Sunday, June 29, 2008

Já era tarde da noite de domingo, nosso último dia na escola, e enquanto os alunos circulavam livremente pelas propriedades do castelo, toda a turma de artes estava reunida no teatro na festa de confraternização. A apresentação do musical, apesar das dificuldades da turma durante o ano, tinha sido um sucesso e não cansávamos de comemorar isso.

‘Estou muito orgulhoso de todos vocês, sem exceções’ Ivo dizia animado ‘Quando cheguei aqui, vocês não tinham a menor noção de como atuar em um musical. E há três dias atrás fizeram uma das melhores apresentações que já dirigi!’

‘Também gostamos muito de trabalhar no musical, professor’ Chris falou e todos concordaram ‘Acho que posso falar em nome da turma toda quando digo que gostaríamos de apresentar outro musical no próximo ano’

‘Isso é sério?’ Ivo pareceu surpreso quando fizemos que sim com a cabeça ‘Ah, mas isso é ótimo! Existem tantas outras coisas que podemos trabalhar no próximo ano para melhorar ainda mais a apresentação!’

Georgia entregou a ele o presente que a turma havia se juntado para comprar e alguém ligou o som com as musicas que cantamos na peça. Passamos o resto da noite rindo das nossas vozes não muito afinadas saindo do som e torcendo para que ele incluísse um professor de canto entre as muitas coisas que existem para se melhorar uma apresentação de teatro.

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Voltava para a república acompanhada de Micah, Nina e Chris e já passava da meia noite. Andávamos todos depressa, pois ninguém havia começado a fazer as malas, nem mesmo Nina que era sempre organizada. Desde que começou a namorar Michael Parker, era outra pessoa. Ele sugava as energias dela de tal maneira que Micah o apelidou de filhote de dementador. Nina ria das piadas, concordava com elas, mas ainda assim não terminava com ele.

‘Minhas coisas estão espalhadas por toda Avalon’ Ela comentou soando apavorada ‘Tenho certeza que vou acabar deixando alguma coisa para trás’

‘Você podia deixar pra trás o Mike, não é?’ Falei rindo e Micah e Chris concordaram rindo também. Nina deu um longo suspiro

‘Para onde vão amanha quando desembarcarmos?’ Chris mudou de assunto ‘Direto para casa?’

‘Não, vou direto para a Florida’ Micah falou animado ‘Meus pais alugaram uma casa em Daytona Beach, acho que vamos nos mudar pra lá depois do verão. Você vai direto para a Califórnia?’

‘Vou passar em casa antes, o acampamento só começa semana que vem. E você, Evie? Já decidiu pra onde vai?’

‘Sim, vou pra casa do meu avô. Minha tia escreveu dizendo que era pra ir direto pra lá, como todo ano’

‘Só eu vou passar o verão em casa?’ Nina pareceu desanimada ‘Ótimo, mais um verão com os Parkers alojados na minha casa, com a Lizzia namorando o Ivan e não me dando bola e os outros e congestionando o banheiro’

‘Tive uma idéia!’ Virei para Nina animada ‘Por que não vem passar o verão comigo? Minha família é grande, mas temos banheiros o suficiente e tenho certeza que meu avô não vai se importar de ter mais uma hóspede’

‘Posso mesmo, Evie??’ Ela se animou depressa ‘Mas de qualquer forma preciso ir para casa ver meus pais e meus irmãos, e também pedir autorização a eles. Mas tenho certeza que eles vão deixar’

‘Ótimo, então você vai pra lá depois de falar com eles. E antes dos Parkers chegarem’

‘Combinado’

Nos despedimos dos meninos quando chegamos na porta da Avalon e subimos correndo, só para encontrar Annia, Vina e Milla também atordoadas com a arte de arrumar a mala às vésperas da partida. Parecia que tinha explodido uma bomba no nosso quarto. Puxei meu malão de debaixo da cama e comecei a atirar as roupas das gavetas de qualquer jeito, sem me preocupar em dobrá-las.

‘Estou preocupada com essa história de passar alguns dias na casa da família do John’ Annia comentou enquanto juntava sua coleção de revistas adolescentes na mala ‘Eles são muitos e Ty disse que as tias e tios deles vão me interrogar. Ele contou varas histórias de namorados que elas espantaram’

‘Ty só estava querendo apavorar você, Annia’ Milla riu

‘Fez o trabalho direitinho então’ Completei rindo também ‘Mas famílias grandes são assim, adoram assustar os namorados’

‘A sua assustou o Micah na páscoa?’ Vina olhou para as outras e prenderam a risada ‘Estou brincando, é que não resisti’

‘Não ligo mais pras provocações, até por que...’ Parei de falar de propósito, e as quatro gritaram me xingando. Ri ‘Até porque, resolvi abrir a caixa’

Não deu tempo de me proteger. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, quatro sombras voaram pra cima de mim e me derrubaram na cama, gritando.

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A viagem de trem pareceu ter durado segundos. Jogamos algumas partidas de snap explosivo, esvaziamos o carrinho de doces, fizemos planos para nos encontrarmos nas férias e quando percebemos, já estávamos parados na estação de Sofia. Cada um pegou sua bagagem e bem devagar começamos a descer do trem em meio àquela procissão de alunos.

‘Então estamos combinadas, vocês vão pra Espanha comigo em Agosto’ Falei animada enquanto descia do trem com as meninas ‘Vamos ficar na casa da minha tia Madalena, vocês vão adorar, ela é muito doida’

‘Não vejo a hora de ver uma tourada!’ Milla era a mais animada ‘Ou melhor, um toureiro!’

‘E eu vou ver com meus pais, mas sei que eles vão deixar, então nos vemos em uma semana’ Nina disse enquanto olhava alarmada ao redor, procurando pelo Mike

Olhei ao redor da plataforma também e vi Micah saindo do trem com os meninos. Era agora ou nunca, precisava resolver isso antes de irmos cada um pro seu lado, ou poderia ser tarde demais quando voltássemos para a escola.

‘Então nos vemos em alguns dias, e vocês em Agosto’ Falei depressa, atirando a mochila nas costas ‘Tenho que ir!’

Elas sabiam o que eu ia fazer, e enquanto me afastava caminhando rápido, podia ouvi-las rindo. Os garotos começavam a se despedir uns dos outros quando parei ao lado de Micah.

'Posso falar com você?' Ele concordou e os afastamos dos outros

'Antes de mais nada, posso falar uma coisa?' Ele falou quando já estávamos afastados e concordei com a cabeça 'Sei que não confia em mim e que tem seus motivos, e tudo bem, é um direito seu. Mas você sabe que eu gosto de você e também é um direito meu não desistir. Posso provar que não estou mentindo se me der uma chance, então só depende de você’

'Muito justo' Não esperava por isso e foi só o que consegui responder

'Ótimo' Ele sorriu 'O que queria falar?'

Encarei-o por alguns segundos como se estivesse me preparando para falar, então dei um passo à frente e o beijei. Ele foi pego desprevenido, mas correspondeu. Nos afastamos depois de um longo beijo, mas ele ainda mantinha as mãos na minha cintura e mantive a testa junto a dele. Ele sorriu totalmente surpreso.

'Era só isso que queria falar' Falei me afastando devagar e peguei a alça da mala no chão, sorrindo 'A gente se vê antes das férias terminarem'

Quando virei de costas, Milla, Vina, Nina e Annia estavam com sorrisos ainda maiores que o meu do outro lado da plataforma. Mostrei a língua pra elas rindo e avistei Dario sozinho não muito longe.

'Onde está Hanna?' Perguntei curiosa quando parei ao seu lado

'Ficou na França' Respondeu pegando minha mochila, fato que estranhei 'Onde está Max?'

'Não sei, não me importo' Ele riu 'Somos só nós dois, então?'

'Sim. Parece que somos a nova dupla do sistema idiota do vovô. Vamos?'

