também ficou olhando de um para outro, como se estivesse entendendo tudo. Era uma oportunidade de rir boa demais para ser desperdiçada.

‘Vamos. Claro que vamos. ’ Ty disse soltando uma gargalhada.

‘Se depender de nós, vai ser uma noite linda para os “pombiños”... ’ respondi também rindo.

‘E catastrófica para o seu irmão, Chris. Olhem lá como ele está cercando as meninas. ’ Iago disse sorrindo.

Olhamos para o outro lado do salão onde o Clube da Luluzinha também parecia estar reunido. Michael Parker estava ali perto e faltava babar enquanto não desgrudava os olhos de Nina. Chris fechou a cara com desgosto.

‘Eu ficaria tão orgulhoso da minha família se meus pais dissessem que sou adotado. Ou Michael foi encontrado no lixo... Panaca! Vamos logo começar com essa aula, por que não temos muito tempo... ’

Ele disse animado e em poucos minutos nós éramos professores e Juan, o aluno.

°°°°

Que bundão! Posso encoxar usted?’ Juan disse fazendo uma semi-referência para Ty, que estava representando Nina na encenação. Na mesma hora, caímos de rir enquanto Micah controlando as lágrimas batia nos ombros dele dando apoio.

‘Perfeito Muchacho!’ Ele disse estendendo o polegar. ‘Ela vai ficar doidinha em você pode acreditar’. Juan riu. Chris o puxou para perto e disse baixo.

‘Fala, dança, beija’ ele fez mímica apontando para a boca, depois fingindo uma dança e por último juntando as duas mãos como em beijo. Rimos. ‘Capiche?’

‘Isso é italiano, Chris. Mas acho que ele entendeu o recado...’ Iago disse pensativo.

‘Agora vai que é sua! Bota para quebrar, muchacho!’ Gabriel disse e deu um empurrão de leve em Juan, que se adiantou sem rodeios até Nina.

Claro que não pudemos escutar nada, mas ficamos todos observando atentos a cena. Juan chegou por trás de Nina e puxou seu braço. Ela se levantou parecendo assustada com a ação dele, e Michael ali do lado também se levantou esperando. As amigas também encaravam o mexicano, mas riam... Quando ele e Nina ficaram frente a frente, ele se aproximou dela até ficarem a apenas poucos centímetros um do outro e falou alguma coisa. Com certeza, a frase que o ensaiamos na última hora, pois as reações ali perto foram instantâneas: Michael se adiantou fazendo cara feia, Nina encarava Juan como se ele fosse um tipo de aberração, e as amigas dela se dobravam de rir nos pufes.

‘PARKER!’ Menos de um minuto depois, Nina gritou com ódio se afastando de Juan e das amigas e marchando diretamente para a nossa direção com o dedo apontado para o peito de Chris.

‘Pois não, Olenova?’ Chris respondeu tentando uma expressão de confusão, mas os olhos estavam molhados de lágrimas.

‘Quanta maturidade, Parker! Quanta maturidade! Usou esse pobre coitado como bode expiatório. Ele nem sabe o que está dizendo!’ Ela gritava e as meninas se levantaram e vieram correndo atrás dela. Todas engolindo as risadas. ‘Achei realmente muito engraçado!’

‘Não sei do que você está falando, Olenova. Quem é bode expiatório?’

‘Ninnys, está tudo bem...’ Michael se postou do lado dela já estendendo os braços. Ela deu dois passos para trás.

‘Se afaste, Michael. Não preciso de abraços agora. E POR FAVOR, NÃO COMECE A CHORAR?!’ Ela pediu suplicante e todos riram. Menos Michael, que realmente teve de engolir um par de lágrimas. Nina virou as costas e foi saindo da aglomeração, mas Juan agarrou seu braço ainda rindo.

‘Posso “encoxar” você?’ Disse com agilidade e se aproximou tanto de Nina que todos nós pensamos que ele iria beijá-la de verdade. Mas Nina foi mais rápida e pulou para longe parecendo chocada.

‘Parker...’ ela disse rangendo os dentes parecendo surpresa e irritada, ao mesmo tempo. ‘Eu juro que você me paga por essa!’

Se afastou indo em direção aos dormitórios. Micah gritou.

‘NINA! COITADO DO JUAN! NÃO VAI CONCEDER NEM UMA “ENCOXADINHA”?’

‘É Nina! Dá uma chance!’ Ty completou.

Ela lançou um olhar de derreter iceberg para todos e desapareceu no corredor. Nos sentamos chorando de rir. Vina, Evie, Annia e Milla esperaram um pouco até se recuperarem, e foram atrás dela. Juan se largou ao lado de Victor, parecendo confuso e perguntou em espanhol alguma coisa. Ficamos nos entreolhando, mas então Santiago, Mario e Diego, os primos da Evie entraram na roda e traduziram.

‘Ele está perguntando o que deu errado?’

‘E por que ela ficou brava?’

‘Ah. Ela é assim mesmo, muchacho. Um dia está de bom humor, outro dia está gritando. Você não teve sorte.’ Chris respondeu parecendo tão feliz que era de se assombrar. Michael olhou para ele com nojo.

‘Deixa a Ninnys em paz, se não...’ Disse tentando parecer ameaçador, mas Chris prendeu a risada.

‘Se não você vai correndo contar para o papai? Pode ir.’

Michael se levantou tremendo e também sumiu no corredor dos dormitórios masculinos. Rimos.
Nem fomos dormir. O resto da noite passamos conversando com Mario, Diego, Santiago e Juan, e aproveitando as últimas horas de entretenimento que teríamos no ano.

Tuesday, November 20, 2007

‘O que é isso?’ Fiz uma careta empurrando o frasco de poção verde escura e amarga que o Curandeiro me ofereceu. Ele riu.

Isso é enxofre, essência de heléboro e umas gotas de baunilha. Ótimo remédio para sangrias, infecções, inchaços e stress’ ele listou me olhando divertido. ‘Toma’.

‘Pensei que você iria me dar SOMENTE poções calmantes. Foi o que a sua chefa mandou’ falei com raiva. Era óbvio que ele estava se divertindo comigo, e óbvio que era amigo da Miyako.

‘Você já passou uma noite toda tomando aquilo. Continua nervosa? E não vejo a Chefinha aqui, você vê? Olha, você é hipocondríaca e eu sou o curandeiro. Confia em mim, é melhor tomar essa poção e ir embora de uma vez’.

Abri a boca para responder, mas a porta da enfermaria abriu e nos interrompeu. Victor, Christine, Karl e Adam entraram. Lancei um olhar raivoso ao curandeiro e ele se afastou rindo debochado. Victor se adiantou e me deu um beijo de leve, enquanto Karl conjurava quatro cadeiras ao redor da minha cama.

‘Então... A noite foi divertida?’ Christine perguntou rindo.

‘Ah, nada mal. Estou bêbada de tantas poções calmantes. Onde vocês arrumaram essas medalhas?’ Apontei para as medalhas que ela, Karl e Adam tinham no pescoço. Victor se adiantou para me explicar.

‘Hoje tiveram algumas competições entre os voluntários. Karl e Adam ganharam em Canoagem, no Caiaque K-2. Christine ganhou uma em montaria, na Atena, e uma em arremesso de martelo. Foi muito engraçado!’ Ele completou contente e os outros riram concordando.

‘Droga. Não acredito que perdi isso!’

‘Não perdeu nada. E se perdeu a culpa é toda sua. Nunca esperava uma coisa dessas de você, Lavínia’ Vlade irrompeu no aposento e se adiantou até minha cama, não olhando para os demais. Parecia nervoso.

‘Obrigada. Eu estou bem. ’

‘Briga? BRIGA? Com uma garota de outra escola? Você perdeu completamente o juízo. Não me surpreenderia se recebesse uma detenção ou coisa pior!’

‘Quem é você, hein? Por que está gritando com a Lavínia? Estamos em uma enfermaria caso ainda não tenha reparado’ Christine olhava Vlade de cima a baixo, avaliando. Victor lançou um olhar nervoso de mim para Christine, parando em Vlade. Meu irmão pareceu reparar que eu tinha visitas e quando se virou para Christine manteve uma expressão arrogante e surpresa.

‘Sou irmão da Lavínia, portanto, falo com ela como preferir. E não vejo nenhum outro doente por aqui, para ter de ser discreto. ’ Disse em seu melhor tom arrogante. Christine levantou a sobrancelha. Vlade continuou. ‘A pergunta é: quem é VOCÊ? Quem são vocês?’

‘Esses são Victor, meu namorado, Christine e Karl, irmãos dele, e Adam, primo deles. E esse, é meu MEIO-irmão, Steven’ disse sem empolgação enquanto fazia as apresentações. Vlade se virou para mim abruptamente.

‘Meio-irmão ou não, sou o responsável por você. Que comportamento baixo, Lavínia!’

‘Você nunca foi responsável por mim, Vlade. E não precisa se preocupar, por que se eu estou pagando, ou ainda vou pagar caro por essa briga, isso não vai te prejudicar de nenhuma forma. ’ Respondi agressiva também. Ficamos em silêncio um minuto.

