Das anotações de Ty McGregor
- Cara você vai ficar insuportável com esta medalha. – provocava Declan, enquanto comemorávamos minha medalha de ouro no decatlo, junto com minha família.
- Deixa de ser tonto, até parece que você não tá parecendo um pavão com a sua no pescoço. Bronze na natação é? Quase o Flipper. - zombei.
- Imagina se ele vence Harry Potter? Ia ficar igual ao Mario e Diego. - ria John, e exibia contente a sua medalha de prata. Eu o havia vencido no decatlo.
- Mas deve ser muito legal ganhar do menino que sobreviveu. Ele tem toda aquela aura de “eu sou O cara”. - disse Ariel, e rimos. Ela havia vindo ver os jogos e trazia o pequeno Kayan no colo. Aidam, seu marido, baterista dos “Duendeiros” optou por não vir e causar outro tumulto, igual a tio Ben.
Era assim que eu e meus primos ficávamos depois das provas. Brincávamos uns com os outros, traçávamos metas, riamos ou nos consolávamos quando não conseguíamos alguma medalha. Sophia e Chloe, diziam a quem quisesse ouvir que elas haviam enfrentado as “maníacas da raquete” e sobrevivido, exibindo orgulhosas as medalhas de prata, Amber estava feliz por sua medalha de bronze no tiro esportivo alvo móvel e Mary por receber a prata na disputa com carabina. Na disputa com arco composto Amber ganhou ouro e Sophia levou a prata, portanto cada membro da família McGregor tinha algo bom a comemorar. Nossas mães, as típicas mães de atletas, gritavam muito nas competições, além de usar as nossas cores. Mamãe tentava ser imparcial, porque estava trabalhando, mas na prova final do decatlo, gritou tanto que acabou ficando rouca, mas exibia um sorriso feliz no rosto, apesar da tensão em pelas declarações de Isa na rádio. Depois Isa pediu desculpas no ar e se desculpou pessoalmente com minha mãe e tio Ben, mamãe ficou mais calma, pois até parou de me culpar pela loucura da Isa. Só havia certa tensão no rosto dela quando ela e tio Logan estavam juntos no mesmo espaço, isso nos primeiros dias de competição, mas depois da festa de Halloween tudo se resolveu. Era muito bom contar com meu padrinho também. Tio Sergei estava sempre por perto e parecia ter desenvolvido um radar para localizar Miyako e tira-la das confusões, que pareciam persegui-la. Mamãe falava que era o radar de pai super desenvolvido dele, e ele ficava todo inchado, levando suas obrigações a sério.
Apesar das confusões, gostei de estar em Paris onde acabei revendo meus familiares, e dei muita risada com meus amigos que ainda estudavam lá, e matei as saudades de meus colegas do time. Mais uma vez a semana passou rápido demais, e era hora do grande barco de Durmstrang, nos levar a mais uma etapa dos jogos, talvez a mais importante, pois seria no lugar, onde a sobrevivência do mundo bruxo havia sido decidida: Hogwarts.
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Já conhecia Hogwarts, pois havia visitado a escola quando criança, antes de ir estudar em Paris, e lembrei do mapa do Maroto que Gabriel havia nos mostrado algum tempo antes em Londres, portanto conseguia me movimentar pelo castelo, sem me perder tanto, mesmo com as escadas se movendo ou com as dicas falsas do poltergeist mal educado Pirraça. Estava voltando da cozinha junto com um Juan todo animado, enquanto meu novo amigo mexicano falava algumas coisas que eu não entendia, mas sacudia a cabeça concordando e rindo das suas mímicas quando encontrei Annia voltando da biblioteca, não perdi tempo em mexer com ela e Juan veio junto. Sabia que ele não entenderia nada, mas ele não queria perder a diversão.
- Hey Annia, não me diga que você está estudando? Diga que é pesquisa de alguma tática para vencer em alguma modalidade, por favor. – e olhei o enorme livro que ela tinha nas mãos, apontei para Juan e ele riu.
- Deixa de ser bobo Ty, você sabe que adoro ler. Imagina vir a Hogwarts e não visitar a biblioteca daqui, aposto que você já foi até a sala de troféus ou tentou ir aos vestiários do campo de quadribol. – respondeu, e sorriu para Juan.
- Não fui não, sabe que é uma boa idéia? Vamos até lá. - peguei Annia pela mão e fui andando até onde eu imaginava ser a sala de troféus. Juan segurava a outra mão de Ania e carregava seu livro. No caminho encontrei Savie, que nos olhou feio, e se retirou muito indignada.
- Sua amiga também?
- Aham.
- Certo.
Entramos na sala, e comecei a olhar em volta para os grandes troféus, e eram muitos. Annia, após pensar um tempo disse:
- Aquela garota foi muito antipática. Do jeito que ela nos olhou, não me parece que sejam só amigos. Desculpe, não tenho nada com isso. - Annia disse arrependida.
- Savie e eu saímos algumas vezes e ela acha que isso lhe dá um atestado de propriedade. – expliquei.
- Sei... Posso te fazer uma pergunta?- perguntou tensa.
- Algum tempo na biblioteca e você já quer me fazer uma prova? – rimos.
- O que você vê nas gêmeas Sheridan? Quer dizer, eu sei que elas são bonitas, vários garotos viram a cabeça quando elas passam, mas elas me parecem tão... Fúteis. E agora vendo esta Savie, ela me lembrou as gêmeas sabe?
- Apesar das aparências, Julianne e Beatrice são garotas legais, têm bom humor. Savie acha que o dinheiro é tudo, e pensa que pode pisar nas pessoas, por causa do ‘sangue puro’. As gêmeas não têm medo de ir atrás do que querem, mesmo que as coisas não dêem certo, isso se chama coragem, e eu gosto disso numa garota. – respondi e ela ficou calada.
Começamos a olhar os troféus e um em especial me chamou a atenção: era de 78/79 e trazia os nomes dos jogadores do time de quadribol de Hogwarts, que foram os campeões dos jogos interescolares naquele ano, e vi os nomes de mamãe, tia Louise, e tia Yulli.
- Uau, minha mãe foi campeã por Hogwarts no quadribol, preciso mostrar isso a Gabriel e Miyako. Nem sabia disso. - disse admirado. Teria muita coisa a perguntar para mamãe, assim que a visse.
- Veja há outros com os nomes de sua mãe e as amigas dela, e este foi pela casa delas, Lufa-Lufa, é a casa onde estamos hospedados não?
- Sim, foi a casa delas. Fiquei sabendo que naquela época, lá eram feitas as melhores festas “secretas” da escola rrsrs. Tomara que no encerramento seja assim também. – comentei.
Ficamos conversando e rindo das mímicas de Juan que parecia haver descoberto um novo jogo. Apontar para um troféu e fotos ao lado dizendo:
- Tu madre?- e eu balançava a cabeça dizendo sim ou não. Ele parecia se divertir, pois dizia outras palavras que eu e Annia nos limitávamos a rir, por não entender nada. Após algum tempo, era hora e voltarmos aos nossos treinos, ainda tínhamos algumas medalhas para disputar.