Acenei para as meninas me despedindo e olhei rápido para trás. Micah conversava animado com os pais adotivos e seu irmão estava com eles. Ele olhou na minha direção e sorriu, sumindo pelo portão da plataforma com eles.

'Que sorriso esquisito é esse, Evie?' Dario perguntou me olhando curioso

'Nada demais, só um gato que está vivo'

Ele continuou me olhando sem entender e comecei a rir, explicando a história desde o começo. Era uma longa viagem até a casa do vovô, teríamos tempo de sobra.

As idéias muito simples
São difíceis de aceitar
...dar um beijo
E se deixar levar
Antes de tudo se acabar

Kid Abelha – Pega Vida


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A-C-A-B-O-U. F-É-R-I-A-S! Nosso blog terá dois meses de descanso dessa turma, e voltaremos no dia 1º de Setembro com novas histórias e muitas novidades.

Mas nossos personagens não param nem nas férias e para acompanhar as aventuras deles durante o verão, é só ficar ligado nos endereços abaixo:

Condidence Girl
Close Ward
Sweet & Sinister
Snowed Under
Adepto do Sol
Redemption Words
Just for Boys

Boas férias e até Setembro!

Saturday, June 28, 2008

A noite havia sido longa. Depois de Ricard ter ido chamar professor Mikhail às pressas, alguns minutos depois todos estávamos indo ao Ministério da Magia pela lareira da sala do diretor. Passamos horas e horas escutando Deborah contar tudo o que sabia sobre Naveen e seus planos bem sucedidos para assassinar dois aurores dentro do Ministério. As provas estavam todas dentro de uma pequena caixa de madeira escura. Não havia dúvidas, mas eu ainda não conseguia acreditar.

O café da manhã estava mais agitado do que costumava ser. Grande parte dos alunos cochichava entre si e andavam de uma mesa à outra. Quando um grupo de aproximadamente cinco homens entrou andando rapidamente no Salão, todos se calaram. O mais velho deles trocou poucas palavras com o diretor, parecia apressado. Igor Ivanovich se levantou.

- A maioria de vocês já sabe o que está acontecendo. Naveen Odebrecht, um aluno da Berkana, do 7° ano, foi condenado o culpado pela morte dos aurores Johnny Alenxinsky e Tohry Gheorghieff. Infelizmente, ele não está em lugar algum deste castelo. Se algum de vocês tiver alguma idéia ou suspeita para onde é que ele possa ter ido, por favor, fale. – como ninguém se atreveu a nem mesmo se mexer na cadeira, o diretor continuou, paciente. – Aumentamos o número de aurores na propriedade até ele finalmente ser encontrado. Repito: quem tiver alguma suspeita sobre o paradeiro, é melhor falar ou pode ser acusado como cúmplice mais tarde... Estarei na minha sala o dia inteiro.

Assim que o diretor e os cinco homens abandonaram o Salão, o falatório recomeçou ainda mais alto e agitado do que anteriormente. Uma bomba havia caído em Durmstrang.

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Uma batida de leve na porta fez com que todos os homens dentro da sala se calassem, ansiosos.

- Entre. – o diretor falou e eles esperaram. A porta se abriu. Um menino baixinho, magricela e com cabelos loiros ralos entrou na sala, parecendo assustado. Era Lazar Asparukh, um primeiranista da Mannaz. Todos os homens o avaliaram, e Igor Alenxinsky foi o primeiro a soltar um suspiro de impaciência. O diretor perguntou fraternal: - Posso ajudar, Asparukh? – O menino se sobressaltou ao ouvir seu nome.
- O senhor pediu para que contássemos se soubéssemos alguma coisa sobre o Naveen. – ele disse com a voz fininha. Todos pareceram se interessar pelo garoto.
- Sim. Eu disse isso. O que você sabe? – o diretor continuou com sua voz calma.
- Eu moro na mesma república que ele, a Vulcano. Ontem de noite eu estava estudando para os exames, e já era bem tarde quando ouvi barulhos exaltados do quarto dele. Mas não fui até lá. Alguns minutos depois, escutei duas vozes diferentes entrando na República e subindo até o quarto. Aí, abri uma fresta da porta e vi duas figuras encapuzadas de negro entrar. Naveen parecia muito nervoso! Contou a eles que uma caixa havia desaparecido do seu armário e que iria fugir... Ele disse alguma coisa sobre ‘passar a noite no Vilarejo’ e depois ‘pegar uma chave de portal para a Croácia’, aonde iria se encontrar com seu tio.
- Onde do vilarejo, você sabe?
- No Bratislava. – Assim que ele disse, Igor Alenxinsky saiu correndo da sala. Hilbert Molotov e outros dois aurores o acompanharam apressados. O menino se encolheu. Steven Vlade se adiantou até a mesa do diretor.
- É melhor mandarmos mais aurores ao local, diretor. O Bratislava não é um bar muito agradável... – Igor Ivanovich concordou com a cabeça e o auror já ia saindo da sala.
- Vlade, me mantenha comunicado. – O jovem concordou e saiu, deixando o diretor e o menino sozinhos na sala.
- Você não sabe quem possam ser esses dois encapuzados, Lazar?
- Não, não senhor. Mas não são da Vulcano. Não reconheci as vozes. Diretor, eu não sou cúmplice! – ele completou desesperado e o homem riu.
- Não, não é. Você fez muito bem em vir aqui. Agora pode ir.

O menino concordou com a cabeça e saiu correndo da sala. Se as informações dele estivessem corretas, era uma questão de tempo Naveen ser capturado.

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‘O pegamos a tempo. Estamos levando-o para o Ministério da Magia, onde prestará depoimento. De lá, ele segue para Azkaban. Precisaremos de Deborah Aietriev e Lavínia ainda esta tarde. Em breve, repasso mais notícias’

O patrono em forma de águia sumiu deixando uma fumaça prateada no ar. O diretor saiu da sala para chamar as duas meninas. As acompanhariam, pessoalmente, até o Ministério.

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Não foi preciso nem mesmo a ameaça de fazê-lo engolir Veritasserum para que Naveen despejasse toda a verdade sobre seu plano, em detalhes, para todos no tribunal. Contou sobre a emboscada que armaram para o grupo de seu pai e como só tinham assassinado ele. O desejo de vingança. A descoberta do extrato de Belladona que não possuía antídoto, em um livro de Herbologia de magia negra. O jeito como iludiu um elfo doméstico para que levasse a garrafa de café envenenada até a sala dos aurores. O falso namoro comigo para que conseguisse arrancar a chave de mim sem que eu percebesse, e o falso namoro com Deborah, para que ele me conquistasse. Tudo.

Cada palavra que ele dizia, em seu pior tom frio e cruel, meu estômago parecia se retorcer mais, de nojo e raiva. Os olhos dele possuíam um brilho frio, e ele parecia estar se divertindo ao se gabar do sucesso de sua vingança. Não calculei exatamente quanto tempo se passou, até que ele parasse de falar, mas pareceu uma eternidade.
Quando todos se levantaram e começaram a sair da sala, me levantei também, sentindo-me tonta. Olhei para Naveen, com os braços acorrentados na cadeira no centro da sala, e tracei uma reta até ele, decidida.

- Você é um nojento! – disse alterada e ele apenas sorriu sarcástico.
- E você é uma menina mimada e doente, que acha que o mundo gira em torno do seu umbigo.
- Merece apodrecer na prisão. – minha voz tremia, e o sorriso no rosto dele não se alterou.
- Pode até ser. Mas vou feliz. Ah, quero te agradecer por ser tão idiota quando está bêbada. Você não se lembra de nada daquela noite, mas eu te pedi a chave emprestada um dia e você me respondeu com um longo beijo... – Minha mão voou na cara dele com toda a força que consegui reunir. Quando o rosto dele voltou a me encarar, vermelho, já não exibia o sorriso.
- Eu fiquei grávida de você. Tive um aborto espontâneo há uma semana. Em pensar que você era o pai...
- Eu? Impossível. Eu não me daria o desgosto de fazer um filho em você. Eu me preveni contra isso de todas as maneiras. Ainda não entendeu que eu estava te usando? O pai desse bebê era qualquer um, menos eu. – ele abriu novamente o sorriso.