‘Ótimo então. Como você quiser. ’ Ele respondeu e virou as costas para sair da enfermaria. Christine se levantou de um pulo e vi Victor se recolher na cadeira.

‘O prazer foi todo meu de te conhecer!’ Ela disse e Vlade parou com a mão na maçaneta, sem palavras. Lançou um olhar rude para mim e saiu. Karl e Adam soltaram risadas. ‘Sem educação!’ Ela disse para a porta fechada e se virou para mim. ‘Desculpa Lavínia, mas seu meio-irmão é um grosseirão!’

‘Tudo bem. Eu concordo. Vlade acha que ética, boa aparência e comportamento exemplar são as únicas coisas que realmente importam. Ele nunca se diverte’ Christine me olhou surpresa.

‘Nossa. Charlotte se daria muito bem com ele então. E Jason. E Ashley. ’ Ela completou e rimos.

‘Mas é legal quando quer. Quando não tenta me convencer que ser auror é a oitava maravilha do mundo. Ou vem com lições de moral, daquelas bem cansativas. Tirando isso, ele é legal...’

Demos mais algumas risadas e após alguns minutos deixei a enfermaria com eles para os jardins, onde haveria um encerramento formal das Olimpíadas. Mas o mais esperado mesmo era a festa que haveria na casa onde estávamos (Lufa-lufa) e que tinha fama de ser muito animada.

O encerramento foi simples. Os três diretores dos castelos que haviam sido sede agradeceram nossa participação e colaboração, etc. etc. e etc. Quando fomos dispensados, saímos em massa para o Salão Comunal da Lufa-lufa. A verdadeira festa iria começar.

°°°°

‘Seu irmão não gosta de mim’ Victor falou de repente, enquanto dançávamos uma música lenta no meio de outros casais. Eu parei e o olhei, rindo.

‘Vlade não tem que gostar de ninguém. Não peço permissão para ele. E outra, ele provavelmente só não vai com a sua cara por que sabe que é por sua causa que eu quebro uma das regras mais fundamentais de Durmstrang: a de não permitir namoros’

‘Eu sei. Mas é que... E se sua família também não gostar de mim?’ ele perguntou parecendo aflito. Continuamos parados no meio da pista de dança, e eu ri ainda mais.

‘Por que não gostariam? E não pretendo te apresentar à minha família tão cedo... ’

‘Por que não?’

‘Porque não é como na sua família, entende?! Eles não se importam comigo. Não faz diferença. Nunca nem se deram ao trabalho de perguntar como andam minhas aulas, minha vida. Tirando Vlade, que pergunta demais, os outros realmente não dão a mínima.’

Victor pareceu desconfortável, como se estivesse com pena. Como se eu fosse me sentir triste ao falar da minha família e do nosso relacionamento. Mas eu ri. Já estava tão acostumada a estampar essa verdade para quem quisesse ouvir, que ela nem me parecia tão absurda mais... O puxei para mais perto e continuamos a dançar.

De longe, víamos nossos amigos se divertindo da melhor maneira que poderiam. Milla e Iago também não se desgrudavam na pista de dança. Evie e Micah pareciam querer aproveitar bastante aquela noite para curarem o tempo perdido. Nina conversava com Lizzie e as duas pareciam estar se entretendo bastante, mesmo quando Michael ensaiava uns abraços em Nina, que ela prontamente se desviava. E Annia... dessa eu não tinha notícias há tempos! Só sabia que tinha saído com o Ty, e isso já era o suficiente.

‘Ricard passou na enfermaria ontem a noite, quando você já estava dormindo... Foi ver como você estava. ’ Victor disse devagar, claramente estava escolhendo as palavras. Senti uma sensação horrível. Como se tivesse engolido uma pedra de gelo inteira.

‘Ah, é? Nossa. Quanta sensibilidade!’ disse irônica. Foi a vez de Victor parar de dançar e ficar me olhando.

‘Ele adora você, Lavínia. Estava realmente preocupado. Disse que também não havia achado legal a Miyako ter te batido e tudo. Por que vocês não param com essa briga?’

Por que eu não quero ser cúmplice desse namoro idiota dele! Eu também gosto muito do Ricard, mas ele não me dá atenção, então que quebre a cara para aprender. E se ele não achou legal a japonesa brigar comigo, por que continua dançando com ela logo ali?’ Disse apontando a cabeça para onde Ricard e Miyako dançavam juntos e lentamente e conversavam baixo, ambos rindo.

‘Por que ele gosta dela? E ela gosta dele? Não é motivo suficiente? Tem certas coisas que eu também não gosto em você, e nem por isso precisamos terminar nosso namoro, precisamos?’

‘WOW! Então agora estamos sendo sinceros por aqui, é? Então me fala, Victor: o que você não gosta em mim?’

Ele fez uma cara de espanto, como se tivesse acabado de se dar conta do que tinha dito. Ficou me olhando sem expressão. Seco. Mudo. Mas então, virou a cabeça para Ricard e observou ele rir e rodar Miyako pelo salão, a puxando de volta. Quando voltou a olhar para mim parecia ter tomado uma decisão, um novo ar de coragem...

‘Não gosto quando você faz drama e se entope de remédios só para amenizar seus problemas. Deveria enfrentá-los, e não se esconder deles em poções. Odeio sua mania de exagerar as coisas e ver pêlos em cascas de ovo. Quando eu pergunto “por onde você esteve, Lavínia?” eu NÃO estou querendo controlar sua vida! Estou SOMENTE querendo saber o que a minha NAMORADA andou fazendo durante o dia, por que eu AMO você e gosto de saber da sua vida, dividir seus problemas. E sabe o que mais odeio? Você sempre descontando em mim seus problemas, me fazendo te ajudar a passar por eles, e menosprezando os meus próprios quando eu também preciso de ajuda!’ Victor falou tudo tão rápido e com uma firmeza tão surpreendente, que por um momento não acreditei. Ele nunca tinha sido tão duro comigo. Nem quando brigávamos e ele tinha razão. Nem assim. Aquelas palavras pareciam estar entaladas na garganta dele há anos, e agora ele as vomitara na minha cara.

‘Desculpa.’ Ele acrescentou com urgência ao reparar minha expressão de total incredulidade. ‘Desculpa. Não tem nada a ver. Você...’

‘Tem tudo a ver. Nunca vi você ser tão sincero. Só estou assustada por que ainda não consegui entender uma coisa: Se eu tenho tantos defeitos assim, por que você me ama tanto? Acho que nosso namoro é só um capricho, afinal...’

You’re doing it again, you know
Sometimes I don’t even know who you are
And I don’t think you know how bad it hurts
‘Cause you don’t have to see the scars
If you knew how bad you made me feel
You’d never do a thing like this again
But if it’s just a game you’re playing
I don’t think I’ll make it to the end
I don’t think I’d last that long
Baby I’m not that strong
So if you care about me you’ve gotta stop acting this way

‘O que? Lavínia, eu amo você por que amo. Também tenho defeitos. Todos nós temos. Não tinha nada a ver despejar essas coisas hoje. Estamos bem, em uma festa, nos divertindo. Vamos esquecer ok?’ Ele se aproximou tentando me abraçar, mas o empurrei.

‘Não Victor. Não vamos mais adiar isso. Se você tem problemas comigo, então vamos resolvê-los agora. Por que adiar mais?’

‘Eu NÃO tenho problemas com você! Mas que coisa! Por que você tem que ser tão teimosa?’ Ele abandonou o tom de urgência e adotou um de impaciência para a pergunta. ‘Ricard tem mesmo razão quando diz que você adora complicar o simples...’

‘AHHH, é claro que Ricard tem razão. Ricard tem SEMPRE razão quando é sobre mim e meus defeitos, não é? Ele é o Sr. Perfeição!’

‘Ricard conhece muito mais sobre você, do que eu pensava. E do que você imagina.’ Ele disse firme e sério. Seus olhos verdes brilhavam em desafio. ‘Não quero discutir com você, Lavínia. Não hoje. E pelo jeito, você quer discutir. Acho melhor darmos um tempo...’

‘Darmos um tempo? O que você quer dizer? Terminar nosso namoro?’ perguntei vacilante e ele também pareceu murchar. Mas logo se recuperou.

Or I’m leaving today
I’ll say goodbye to my favorite face
Don’t wanna go, but I just can’t stay
And be treated, I won’t be treated this way

‘Não disse isso. Disse que é melhor nos acalmarmos longe um do outro, pelo menos hoje a noite. Por que não pretendo brigar com você de novo.’ Ele respondeu categórico.

‘Pois eu não tenho namorado para passar sozinha uma festa. Melhor darmos um tempo no nosso namoro então, e organizarmos nossas idéias. Quem sabe assim você não se recupera do seu turbilhão de problemas que eu me desfiz? Ou do meu drama? Do meu exagero? Da minha falta de sensibilidade?’

