Friday, October 31, 2008

Toda a escola estava tomada pela expectativa da escolha dos campeões essa noite. E nós, da Esparta, estávamos ainda mais ansiosos. Todos os garotos do 7º ano da casa haviam se inscrito e o boato que corria era que todos os garotos com mais de 17 anos da Chronos também estavam concorrendo e que Reno Kollontai era apontado como o favorito da casa. O Reno até passava, mas suportar qualquer outro garoto da Chronos como campeão de Durmstrang era exigir demais de nós, espartanos. Já se falava em não apoiar o campeão, caso fosse algum outro garoto da casa.

E tinha também os visitantes, a possibilidade de estarmos sendo anfitriões de um campeão de outra escola. Todas as repúblicas estavam abrigando cinco alunos de cada escola. Ty, Gabriel, Griffon, Seth e Dario, primo da Evie, eram os cinco de Beauxbatons. As meninas da Avalon estavam hospedando, entre as dez alunas das duas escolas, Miyako, Gina e Luna. Conseguimos colocar os garotos no quarto ao lado do nosso e os de Hogwarts estavam hospedados no quarto do 3º andar, perto do quarto de Ivan e Nicolas.

As aulas da sexta-feira foram suspensas e embora pudéssemos acordar mais tarde, logo cedo já estávamos todos de pé caminhando em direção ao saguão de entrada. O pergaminho com meu nome já estava dobrado na mão e o depositei no Cálice assim que passei. Chris e Vitor fizeram o mesmo e recebemos os cumprimentos dos alunos de Durmstrang que passavam na hora, junto com palavras de incentivo. Estávamos bastante confiantes. Logo depois Reno apareceu sendo seguido por alguns garotos da Chronos e fizeram muito barulho quando ele depositou seu papel nas chamas.

‘Não sei pra que esse circo todo’ Vitor resmungou enquanto sentávamos pra tomar café ‘Se querem aparecer, pendurem uma melancia no pescoço’

‘Relaxa, meu amigo’ Dei dois tapinhas em suas costas, rindo ‘Mais tarde nós é que vamos poder fazer barulho. Sem chance um desses otários ser o escolhido!’

‘Eu não vou apoiar ninguém de lá se não for o Reno’ Chris sentenciou e concordamos com a cabeça

‘Escutem isso’ Ricard fez sinal de silêncio com a mão e nos calamos

Muitos aplausos vinham do saguão de entrada. Viramos o corpo no banco para ver toda a delegação de Beauxbatons entrando depois de ter colocado o nome no Cálice. Os que não pensavam em competir aplaudiam os colegas da escola com muito entusiasmo. Gabriel e Ty vinham na frente com caras satisfeitas e sentaram na nossa frente.

‘A sorte está lançada’ Gabriel falou pegando uma torrada

‘Tenho certeza que vai ser um de nós quatro’ Ty estava confiante

‘A delegação de Hogwarts está vindo!’ Evie sentou correndo na mesa, me beijando ‘Vi quando eles saíram junto com a diretora deles das republicas’

‘Será que todos eles vão querem se inscrever?’ Miyako perguntou ‘São quase 20 alunos’

‘Luna não vai, mas Gina sim’ Gabriel olhou para trás e acenou para a amiga que segurava um papel na mão e sorriu ansiosa para ele ‘Ela não ia perder essa oportunidade’

Mais aplausos foram ouvidos, dessa vez dos alunos de Hogwarts, e Gina e Luna se juntaram ao nosso grupo para o café. A ruiva sorria confiante.

‘Nenhuma menina daqui vai competir?’ Ela perguntou olhando para Evie e as garotas

‘Eu sim’ Milla disse animada ‘E Annia também. Tomara que seja uma garota que represente Durmstrang, vai ser um tapa na cara dos machões daqui’

As garotas na mesa a aplaudiram assobiando e rimos. Terminamos o café e levamos os amigos de fora para passear no vilarejo e aproveitar o dia livre. Mas por mais que estivéssemos conversando bobagens, os pensamentos não saiam do sorteio que aconteceria de noite. Então, quando o céu começou a escurecer, corremos de volta para as repúblicas para nos preparamos para a festa.

Quando chegamos ao salão, já de noite, ele já se encontrava cheio. O Cálice agora estava em frente à cadeira do diretor. As mesas com as comidas e bebidas eram muito convidativas e encontramos um local vazio perto delas. Mas pareceu levar uma eternidade até que a maioria das travessas fossem esvaziadas. Não parava de olhar na direção dos diretores para checar se eles já pareciam satisfeitos. Depois do que pareceram muitas horas, o pai da Annia depositou sua taça na mesa e ergueu os braços. Imediatamente corremos para procurar um lugar para sentar entre as diversas cadeiras e bancos em forma de arquibancada espalhados pelo salão.

‘O Cálice de Fogo está pronto para decidir!’ anunciou com grande estardalhaço e dava até pra sentir o clima tenso e pesado entre os alunos ‘Quando os nomes dos campeões foram chamados, peço que se encaminhem para aquela sala à minha direita’ e apontou para uma porta que até então eu nunca tinha notado, atrás da mesa dos professores ‘onde receberão as primeiras instruções. Agora, sem mais delongas, vamos aos nomes...’

‘Merlin, papai está se sentindo um Pop Star’ Annia revirou os olhos

‘Silêncio, ele vai falar!’ Falamos quase todos ao mesmo tempo e ela se espantou

Ele puxou a varinha e com um gesto teatral todas as velas, exceto as que iluminavam a mesa dos professores, se apagaram, mergulhando o salão numa penumbra. O Cálice brilhava com mais intensidade do que qualquer outra coisa ali. O salão caiu em um silêncio quase sepulcral quando as chamas azuladas do Cálice assumiram um tom avermelhado e começaram a soltar faíscas. Alguns alunos até levantaram para ver melhor, quando uma língua de fogo se ergueu no ar, assustando a todos. A labareda cuspiu um pedaço de papel chamuscado. Os poucos que ainda respiravam prenderam a respiração quando o pai de Annia apanhou o papel no ar.

‘O campeão de Hogwarts é...’ Ele fez uma pausa proposital e fui obrigado a concordar com Annia, ele estava se sentido um pop star ‘Ginerva Weasley!’

Uma tempestade de vivas e aplausos tomou conta dos bancos que abrigavam os alunos de Hogwarts. Gabriel também aplaudia entusiasmado ao ver Gina se levantar sorridente e caminhar até a sala indicado pelo diretor, recebendo um sorriso de admiração da diretora de Hogwarts. O salão caiu em silêncio mais uma vez e a atenção se voltou ao Cálice. Segundos depois que ela sumiu pela porta, a labareda vermelha tornou a cuspir um pedaço de pergaminho. Vi Miyako apertar o braço de Gabriel e Ty, nervosa.

‘O campeão de Beauxbatons é...’ novamente uma pausa, e Ty reclamou que Miyako estava lhe arrancando a pele do braço ‘Gabriel Lupin!’