Novamente senti o chão se abrir sob meus pés. Dois aurores passaram por mim e desacorrentaram Naveen, que se levantou ainda sorrindo, enquanto era arrastado para a porta, onde um dementador já o aguardava.

- Ainda nos veremos de novo, Vina. – ele disse sussurrando quando passou por mim e senti minhas pernas cederem, me deixando cair sentada na cadeira onde ele estivera uns segundos antes.

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I walk a lonely road
The only one that I have ever known
Don’t know where it goes
But it’s home to me and I walk alone

Os dias passaram rapidamente, e já estávamos dentro do trem, indo para as férias de verão. As últimas férias de verão. Muita coisa havia acontecido naquele ano, e eu havia decidido ir para casa, na Irlanda, pelo menos por algumas semanas. Precisava descansar e ainda não sabia como iria contar a Victor sobre a gravidez e sobre nossa impossibilidade de ter filhos, futuramente.

Quando desci na estação de Sofia e me despedi de meus amigos com promessas de nos encontrarmos em breve, Vlade sorriu acenando para mim e não hesitei em ir abraçá-lo forte. Tudo iria melhorar.

I’m walking down the line
That divides me somewhere in my mind
On the border line of the edge
And where I walk alone

N.A.: Green Day – Boulevard of Broken Dreams
Obs.: A C A B O U! Ok, nem eu acredito que isso é verdade, gente. Eu consegui!!! =’)

Friday, June 27, 2008

Trecho de uma carta enviada após a F.C.P.C.M.

‘Querida Ariel,
Sei que você anda super ocupada com o Kyan e as viagens da banda, mas quero pedir um favor. Você poderia pedir para aquele seu conhecido que é olheiro de novos talentos para quando estiverem se apresentando aqui, ir até o Perestroika, um bar do vilarejo (ouvi você comentar sobre isso em casa lembra? ), e ouvir uma jovem cantora chamada Jolie Milosevic. Ela fez parte da banda escola e canta demais. Tenho certeza que seria uma ótima aquisição para a gravadora dele...-
e várias outras coisas foram escritas antes da assinatura de Ty McGregor.

o-o-o-o-o-o

- Você não vai acreditar no que aconteceu. - dizia Jolie empolgada, após o show no barzinho onde ela e alguns membros da banda da escola tocavam nas sextas à noite.
- O que foi?- Ty perguntou fingindo surpresa.
- Fomos convidados a tocar em alguns shows de bandas conhecidas, fazendo algumas aberturas. Talvez até num show dos Duendeiros. Não é demais??
- Sim, muito. Agora sua carreira vai decolar.
- Espero que sim. Estou tão feliz...- e o beijou animada.

o-o-o-o-o

Dias antes das férias de final de ano...

- Depois de minha semana na casa do tio Lu, eu vou pro Texas e podemos nos encontrar lá. Quero que você conheça minha mãe. Já falei que ela esta grávida de uma menina??
- Só umas 10 vezes, na última semana. - riram, mas Jolie ficou séria.
- Ty a gente precisa conversar a sério...
- Se é sobre aquela garota da Mannaz, sabe que não fiz nada. - ele disse se defendendo.
- Não! Não é sobre ela. Já conheço o seu discurso: ‘ela é uma amiga...’
- Ela não é minha amiga, apenas fez uma brincadeira boba, quando me jogou um beijo na sua frente. - ele respondeu e ela disse de uma vez:
- É sobre nós...
- Nós? Muito bem o que foi que eu fiz de errado?- ele perguntou:
- E porque você teria feito algo errado?- ela perguntou incerta.
- Bem, você quer discutir a relação... No mínimo devo ser culpado de alguma coisa...
- Ty você é um bobo. - ela disse, ambos riram.Ela continuou:
- Ano que vem não estarei mais aqui, e você vai para Paris. Vai ficar difícil para nos vermos...
- Sim vai, mas eu já vou poder aparatar e podemos nos encontrar nos fins de semana.
- Vou estar dedicada a me apresentar nos mais variados lugares, preciso ficar conhecida, se quiser ter a chance de gravar. E você vai estar ocupado treinando quadribol, ou você pensa que não sei da dura que o professor Volkov deu em você? Ou você vira músico ou vira jogador de quadribol. Não precisa ser muito inteligente, para saber qual vai ser a sua escolha.
- Ok, mas o que isso tem a ver com o que nós temos? Nos damos bem, e eu sei que você gosta tanto de mim quanto eu de você. - disse enquanto passava a mão pelo pescoço dela e sentia que ela estremecia.
- Eu gosto de você Ty, muito. Sou ciumenta, e não sei se vou segurar a onda de estarmos longe um do outro e ainda confiar sabe? Acho que não devemos namorar mais.
- Você quer dizer que não confia em mim, se não estivermos no mesmo local.
- Eu confio em você, mas em algum momento eu vou ficar enciumada sem motivo e isso não vai ser bom para nenhum de nós. E quero que tanto eu quanto você, sejamos livres para se depois de algum tempo, nos reencontrarmos, nem que seja como amigos.
- Acho que se nos esforçássemos, nosso lance poderia dar certo, mas vejo que por mais que eu insista você já se decidiu não é?-e ela sacudiu a cabeça afirmativamente.
- Um beijo de despedida?- ele pediu.
- Você sabe que não vamos parar com um beijo... - ela respondeu e ele sorriu dizendo:
- Foi bom estar com você. A gente se vê. - e ele foi embora para a Spartacus.

-o-o-o-o-o

- Viemos aqui pra jogar cartas?E a tal crise?- perguntou Chris olhando para Iago, Victor, Ricard e Reno, que já estavam sentados em uma mesa com fichas e cartas de baralho para serem distribuídas.
- O Ty tomou um pé na bunda e estava bebendo sozinho, achei que a gente podia beber com ele e jogar um pouco. - explicou Micah, e apontou para Ty que já tinha bebido algumas cervejas.
- Eu não tomei um pé na bunda, Coyote...
- Claro que não, Jolie só te mandou passear...- disse Micah enquanto um Chris conformado, se sentava e pegava algumas fichas para jogar.
- Ela disse que ano que vem vamos estar “ocupados” com nossas carreiras. E que era melhor sermos amigos. ¬¬ - Ty disse enquanto puxava uma garrafa de whisky de fogo disfarçada de suco de frutas trouxa e servia os amigos.
- Você tem isso no malão da escola? Maneiro. - comentou Victor, depois de se servir de uma dose.
Começaram a jogar e a bater papo, após algumas doses de bebida, Ty diz:
- Será que eu a assustei quando a convidei para conhecer minha mãe?
- Era um começo de namoro, uma coisa mais superficial, você não devia ficar assim...- comentou Ricard e Ty respondeu:
- Meu amigo, meu caso com a Jolie foi tudo menos “superficial”. Aquela garota me amava e tem um fôlego... - e ele e Micah riram, enquanto bebiam mais e empurravam mais bebidas aos amigos.
- Você devia ter contado a ela que o caça talentos veio aqui, por sua causa. - disse Micah e os garotos olharam para Ty, que respondeu:
- Para que? Ela ficaria comigo por obrigação, e não quero isso. Além do mais, cedo ou tarde ela seria descoberta.
- Bom, pelo menos alguém tem certeza de alguma coisa, eu já não sei de mais nada. Milla está com Luka, mas me passa a impressão de não estar feliz... - disse Iago, entornando mais um copo.
- Ah Yéti, ela só não esta com você porque você quer ser “decente”. Já te falei, joga ela numa parede e mostra que você não está para brincadeira. Você é famoso com as meninas do Lalau, ela não vai ter chance de escapar. - disse Micah e Ricard perguntou arrumando os óculos:
- Famoso como??- e todos na mesa riram, até Reno sempre tão discreto, zombou:
- Ricard, pega um bloquinho para anotar as dicas. Ele sabe das coisas, pode te ensinar algumas...
- Nem vem bancando o descolado Reno. Não vemos você com ninguém...- se defendeu Ricard.
- O fato de eu não me exibir com alguém por aí, não significa que eu não dê as minhas saídas. - disse Reno.
- Bebamos a isso!- disse Iago e viraram mais uns copos de bebida, e devia ser um whisky bem forte, pois Ricard mesmo contrariado bebeu e disse com a voz meio engrolada:
- Porque ouvindo vocês falarem assim, tão soltos sobre os relacionamentos que vocês têm ou mesmo a ausência deles, eu ainda sinto que não sei nada?
- Como assim não sabe nada? Depois daquele dia você não saiu com mais ninguém?- perguntou Micah.
- Saí com vocês...
- Dããã, a gente não conta... E nem as meninas. - disse Ty quando Ricard abriu a boca, então o garoto deu de ombros. - os garotos trocaram olhares entre si e Micah disse:
- Ok, Ricard pode perguntar o que você quiser saber. A gente tira as suas dúvidas.
- Sério? Posso perguntar mesmo? - e os garotos fizeram que sim com as cabeças.
- Bom, então vamos lá: como faço para chegar numa menina que eu esteja a fim, sem parecer um idiota?
Os garotos olharam uns para os outros e Chris comentou:
- Acho que seria bom, pegarmos mais um pouco de comida e bebida, porque a noite vai ser longa.