At times I think I love you
And at times I know I’ve finally found the one
But it’s times like this that make me feel
The game of love has only just began

Então, quem quebrou a cara fui eu. Pois o Victor que eu namorava naturalmente se desesperaria sob essa expectativa de término e tentaria me convencer que tudo era um grande engano. Que iria enlouquecer se terminássemos. Mas um segundo depois eu claramente percebi que aquele Victor não era exatamente igual ao Victor que eu namorava. Naquele momento ele parecia ser Victor Leví, uma pessoa com um orgulho imenso e vontade de me provar que eu estava sendo uma idiota.

‘Ótimo. Você tem razão. Melhor ficarmos uns dias separados. Ou semanas. Se você preferir, meses e anos! Melhor só voltarmos a ficar juntos quando ambos tiverem certeza absoluta de que é isso mesmo que querem. Então... a gente se esbarra por aí.’

You know I’d never leave
But making threats to you could be the only way
I love everything about you
But when I’m in doubt then something’s gotta change

Ele disse com a maior educação e calma que conseguiu transparecer, virou as costas e sumiu no meio da multidão de casais que continuavam dançando lentamente. E me deixou sozinha. Pela primeira vez, em cinco anos, Victor saiu e me deixou sozinha, completamente sem ação e reação.

N.A.: Leavin’ – Plain White T’s

Saturday, November 17, 2007

Véspera da final de natação Hogwarts

Eu estava indo ao vestiário da piscina olímpica treinar um pouco, sentia-me sem sono e optei por nadar um pouco sozinha. Estava tensa, e pelo jeito outra pessoa teve a mesma idéia.
Fiz meu alongamento e logo Luka terminava sua seqüência e punha a cabeça fora da água, me encarando.
- Está sem sono?- perguntei enquanto ele saia da piscina e se aproximava.
- Sim, e você?
- Eu também, vim me exercitar um pouco. - enquanto me posicionava e vi que ele fazia o mesmo e dizia:
- Crawl?- sacudi a cabeça afirmativamente
- Eu conto: 1,2, 3 já.
Saltamos na piscina e nas primeiras braçadas estávamos empatados, mas por ele ser maior e mais forte logo estava na frente e vencia, ficou me esperando, fora da água e me esticou a mão. Peguei sua mão e ele me ergueu rápido, e nos posicionamos novamente e repetimos o processo. Ao final de umas 6 voltas, eu me sentia relaxada e resolvi parar. Saímos da piscina e ele me esticou uma toalha. Enquanto eu me enxugava ele disse, se aproximando, enquanto passava uma tolha por seu corpo:
- Pensei que você fosse torcer por nós na canoagem.
- Torceria se o barco fosse 100% Durmstrang. Josh estragou a equipe.
- Não entendo porque vocês não gostam dele, é o namorado da Evie.
- É o ex namorado dela. É muito presunçoso, nos olha como se fossemos inferiores a ele, e não gosto disso. Além de achar que somente ele sabe fazer as coisas.
- Ele deve achar o mesmo de vocês. Sabem ter o narizinho empinado quando querem, e isso assusta sabia?- disse e estava muito perto e comecei a rir.
- Ah é? Vou anotar no meu diário. E o que mais assusta você Luka? - e ele se aproximou e enrolou a toalha dele ao meu redor, prendendo meus braços, de forma que nossos rostos ficassem a poucos centímetros de distancia. Fiquei séria.
- Querer você me assusta, Milla. – arregalei os olhos, enquanto ele se aproximava e eu disse, virando o rosto para que ele não me beijasse:
- Tenho namorado Luka.
Ele encostou o rosto no meu, e disse rouco:
- Eu agora entendo o porquê ele gosta tanto de você e o invejo. – soltou-me, pegou suas coisas e saiu do ginásio sem olhar para trás. Sentei-me no pódio, tentando parar a tremedeira nos meus joelhos. A sensação de relaxamento havia desaparecido.

Final de natação no lago de Hogwarts

Eu, Vina e Evie estavam na final de natação e enquanto nos aquecíamos, ríamos e conversávamos animadas, lembrando da nossa vitória na montaria por equipe, além de havermos conhecido pessoas muito interessantes nestes jogos, que com certeza havia sido a melhor maneira de integrar os jovens em nosso mundo. Como nem tudo é perfeito, Josh se aproximou e puxou Evie para um lado para conversar:
- Tem gente que insiste. Que pegajoso. - resmunguei.
- Espero que ele não esteja implorando para voltar, porque isso vai deixar a Evie irritada. - respondeu Vina.
Nesta hora o juiz da prova, que era um homem gordo e com bigodes enormes, sinalizou para que nos posicionássemos; aproximei-me da Evie e a afastei do Josh sem muita cerimônia, afinal se tinha alguém sobrando ali, era ele.
O nosso percurso seria no lago negro, e todos os atletas já haviam nadado ali para se familiarizar com as correntes e também para que as criaturas que o habitam, como por exemplo, a Lula gigante, nos conhecesse e não nos atacasse. Alguns metros abaixo de nós haviam sereianos nos acompanhando, para o caso de que alguma atleta sofresse de câimbras durante a prova, fosse resgatada. Ty, que falava serêiaco nos explicou que o nome da mulher era Murkos, e ela era a líder dos sereianos que habitavam o lago negro e que ela concordou em ajudar, em homenagem a Dumbledore.
- Em suas posições... - e um tiro foi dado para o alto e nos lançamos á água. Lembrava-me de tudo o que havia treinado, e ao longe ouvia os gritos de incentivo tanto para mim, quanto para minha amigas:
- Vai Milla! Vai Vina! Vai Evie!
Teríamos que nadar até as bóias que estavam a 200m da margem e voltar, completando a prova de 400 metros no lado livre. Estava tão concentrada que quando cheguei em primeiro não acreditei e pulei alegre, abraçando Iago que gritava feito doido comemorando, Victor agarrava Lavinia e Evie e era bombardeada por cobranças de Josh. E ela o largou sozinho e veio comemorar conosco. O pódio era todo Durmstrang.
o-o-o-o
Antes da festa de encerramento dos jogos, encontrei Luka no corredor e trocamos algumas palavras rápidas:
- Parabéns Milla, você foi ótima. Posso te dar um beijo de amigo?
- Claro. – e esperei que ele me desse um beijo no rosto, mas dei um pulo, quando ele beijou o canto de minha boca:
- Assim não Luka. Deixa de ser atrevido. – resmunguei.
- Não fica zangada.(se desculpou). Mas vou continuar tentando. - disse rindo e foi em direção ao salão da Sonserina onde ele estava hospedado. Suspirei e tentei afastar da mente, a brincadeira de mau gosto dele. Hoje nada iria me preocupar.
-o-o-o-o-
Durante a festa na Lufa Lufa, onde alegria era a palavra de ordem e a bebida rolava solta, enquanto os voluntários e os atletas dançavam, eu e Iago estávamos num canto namorando, e fazendo planos para quando estivéssemos de volta a escola e víamos nossos amigos se divertindo. Numa pausa entre um beijo e outro, vimos Micah e Evie dançando e se beijando. Iago me apertou mais comemorando:
- uhul! Micah e Evie estão se acertando.
- Já era hora! Tomara que outros façam o mesmo. - respondi.
- Acho que seu desejo será atendido. – e me virou para um lado do salão onde Ty conversava com Julianne e Beatrice e Annia os encarava. Vi quando ela tomou um copo de wisky de fogo de uma vez e saiu marchando na direção deles e o que fez me deixou de queixo caído: entrou no meio deles, segurou o rosto do Ty e lhe deu um beijo. Ficaram se encarando por um tempo, enquanto ela dizia alguma coisa e Ty sorriu, saindo com ela do salão. Virei-me para Iago:
- Você viu aquilo??? Era a Annia? A nossa Annia?
- Aham! E não sei por que você esta chocada. Vocês a atormentaram tanto para ter coragem, então ela teve oras. – e ao me ver olhando por onde eles tinham sumido, ele disse:
- O Ty vai tratá-la direito, gosta muito dela e a respeita.
- Às vezes as garotas não querem só respeito do cara que gostam. – resmunguei, e Iago aproveitando a penumbra de onde estávamos me virou para ele, não dando tempo de eu falar mais nada, me levou para um lugar que eu nem sabia existir. Naquele canto escuro, sem tempo para pensar ou se alguém poderia nos ver, descobri que Iago sabia ser ousado quando queria, e esta faceta dele, me fez descobrir que com apenas um toque, ele me fazia derreter, e a sensações despertadas eram só o principio de algo muito melhor.

'Cause you give me something
That makes me scared, alright,
This could be nothing
But I'm willing to give it a try,
Please give me something
'Cause someday I might know my heart.

N.A. You give me something, James Morrisson
O último dia de provas havia chegado. Durante toda a manhã os últimos medalhistas das olimpíadas iam se definindo. Evie já havia conquistado uma medalha de ouro em Montaria por equipe, um ouro no tênis fazendo dupla com Nina e prata na Esgrima, lutando com o florete. Mas ainda faltava uma prova, e ela era uma das finalistas.