‘O QUE?’ Gabriel exclamou surpreso e soltou um palavrão em seguida

A tempestade de aplausos agora vinha do mar de alunos vestindo casacos azuis e Ty e Griffon saltaram do banco sacudindo Gabriel, enquanto Miyako se pendurava em seu pescoço gritando. Chris e eu começamos a bater na mesa fazendo as taças sacudirem e Ty empurrou Gabriel para caminhar até a sala. Ele andava pelo corredor de bancos trêmulo, mas sorrindo. Ainda batíamos as mãos na mesa, e agora os pés no chão para fazer mais barulho, quando a porta da sala fechou e tudo voltou a cair no mais absoluto silêncio. O Cálice voltou a soltar chamar vermelhas. O campeão de Durmstrang era o próximo...

‘O campeão de Durmstrang é!’ ele exclamou entusiasmado, capturando o papel no ar ‘Renomaru Kollontai!’

Vitor soltou um palavrão indignado, mas ninguém além de mim ouviu. A zoeira que tomou conta do salão foi muito grande. Todos os garotos da Chronos ficaram de pé nos bancos, gritando e sapateando em cima deles, abrindo caminho para Reno passar entre eles. Um sorriso satisfeito e um pouco presunçoso corria de uma ponta a outra de seu rosto. Como era o Reno, nos juntamos aos aplausos, que foram tão longos que o diretor teve que pedir silêncio para continuar a cerimônia.

‘Excelente! Parabéns aos três campeões! Agora que temos nossos bravos guerreiros definidos, estou certo de que posso contar com todos, inclusive com os alunos de Beauxbatons e Hogwarts, para oferecer aos nossos campeões todo o apoio que puderem. Torcendo pelo seu campeão, vocês estarão contribuindo de maneira muito real! Agora, se nos dão licença, vamos nos reunir a eles para que possam receber as devidas instruções. Aproveitem a festa!’

O diretor sacudiu a varinha e todas as velas voltaram a acender. Eles, junto com o resto da banca, desapareceu por trás da porta no fundo do salão e os alto falantes voltaram a tocar música.

‘É, agora ninguém vai agüentar aqueles otários da Chronos’ Vitor virou um copo de cerveja amanteigada, resmungando

‘Não importa, nós também temos um campeão na nossa casa!’ Chris pegou um copo também ‘Gabriel está sob o nosso teto, e por mais que ache o Reno legal, é pra ele que vou torcer. Família vem em primeiro lugar...’ Riu

‘Eu também gosto muito do Reno, mas acho que vou torcer pro Gabriel também, sabem...’ Falei rindo ‘Que o diretor não nos ouça!’

‘O baixinho é gente boa, mas é obvio que minha torcida é toda pro lobão!’ Ty falou entusiasmado, alto o suficiente para todo mundo ouvir ‘Beauxbatons vai ganhar!’

‘A Avalon também está abrigando uma campeã então’ Evie falou animada ‘Isso com certeza vai ser um balde de água fria na enjoada da Inês, alguém na casa vai aparecer mais que ela’

‘Tia Louise vai cair pra trás quando souber disso’ Miyako falou e ela e Ty riram ‘E acho que o Biel ainda não ta acreditando muito não’

Rimos da reação do Gabriel ao ouvir seu nome e esperamos até que ele e Gina saíssem da sala para comemorarmos mais. Gabriel não parava de apertar a mão dos colegas de Beauxbatons que vinham cumprimentá-lo e Griffon dizia em alto e bom som que Gina agora ia ficar mais famosa que o namorado dela, Harry Potter. Aproveitamos a festa no salão por mais algum tempo, mas não demorou muito até que ela fosse transferida para a Esparta. Afinal, o dia seguinte era sábado e nas repúblicas a festa não teria hora pra acabar...

Wednesday, October 22, 2008

-...E assim que der, vou terminar o namoro.
- Porque? Perdeu o interesse?
- Não, ela é incrível, mas vamos ter o Torneio Tribruxo e outras garotas vão estar pela escola, não quero estar preso, com tantas novidades por aqui. - e ambos riram, e depois Luka continuou:
- E Ivanovitch está me olhando diferente, acho que ela está desconfiada...
- Aquela garota sempre foi enxerida, e se ela falar com as amigas... Se a Evie começar a desconfiar, vai correndo contar ao meu avô. Agora ela está valente, desde que começou a namorar aquele lá...- resmungou Max.
- E com os visitantes aqui, eu teria que redobrar os cuidados, você sabe que aquele idiota está voltando. Há alguns dias deixei de dar a poção a ela, e nem renovei a Império, sabe que ela vai perdendo o efeito.
- É, e ela é jovem, se recupera rápido. - e Luka continuou:
- E para ajudar, meu pai diminuiu a minha mesada por causa da minha ‘insubordinação’. Preciso ficar na moita, por uns tempos.
- Eu falei que ela não valia o risco. - e recebeu um olhar irritado do outro:
- Ela vale o risco Max, mas não estou disposto a passar um ano brigando com meu pai por alguns galões. E quanto ao namoro da sua irmã, não se preocupe, as coisas vão se acertar no futuro, de um jeito ou de outro.

o-o-o-o-o-o

‘Querida maninha...

Como vão as coisas por ai? Soube que haverá o torneio Tribruxo. Isso é demais!
Queria muito estar estudando ainda e poder fazer parte, mas já que não posso, vou torcer pelo campeão de Durmstrang. E se o campeão for você, pode contar que vou dar um jeito de estar presente nas provas, nem que seja para limpar bosta de dragão, já tenho experiência, fiz isso no de Hogwarts e pude ver tudo de pertinho.
Sabe agora que me casei, o pai de Irina me arrumou um emprego no Ministério. Vou trabalhar no Departamento para Regulamentação das Criaturas Mágicas, na divisão de feras, seres e espíritos. Acho que vai ser bom. Uma nova vida, um novo trabalho.
Irina está feliz e manda um abraço a você.
O outro motivo desta carta além de sentir sua falta é para contar uma novidade: Irina está grávida! Não, não foi durante a lua de mel, ela já se casou grávida e optamos por não contar aos nossos pais. O pai dela é daquele jeito seco, não receberia muito bem a novidade e nossa mãe, já surtou quando organizou o casamento, imagina se fica sabendo que vai se tornar avó? Sua vida teria virado um inferno, quer dizer, eu sei o quanto você penou, papai me manteve atualizado, obrigado por tudo. Mas teria sido pior, se você também tivesse que providenciar um chá de bebê não é?
Uma decisão com relação ao bebê já foi tomada: queremos que você seja a madrinha, seja menino ou menina. Você gostaria? Espero sua resposta.
Sabe estes dias andei sonhando que eu e você estávamos tomando uma poção estranha e ouvíamos ordens sussurradas...Sabe que cheguei a sentir o cheiro adocicado?
Estranho não é?
Irina disse que é influência pela gravidez dela... Deve ser isso, afinal é uma mudança e tanto saber que vamos ter um filho.
Espero que você esteja bem e feliz,
Do seu irmão que a ama
Y.K.”