Sunday, June 22, 2008

Não havia uma só república em Durmstrang que não esteve vivendo seu momento de crise por ocasião das provas finais, conosco não foi diferente e isso duas semanas após os simulados malucos.
Além dos problemas normais de cada uma, outros surgiram: Vina sendo inocentada das investigações de Ministério, e ainda tendo que contar a Victor e Naveen sobre o aborto, e no caso de Naveen, imagina você ter que contar a um assassino que ele poderia ter sido o pai de um filho seu?e isso sem nem gostar dele, que problemão ; as dúvidas de Evie com relação à sinceridade de Micah, Annia arrancando os cabelos porque não conseguíamos decorar direito as fórmulas alquímicas, enquanto ríamos das cartas melosas que ela e John trocavam e ela carregava dentro dos livros, Micah e Ty nos ajudando com os feitiços de DCAT, Nina fugindo de Michael e brigando com Chris Parker, enquanto enfeitiçava suas anotações e elas voavam sobre nossas cabeças, Luka e eu mesmo sendo namorados e companheiros de time, discordando e algumas vezes brigando, especialmente quando ele viu que Iago, mesmo sendo do sétimo ano, passou a estudar conosco. À vezes, Reno aparecia e se juntava a nós, e ríamos muito quando ele cobrava lições de seu aluno Tyrone, que fingia não saber a matéria e depois respondia certo. Fazia isso para deixá-lo irritado e nos fazer rir.
Desde o ataque sofrido por Micah, percebemos que Ty, Iago, e Chris sempre estavam por perto dele, e Reno, Victor e Ricard, faziam o mesmo. Isso era bom, pelo menos sabíamos que se alguma “briga” ocorresse não haveria ataques covardes.

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- Será que eu coloquei tudo na prova da Mesic??- perguntou Nina olhando para suas anotações após a última prova no último dia.
- Você colocou Nina... - respondíamos pacientes.
- Mas será que eu coloquei...
- Colocou Olenova, e se não colocou, agora já era! As provas acabaram, espere suas notas em casa e supera. - respondeu Chris e Nina o olhou feio, e antes que começasse mais uma das discussões dos dois, eu comentei:
- Eu vou ajudar minha mãe com os preparativos do casamento do Yuri e vocês? O que farão nas férias? - e cada um começou a falar dos seus planos.
Depois de ouvirmos Evie dizendo que ia pra a casa das tias, Micah dizer que ia para a Califórnia passar uns dias com o irmão, Vina, Ricard e Victor fazendo planos de se encontrarem nas férias, ouvimos Ty todo animado:
- Vou passar uma semana em Londres na casa de meu tio Lu, e depois vou pro Texas. A minha mãe mandou convidar todos vocês para passar uns dias no rancho e se quiserem ir pra casa da minha avó, as portas estão abertas. Aliás, Annia vai adorar ter companhia lá não é “prima”? - e Annia deu um tapa no ombro do Ty que começou a rir e falou com voz solene zombando:
- Annia vai conhecer a família! - e todos juntos fizemos:
- Ooohh!
Passamos o resto do dia rindo e fazendo planos para nos encontrar as férias. Agora para terminar o ano letivo só faltava a decisão do campeonato de quadribol entre as casas.

-o-o-o-o-o-o-

As minhas amigas estavam todas de vermelho e branco para me apoiar antes do ultimo jogo entre a Berkana e a Ansuz quando vimos Micah, e Ty usando verde e branco dos pés às cabeça. Nos rostos traziam listras verde e branco. Victor, Ricard e Reno usavam as mesmas cores.
- Vocês não vão torcer por mim? Traidores! - fingi irritação.
- Nada contra você, mas o seu time tem aqueles que não devem ser nomeados. Sou mais o Yéti. - disse Micah.
- E ele merece fechar o ano com a vitória. Ainda mais agora, que vai embora. - disse Ty.
- O Iago vai embora? Para onde?- perguntei e antes que eles me respondessem Luka passou perto da mesa e me chamou:
- Milla, está na hora. Vamos!
Saí do salão dando uma última olhada em Iago reunido com seus jogadores. Ele parecia concentrado dando instruções ao time e parecia determinado a vencer.