As margens do lago negro já estavam cercadas de alunos aguardando ansiosos pela prova de natação que encerraria as competições. Evie conversava descontraída com Milla e Vina enquanto se aqueciam. Elas estavam tranqüilas. Não importava se perdessem a prova, pois estavam se divertindo.

‘Oi’ Evie sentiu uma mão agarrar sua cintura por trás e reconheceu a voz de Josh, se esquivando ‘Vim desejar sorte’

‘Oi Josh’ Disse forçando o sorriso. Josh tinha aceitado que eles eram apenas amigos agora e estava menos grudento, dando a ela o espaço que pediu ‘Pensei que estava competindo nas ultimas provas do decatlo’

‘Já terminou’ Sua expressão mudou e Josh fechou a cara ‘Wade venceu e Lupin ficou em 2º. Um garoto do Brasil ganhou o bronze’ Ele desfez a cara feia, mudando o assunto ‘Já se aqueceu?’

‘Já, mas não estou preocupada com a prova, já ganhei duas medalhas’

‘Você poderia ter conseguido o ouro na esgrima, deixou aquela menina ganhar de bobeira’ Ele falava sério ‘Você abaixou a guarda’

‘Josh, eu não me importo, de verdade’ Ela olhava para ele espantada ‘Ganhar não é tudo’

‘Vem Evie, a prova já vai começar’ Milla agarrou a amiga pelo pulso e arrastou para junto das demais competidoras

Um professor gordo e com o aspecto de um leão marinho disparou uma pistola e seis garotas caíram na água. Teriam que nadar até as bóias à 200m da margem e voltar, completando a prova de 400m nado livre. Evie não conseguia ver se estava vencendo ou se estava na última posição, mas uma voz alta o suficiente lhe deu uma idéia. Ela parou de nadar por um segundo e olhou para a margem. Josh gritava instruções para ela e aparentava estar nervoso.

‘Não para Evie!’ Ela ouviu o ex-namorado berrar e agitar os braços ‘Está ficando para trás, nade mais depressa!’

Ela respirou fundo e voltou a nadar, tentando alcançar as outras competidoras. Josh continuava gritando da margem palavras que, na opinião dela, estavam longe de serem de incentivo. Conseguiu alcançar a terceira colocação com dificuldade, mas Milla já havia cruzado a linha de chegada em primeiro e Vina em segundo. Ela saiu da água animada e foi abraçar a amiga, feliz com sua vitória, mas não chegou até ela. Uma mão apertou seu braço com força e a puxou para o lado.

‘Por que parou no meio da prova?’ Josh falava alto ‘Estava vencendo!’

‘Está louco?’ Falou no mesmo tom de voz exaltado ‘Era uma prova de natação, não algo do qual minha vida dependesse!’

‘Gritei instruções a você o tempo inteiro e não me ouviu!’ Ele ignorou o que ela disse e continuou a brigar ‘Medalha de bronze não vale nada, ninguém se lembra do 2º e do 3º lugar!’

‘Eu não pedi que me passasse instruções, e não me importo em que colocação fique’ Ela encarava ele incrédula ‘Me inscrevi para as provas pensando em me divertir, você devia experimentar isso de vez em quando, faz bem’ Ela soltou o braço de suas mãos ‘E sai de perto de mim, você conseguiu estragar o meu dia!’

Josh tentou segurá-la outra vez, mas Evie o empurrou para longe furiosa e caminhou depressa para junto das amigas, sorrindo e cumprimentando Milla pela vitória. As cinco ainda lançaram um ultimo olhar ameaçador na direção dele antes de se enrolarem em toalhas e voltarem ao castelo. Ao menos a festa de confraternização na Lufa-Lufa seria apenas para os atletas que estavam hospedados nela, e Evie não teria que cruzar com Josh até a manhã seguinte, quando esperava estar mais calma.

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‘Me dá um beijo?’

A festa de confraternização organizada pelos alunos da Lufa-Lufa ocorria sem problemas e o salão comunal da casa estava apinhado de alunos e voluntários dançando e bebendo à vontade. Era a festa mais animada que ela já vira na vida. E enquanto as amigas aproveitavam seus respectivos namorados e futuros pretendentes que conheceram durante os jogos, Evie se divertia conversando com Micah, Marta, Diego, Afonso e Pilar sobre as piores atuações dos alunos nas três semanas que se passaram. Mas Micah disparou a pergunta sem Evie esperar. Marta e Pilar se encararam querendo rir e cada uma puxou um dos primos para dançar, deixando os dois sozinhos.

‘O que?’ Evie olhou para ele chocada e vermelha por ele ter feito isso na frente de quatro de seus primos. Aquilo renderia gozações por muito tempo ‘Não!’

‘E por que não?’ Micah insistiu ‘Só um beijo. Você não pode mais dizer que tem namorado’ Ele tirou o copo da mão dela e colocou na mesa, segurando suas duas mãos ‘E não estou pedindo pra namorar comigo, só estou pedindo um beijo’

‘Não, Micah’ Ela se soltou dele e virou para o outro lado ‘O fato de que eu não tenho mais um namorado não quer dizer que tenha que ficar com você’

‘Fala sério, você não está pensando em voltar com ele, está? Porque você não tinha um namorado, e sim um treinador, um general’ Ele falava sério ‘Não fui o único a perceber o jeito com que ele falou com você no lago hoje, Evi’

‘Josh é competitivo, só isso. Ele não sabe perder’ Ela tentou justificar a atitude dele ‘Só queria que eu vencesse a prova’

‘Então porque brigou com ele depois que saiu da água? Todo mundo viu’ Micah continuava falando sério ‘Você precisa de alguém que corra ao seu lado, Evi. Que acompanhe você, e não alguém que fique na lateral do campo gritando instruções’ Disse ficando de frente para ela ‘Vai, só um beijo, por favor. Amanhã prometo não lembrar nada, e nem falar sobre isso com você. Isso é uma festa, estão todos com alguém! Eu podia estar ocupado com qualquer garota aqui, mas estou dando moral pra você, olha só que prestigio’

‘Micah, não me amola, por favor’ Ela tentou desviar o olhar dele, mas não conseguiu ‘E se realmente quisesse me beijar já teria feito, não estaria precisando insistir’

‘Nada disso, não vou beijar você à força’ Ele segurou suas mãos outra vez e a puxou com tanta força que seus corpos colidiram. Estavam tão próximos que se um dos dois se mexesse, acabariam se beijando ‘Estou pedindo com essa educação toda porque não forço você a nada que não queira’ Ele falava a encarando nos olhos e Evie sequer piscava ‘Só se você quiser. Me dá um beijo, vai?’

Evie não respondeu, e desistindo de fingir que não queria, o beijou. Ela sentiu seus pés perderem o contato com o chão quando ele a ergueu alguns centímetros e envolveu os braços em volta de seu pescoço. Se fosse só dessa vez, que mal faria?

Wednesday, November 14, 2007

‘Ai, o adestrador do Canadá está saindo da arena’ Victor esticou o pescoço nervoso ‘Será que ele foi bem?’

‘Não gosto dessa coisa de arena fechada para os outros competidores’ Milla resmungou também ansiosa

‘Calma gente, nossa equipe é a mais bem estruturada. Nossos cavalos se adaptaram bem a Hogwarts e são os mais bem treinados. Vamos ganhar essa competição!’ Ty falou confiante, mas sem deixar de sorrir tenso

‘Evi, está pronta?’ Micah se virou para ela tentando transparecer calma ‘Beauxbatons já está lá dentro e a adestradora é a tal de Dora Gaster. Ela é boa, mas você é melhor’

‘Eu estou bem, relaxem’ Evie respondeu parecendo tranqüila ‘Faço isso desde criança, não vou me desconcentrar’

‘MICAH!’ A voz de uma criança explodiu atrás deles e Micah já virou sorrindo. Sabia de quem era a voz

‘Connnor!’ Ele se abaixou e abriu os braços para receber o menino que se atirou nele ‘O que está fazendo aqui? Como chegou?’

‘Tio Steve me trouxe’ O menino apontou para um homem loiro que acenava sorrindo do outro lado ‘Vim torcer por você, vou poder ficar até domingo à tarde. Depois tenho que voltar para a casa dos McRoy’ Sua voz morreu e Connor parecia desanimado

‘O que aconteceu? Não gosta de lá?’ Micah perguntou preocupado e Connor deu de ombros ‘Ok, depois a gente conversa direito. Estava com saudades de você, baixinho’

‘Também estava com saudades de você, gigante’ O garoto sorriu e Micah se virou para os amigos ainda o abraçando

‘Pessoal esse é o Connor, meu irmão. Connor, esses são Milla, Ty, Victor e Evi, meus amigos daqui’ O menino deu um sorriso tímido quando os quatro o cumprimentaram ‘Agora fique com o Steve, nossa prova já vai começar. Quando terminar irei até vocês’

‘Ok. Ganhe o ouro’

‘Vou ganhar pra você’ Micah estendeu a mão para o irmão bater e depois ele saiu correndo ao encontro do homem chamado Steve. Micah esperou o irmão já estar com ele e se virou para os amigos ‘Vamos lá pessoal, essa medalha tem que ser nossa’

‘Durmstrang!’ Os cinco juntaram mãos e berraram ao mesmo tempo antes de Evie ajeitar o capacete e entrar na arena seguida dos amigos

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‘Você foi ótima!’ Milla falou dando pulinhos e abraçando Evie ‘Foi perfeito!’