o-o-o-o-o

Já havíamos tirado nossas coisas do nosso quarto e tentávamos mudar para o quarto que seria de Inês. Era óbvio, que 5 garotas num quarto projetado para duas, geraria muitos esbarrões, manchas arroxeadas nas pernas, e uma tensão que ia além do aceitável.
- Vamos ter que colocoar duas beliches para cabermos aqui e uma tem que dormir numa cama auxiliar...- Dizia Nina, que sempre gostava de planejar as coisas.
- Precisamos é dar um jeito de trazer a Inês aqui e fazer a tal beliche cair por cima dela. Uma morte acidental e dolorosa. - resmungou Annia, depois de levar na cara a porta do guarda roupa, lotado, se recusando a fechar.
- Eu não posso dormir no alto do beliche, posso cair e me machucar...Talvez até ficar inválida. Altura me dá vertigem. - disse Vina dramática.
- Mas eu não acho justo só uma dormir na cama auxiliar, temos que nos revezar, até esta situação se resolver. - eu disse, tateando o chão, procurando uma caixa para guardar meus sapatos e desistindo. - Precisamos de mais alguns metros de quarto. Já viram que vamos ter que levantar mais cedo pa conseguir chegar a tempo no banheiro? Este quarto é muito longe. - resmunguei.
- Não vamos conseguir resolver isso logo, ela nos pegou direitinho. Precisamos bolar um plano à prova de falhas... - disse Evie desgostosa, enquanto amarrava uma trouxa com roupas limpas e pendurava num prego na parede.
Estávamos pensando na possibilidade de sortear para ver quem iria dormir na cama auxiliar, quando uma batida na porta nos interrompeu. Era uma menina do primeiro ano me avisando que Luka queria falar comigo.
Terminamos nosso sorteio e eu fui a feliz ganhadora de uma semana agradável, na cama dobrável ¬¬.
Quando desci, Luka estava olhando pela janela, e se virou quando me viu. Saímos porta afora, e começamos a andar de mãos dadas e trocando beijos, quando eu comentei:
- Como está se sentindo titio?
- Titio?
- É, vamos ser tios, Yuri me mandou uma carta dizendo que Irina está grávida. Não é legal? - disse animada e ele me olhou descrente:
- Grávida? Mas que idiota.
- Como assim idiota? Estar grávida é uma coisa maravilhosa e Yuri está muito feliz.
- Porque é um bobão. Eles estão começando a vida agora, e ter um filho é muito precipitado, pra não dizer irresponsável.
- Meu irmão não é bobão, e nem irresponsável, e muito menos sua irmã. Devemos ficar felizes por eles e apoiá-los.
- Ah sim, ficar contente quando voltarmos para casa, e ter um fedelho gritando no seu ouvido, impedindo-a de dormir. Porque minha irmã vai estar gorda demais para se levantar e calar a boca do garoto. Realmente isso é maravilhoso. - disse sarcástico e continuou:
- Mas não vim aqui falar disso, pouco me importa. Quero saber porque você e suas amigas armaram pra Inês. Vocês nem a conhecem direito.
- Peraí: Eu não estou ouvindo isso. Você veio aqui tomar as dores da enjoada?
- Não estou tomando as dores dela, só acho que vocês pegaram pesado com o trote, e...
- Mas quando vocês jogaram as roupas do Micah e do Ty no lago, vocês acharam que foi muito divertido, e vocês nem os conheciam também.
- Isso não tem nada a ver, e no final mostramos que eles não eram legais, viu o que fizeram no meu quarto?Com as coisas do Max e do Chris?
- Eles apenas reagiram à altura. No caso da Inês, bastava ela ter reconhecido que não conseguiria e pagar o castigo. Mas não, ela achou que podia fazer tudo e quando deu errado, ela correu e pediu ajuda ao papai.
- Claro que ela iria pedir ajuda ao pai, ela estava sozinha contra vocês, e é nova na escola, isso é normal.
- Normal?? Poupe-me Luka, Inês não vai estar sempre na sombra do pai, precisa aprender a se garantir sozinha. Se fosse uma de nós no lugar dela, não haveria esta comoção toda.
- Cresça, Milla. Você não percebe que ter inimizade com ela, pode prejudicá-la? Meu pai...
- Ahá! Chegamos ao ponto: Para o seu pai se envolver nisso é porque deve ser amigo do Ministro.
- Sim, ele é. E não me interessa perder esta amizade, e você devia tomar juízo.
- Está na hora de tomar o juízo mesmo. Porque eu não ligo para as opiniões do seu pai, e não vou me esforçar para ser amiga da Inês. Por mim ela que se exploda e você pode ir junto, já que não me apóia.
- Você não fala sério...Você quer alguém que pule no fogo com você quando você fizer besteira, e isso eu não vou fazer.
- Então não dá para continuar este namoro. Aliás, nem namoro direito é, pois basta seu pai estalar os dedos e você corre Ivanov. E não preciso que me apóie quando eu fizer besteira, posso arcar com as conseqüências sozinha, só preciso saber que você não vai estar contra mim. - disse decidida ele me olhou dizendo superior:
- Então é o fim. Eu não devia ter deixado a atração que sinto por você ter chegado a este ponto, e...
- Luka me faz um favor? Poupe-me deste discurso, nós ficamos juntos por livre e espontânea vontade. Agora é cada um por si, e vamos nos limitar a sermos colegas de escola, e bons vizinhos quando sairmos daqui. - ficamos nos encarando por alguns segundos e acho que ele pensava estar vendo um ser de outro planeta, suspirei impaciente, virei-lhe as costas e voltei para a Avalon, foi a melhor coisa a se fazer, eu guardaria a minha raiva para quem de fato a merecia.

When you come home (re, re, re ,re)
Or you might walk in (respect, just a little bit)
And find out I'm gone (just a little bit)
I got to have (just a little bit)
A little respect (just a little bit)

R-E-S-P-E-C-T
Find out what it means to me
R-E-S-P-E-C-T
Take care

N.Autora: Refrão de Respect, Aretha Franklin

Wednesday, October 15, 2008

Georgia passou com cara de poucos amigos porta adentro e descemos correndo, praguejando contra Inês no caminho.

‘Se ela nos dedurou, eu acabo com a raça dela!’ Annia esbravejou amassando uma cabeça imaginaria

‘Claro que ela nos dedurou Vocês viram a cara da Georgia, ela vai comer nosso fígado!’ Comentei sentindo meu estomago afundar

Ela já estava nos esperando quando chegamos à sala e Inês já havia desaparecido de vista. Tomamos nossos lugares na mesa, mas dessa vez Georgia nem esperou até que todas já estivessem sentadas para começar o sermão.