- Começa o jogo, pela decisão do campeonato entre as casas. O verde e branco da Berkana, contra o vermelho e branco da Ansuz.- ecoava a voz de Ilya Constantin, um garoto do quinto ano, que estreava como narrador.
- Como vocês sabem, ambas as casas contam com jogadores que fazem parte da seleção búlgara, será um duelo de gigantes. Pois, Karkaroff o capitão da Berkana, foi convidado a jogar pela seleção irlandesa, e ele aceitou meus caros torcedores. A Irlanda vai levar o nosso leão embora.
E a goles está com Ivanov, que faz uma jogada ensaiada com Parvanov e é ponto da Ansuz. - e a metade do estádio vaiou e a outra metade aplaudia. Logo a Ansuz recuperava a goles. Constantin se empolgou:
- E os artilheiros da Ansuz estão se mostrando, vejam: a posse está com Parvanov, ele está jogando com força total, lançou para Dimitrov que desviou de um balaço lançado por Zagrev, mas Kerenin chegou a tempo, porém o artilheiro se atrapalhou com a goles. Vejam Karpov recuperou e parte com tudo pra cima do goleiro Yeltsin; é agora que eu quero ver... Aarrreeeeeee o goleiro salvou o aro, e a Ansuz com a posse da goles novamente, mas que movimentação é aquela com os apanhadores???Vejam Kovac está voando a toda e...
- EU NÃO ACREDITO: o capitão da Berkana, Karkaroff, mandou um balaço contra a apanhadora da Ansuz. Onde está o cavalheirismo?? Ou seria isso uma retaliação, vocês sabem... Homem com dor de cotovelo é fogo! - vimos quando o professor Volkov passou voando rápido com a varinha em punho apontada na direção de Constantin em sinal de advertência, e ele voltou a narrar a partida sem bancar o fofoqueiro.
Passado algum tempo, numa jogada “inocente”, Iago acertou um balaço com toda a força possível, na cabine do narrador e Constantin, respondeu irritado quando o público começou a rir:
- Recado entendido Fera!- e ele continou a narração do jogo:
- E lá vem um balaço lançado por Dimitrov; Karkaroff rebate o balaço com força e o manda em Ivanov, o jogador da Ansuz desvia, e com isso perde a goles. Parvanov a recupera, e parece que vão tentar uma jogada ensaiada, mas Karpov, rouba a goles para a Berkana, e desvia de um balaço com a ajuda de Zagrev. Ele rebate o balaço que vai pra cima de Kovac. Levski ajuda companheira de time, e manda o balaço de volta pro time adversário. Ivanov passa pela defesa da Berkana, junto com Dimitrov e passa goles para Parvanov, que vai rápido pra cima do goleiro Vronsky e ele DEFENDEUUUUUU!
Ansuz 60, Berkana 60.Logo o jogo estava difícil, pois sempre que nós marcávamos algum ponto contra a Berkana, Iago tirava algumas jogadas novas da manga e junto com seus artilheiros ia atrás do prejuízo, e empatava.
De repente vi um brilho dourado e dei um mergulho, e na minha esteira vinha Medved.-Eles viram o pomo! Eles viram o pomo! - gritava Constantin no microfone.
Eu estava totalmente deitada na vassoura e me esticava ao máximo, mas Medved estava colado comigo e tinha o braço maior, fiz um último esforço e me estiquei um pouco mais, mas era tarde. Medved freou a vassoura com o punho erguido e o narrador gritou:
- BERKANA É A CAMPEÃ DAS CASAS!
E os jogadores da Berkana se juntaram para comemorar a vitória com Iago e mesmo ficando em segundo lugar, meu time comemorou. Fazia anos que a Ansuz não chegava tão longe.
Depois de nos trocarmos, todos foram embora e eu fiquei um pouco mais no vestiário. Queria olhar um pouco mais o uniforme de apanhadora que no próximo ano, não seria mais meu. Havia conversado com Luka mais cedo e ele tinha aceitado minha demissão do time. Levantei-me para sair e no corredor dei de cara com Iago, que tinha as mãos espalmadas na parede que dava para entrada para o campo da escola. Ele me viu e disse simplesmente:
- Estou me despedindo.
- Porque você vai?
- É uma boa oportunidade para mim e não há ninguém me prenda aqui. - disse me encarando e eu retribuí o olhar:
- Nossa seleção vai perder um ótimo jogador e eu...- de repente minha garganta ficou seca e eu tive uma sensação estranha na boca do estômago. Sentia minha língua presa:
- Eu... Todos nós vamos sentir sua falta Iago, te desejo toda a felicidade do mundo.
- Obrigado! Você é... Todos vocês são importantes para mim, Lud.
Senti meus olhos úmidos e não entendi o porque. Antes que dissesse mais alguma coisa, Luka apareceu na entrada e me chamou para ir embora. Despedi-me de Iago, e mesmo uma parte de mim querendo olhar para trás, outra mais forte me fez olhar para frente.

Some say the heart is just like a wheel
When you bend it you can't mend it
And my love for you is like a sinking ship
My heart is on that ship out in mid-ocean
And it's only love and it's only love
That can break a human being
and turn him inside out

N. Autora: trecho da música Heart like a wheel, The Corrs

Saturday, June 21, 2008

‘Posso entrar?’ – uma voz feminina e bem conhecida perguntou do lado de fora do quarto. Naveen soltou uma exclamação de impaciência e escondeu a caixa e os novos recortes de jornal embaixo da cama bem a tempo de Deborah abrir a porta.

‘O que você quer aqui?’ ele perguntou seco e mal humorado. O sorriso que ela mantinha no rosto, desapareceu.

‘O que aconteceu, Nav? Fiquei te esperando horas naquele restaurante! Está tudo bem?’

‘Estive ocupado. É só isso?’

‘Você não se lembra que dia é hoje?’ ela perguntou controlando uma lágrima.

‘Domingo, 16 de junho. É, acho que me lembro que dia é hoje’

‘É meu aniversário!!!’

Ela desabou a chorar e ele não se impressionou. Nem saiu de onde estava. Observou-a chorar em silêncio, na porta do quarto.

‘Você estava me usando esse tempo todo. Agora que conseguiu tudo o que queria, não precisa mais se passar de “mocinho apaixonado e desiludido” para conquistar aquela menina, não é? Não precisa mais de mim!’ ela falou entre soluços. Ele se levantou e foi até ela, segurando com força os braços dela e a encarando.

‘É isso mesmo. Não preciso mais de você. Mas você me deu uma bonita demonstração de amizade e fidelidade, não vou me esquecer. Me poupe as lágrimas... Você sabia, desde o começo, que não poderíamos ser nada mais do que bons amigos’

‘Sabia. No fundo, eu sempre soube que estava sendo usada. Fui uma burra de acreditar que você sentia alguma coisa a mais... ’ ela puxou os braços das mãos dele com violência, e limpou as lágrimas do rosto, firme. ‘Me esquece. Não quero uma amizade nojenta como essa que você tem para me oferecer. Não quero ser sua cúmplice. Já me enganei tempo suficiente sobre você’

Saiu batendo a porta do quarto e recomeçando a chorar logo em seguida, mas não ia deixar barato. Ele não tinha o direito de machucá-la assim.

--------

Estava em uma espécie de tribunal dentro do Ministério da Magia. Na sala estavam Hilbert Molotov, Igor Neitchez, um escrivão, Victor e professor Mikhail. Um jovem vestido elegantemente entrou na sala segurando um grande livro com a capa de couro preta onde em auto relevo duas varinhas se cruzavam. Reconheci sendo a Constituição. Aproximou-se até a cadeira onde eu estava sentada, muito reta.

- Coloque sua mão esquerda em cima do livro. – Obedeci e ele pigarreou. – Jura dizer a verdade, somente a verdade e nada mais do que a verdade?
- Juro. – respondi tensa trocando um olhar rápido com Victor.

O jovem saiu da sala um minuto depois e Molotov se levantou.

- Seu nome completo?
- Lavínia Durigan O’Lattern. – o escrivão começou a escrever com muita rapidez.
- Data de nascimento?
- 17 de março de 1982.
- Filiação?
- Isadora Durigan e Leopold O’Lattern.
- Confirma ter recebido uma cópia da chave da Estufa Imperial das mãos do professor Mikhail Kalashnikov no início deste ano letivo?
- Sim.
- E desde então, a chave passou o tempo todo com você e você só a usou para as reuniões do Clube de Herbologia Avançada?
- Sim. Não! Quero dizer, eu só a usei para as reuniões, mas ela não esteve o tempo todo comigo...

Igor Neitchez fez um movimento brusco na cadeira e Victor impediu que ele se levantasse, trocando um olhar assustado comigo que logo desviei.

- Explique-se. – Hilbert Molotov disse e respirei fundo antes de começar a contar toda a história. O escrivão passou a escrever ainda mais depressa.

°°°

- Então é isso? Você ficou sem a chave durante um dia inteiro?
- Sim. E alguns dias depois, quando eu e o professor Mikhail fomos até o subsolo plantarmos uma nova muda de Visgo do Diabo, percebemos que a Belladona já havia sido mutilada. E depois de alguns dias saíram os laudos, e depois... aqui estamos nós. Eu não sei o que pode ter acontecido durante esse tempo em que a chave não esteve comigo, mas não tenho culpa em nada!!! Se eu tivesse um bom palpite eu diria, podem ter certeza. – falei depressa e levemente desesperada. Mikhail me encarava sério. Molotov suspirou.
- Eu acredito senhorita Durigan. Não fique nervosa, ok? Ninguém está colocando a culpa em você... Mas você deve concordar que falhou. Era sua responsabilidade tomar conta dessa chave.
- Eu sei, e assumo a minha culpa.
- E agradeço sua atitude. Por enquanto, acho que é o suficiente. Não me vêm mais perguntas para te fazer nesse momento. Obrigado pelo seu depoimento também, Mikhail. Chamarei vocês novamente, se precisar de outras respostas. – Mikhail concordou com a cabeça sério. Molotov bateu um martelinho de madeira na mesa. – Sessão encerrada. Estão dispensados.