‘Sua nota foi a mais alta, Evie!’ Ty dava socos no ar animado ‘Foi perfeito mesmo!’

‘Nem acredito que correu tudo bem!’ A garota ainda estava anestesiada com as notas altas ‘Por um segundo achei que Kate ia recuar, mas ela seguiu perfeita!’

‘Agora é com a gente, pessoal’ Micah já puxava seu cavalo e verificava a sela ‘Vamos conseguir uma boa colocação no Cross-Country para ficarmos mais tranqüilos nos Saltos. Victor, você começa a corrida. Não se afobe se não entrar em primeiro na linha que leva à trilha. Temos 3 etapas para recuperar depois’

‘Estou tranqüilo, pode deixar’ Respondeu respirando fundo e montando no cavalo ‘Só repassando: Ty vai aguardar no 2º Box pela bandeira, para executar a série de saltos, depois Milla aguarda no 3º Box para continuar minha série de trilha acidentada e depois passa a bandeira no 4º Box para você completar o percurso com a corrida. Também não se afobe, mas, por favor, chegue primeiro na linha’ Disse rindo e relaxando a equipe

A 2º etapa das provas de montaria seria realizada dentro da floresta negra e era considerada a mais difícil, que mais exigia preparo físico, valentia, força, habilidade para avançar sobre obstáculos artificiais e naturais, além de excelente capacidade de recuperação. Victor começou a prova largando junto com os demais cavaleiros, mas conseguiu passar na 3ª colocação pela corda que demarcava a entrada da trilha. O cavalo tinha que passar por pedras, riachos, galhos e árvores. Ele conseguiu passar pelos primeiros obstáculos naturais sem dificuldades e alcançou o Box onde Ty o aguardava em 2º lugar.

Com a bandeirola de Durmstrang na mão, Ty disparou para a parte mais ampla da floresta onde obstáculos artificiais foram montados para que ele os atravessasse. E ele conseguiu saltar por todas as traves e barreiras sem derrubar nada, retornando a parte fechada da floresta para entregar a bandeira a Milla enquanto os juizes tomavam nota de seu desempenho.

Milla já aguardava ansiosa quando Ty chegou em 1º para lhe passar a bandeira e nem ao menos esperou que ele estendesse a mão, arrancando a bandeira apressada dele e sumindo pela mata. Seu percurso era semelhante ao de Victor, seria o caminho reverso até o último Box. Dessa vez os Centauros que viviam na floresta apareceram para acompanhar os cavaleiros e amazonas, mas não atrapalharam. Milla passou por eles sem dificuldades, ainda mantendo a 1ª colocação, e passou pelo Box onde Micah já aguardava agitado.

‘Estamos em primeiro’ Falou sorridente lhe entregando a bandeira

‘E vamos manter essa posição’ Micah respondeu sorrindo e prendendo a bandeira na roupa ‘Vejo você na linha de chegada!’

Micah empinou o cavalo e disparou para a última parte do Cross-Country. Era a etapa mais complicada, pois envolvia os obstáculos naturais da floresta, os implantados pelos organizadores e a corrida depois deles, que definiria o 1º colocado. Ele passou por todos sem dificuldades, tomando o cuidado de não acelerar demais o ritmo para poupar o cavalo para a última prova, e ao fim dos obstáculos, fez Lancelot correr. O cavaleiro de Beauxbatons estava na sua cola e as pedras e galhos no caminho não facilitavam a passagem, mas Micah conseguiu entrar na passagem limitada por cordas em primeiro. Nela os cavaleiros eram obrigados a manterem-se em fila única por ordem de chegada.

Os quatro amigos já aguardavam na linha final e quando viram Micah na frente, começaram a pular empolgados. Agora bastava uma prova de Saltos sem acidentes e a medalha de ouro era de Durmstrang.

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Depois das provas de Adestramento e Cross-Country todos os cavalos passaram por uma avaliação de um veterinário e depois de liberados, voltaram aos seus donos para a conclusão da competição. A prova de Saltos tem o objectivo de demonstrar algumas qualidades do cavalo, como força, potência, obediência, velocidade e respeito pelo obstáculo, enquanto o cavaleiro é avaliado pela sua equitação. E o vencedor da prova é o concorrente que tiver menos penalizações e fizer o percurso mais rápido. As equipes do Canadá, França e Brasil já tinham se apresentado, e Beauxbatons estava na frente, com apenas 1 penalização. Um dos garotos havia derrubado uma trave, já no final da apresentação.

‘Eu começo a prova’ Ty falou consultando o cronograma dado pelos juizes ‘Depois Milla, Micah, Victor e Evie termina’

‘Eles só derrubaram uma trave. Se passarmos sem penalidades, se saltarmos sem erros, vencemos’ Milla olhou para o placar ‘Por enquanto estamos em 3º, os canadenses já foram eliminados, o cavalo recuou 2 vezes’

‘Vamos lá Tornado, mostre pra eles como se faz’ Ty fez um carinho no focinho do cavalo e montou nele, cavalgando lentamente para a arena

O cronometro foi zerado novamente e o juiz autorizou o início da prova para a equipe de Durmstrang. Ty saltou com perfeiçao em todos os obstáculos e Tornado não recuou nenhuma vez, tampouco derrubou as traves. Ele comemorou de forma contida quando voltou ao início e Milla conduzi Nero até o ponto de largada. Ela também passou sem erros, apenas fazendo uma das traves balançar de leve, mas sem a derrubar. Micah foi o terceiro e completou o percurso com o melhor tempo, também sem acidentes. Quando voltou à largada, abraçava Lancelot como se ele fosse um bicho de pelúcia. O cavalo parecia satisfeito também.

Victor foi o penúltimo e montando a égua Atena, passou com o segundo melhor tempo da equipe. Também fez uma das traves balançar, mas não a derrubou. Era a vez de Evie saltar, e a medalha de ouro dependia do desempenho dela. Se sofresse uma penalidade, empatavam com Beauxbatons. Se sofresse duas, ficavam com a medalha de prata.

‘Não me decepcione, Kate’ Ela conversava com a égua enquanto Victor terminava a prova e voltava ao início ‘Fizemos isso inúmeras vezes, eu sei que você consegue’

A égua relinchou e Evie aceitou aquilo como se ela tivesse entendido o que era dito, montando em seguida. Apesar de não deixar transparecer, estava nervosa. Mas relaxou quando começou a realizar os saltos. Mesmo sem conseguir ver, seus amigos e companheiros de equipe estavam estáticos no canto da arena, prendendo a respiração a cada salto. O silêncio que predominava nas arquibancadas era apavorante, mas quando Kate saltou sobre a última trave sem sequer encostar as patas traseiras no pequeno lago improvisado encostado a ela, o silêncio foi quebrado. Seus primos, tios e amigos na arquibancada pulavam e gritavam animados e o resto da equipe não conseguiu esperar que ela parasse com a égua no estábulo para que os meninos a tirassem de lá e a incluíssem no abraço. A equipe do Brasil era bronze, Beauxbatons ganhou a prata, mas o ouro, esse era todo de Durmstrang.

Tuesday, November 13, 2007

A terceira e última etapa das Olimpíadas havia começado em Hogwarts há alguns dias, e até ali, Micah já carregava três medalhas: Ouro na Canoagem, Prata na Esgrima com Sabre e Bronze também na Esgrima, com Florete. E esperava conquistar a 2ª medalha de ouro na Montaria por equipe. Mas as coisas não estavam caminhando para isso, pelo simples fato que dois membros da equipe não estavam se falando. Ele e Evie.

O último treino antes da disputa havia sido marcado para a véspera da final e assim que Micah pisou na arena, Evie se afastou. Milla, Ty e Victor começaram a conversar entre si de cabeças juntas e ele ficou os observando de longe, até que os três se afastaram passando a encará-lo sérios e Milla empurrou Ty, que se adiantou.