‘Muito legal meninas, muito legal mesmo! Até quando acharam que essa iam conseguir esconder essa brincadeira idiota?’ Começou a falar andando de um lado pro outro

‘Estávamos nos mantendo positivas de que você não fosse descobrir’ Milla respondeu sincera e prendemos o riso

‘Têm idéia de que tive que mentir pro diretor?’ Georgia a ignorou. Ela gesticulava tanto que estávamos receosas de receber um tapa sem rumo ‘Ele ficava perguntando o que era a lista e eu dizia que não sabia, que devia ser algum tipo de desafio entre os calouros, mas claro que ninguém acreditou. Estão alegando que foi trote, o que eu digo a eles?’ E pela primeira vez, Georgia parecia não saber a resposta

‘Que ela usa drogas?’ Annia arriscou

‘Ela nos dedurou, você quer uma dedo-duro na Avalon?’ Nina arriscou quando Goergia fechou a cara pro comentário de Annia

‘Ela não dedurou vocês, e pra ser sincera, nem foi preciso! O diretor me entregou a lista cobrando explicações e deduzi sozinha. Inês nem abriu a boca, não ouço a voz dela desde que saiu daqui de tarde pra cumprir as tarefas dessa lista que vocês criaram!’

‘Que seja! Qual é, Georgia? Vina se estressou ‘Se fosse qualquer garota ninguém ligaria, mas é só porque ela é Inês Molotov’

‘Ela vive sob observação e ficando aqui, nós também vamos ficar submetidas a isso’ Georgia parecia não gostar da imagem que plantei

‘É!’ Milla aproveitou a deixa e tentou reforçar ‘Não seria melhor se...’

A frase de Milla foi cortada com o barulho da porta da sala abrindo. Inês entrou vestida em um terninho que parecia ter sido emprestado pela avó e com cara mais lavada do mundo, cara de santa e arrependida.

‘Posso tomar um minuto do tempo de vocês?’ Falou com aquela voz de menina de 9 anos, e torci o nariz

‘É uma reunião fechada, somente para o conselho’ Georgia respondeu cansada

‘Vai ser rápido’ Georgia assentiu e ela entrou, fechando a porta ‘Eu sei que cometi um grande erro. Extrapolei com essa caça de itens, mas eu só estava tentando deixar minhas irmãs orgulhosas’ Ela andava de um lado pro outro ditando aquele discurso falso e olhava para as meninas com cara de nojo

Achamos que ninguém compraria aquela porcaria, mas quando ela parou de falçar, Georgia estava com cara de comovida. Milla me olhou alarmada, já sabíamos aonde aquilo ia parar.

‘Ah Inês, você não precisa provar nada a ninguém, todo mundo aqui adora você!’

‘Er... Há controvérsias!’ Levantei a mão, mas Nina me beliscou

‘Seu discurso é muito bonito, mas nós ainda temos que responder ao diretor’ Nina cortou a falsidade dela

‘Já está tudo resolvido’ Inês disse simples e quando não entendemos, sorriu de um jeito que deveria ser gentil, mas não soou bem assim ‘Meu pai, o Ministro, acabou se envolvendo. Ele falou com o diretor e com a presidente sênior da Avalon e sugeriu que seria mais interessante para todos esquecer isso tudo. Então, foi esquecido’ Ela fez um aceno teatral, sem conter o sorriso de satisfação ‘Eu não permitirei que o meu infeliz julgamento afete minhas irmãs’ Ela parou atrás de mim e apertou meu ombro, sorrindo sinistramente, e controlei o impulso de estapear aquela cara falsa ‘E por todo o transtorno que causei, meu pai ofereceu nossa casa em Aruba para passarmos um fim de semana, só as meninas da Avalon’

O que era um silêncio fúnebre se transformou em falatório com o convite repentino. Até eu me empolguei de inicio, mas quando Georgia saiu abraçada a Inês já fazendo planos para o fim de semana em Aruba, a ficha caiu: a safada tinha dado uma volta na gente. E nós caímos direitinho...

~*~*~*~*~*~

Mais tarde...

A noite de sono já havia sido totalmente arruinada pelos eventos consecutivos e, desistindo de lutar contra a vontade de fofocar, nos largamos cada uma em sua cama e nos revezávamos para falar mal de Inês e de como ela nos manipulou tão bem, a ponto de nos fazer esquecer por breves segundos que a odiávamos. O relógio já marcava mais de 3 da manhã quando alguém bateu na porta e o rosto sorridente de Georgia apareceu. Pelo visto não éramos as únicas sem sono.

‘Boas noticias!’ Ela já foi entrando ‘Tudo foi realmente resolvido e esquecido. Mas tem um porém...’ Ela fez uma breve pausa, mas foi tempo suficiente para trocarmos olhares preocupados ‘Inês quer o quarto de vocês’

‘Ela não pode ficar com o nosso quarto, isso é ridículo’ A principio rimos, mas quando Georgia se manteve séria, Vina protestou.

‘Me expliquem uma coisa... Como Inês recebeu tantas coisas difíceis na caça aos itens?’ Georgia fingiu uma cara pensativa

‘Ela não recebeu coisas difíceis’ Annia negou

‘Professor sem roupa, prostituta de meia idade?’ Listou, indignada

‘Ora Georgia, foi só uma piada!’ Falei rindo e Georgia riu também, mas depois ficou séria
‘A questão é que essa piada nos rendeu uma bronca e agora os professores sabem que existem trotes nas repúblicas. Vocês tomaram implicância com ela e perderam o controle da brincadeira. Vocês colocaram a gente em perigo devido ao trote’

‘Não achamos que ela faria’ Protestei

‘Mas ela fez! E nós poderíamos estar em observação, ou pior, servir de exemplo e sermos expulsas. Vocês colocaram essa disputa idiota antes da republica. Então se a condição para que Inês não mude de idéia e diga a verdade é ter esse quarto, ela terá. Vocês ficam com o quarto do 2º andar, que seria o dela’ Disse em tom decidido e saiu do quarto ‘Se entendam com ela quanto ao tempo que vão levar para fazer a mudança’ E bateu a porta.

Ficamos mudas encarando a porta alguns segundos, mas que pareceram uma eternidade. Quando o efeito do transe passou, nos encaramos em silêncio e não foi preciso falar nada para saber que o pensamento era um só: se ela estava disposta a encarar uma briga, então que estivesse preparada, porque íamos até o fim!

Podemos ter perdido a batalha, mas não perdemos a guerra! E ela estava apenas começando...

Sunday, October 12, 2008

‘Bom dia, calouros!’ Ivan berrou abrindo a porta da cozinha ‘Espero que ninguém tenha... Oh! Micah, todo seu’

Os calouros entraram se arrastando, todos quase desmaiando, e caminhei até uma figura pequena dormindo encolhida no jardim. Era um menino um pouco baixo para 11 anos e muito loiro. Bati palma e ele acordou. Quando me viu, levantou do chão assustado. Era Filipe, o primo da Evie.