Igor Neitchez foi o primeiro a se levantar e sair da sala. Victor fez menção de segui-lo, mas Molotov o impediu.

- Agora não. Deixe que ele fique um tempo sozinho. Temos muito trabalho pela frente...

Victor sacudiu os ombros e quando Molotov saiu, veio em minha direção.

- Você está bem?
- Estou. Me sentindo mais leve. – forcei um sorriso e ele retribuiu. Mikhail se aproximou.
- Vamos voltar para o castelo. Já tivemos o bastante por hoje. – ele comentou enquanto puxava de dentro do casaco um frasco de poções vazio e conjurava uma chave de portal.

--------

- Você não vai contar para nenhum dos dois que esteve grávida? – Ricard perguntou sério.
- Vou. Só preciso tomar coragem.
- Quanto mais você demorar, pior. Naveen tudo bem se não souber, mas Victor...
- Eu sei, e ele vai saber. Só preciso de mais um tempo, ok? Minha preocupação maior no momento é ajudar a desvendarem esse caso o mais rápido possível. Igor ainda está aqui?
- Está. Lá em cima com Victor há horas. Ele realmente está interessado em descobrir se alguém de dentro do castelo teria algum motivo para matar o pai dele.
- Só queria que ele acreditasse que eu não tenho culpa de nada nisso, além de ter perdido a chave...
- Ele sabe Vina, mas você tem de entender o lado dele.
- Eu entendo! Mas o jeito que ele me olha é uma tortura...

Ricard abriu a boca para responder, mas a porta da Osíris se abriu. Deborah, a namorada do Naveen, entrou segurando uma caixa preta nas mãos. O rosto vermelho e a respiração ofegante, como se estivesse correndo um minuto atrás.

- Oi. Preciso falar com Victor, ele está aí?
- Está. – Ricard respondeu se levantando. – Mas não pode esperar outra hora? O primo dele está aqui também...
- Igor Alenxinsky? – ela perguntou rapidamente e Ricard se surpreendeu.
- Isso. Como você sabe?!
- Preciso falar com ele, é urgente e tem de ser agora. E é de muito interesse ao primo dele também.
- O que você quer, hein? – perguntei me levantando e a encarando nervosa de cima a baixo.
- Se estiverem tão interessados em descobrir, me sigam. Não tenho mais nada a esconder agora.

Eu e Ricard trocamos um olhar e a seguimos. Ela já corria sem parar escadas acima. Entrou no quarto de uma vez.

- Debby?! O que você está fazendo aqui? – Victor saltou da cama parecendo surpreso e Igor olhava de ele para ela sem entender.
- Sinto muito pela morte de seu pai, Igor. Não nos conhecemos, mas eu sei quem o matou e dentro dessa caixa tenho provas suficientes para estar falando isso.
- Do que você está falando, Deborah? – Victor perguntou depressa e assustado. A menina abriu o cadeado da caixa e despejou todo o conteúdo em cima da cama dele. Vários recortes de jornais, fotos e folhas de plantas plastificadas.
- Quem matou Johnny Alenxinsky e Tohry Gheorghieff foi Naveen Odebrecth. Meu ex-namorado. – ela disse finalmente e Ricard teve de me apoiar para que eu não caísse.
- Hã?
- Seu ex-namorado também, Lavínia. Sinto muito. Mas ele estava nos enganando o tempo todo, embora de maneiras diferentes. Agora, se quiserem me levar até o Ministério, eu posso contar tudo o que sei para quem vocês quiserem. Só temos de ser rápidos. Se ele sentir falta dessa caixa, vai fugir.

Todos estavam suficientemente chocados com cada palavra que ela dizia para tomarmos uma atitude. Senti que fosse desmaiar a qualquer momento...

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MORAL DA HISTÓRIA: “Não há no inferno algo tão furioso como uma mulher rejeitada”.
N.A.: Pode assumir que está orgulhosa da sua padawan, Ju. Mais um texto e eu acabo isso! *____*

Tuesday, June 17, 2008

"Nossa dúvidas são traiçoeiras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar."

William Shakespeare



Estávamos trancadas no quarto há horas estudando para os exames finais quando alguém bateu na porta. Milla gritou para entrarem e uma menina do 1º ano a abriu, tímida. Ela segurava um livro na mão e deu uma olhada rápida no quarto, parando quando me viu.

‘Pediram para devolver isso a você’ Ela caminhou até minha cama e me entregou. Era o livro de alquimia que tinha emprestado ao Micah

Agradeci e a menina saiu. Notei que algo dentro dele fazia volume e o abri. Uma flor de papel, feito um origami, caiu no meu pé. Apanhei e vi que era uma orquídea, minha flor favorita. E tinha a caligrafia de Micah na borda. “Não aprendi a transmutar, mas um origami consigo fazer. O que vale é a intenção”, li enquanto virava a flor.

‘De quem é, Evie?’ Nina perguntou curiosa e notei que elas me observavam com atenção

‘Ora, de quem é!’ Annia exclamou rindo ‘Lógico que é do Micah!’

‘Ora, ora, já estamos recebendo flores?’ Vina puxou a orquídea de papel da minha mão e leu alto ‘Não é de verdade, mas como ele mesmo disse: o que vale é a intenção. Certo?’

‘Parece que o beijo no final da peça está surtindo efeito’ Milla comentou debochada e elas riram

‘É, acho que sim’ Dei de ombros e guardei a orquídea no livro, voltando a me concentrar na matéria de Literatura

‘Ok, o que houve?’ Milla pôs a mão no meio do meu pergaminho me impedindo de continuar a escrever ‘Por mais que não admita que goste dele, nunca vi você concordar com alguma provocação nossa que diga respeito a você e ele’

‘Pode começar a falar, Evangeline’ Vina botou os cadernos de lado e sentou de frente para mim. Annia e Nina fizeram o mesmo ‘O que está acontecendo?’

Olhei para cada uma delas, com expressões curiosas, e pensei em dizer que não era nada e voltar a estudar. Mas sabia que elas não acreditariam e não iam me deixar em paz até que eu dissesse a verdade, então resolvi pular logo essa parte. O problema era que já sabia qual seria a reação delas diante do que se passava na minha cabeça há meses, e era justamente esse o motivo pelo qual ainda não tinha dito nada. E nem pretendia, para ser bem sincera.

‘Por incrível que pareça, eu não tenho problemas em admitir para mim mesma que gosto do Micah’ Disse sem qualquer animação na voz e elas não me interromperam. Continuei ‘O problema é que não confio nele’

Pronto, havia soltado a “bomba”. Como esperado, Milla, Vina e Annia me olharam como se eu fosse uma aberração e desataram a soltar exclamações indignadas em protesto. Nina foi a única que se manteve quieta, aguardando comigo que o bombardeio de críticas chegasse ao fim.

‘Posso dizer por que não confio nele, ou já saiu a sentença sem que eu tivesse tido direito a defesa?’ Falei azeda e elas pararam de falar

‘Explique então, porque não entendemos como um menino lindo, gentil e que faz todas as suas vontades só pra te agradar não é digno de confiança!’ Milla resmungou

‘Sei que vocês são partidárias dele, mas tenho meus motivos’ As três torceram o nariz, mas não dei tempo para que me interrompessem outra vez ‘Ninguém mais aqui achou estranho que ele e Josh já se conhecessem antes, tivessem toda aquela rixa e o Micah, de todas as escolas do mundo bruxo, ter escolhido justamente Durmstrang para terminar os estudos?’