‘É o seguinte, Micah’ Ty continuava sério e Micah olhava para ele com curiosidade ‘Não estamos dispostos a perder a prova de Montaria por causa da briga entre vocês dois. Não sabemos o que aconteceu, e não queremos saber, mas parece obvio que a culpa foi sua e seria bom ir pedir desculpas a ela. A equipe precisa estar em harmonia, os cavalos sentem esse clima ruim, e ai na hora da prova de adestramento vamos passar aperto, porque eles não vão obedecer aos comandos’

‘Ok, vocês estão certos, a culpa foi minha’ Disse ficando sério também e olhando para o estábulo onde Evie atrelava um dos cavalos ‘Vou falar com ela. Não se preocupem, não vamos perder’

Micah ainda olhou uma última vez para os amigos que ainda se mantinham de braços cruzados e caminhou até o estábulo improvisado da escola. Desde que começou a estudar em Durmstrang, Micah estava se tornando especialista em pedidos de desculpas. Mas eles nunca eram fáceis, por mais que soubesse o que dizer. Ele tinha certeza que ela sabia que ele estava se aproximando, mas ainda assim se manteve ocupada com o cavalo.

‘Esse cavalo parece melhor que o de Durmstrang’ Disse tentando puxar assunto

‘Não é um cavalo, é uma égua. O nome dela é Kate’ Evie respondeu seca, ainda sem se virar

‘E já percebi que ela lhe ensinou a dar coice. Ok, eu mereço todos eles, admito’

‘Pensei que já tivesse saído a medida cautelar que me impede de ficar a menos de 10 metros de distância de você. O que está fazendo tão perto? Não quero ser presa, dá pra recuar?’

‘Você não vai mesmo facilitar pra mim?’

‘E porque deveria? Sei que veio pedir desculpas pelo bem da equipe, e por ser esse o motivo do pedido, mais o fato de que foi extremamente estúpido comigo sem qualquer razão coerente, não, não vou facilitar as coisas pra você’

‘Não nego que fui encurralado, que os três mosqueteiros lá atrás armaram uma emboscada pra mim, mas já pretendia lhe pedir desculpas. E você sabe disso. Sabe que não estou aqui forçado, fazendo isso só pelo “bem da equipe”. Eu exagerei naquele dia, estava com raiva, e acabei sendo grosso’

‘Está virando rotina, não é?’ Ela agora o encarava e falava com sarcasmo ‘Qual vai ser a do próximo mês? Vou estranhar se você não descontar em mim sua frustração e depois vir pedir desculpas’

‘Ouch, você está ficando mais decidida. Estranho isso, levei uma patada e gostei’

‘Quer mais? Podemos passar a tarde inteira aqui com você calado apenas escutando o que tenho a dizer’

‘Que tal se deixar para as próximas brigas? Ainda temos um ano inteiro pela frente’

‘Vai precisar então melhorar esse pedido de desculpas, porque o desse mês está péssimo. Ainda não me convenceu’

‘Certo, então vamos ser mais tradicionais’ Ele se aproximou mais dela e Evie não recuou, se manteve firme e de braços cruzados ‘Desculpa por ser tão idiota e magoar você com tanta freqüência. Juro que não acordo e penso: “hum, como vou chatear a Evi hoje?”. Sei também que não mereço que você me desculpe, que fazer as coisas e depois pedir desculpa não resolve, mas você é minha melhor amiga aqui, e não quero perder isso’ Ele parou um segundo, mas ela não deu sinal de que ia interromper, então continuou ‘Não vou mentir e dizer que nunca mais vamos brigar, mas no que depender de mim, não serei mais o culpado por qualquer eventual briga que ocorra. Estou melhorando?’

‘Sim, prossiga’ Ela respondeu ainda séria, de braços cruzados

‘Obrigado, estou me esforçando. Mas continuando...’ Fiz uma cara solene e ela sorriu um pouco, mas logo espantou e tornou a ficar séria ‘Eu sei que eu adoro implicar com você, provocar, e assumo que faço isso só pra conseguir fazer você sorrir desse jeito tímido. Eu adoro esse sorriso, não consigo evitar’

‘Que jeito tímido?’ Ela ergueu a sobrancelha parecendo sem graça

‘Esse aí, de agora’ Ele riu quando ela corou e tentou esconder o sorriso ‘Você não é tímida, em nada. Mas eu consigo fazer você ficar assim, e gosto. Mas não gosto de brigar, gosto de brincar com você’

‘Você me deixa sem graça porque é inconveniente’ Respondeu ainda sem graça, mas se recuperando ‘Acho que você é capaz de deixar até o Ty desconcertado’

‘Não, acho que não sou tão bom assim. Mas posso tentar’ Ela agora não estava tão séria e ele relaxou ‘Então, vai me desculpar mais uma vez?’

‘Tudo bem, você se esforçou nessa, merece uma chance. Pelo bem da equipe, claro’ Evie respondeu brincando e ele respirou aliviado

‘Ok, mas você pode dizer isso a eles?’ Micah apontou para Milla, Ty e Victor que observavam curiosos de longe, sem poder ouvir ‘Não sei se eles vão acreditar em mim’

‘Eu digo a eles. Mas agora é melhor preparar seu cavalo, já atrasamos o treino’

‘Sim senhora!’ Ele bateu continência e passou por ela, mas voltou depressa e lhe deu um beijo no rosto sem que ela esperasse. O sorriso tímido apareceu sem ser notado.

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‘Por favor, esqueça isso!’ A garota pediu em tom de urgência ‘É idiota, e vai terminar mal’

‘Não sei como descobriu isso, mas poupe seu tempo, não vou desistir de nada’ O garoto respondeu frio

‘Por que está fazendo isso?’ Ela bateu em seu peito com raiva ‘Você não é assim! Não estou mais reconhecendo meu melhor amigo!’

‘Por favor, pelo bem da nossa amizade, não se meta nisso. Eu sei o que estou fazendo e nada que você diga me fará desistir. Quando começo uma coisa, vou até o fim. Você me ensinou a ser assim, lembra?’

‘Minha intenção não era criar um monstro! Você vai magoar uma pessoa inocente, que não tem culpa de nada’ Ela se afastou dele chateada ‘Quer ferir uma, mas vai acabar envolvendo mais gente nisso. E sabe o que é o pior? Ela gosta de você. E mesmo assim, vai magoá-la. E vai acabar se magoando também, porque sei que não gosta dela ainda, mas ela faz o seu tipo e você vai acabar se deixando envolver, e ai quero ver se vai dar continuidade a isso. Mantenha-se firme então, mas aviso que também vai sair machucado dessa história toda! Só não conte comigo para ajudá-lo quando perceber a besteira que está fazendo. Você ainda é meu melhor amigo, mas me decepcionou muito’

A garota lançou um olhar triste a ele e virou as costas, voltando ao castelo. Mas mesmo sabendo que deixara a amiga magoada, ele não ia desistir. Ia até o fim, e nada o faria mudar de idéia.
Das anotações de Ty McGregor

- Cara você vai ficar insuportável com esta medalha. – provocava Declan, enquanto comemorávamos minha medalha de ouro no decatlo, junto com minha família.
- Deixa de ser tonto, até parece que você não tá parecendo um pavão com a sua no pescoço. Bronze na natação é? Quase o Flipper. - zombei.
- Imagina se ele vence Harry Potter? Ia ficar igual ao Mario e Diego. - ria John, e exibia contente a sua medalha de prata. Eu o havia vencido no decatlo.
- Mas deve ser muito legal ganhar do menino que sobreviveu. Ele tem toda aquela aura de “eu sou O cara”. - disse Ariel, e rimos. Ela havia vindo ver os jogos e trazia o pequeno Kayan no colo. Aidam, seu marido, baterista dos “Duendeiros” optou por não vir e causar outro tumulto, igual a tio Ben.
Era assim que eu e meus primos ficávamos depois das provas. Brincávamos uns com os outros, traçávamos metas, riamos ou nos consolávamos quando não conseguíamos alguma medalha. Sophia e Chloe, diziam a quem quisesse ouvir que elas haviam enfrentado as “maníacas da raquete” e sobrevivido, exibindo orgulhosas as medalhas de prata, Amber estava feliz por sua medalha de bronze no tiro esportivo alvo móvel e Mary por receber a prata na disputa com carabina. Na disputa com arco composto Amber ganhou ouro e Sophia levou a prata, portanto cada membro da família McGregor tinha algo bom a comemorar. Nossas mães, as típicas mães de atletas, gritavam muito nas competições, além de usar as nossas cores. Mamãe tentava ser imparcial, porque estava trabalhando, mas na prova final do decatlo, gritou tanto que acabou ficando rouca, mas exibia um sorriso feliz no rosto, apesar da tensão em pelas declarações de Isa na rádio. Depois Isa pediu desculpas no ar e se desculpou pessoalmente com minha mãe e tio Ben, mamãe ficou mais calma, pois até parou de me culpar pela loucura da Isa. Só havia certa tensão no rosto dela quando ela e tio Logan estavam juntos no mesmo espaço, isso nos primeiros dias de competição, mas depois da festa de Halloween tudo se resolveu. Era muito bom contar com meu padrinho também. Tio Sergei estava sempre por perto e parecia ter desenvolvido um radar para localizar Miyako e tira-la das confusões, que pareciam persegui-la. Mamãe falava que era o radar de pai super desenvolvido dele, e ele ficava todo inchado, levando suas obrigações a sério.
Apesar das confusões, gostei de estar em Paris onde acabei revendo meus familiares, e dei muita risada com meus amigos que ainda estudavam lá, e matei as saudades de meus colegas do time. Mais uma vez a semana passou rápido demais, e era hora do grande barco de Durmstrang, nos levar a mais uma etapa dos jogos, talvez a mais importante, pois seria no lugar, onde a sobrevivência do mundo bruxo havia sido decidida: Hogwarts.