‘Acho que vai precisar disso’ Atirei um par de chinelos nele e olhei o quintal todo limpo ‘Bom trabalho com a erva daninho, não sobrou nada’

‘Fui o único candidato que dormiu?’ Perguntou olhando em volta e vendo o quintal vazio ‘Ah droga, não acredito que me deixaram dormir!’

‘Relaxa, você não é o primeiro e não vai ser o último’ Ri

‘O que acontece com quem dorme?’

‘Geralmente os próprios calouros cuidam deles’ Apontei pro pé dele e ri ‘Eles se superaram esse ano’

‘Eles pintam o seu pé de azul?’ Disse alarmado, meio em estado de choque ‘Eles pintaram meu pé’

‘É, mas eles pintam porque se importam, você foi notado’ Tentei encorajá-lo, mas era difícil não rir

‘Quando eu disse que gostava de alquimia, me olharam como se eu fosse um doente terminal’

‘Eles não te conhecem ainda, dê tempo a eles. Vamos entrar, Ivan vai passar algumas instruções’

Empurrei o garoto pra dentro da casa ainda em estado de choque. Era difícil não rir. Além de ter os pés pintados, ainda tinham unido suas sobrancelhas com caneta preta e cortado o fundo das calças, mas ele ainda não tinha reparado nesses detalhes, e esqueci propositalmente de contar. Ele se postou ao lado de Wes na sala e os outros começaram a rir, mas pararam quando Ivan pigarreou.

‘Parabéns. Todos sobreviveram à noite no jardim. Quer dizer, quase todos’ E olhou para Filipe, que abaixou a cabeça sem graça ‘Como somos veteranos muito bons, vamos deixá-los dormir por 2 horas antes de começarmos nossas atividades diurnas’ Alguns protestaram, mas Ivan fez com que se calassem outra vez ‘Duas horas é mais que suficiente para repor as energias, mas se preferirem podemos começar as atividades agora mesmo’

Os que não protestaram olharam ameaçadores para os reclamões e todos concordaram com as duas horas de sono. A maioria nem se deu ao trabalho de ir para o quarto, e se espalharam pelo chão da sala mesmo. Voltamos para a sala de reunião para começar a acertar os últimos detalhes. O dia seria movimentado para eles.

ººº

Passamos o dia inteiro na praça da cidade delegando tarefas malucas aos calouros. Filipe passou o dia todo com os pés pintados de azul e o rosto riscado, mas estava tão preocupado em nos impressionar e fazer os amigos calouros gostarem dele que não se importou e acabou sendo um dos mais empenhados nas tarefas. Ivan havia dispensado todos eles pra fazerem o que quisessem pelo resto da noite antes de seqüestrarmos todos outra vez e fui com Evie e o resto do pessoal pro Dobbler’s, o pub novo da cidade. Era o novo point da escola toda sexta e sábado se esbarrava com toda Durmstrang lá dentro. E como era só o 1º fim de semana de aula, o assunto eram os trotes. Evie disse que ia até o balcão pegar mais bebida e saiu de perto da roda, mas demorou tanto a voltar que fui procurá-la.

‘Por que essa demora toda?’ Parei atrás dela no balcão e notei a presença de Derek, o ex-namorado.

‘Erik’ Cumprimentei com a cabeça ‘Tudo bom?’

‘É Derek’ Ele me corrigiu

‘Tanto faz’

‘Só estava pagando um drink a ela’ Ele justificou

‘Você não tem sua própria namorada pra pagar drinks?’ Envolvi meu braço ao redor do ombro dela, querendo marcar território. Era mais forte que eu, não podia evitar.

‘Relaxa, cara. Evie e eu só estávamos conversando sobre os calouros’

‘Ah sim, como vão os trotes na Chronos? Já mataram os calouros de tédio?’

‘Ao menos não os fazemos passarem por humilhações. Por que mesmo fazem isso com eles?’

‘Para nossa diversão?’ Ri

‘Vi o primo dela passando na rua parecendo um mendigo. Vejo que estão fazendo muito bem a eles’

‘Pelo menos não precisamos treinar nossos calouros, eles já arrasam qualquer outro’ Provoquei e ele se mordeu

‘Está dizendo que os seus calouros são melhores que os nossos?’

‘Não fui claro? Deixe-me esclarecer. Nossos calouros arrasam os de vocês qualquer dia’

‘Isso é um desafio?’

‘Ah, por favor, parem com isso’ Evie resmungou, mas continuamos

‘Calma, meu amor’ Abracei ela mais forte e encarei-o ‘De que tipo de competição estamos falando? Quem tem o melhor suéter tricotado pela vovó?’

‘Nós podemos acabar com vocês em qualquer coisa, então pode escolher o desafio’

‘Beer-pong, amanhã às 18h, na nossa república’ Estendi a mão e ele apertou

‘Prepare-se pra dançar’ E saiu do balcão


‘Isso era mesmo necessário?’ Evie se virou para mim entediada ‘Que disputa ridícula entre vocês dois! Não tenho mais nada com ele, não precisa ficar marcando território desse jeito’

‘Ele que falou em desafio primeiro. E não esquenta, vai ser bom um duelo de repúblicas logo no começo do ano, que já abaixa a crista deles. Acham que podem dizer o que fazemos com os nossos calouros, são muito abusados’

‘Pra falar a verdade, foi bom mencionar isso. Não sei exatamente o que vocês estão fazendo dentro da república, mas pega leve com o Filipe, ok? Isso é tudo muito novo pra ele e não queria que ele ficasse marcado. Não sei se você notou, mas ele é um tanto quanto nerd’ Ela riu

‘É, eu percebi. Como ele veio parar aqui? Pensei que tinha dito que os gêmeos iam pra escola da Espanha’

‘Luísa foi, mas Filipe disse que 11 anos era a idade para se emancipar dela, e preferiu vir pra cá. Ninguém da família queria, porque ninguém acredita que ele vá sobreviver à semana de trotes’

‘Não se preocupe, ele vai ficar legal’

‘Espero que sim’ Ela bebeu o drink que Derek deixou e riu ‘Beer-pong? Isso vai ser divertido’

ººº

Às 18h do domingo os calouros da Chronos chegaram à Esparta para o desafio de beer-pong. A competição ia ser apenas entre os calouros do 1º ano e estavam todos nervosos. Evie contou que o desafio seria beer-pong e as meninas apareceram para assistir e torcer pelos nossos calouros.

O jogo era simples. Cinco copos cheios de cerveja amanteigada ficavam postados nas duas pontas da mesa. O adversário tinha que acertar a bolinha de ping-pong dentro do copo. Se acertasse, o adversário bebia o copo. Quem bebesse os cinco copos primeiro, perdia. Eram 7 calouros de cada lado e Filipe ficou para competir por ultimo. O jogo empatou em 3 a 3 e estava nas mãos dele desempatar para a Esparta.