As três continuaram com as caras descrestes, como se eu estivesse falando em outra língua, mas Nina se mexeu na cama dela, parecendo interessada e de fato prestando atenção ao que eu dizia. Continuei.

‘Bom, pois eu achei suspeito. Desde que as Olimpíadas terminaram isso está martelando na minha cabeça. E Micah muitas vezes me deu motivos para achar que não estou delirando e que ele está sim aqui apenas para atingir Josh de alguma maneira’

‘Mas vocês terminaram durante os jogos’ Vina interrompeu ‘Não acha que se fosse esse o motivo dele estar aqui, já não saberíamos? Quero dizer, o “plano” dele, como você está dizendo, teve sucesso. Ele não precisaria mais mentir, e talvez já tivesse até voltado para a Califórnia’

‘Nós terminamos, mas Josh ainda gosta de mim’ Annia riu e fechei a cara ‘Não Anastácia, não estou sendo presunçosa, ele ainda gosta de mim sim. Tenho uma tonelada de cartas aqui para provar. Não mostrei nenhuma a vocês porque não achei que era algo que valesse a pena, mas desde que ele voltou para a Califórnia, me manda uma carta por semana. Se Micah quiser atingi-lo, ainda consegue provocá-lo através de mim. Ele sabe das cartas, pois comentei inocentemente uma vez, quando ele me viu guardando junto das outras’

Puxei uma caixa pesada de debaixo da cama e a abri, distribuindo as milhares de cartas que Josh havia mandado no decorrer do ano. Era uma mais melosa que a outra, onde em muitas delas ele pedia insistentemente para que eu lhe desse uma segunda chance de fazer as coisas direito. A maioria delas não foi respondida, essas em particular. Deixei que elas lessem algumas antes de continuar.

‘Muitas vezes Micah me deu motivos para desconfiar disso’ Recomecei a falar e minha voz soou cansada e confusa sem intenção ‘Mas já faz algum tempo que não. Na verdade, desde que ele foi vitima daquela covardia do Max e os amigos. Desde aquele dia, tudo que ele diz parece mais sincero, verdadeiro’

‘Então acha que se estava certa em pensar que ele só pediu transferência para Durmstrang atrás de uma maneira de atingir Josh, daquele dia em diante começou a achar que estava errada?’ Milla questionou com a voz mais normal.

‘Não sei. Não sei o que pensar, minha cabeça está dando um nó. Gosto de verdade dele e nos divertimos muito juntos, ele parece me conhecer melhor do que eu mesma. Mas quando estou com ele, não consigo deixar de pensar que tudo isso pode não passar de um teatro. Ao mesmo tempo em que penso que posso estar sendo paranóica e o impedindo de ter uma chance comigo. Não sei o que fazer!’

‘Você já ouviu falar na teoria do gato de Schrödinger?’ Como todas fizemos cara de quem não tinha entendido, Nina explicou ‘É uma experiência mental inventada por Erwin Schrödinger. Ele colocou um gato numa caixa selada, com um dispositivo que contém um núcleo radioativo e um frasco de gás venenoso. Quando o núcleo decai, emite uma partícula que acciona o dispositivo, que parte o frasco e mata o gato’ Continuávamos não entendendo e ela sacudiu as mãos impaciente ‘A questão é que as suas dúvidas em relação Micah nesse momento podem estar tanto certas quanto erradas, assim como para Schrödinger o gato poderia estar tanto vivo quanto morto. Ele só saberia se o veneno tinha matado o gato se abrisse a caixa’

‘Nesse caso, acho que terá que pagar pra ver’ Annia falou como se fosse óbvia toda aquela palestra de Nina e Milla e Vina a apoiaram ‘Dê uma chance a ele, e tire a prova. Certo, Nina?’

‘Não, na verdade não é isso que estou tentando dizer’

‘Pois pra mim foi isso que pareceu’ Vina a cortou antes que retomasse com as explicações ‘Evie, se você não abrir a caixa, não vai saber se o gato está vivo ou morto. Ou seja, se não ficar com Micah de uma vez, não vai saber se está certa ou errada’

‘Ok, esqueçam Schrödinger e o gato! E se ela tiver razão? E se Micah só estiver mesmo interessado em atingir Josh?’ Nina falou apressada, tentando reparar a bagunça ‘Pagar pra ver e sair magoada? Evie já está apaixonada por ele, e ter a confirmação depois de dar um voto de confiança e se entregar só iria piorar as coisas’

‘Mas e se ela estiver errada?’ Milla questionou Nina ‘Vai viver eternamente com essa dúvida?’

Houve um minuto de silêncio onde as quatro me encararam esperando por uma resposta que nunca chegou. Olhava fixamente para o chão, e senti uma lágrima começar a escorrer, mas sequei depressa antes que ela caísse.

‘Não queria contar nada disso a vocês, pois tinha receio de ser chamada de louca. Faltou pouco pra isso. Então por favor, não insistam mais nessa história. Posso não saber o que fazer agora, e nem ter entendido o real sentido da historia do gato do Schrödinger, mas sei que vou descobrir. Só preciso de tempo, ok?’

Elas se encararam por uns segundos e em um acordo silencioso, concordaram com a cabeça. Ninguém disse mais nada, e nem foi preciso. Sabia que por mais que nem todas concordassem comigo, tinham entendido meu lado e não voltariam a insistir. Logo já estávamos de volta aos estudos e o assunto morreu. Puxei a orquídea do livro de alquimia e fiquei encarando-a durante um longo tempo. Queria que ela fosse capaz de me dizer o que fazer, mas sabia que essa era uma decisão que tinha que tomar sozinha.

Sunday, June 15, 2008

- Vocês viram o Ty?
- Ele está ainda na sala para duelos.

Jolie caminhou até a sala e escutou vozes abafadas:
- Você tem que girar a varinha assim, ela não é uma espada. Você não tem que furar o olho do seu inimigo.
- Ah você sabe mesmo como ensinar uma garota a segurar a varinha Ty.
- risadas...
- Você é quem tem me ajudado bastante, precisamos marcar novamente, professora.
- Se quiser, estou sempre à disposição. Você é um aluno aplicado.
Jolie entrou na sala bufando, e viu Ty, postado atrás de uma garota bonita de cabelos pretos, segurando a mão dela e pelo que ouviu pareciam bem um com o outro. Havia uma certa cumplicidade entre eles, que fez seu sangue ferver.
- Eu sabia que você devia estar aprontando alguma coisa...- e percebeu o ar de surpresa dele e da garota.
- Jolie? Oi, já estamos terminando aqui e...
- Pois, pode continuar com ela “professor”, não quero atrapalhar sua aula. - e saiu porta afora, pisando duro.
A garota de cabelos negros olhou para Ty e disse:
- Tem certeza que não preciso aprender a furar o olho do inimigo? Ela já sabe fazer isso, você viu?
- Você devia ir atrás dela.- disse uma garota loira que estava sentada no fundo da sala escondida.
- Se eu for lá agora, ela vai reagir de forma violenta e comprometer o meu físico. Eu quero ter filhos no futuro. - e continuou a dar as explicações para a garota morena, enquanto a loira dava de ombros.