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Já conhecia Hogwarts, pois havia visitado a escola quando criança, antes de ir estudar em Paris, e lembrei do mapa do Maroto que Gabriel havia nos mostrado algum tempo antes em Londres, portanto conseguia me movimentar pelo castelo, sem me perder tanto, mesmo com as escadas se movendo ou com as dicas falsas do poltergeist mal educado Pirraça. Estava voltando da cozinha junto com um Juan todo animado, enquanto meu novo amigo mexicano falava algumas coisas que eu não entendia, mas sacudia a cabeça concordando e rindo das suas mímicas quando encontrei Annia voltando da biblioteca, não perdi tempo em mexer com ela e Juan veio junto. Sabia que ele não entenderia nada, mas ele não queria perder a diversão.
- Hey Annia, não me diga que você está estudando? Diga que é pesquisa de alguma tática para vencer em alguma modalidade, por favor. – e olhei o enorme livro que ela tinha nas mãos, apontei para Juan e ele riu.
- Deixa de ser bobo Ty, você sabe que adoro ler. Imagina vir a Hogwarts e não visitar a biblioteca daqui, aposto que você já foi até a sala de troféus ou tentou ir aos vestiários do campo de quadribol. – respondeu, e sorriu para Juan.
- Não fui não, sabe que é uma boa idéia? Vamos até lá. - peguei Annia pela mão e fui andando até onde eu imaginava ser a sala de troféus. Juan segurava a outra mão de Ania e carregava seu livro. No caminho encontrei Savie, que nos olhou feio, e se retirou muito indignada.
- Sua amiga também?
- Aham.
- Certo.
Entramos na sala, e comecei a olhar em volta para os grandes troféus, e eram muitos. Annia, após pensar um tempo disse:
- Aquela garota foi muito antipática. Do jeito que ela nos olhou, não me parece que sejam só amigos. Desculpe, não tenho nada com isso. - Annia disse arrependida.
- Savie e eu saímos algumas vezes e ela acha que isso lhe dá um atestado de propriedade. – expliquei.
- Sei... Posso te fazer uma pergunta?- perguntou tensa.
- Algum tempo na biblioteca e você já quer me fazer uma prova? – rimos.
- O que você vê nas gêmeas Sheridan? Quer dizer, eu sei que elas são bonitas, vários garotos viram a cabeça quando elas passam, mas elas me parecem tão... Fúteis. E agora vendo esta Savie, ela me lembrou as gêmeas sabe?
- Apesar das aparências, Julianne e Beatrice são garotas legais, têm bom humor. Savie acha que o dinheiro é tudo, e pensa que pode pisar nas pessoas, por causa do ‘sangue puro’. As gêmeas não têm medo de ir atrás do que querem, mesmo que as coisas não dêem certo, isso se chama coragem, e eu gosto disso numa garota. – respondi e ela ficou calada.
Começamos a olhar os troféus e um em especial me chamou a atenção: era de 78/79 e trazia os nomes dos jogadores do time de quadribol de Hogwarts, que foram os campeões dos jogos interescolares naquele ano, e vi os nomes de mamãe, tia Louise, e tia Yulli.
- Uau, minha mãe foi campeã por Hogwarts no quadribol, preciso mostrar isso a Gabriel e Miyako. Nem sabia disso. - disse admirado. Teria muita coisa a perguntar para mamãe, assim que a visse.
- Veja há outros com os nomes de sua mãe e as amigas dela, e este foi pela casa delas, Lufa-Lufa, é a casa onde estamos hospedados não?
- Sim, foi a casa delas. Fiquei sabendo que naquela época, lá eram feitas as melhores festas “secretas” da escola rrsrs. Tomara que no encerramento seja assim também. – comentei.
Ficamos conversando e rindo das mímicas de Juan que parecia haver descoberto um novo jogo. Apontar para um troféu e fotos ao lado dizendo:
- Tu madre?- e eu balançava a cabeça dizendo sim ou não. Ele parecia se divertir, pois dizia outras palavras que eu e Annia nos limitávamos a rir, por não entender nada. Após algum tempo, era hora e voltarmos aos nossos treinos, ainda tínhamos algumas medalhas para disputar.

Monday, November 12, 2007

Lembranças de Beauxbatons

- Que lugar horrível! – reclamei, emburrado e de mau humor.

- Ah, Reno, esse lugar é lindo! É tão mais fresco que Durmstrang – Annia respondeu do meu lado, sorrindo feliz.

- Aqui, melhor que Durmstrang?! Nem em sonhos! Odiei esse lugar...E olha as pessoas daqui! Todas se achando os melhores, mas mal conseguem desenhar um círculo com a varinha!

- Ai Reno, deixa de ser rabugento! Você parece um velho quando fala assim! – Micah brincou comigo tirando gargalhadas dos outros.

- E não se esqueça que essa é minha casa! Não vou tolerar você falando assim! Ou então peço para o Seth te dar uma nova surra na Arquearia! – Ty brincou, fazendo os outros rirem, enquanto eu fervilhava de raiva.

- Como assim me dar uma surra? Eu teria ganhado se não fosse aquele chapéu ridículo da namorada dele! Ela fez aquilo de propósito! – Falei novamente emburrado.

- Talvez ela até tenha feito, mas é bem feito para você parar de reclamar de tudo! – Annia falou e Micah fez coro com ela, me dando um tapa no braço. Fechei a cara e me recusei a falar mais algo durante o jantar, enquanto Beauxbatons inteira parecia se reunir na mesma mesa. Os alunos de Beauxbatons me encaravam de mau jeito e eu os lançava olhares igualmente ácidos. Seth vigiava meus movimentos de tempos em tempos, enquanto conversava com os vários amigos de Hogwarts e Beauxbatons.

Era a abertura das Olimpíadas em Beauxbatons e a escola nos dava as boas vindas com músicas alegres e comemorações. Os jardins haviam sido encantados com replicas de animais do folclore de todos os países, haviam inclusive Leprachauns brilhantes, e todos pareciam sorrir e cantar junto da música incessante. Todas as pessoas da escola, alunos, professores e funcionários, pareciam dispostos a mostrar que Beauxbatons também era a mais afetiva e que dava as melhores boas vindas, para mostrar que não estavam em superioridade apenas no quadro de medalhas. E era isso que me deixava de extremo mau humor.

Sai da mesa sem falar nada e andei pelos jardins, explodindo fadinhas e tantos outras figurinhas brilhantes, mas capturei algumas para fazer testes e experiências depois. Eu havia perdido para o Chronos em Esgrima por pouco, e sofrera uma derrota gigante na arquearia ficando em apenas quarto lugar. Isso era humilhante! Chutei algumas roseiras e ouvi alguém xingando atrás de mim.

- Isso deu trabalho para ser feito sabia? – uma voz feminina e forte brigou comigo e quando me virei vi que era Hakuna, amiga do Chronos.

- E daí? Só fazê-lo de novo, ou transmutá-la. – Falei, dando novo chute em uma das roseiras. Ela se segurou para não avançar em mim, controlando-se.

- Ah, então posso encher sua cara com furúnculos e pintá-la de verde sem problema, não? Você ficaria muito mais simpático também.

- Tente, se você tem coragem, garota.

- Não me chame assim! – Ela sacou a varinha, e eu já estava com a minha em punho também. Ficamos nos encarando, e quando íamos lançar os feitiços alguém segurou meu braço e o dela.

- Miyako! Já está brigando?! – Um dos voluntários da segurança falou enquanto ralhava com ela. Pelo jeito como falava, devia ser pai ou tio dela, mas eu não conhecia. O que me segurava não falou nada, apenas me mantendo seguro.

- Desculpe, Sergei... Ele estava destruindo os canteiros que demoramos tanto para fazer!

- Você, é o senhor Kollontai não? Por favor, mais respeito pelos anfitriões. Agora chega, Miyako venha comigo.

Eles se afastaram conversando e o funcionário tentou me levar junto, mas me soltei dele dizendo que sabia andar sozinho e rumei para os dormitórios, algo do tipo Fidei ou algo assim.

Terça-Feira. Competição de Natação e de Atletismo

Nada muito interessante.

Mas tenho que admitir que o ginásio de esportes de Beuaxbatons é magnífico...Odiei o lugar e o castelo, que é claro, amistoso e feliz demais para mim, mas o Ginásio era ótimo. Ele reunia as pistas de Atletismo, Natação, Ginástica e outros esportes, e na Terça-feira eu passaria o dia inteiro nele.