‘Como faço mesmo?’ Me perguntou nervoso com a raquete na mão

‘Basta acertar a bola dentro do copo’ Apertei seu ombro o sacudindo e ele mirava os copos do adversário ‘Sua vida depende disso, não nos decepcione’

‘Valeu, isso ajuda bastante’

‘Eu faço o meu melhor. Agora vai lá e acaba com ele’

Derek apitou o inicio da partida e Filipe sacou. E logo de primeira acertou o copo do garoto. Nosso lado comemorou e ele me olhou animado.

‘Isso é igual à ping-pong! Eu fui campeão dos escoteiros!’ Disse empolgado e olhei para Evie rindo.

‘Seu primo era um escoteiro? Ele é mesmo único’

Filipe voltou à atenção a mesa quando o garoto da Chronos bebeu o copo inteiro e foi uma sucessão de bolas no copo. Filipe não deu chance a ele de acertar uma bola sequer em seus copos e os fez beber os 5 seguidos. O garoto caiu bêbado no gramado e nossos calouros erguerem Filipe do chão.

‘Viu?’ Abracei Evie olhando os calouros comemorando com Filipe no ombro deles, de braços erguidos ‘Ele vai ficar bem’


Don't worry about a thing,
'Cause every little thing
Gonna be all right

Bob Marley - Three Little Birds

Thursday, October 09, 2008

República Esparta, sexta-feira, 21h.


‘Tudo pronto?’ Nicolas abriu a porta da sala

‘Sim, estamos prontos’ Chris conferiu o papel em sua mão e os outros confirmaram com a cabeça ‘Vamos pegar os calouros’.

Os 10 garotos riram e abaixaram o capuz que cobria seus rostos. Bateram a porta da república ao saírem e se espalharam pelo campus. A noite do trote estava começando.

ººº

Biblioteca do Campus, 21h15min.

‘Não vou fazer Alquimia, Evie, sem chance’ Wes corria os olhos pelas folhas perdido ‘Se você está me dizendo que em 7 anos ainda não consegue transmutar grandes coisas, não há esperança pra mim’

‘É, você está certo em nem começar’ Evie escrevia em um pergaminho enquanto conversava com o amigo ‘E também, só temos mais esse ano. Pra que se matar tentando entender uma coisa que nem vai usar mais?’

‘Calouro’ O espelho preso na capa de Wes vibrou e ele logo se alarmou ao ouvir a voz de Micah ‘Você tem 5 minutos pra chegar à república ou sofrerá as conseqüências’.

‘Droga! Tenho que ir!’

Wes levantou com um único pulo e abraçou o material de qualquer jeito, correndo desabalado. Evie sacudiu a cabeça e começou a rir. Não era nada fácil ser calouro.

ººº

O caminho da biblioteca até as repúblicas era longo e Wes corria o mais rápido que suas pernas e a semana cansativa de aula permitiam. Já podia avistar, ainda que um pouco distante, as casas que abrigavam as repúblicas e apertou o passo, mas um par de mãos agarrou suas vestes e alguém enfiou um capuz em seu rosto. Três vozes distintas riam e dois de seus donos o ergueram do chão e saíram correndo.

Foi atirado sem cerimônias no chão e instruído a não remover a venda, ou as conseqüências seriam grandes. Ficou sentado no canto sem enxergar nada, mas sabia que outros calouros se encontravam na mesma situação. Alguns minutos se passaram e vários passos foram ouvidos. Ouviram uma porta abrir em seguida e os risos que acompanhavam os passos cessaram.

‘De pé!’ A voz grave de Ivan invadiu o quarto e todos levantaram ‘Removam o capuz’

Os calouros arrancaram o capuz que cobria seus rostos e iam encarando uns aos outros, reconhecendo os rostos das vitimas ali presas. Wes logo notou Ricard e Victor de pé um pouco mais a frente e caminhou até eles. Micah e Chris estavam de pé ao lado de Ivan, o presidente da Esparta, e Nicolas, o vice-presidente. Os quarto, assim como os outros 6 garotos atrás deles, mantinham os braços cruzados e uma expressão intimidadora.

‘Boa noite, calouros’ Ivan começou a percorrer a sala e os olhos dos calouros acompanhavam seus passos, atentos ‘ Vejo que todos chegaram no horário’ Os veteranos riram, mas logo pararam ‘Mas vou ter que pedir para pagarem 20 flexões mesmo assim, pois ninguém teria chegado no horário se não fosse nossa ajuda!’

‘É sério? Todos?’ Ricard perguntou descrente

‘Todos vocês!’ Micah berrou e a maioria já foi se atirando no chão ‘O sucesso de um irmão é o sucesso de todos e a falha de um afeta a todos, então quando delegamos uma tarefa, vocês têm que executá-la JUNTOS!’

O único som que se ouvia agora eram nossas respirações pesadas e do esforço para concluir as 20 flexões sem prejudicar aos outros. Ivan ia caminhando entre os calouros, observando com atenção.

‘Bem vindos à noite do trote. Eu sou o presidente da Esparta, irmão Chambers, e é meu dever transformá-los em espartanos. Auto-melhoramento, liderança e dedicação. E parte da dedicação é pontualidade’ Wes sentiu algo pesado cair em suas costas ‘A capa dura que estão sentindo nas costas é o livros dos iniciados da Esparta. Vocês serão testados por ele. A iniciação não serve apenas para humilhá-los, também tem o propósito de transformar os garotos comuns fazendo flexões nessa sala em verdadeiros espartanos’ As 20 flexões pedidas terminaram e todos ficaram de pé, encarando o grosso livro nas mãos. Micah empurrou um carrinho grande coberto com um pano para a sala e Ivan descobriu, revelando 10 blocos de gelo muito grandes ‘Vocês tem uma hora para derreter esses blocos de gelo. Ah sim, tem uma condição. Não podem usar nada mais que a boca. Por que ainda estão parados? VAMOS!’

Os calouros se encararam sem reação e os 10 veteranos sacudiram a varinha, lançando cordas que imediatamente prenderam suas mãos às costas. Os veteranos saíram da sala e Victor foi o primeiro a se aproximar dos blocos de gelo e lamber um. Quando viu que ninguém mais se movia, os encarou.

‘O que estão esperando? É muito gelo pra pouco tempo!’

‘Isso mesmo, gente, não vamos querer sofrer as conseqüências, seja lá quais forem!’ Wes se adiantou e começou a roer o gelo também

Os demais correram para ajudá-los e os 10 blocos de gelo foram cobertos por cabeças se esbarrando.

ººº

55 minutos depois

‘Wade, vá conferir como nossos calouros estão se saindo’ Ivan falou recolhendo o baralho ‘Estão muito quietos’

Micah levantou da mesa e caminhou até a sala. Os calouros ainda tentavam derreter o gelo. Estavam todos ensopados e suando, mas restava apenas um bloco de gelo que Wes, Ricard e Victor lutavam para eliminar, roendo depressa. Voltou para a sala de jogos rindo.

‘Estão quase terminando, mas os primeiranistas estão esgotados’ Comunicou aos outros veteranos.

‘Ótimo, assim vai ser mais difícil se manterem de pé até amanhã’ Chris riu maldoso

Todos levantaram, caminhando para a sala. Ivan conferiu o relógio e esperou que a hora chegasse ao fim. Alguns calouros notaram a presença dos veteranos assim que eles entraram na sala, mas outros mantinham a atenção nos últimos vestígios de gelo.

‘Tempo esgotado’ Ivan anunciou e os três se afastaram. Aproximou-se com Micah, Chris e Nicolas e examinaram a mesa ‘Bom trabalho, iniciados. Bom trabalho. Pena que não terminou aqui’

‘Acharam mesmo que era só isso?’ Chris riu outra vez quando os calouros se espantaram ‘Essa é a primeira noite da semana dos infernos que vocês terão’

‘Irmão O’Shea está certo, não terminou aqui’ Ivan tornou a falar ‘Todos para o jardim dos fundos’.

Ivan e Chris saíram na frente e os outros veteranos empurravam os calouros para fora da casa. Micah e Nicolas ficaram para trás para levar os últimos e aglomeraram todos em um circulo desenhado na grama do jardim. Todos tinham expressões que misturavam tensão e curiosidade.

‘Irmão Wade, quer ter a honra?’ Ivan indicou os calouros para Micah, que se adiantou.

‘Os espartanos são fortes e capazes de resistir a dias sem dormir a espera do inimigo’ Micah caminhava em volta do circulo ‘Vocês vão passar a noite aqui. Não podem dormir e nem entrar na casa. O primeiro calouro que dormir...’ Micah olhou para alguns alunos do 1º ano, que se encolheram 'Bom, acho que não preciso completar essa frase, não é mesmo?’

‘Vemos vocês amanhã Chris acenou divertido e os veteranos entraram

‘E não se enganem, pois estaremos de olho a noite inteira’ Ivan comunicou antes de fechar a porta.

‘É galera, é isso... Alguém tem um baralho ai?’ Wes sentou na grama cansado e os outros riram. A noite ia ser longa...

Tuesday, October 07, 2008

O sábado livre chegava ao fim e pouco antes das 20h voltei com as meninas para a república. O prazo para as calouras entregarem as tarefas estava chegando ao fim e tínhamos que estar todas lá para avaliar. As novinhas foram as primeiras a voltar, já estavam todas aguardando ansiosas na sala quando chegamos e Nina e Annia se juntaram ao grupo delas para recolher as fotos. As nossas não deram sinal de vida até o relógio marcar 20h em ponto, quando a porta abriu e entraram todas de uma vez só. Todas, menos Inês. Vina, Milla e eu nos olhamos e prendemos a risada, indo receber as outras quatro.

Das quatro calouras que entregaram o que pedimos, Tatiana foi a que se destacou. Ela era a mais empolgada e conseguiu todos os itens da lista. Enquanto conferíamos os demais, ela ia contando como conseguiu cada uma das fotos com uma empolgação tão grande que nossa vontade era de estrangular ela pra que calasse a boca um pouco, mas apenas sorrimos e ouvimos. Coitada, ela só era animada, talvez até um pouco demais. Georgia aprovou as quatro para a próxima fase do trote e dispensamos todas as calouras, indo para o quarto.

‘Aonde será que a Inês se meteu?’ Perguntei curiosa enquanto me jogava na cama

‘Tomara que tenha explodido!’ Milla respondeu e rimos

‘Deve ter desistido e ficou com vergonha de voltar’ Vina chutou

‘Será que ela foi procurar abrigo em outra republica?’ Nina perguntou intrigada

‘Vamos torcer pra isso!’ Annia puxou um jogo de snap explosivo da mala e sacudiu na mão ‘Alguém topa uma partida?’

Amontoamos-nos no chão para jogar e passamos horas sentadas naquela roda. Vez ou outra alguém descia na cozinha para busca comida e bebida, e o jogo continuava firme. Já devia ser quase meia noite quando bateram na porta do quarto e Georgia entrou sem cerimônia, de pijama e roupão.

‘As cinco na sala agora, reunião’ Disse autoritária e saiu do quarto.

Trocamos olhares intrigados e cansados, mas recolhemos as cartas e descemos atrás dela. O Conselho da Avalon já estava todo sentado em volta da mesa de reunião. Georgia andava de um lado para o outro, tensa. Ocupamos nossos lugares e comecei a me preocupar. Pra que aquele mistério todo?

‘Meninas, nós temos um problema’ Georgia começou, sem nem ao menos sentar ‘A professora Mira esteve aqui há alguns minutos, me comunicando que Inês Molotov está retida na sala do diretor desde as 19h. Ela foi pega tentando invadir o banheiro dos professores com uma câmera na mão. Alguém tem alguma idéia do que ela estava tentando fazer?’

‘Eu sabia que essa garota seria um problema’ Falei como se não soubesse do que ela estava falando ‘Tentamos avisar, mas você não nos deu ouvido, Georgia’

‘Pois é, olha só o que ela fez!’ Milla entrou na onda comigo

‘Ela não explicou o que estava fazendo?’ Vina pareceu um pouco mais preocupada que nós duas

‘Não, a professora disse que o diretor já fez todos os tipos de pergunta possíveis, até a ameaçou com veritasserum, mas ela não emite um único som. Eles não vão liberá-la até que fique claro o que ela estava tentando fazer’

‘Bom, parece obvio pra mim’ Annia começou muito séria ‘Inês estava tentando conferir os professores sem roupa, e talvez guardar uma recordação’

‘Annia pode estar certa, sabe como são esses filhos de pessoas importantes, acham que podem fazer tudo sem sofrer as conseqüências’ Dei mais corda. Não íamos confessar nem sob tortura.

‘Não sei se o problema é esse, mas acho que foi mesmo um erro mantê-la aqui’ Georgia ponderou e sorrimos vitoriosas, mas disfarçamos ‘Em todo caso, não sei se mais alguma republica vai aceita-la a essa altura do campeonato, mas vou ver o que posso fazer’

‘Não se preocupe com trocá-la de republica, porque depois dessa, acho que ela vai ser expulsa’ Milla levantou da mesa bocejando ‘Estou com sono, tem mais alguma coisa pra discutir?’