Na parte da manhã ocorreram as competições de Atletismo. Eu consegui dois ouros nas provas de Saltos e Corrida de 100 metros. A competição de saltos foi fácil vencer, mas na de corrida, eu tive problemas em conseguir vencer, pois haviam vários bons corredores africanos e americanos. Mas consegui derrotá-los também e aumentei o quadro de medalhas da Durmstrang em duas medalhas! Mas infelizmente não adiantou muito, Beauxbatons continuava na frente...

Na parte da tarde, ocorreram as competições de Natação. Essa foi mais interessante. Eu competiria nos 200 metros Medley, e iria enfrentar Griffon. Nós nos damos bem então não houve nenhum problema maior e desejamos sorte um para o outro. Mas isso não quer dizer que a torcida ficaria de bom humor. Eu já havia reunido um ódio-clube que reunir alunos de vários países, portanto muitos da torcida simplesmente torciam contra mim. Seth, imagino que de propósito, adaptou aquele chapéu ridículo da namorada dele em um chapéu de grifo, que soltava fortes gritos. Ele tocava aquele chapéu sempre que eu tentava falar algo com um dos juízes e quando me posicionei para o início da competição. Quando foi liberada a piscina para a competição Griffon tomou a dianteira com um ótimo salto e eu acabei ficando em segundo. Na parte da competição de Nado-Livre, Griffon conseguiu aumentar a distância entre eu e ele. Porém na parte de Nado de Costas, ele nadou meio mal e consegui ultrapassá-lo e na modalidade Nado-Borboleta, aumentei a distância e consegui chegar em primeiro facilmente. Griffon terminou em segundo, e da arquibancada ouvi os gritos dos amigos dele e meus.

- Ouro vai para o Sr. Kollontai, Durmstrang! Prata para Beauxbatons, com Chronos e Bronze para o Instituto Italiano com Declan. Parabéns a todos!

Senti grande emoção e orgulho ao ouvir novamente o hino Búlgaro ao receber minha medalha...

Quarta-Feira. Competição de Canoagem C2.

Não era dia de competição minha, mas eu resolvi assistir a competição de Canoagem, pois a namoradinha do Chronos, Luna, iria competir, assim como a namorada do Potter, e achei interessante ver isso.

A competição foi acirrada, e as vezes parecia que Luna não parecia estar em uma competição. Várias vezes Weasley teve que falar com ela, para que ela voltasse a remar, e ri muito de como elas andavam de forma lerda, e procurei olhar para Chronos, como se a derrota dela, fosse a derrota dele, mas ele continuava calmo e confiante, e logo soube por quê. Nos últimos metros, Luna e Gina ganharam novo fôlego, e passaram na frente de todos. Então entendi a estratégia delas, elas guardaram energia para o final, e deixaram-se serem subestimadas e esse foi o erro das adversárias, pois cheias de energia e com força, elas conseguiram a vitória rapidamente, ganhando o ouro.

- Ouro para a canoa de Hogwarts, Srta. Weasley e Srta. Lovegood. Parabéns a todos! – o locutor falou gritando o resultado.

Eu então decidi o que ia fazer, e pegando uma flor do chão, fechei minha mão em volta dela enquanto despejava um pó lilás em cima delas. Da minha mão saiu uma luz azul elétrica e a flor comum rapidamente transmutou-se em um buquê de rosas, e sai correndo na direção das vitoriosas que saiam da canoa naquele momento.

Potter e Chronos saíram correndo juntos pra saldar as duas vitoriosas, mas
consegui chegar antes deles. Potter por via das duvidas segurou o braço de Seth, que já esta de olhos fixos em mim, como se fosse atacar uma presa. Com um sorriso, sai empurrando todos e chega de frente para Luna, com o buquê que eu acabara de transmutar. Luna me olhou e depois para as flores e deu um sorriso, me fazendo acreditar que ela aceitaria as flores, mas ela me ignorou e saiu correndo para abraçar Chronos, que também tinha um buquê nas mãos, mas um buquê de alguma flor estranha e de colorido verde forte. Me irritei por ter sido ignorado e humilhado assim e sai atrás dos dois para provocar um pouco o Chronos, mas alguém me segurou antes.

- O que acha que está fazendo? Ela tem namorado sabia?! – Uma garota me puxou pelo ombro e quando ficou de frente para mim, enfiou o dedo em meu peito com força.
- Ah, Hakuna, o que acha que estou fazendo? Oferecendo rosas para a vencedora o que mais?
- Caso você não saiba, Kollontai, ela já tem namorado, o Seth!- Dessa vez era Gina Weasley que respondia, ao lado de Hakuna.
- E dai? Eu sou muito melhor que ele, e ela merece o melhor.
- Você? Melhor que o Seth?! Até parece! Você só está fazendo isso para
provocá-lo! – Hakuna falou com um sorriso no rosto.
- E se eu estiver mesmo? De qualquer forma eu quero a Luna, se me dá licença.
- Não, não vou deixar você estressar e irritar meu amigo numa hora
dessas! Não se contenta em perder pra ele? – Weasley e Hakuna falaram quase ao mesmo tempo, colocando-se entre eu e o casal de namorados. Potter já estava do lado delas, mas sem querer se meter. Ricard, que também é de Durmstrang e havia chegado com Miyako, encarava seus próprios pés com grande interesse.
- Olha aqui, garota! Eu sou melhor que ele e vou provar isso quando tiver a Luna comigo!
- O Seth é muito melhor que você, ele é bondoso, carinhoso, amigo, cavaleiro, bonito e inteligente. Já você o que é? Arrogante, idiota e metido! – Hakuna falou, explodindo em raiva, assim como eu que já fechava os punhos de ódio.
- Ahhh! Entendi tudo...Você está é afim do Chronos, tão afim dele que morre de ciúmes da Di-lua! É você queria estar no lugar dela agora, nos braços dele!
Mal terminei de falar, e ela esbofeteou a minha cara, dando um tapa com força, me deixando atordoado e surpreso e nesse meio tempo ele me deu um empurrão, antes que alguém a segurasse. A garota Weasley também me deu um empurrão com raiva, e um novo tapa na minha cara. Eu as empurrei também e saquei a varinha contra as duas, mas Potter e Chronos já estavam entre nós, e o Potter abaixava minha varinha para o chão, enquanto Chronos e Ricard seguravam as outras duas. A confusão atraiu os olhares de todos, e em pouco tempo, McGregor, a chefe da Segurança, já estava do nosso lado gritando conosco.

- Até você Miyako! E você também Gina! Não acredito que até vocês duas estão me arranjando confusão! E você Sr. Kollontai, já recebi várias queixas e reclamações de você! Chega os três!! Gina vá receber sua medalha. Miyako afaste-se agora, e você, Sr. Kollontai, para o seu dormitório agora, não quero mais confusões! Podem soltá-los, Potter e Seth.

Chronos soltou Hakuna e Weasley e acompanhou a segunda para o pódio, onde Luna estava sentada no primeiro lugar balançando as pernas e cantando. Hakuna me deu um último olhar gelado, agarrou a mão de Ricard e os seguiu. Eu dei um puxão me soltando do aperto de Potter, e ficamos nos encarando até McGregor me mandar embora de novo. Joguei as flores no chão e as queimei com raiva indo para o castelo, pronto para queimar o que estivesse na minha frente.

°°°

- Miyako! Arranjou briga de novo?! – Seth falou chocado com ela enquanto, conversavam sentados perto do pódio. Ele, Miyako, Luna, Gina, Harry, Ty, Griffon e Gabriel conversavam sobre o que acontecera. Ricard ainda segurava a mão de Miyako, mas parecia exaltado e assustado demais para dizer alguma coisa.

- Não pudemos evitar, Seth! Ele queria ir implicar com você e com a Luna! – Miyako falou na defensiva.

- Ele sempre faz isso. Já não basta eu me estressando com ele. – Seth falou rindo.

- É Mi, o Seth já é o arquiinimigo do Reno, não precisa se candidatar ao cargo – Griffon falou rindo e Ty concordou rindo também.

- Mas ele falou coisas horríveis de vocês! Falou que queria a Luna, que era melhor que você e que... – Gina falou, ficando calada olhando para Miyako.

- Ele falou que eu queria você! Falou que eu tenho ciúmes de você e queria o lugar da Luna! – Miyako falou corando, mas explodindo de raiva. – Que raiva dele! – Ela soltou a mão de Ricard em um ato teatral, cruzando os braços.

- E você tem ciúmes dele? Porque eu tenho então não sei por que os outros não deveriam ter. – Luna falou sorrindo pra Miyako.

- Ele quis dizer que eu que queria namorar o Seth! Que queria estar no seu lugar...

- Não se preocupe com ele, Miyako, aquele Kollontai é sempre assim. – Ty falou abrançando-a para ver se ela se acalmava.

- E por favor Mi, nunca tente nos bater ta?! Porque o Kollontai deve estar com a cara roxa já! – Gabriel falou, fazendo todos rirem.

- É. E você deveria ter se inscrito em Boxe! Ganharia ouro na certa! – Griffon falou rindo, enquanto levava um tapinha de Miyako e todos voltavam a rir.