Georgia fez sinal com a mão nos dispensando e saímos da mesa. Subimos correndo para o quarto e assim que Vina bateu a porta, caímos na gargalhada. As risadas eram tão altas que sem duvida os quartos do andar de baixo podiam nos ouvir. Vimos quando Georgia saiu da república e caminhou na direção do castelo, parecendo furiosa. Mas depois de um tempo paramos de rir e acho que pensamos todas a mesma coisa: o que vai acontecer se ela contar a verdade? A dúvida pairou sobre o quarto por intermináveis 40 minutos, tempo que levou para que Georgia voltasse para a república com Inês ao lado. Ela olhou para a janela do nosso quarto e nem deu tempo de se esconder, então a encaramos de volta. Inês olhou para cima também e abaixou a cabeça, entrando rápido. Georgia sustentou a nossa encarada e sacudiu um papel amassado na mão, fazendo sinal para descermos outra vez.

‘É, agora ferrou’ Nina falou nervosa

Fechamos a janela e caminhamos outra vez até a porta. Tínhamos jogado bosta de dragão pro alto e agora estava começando a ventar...

((Continua))

Friday, October 03, 2008

"Uma idéia que não é perigosa não merece nem mesmo ser chamada de idéia."

Oscar Wilde



‘Atenção!’ Georgia bateu com um martelo na mesa ‘Silêncio! Se não tivermos ordem, não vamos terminar a reunião!’

‘Já nos calamos, Sra. Presidente’ Milla disse com sarcasmo ‘Conclua’

Georgia fingiu não se importar e continuou a falar. Estávamos na reunião do Conselho da Avalon, formado pelas alunas do 7º ano. E a pauta dessa primeira reunião do ano era o trote nas calouras. Esse ano seria diferente, pois tínhamos 5 garotas mais velhas que mereciam um trote separado. Georgia encerrou a reunião distribuindo as tarefas de cada uma e saímos da sala.

‘Vou ajudar com as novatas’ Nina disse lendo seu roteiro ‘Ótimo, tenho algumas idéias já’

‘Eu também vou trabalhar com as calouras, vou supervisionar para que Nina não pegue leve demais com elas’ Annia comentou rindo

‘Eu fiquei com as mais velhas’ Vina disse olhando o meu papel e o de Milla ‘Oba, vocês também!’

‘Ótimo, assim vamos poder presentear aquela menina enjoada do 6º ano’ Milla comentou maldosa e rimos ‘Ô garotinha nojenta!’

‘Então eu já tenho uma idéia ótima! Vamos começar a trabalhar imediatamente!’ Disse empolgada e começamos a rir de um jeito sinistro. Pilar tinha razão: ser veterana era bom demais...

~*~*~*~*~*~

‘Silêncio, por favor’ Vina pediu, gesticulando ‘Se reúnam aqui’

As calouras mais velhas pararam de conversar e se reuniram na nossa frente. Estávamos na praça da cidade com elas, em um sábado livre. Elas eram 5: Karina e Andréa, da Ansuz e Mannaz, 5º ano; Inês, do 6º ano da Othila; e Nádia e Tatiana, Berkana e Mannaz, 7º ano. O trote que deveríamos bolar tinha que estar dentro dos padrões da Avalon, ou seja, nada que nos metesse em confusão e denunciasse todo o esquema de trote nos calouros ao corpo docente da escola. Separamos alguns itens malucos e totalmente aleatórios em umas listas e distribuímos às cinco. Elas teriam que fotografar todos os itens que pedimos e nos reportar no fim do dia.

Era a 1ª parte do trote, para elas pensarem que seria simples. Mas fizemos uma pequena brincadeira com a lista da Inês. Milla já tinha tomado implicância com ela e não era pra menos. Ela era filha do Ministro da Magia da Bulgária e achava que podia chegar mandando na republica. Ninguém gostava dela, mas Georgia fazia questão de ter aquela enjoada na Avalon, pois dizia que chamava atenção positiva pra casa. Não podíamos fazer nada, ela era a presidente, então tiramos proveito do trote. Se não poderíamos tirar ela a força, íamos fazer ela querer sair.

‘Vocês têm até às 20h para nos entregar tudo. Quem deixar algum item de fora, vai pagar penitencia’ Anunciei e todas dispersaram, menos Inês. Ela leu a lista dela curiosa e veio até nós

‘Algum problema, Inês?’ Milla perguntou cínica

‘A minha lista’ Começou, em um falso tom de descontração ‘Alguns itens são um pouco estranhos. Vocês têm certeza que as outras receberam tarefas similares? Membro do corpo docente sem roupa, uma prostituta de meia idade, um anão punk... Isso é algum tipo de brincadeira?’

‘Por acaso temos cara de quem está brincando?’ Falei me mantendo séria ‘Todas receberam tarefas do mesmo nível e já saíram para tentar obter tudo da lista. Mas se acha que não consegue, é só devolver e desistir’

‘Não, eu vou conseguir. 20h, certo?’ Vina confirmou com a cabeça e ela saiu jogando o cabelo pra trás, aquele ar arrogante infestando o ar

‘Ela não vai conseguir nem começar’ Comentei quando ela se afastou

‘Não mesmo. Vai desistir e outra republica que ature a princesinha mimada’ Milla torceu o nariz

‘Só espero não termos problemas com Georgia quando ela souber das tarefas que delegamos a Inês’ Vina parecia preocupada, mas deu de ombros ‘Ah, mas também, quem se importa?’

Começamos a rir imaginando Inês desesperada tentando fotografar todas as coisas impossíveis que listamos para ela e sentamos no banco da praça para ver os outros trotes. Micah e Chris estavam com alguns garotos do 7º ano na praça comandando o grupo de calouros da Spartacus. Todos os do 1º ano estavam descalços e corriam de um lado pro outro tentando encontrar os pares certos, para calçarem outra vez, e isso dava tempo aos veteranos de encerrar o trote com os mais velhos. Victor conversava com uma estátua sob a supervisão rigorosa de Chris, e caímos na gargalhada quando descobrimos que ele contava piadas pra ela. Ricard estava sendo supervisionado por Micah, e abordava as pessoas na rua com um copo na mão, pedindo dinheiro. Algumas davam, mas outras brigavam com ele e mandavam procurar um emprego. Wes estava sem sapatos também, e pulava corda no meio da pracinha ditando o alfabeto de trás pra frente.

De vez em quando os dois vinham sentar com a gente pra observar de longe e rir, mas logo corriam pra inspecionar algum outro calouro. Os mais velhos faziam coisas como as de Victor, Wes e Ricard, e também pulavam amarelinha no meio da rua, imitavam bichos, declaravam poemas de amor a estátuas, ensaiavam uma cantada com elas e outras coisas bizarras.

Annia e Nina se juntaram ao grupo na parte da tarde dizendo que todas as calouras estavam tendo que procurar pelas mesmas coisas das nossas calouras, mas coisas mais acessíveis, como um pássaro azul ou um professor tomando café, e se largaram no banco, cansadas. Passamos o resto do sábado apenas observando nossas calouras correrem de um lado pro outro com as listas na mão, e a única que não era vista em canto algum era Inês. Será que ela estava mesmo tentando fotografar aquelas coisas? Não, impossível. Ela nunca ia conseguir...