Jolie, estava extremamente irritada, e encontrou Micah, Evie, Milla,Nina e Vina, Ricard, Chris, Reno e Victor no caminho.
- Hey Jolie, achou o Ty?- perguntou Micah.
- Sim, eu achei o sem vergonha.
- O que ele fez?- quis saber Annia.
- Estava todo meloso ensinando aquela Kay da Mannaz, a “segurar a varinha”. - bufou.
- Uau, aquela Kay é uma graça... Pena, eu não ser o tipo dela. - disse Ricard e quase foi atravessado por um olhar glacial de Vina que disse:
- Ela é muito oferecida Jolie, também não gosto dela. - e Annia disse:
- Você quer ficar na república com a gente hoje? Podemos até fazer um boneco vudu do Ty e espetá-lo bem dolorosamente. - e Jolie respondeu:
- Preciso de um tempo, para me acostumar a ser conhecida como A burra.
- Jolie, você deveria dar uma chance ao Ty para se explicar. Nem tudo é o que parece... - disse Micah e ele recebeu um olhar furioso da garota e as meninas se juntaram em bloco, ao redor dela para apoiá-la e olharam feio para ele:
- AH sim, vocês se protegem. É sempre assim, quando rola uma traição. - disse Vina e Victor disse paciente:
- Não adianta falarmos nada agora, Micah. Deixa o Ty se explicar com a Jolie depois.
- Se ele ousar aparecer na minha frente, eu vou fazer ele virar picadinho. Podem avisa-lo.- Micah olhou para os outros e disse maroto:
- Alguém vai avisar alguma coisa ao Ty? - e eles balançaram a cabeça negando e rindo. Tudo o que Jolie fez foi rosnar e ir embora irritada.

Jolie estava deitada na cama de sua república quando ouviu uma coisa bater na sua janela. Mal teve tempo de levantar e pegar sua varinha, quando Ty com um aceno reduziu o vidro e ampliou o buraco na parede a ponto de abrir uma porta e entrar. Ela sorriu malignamente:
- Eu posso te estuporar e te jogar lá pra baixo. Quando você cair e quebrar o pescoço, eu digo que foi legítima defesa.
- Antes que você faça isso, eu já peguei sua varinha. - e com um feitiço silencioso ele a desarmou e disse:
- Nós precisamos conversar...
- Poupe-me das frases clichês. Já as conheço e posso citá-las: ‘não é o que você está pensando’, ‘ela é uma amiga’, ‘ela escorregou e eu a segurei’, ‘a carne é fraca, não pude resistir’... Eu sei o que eu vi.
- Posso não ser tão boa quanto você em duelos, mas posso lançar uma maldição em você. - e como ele não arredasse o pé, ela pegou um vaso e jogou na direção dele, que se desviou e o vaso se espatifou na parede. - ele tentou novamente:
- Pára com isso e vamos conversar. A Kay é uma amiga...
- Ah, sim todas elas são. Aliás, como você bem disse antes, eu devo ser a sua amiga numero 11. Pois, eu dispenso a camisa, não quero fazer parte do time. Eu sabia que isso não ia dar certo.
- SILÊNCIO!- e Jolie ficou muda, e Ty achou que ela fosse ouvi-lo, mas ela começou a jogar tudo que encontrava no caminho em cima dele, até que acertou um pé de sapato, no seu ombro, enquanto ele tentava se aproximar dela.
Ao longe se podia ouvir a bagunça que seus amigos faziam do lado de fora da república, parecia que todas as repúblicas se reuniram para ver a briga.
Ty conseguiu se aproximar a após alguns arranhões, e uns chutes que erraram o alvo por pouco, ele a empurrou e a jogou na cama. Prendeu-a com o peso do corpo, e com muito custo conseguiu murmurar alguns feitiços:
- Abbafiato! - enquanto a voz de Jolie voltava ao normal.
- Não quero ouvir você, agora sei porque você andou sumido no sábado de manhã. Aposto que estava com ela. SAIA DE CIMA DE MIM! Aluno aplicado é? Ganhou nota 10 foi? - ela disse e tentou mordê-lo.
- Você vai me ouvir, nem que para isso eu tenha que te amarrar. A Kay é uma amiga mesmo, nós estávamos juntos no sábado. A família dela mora no vilarejo e nós fomos até lá para pegar o carro.
- Eu vou te destripar, como se fosse um iguana. - disse a garota arfando pelo esforço que fazia para se soltar, e ele disse:
- Ela está me ensinando a dirigir e em troca eu a ensino a duelar. Posso te soltar agora?- e ela fez que sim com a cabeça e quando ele afrouxou o aperto, ela o acertou na barriga, com o joelho, deixando-o sem ar, mas ele a segurou novamente:
-Que droga mulher, pára de me chutar e me escuta: eu não estava te traindo, ainda mais com a Kay. Seria uma piada, de muito mau gosto, por sinal.
- Porque não? Ela é uma garota e você é capaz de andar com uma mesa, se ela piscar pra você.
- A Kay é uma amiga, é quase como se fosse um dos rapazes, até temos os mesmos gostos...
- Ai que gracinha, ele encontrou sua alma gêmea. Devo chorar???
- Quando digo que Kay é como um dos rapazes, eu falo sério.
- Ela é uma garota. É bonita, num dá pra dizer que ela é como um dos rapazes, porque não é...
- Dá quando a garota gosta do mesmo que eu: mulher! Entendeu agora? E se você não tivesse saído da sala tão enlouquecida de ciúmes, tinha visto a namorada dela lá, junto conosco.
Jolie parou de se debater e olhou para o Ty meio aturdida...
- Como assim “gosta de mulher”?
- Ela gosta de garotas, oras. Ela até comentou que se você não fosse tão louca por mim, ela iria te consolar, pela minha “traição”.- ele disse debochando.
- EU não sou louca por você. - rosnou.
- Claro que não, você só quer me matar, apenas porque me viu ensinando feitiços a uma garota. Isso é só amor desvairado, insano...
- Seu besta! ¬¬ - ele riu e a soltou devagar e ficou deitado do lado dela:
- Isso que estou falando é um segredo ok? Você sabe como as pessoas daqui são. Eles mal aceitaram os mestiços e nascidos trouxas, se surge algo assim eles serão capazes de jogá-la na fogueira.
- Não dá pra acreditar nisso, e você sabe que é impossível manter segredo numa república. Todos saberiam.
-Sim, eu sei, mas ela e a namorada ficam com garotos para manter as aparências. Procuram ser discretas. O mundo não é bonzinho com quem não se enquadra ao modelo “normal”.
- Seus amigos sabem?
- Só Micah e isso porque ele é esperto, sacou logo de cara quando as viu juntas. Já, os caras daqui são um tanto “ingênuos”, precisam de placas explicativas. - disse enquanto ela o olhava séria e depois disse.
- Pode ficar tranqüilo vou guardar segredo. Agora você pode ir embora. - e Ty relaxou o feitiço que bloqueava os sons do quarto, e dava para ouvir a algazarra do lado de fora.
- Seria bom você ir embora, não tenho a intenção de ser expulsa da república. Com que cara, eu vou falar para o meu pai que tinha um garoto no meu quarto e... - e Ty a beijou para que ela ficasse quieta.
- Gosto de muito de você Jolie e não a trairia. Eu te... (e parou de olhos arregalados):
Ele parecia chocado, com as palavras que quase saíram de sua boca. Antes que dissesse mais alguma coisa, Jolie o beijou. Ainda não era o momento.

We are young, heartache to heartache we stand
No promises, no demands
Love Is A Battlefield

We are strong, no one can tell us we're wrong
Searchin' our hearts for so long, both of us knowing
Love Is A Battlefield


N.Autora: trecho da música Love is a battlefield, by Pat Benatar

Thursday, June 12, 2008

- O que você está fazendo?
- Estudando. – minha voz saiu abafada. Ricard riu e se sentou ao meu lado.
- Assim? – ele perguntou em tom de sarcasmo. Respirei fundo e levantei a cabeça que estivera enfiada no livro de ‘Defesa contra as artes das trevas’ nos últimos 30 minutos.
- Se eu apresentar atestados médicos... Será que eles me liberam desses simulados?
- Liberariam, se você não se utilizasse de atestados todas as vezes que quer fugir de alguma coisa. – ele sorriu novamente e fiz uma careta. – Além do mais, qual doença você inventaria agora? Queda de cabelo?
- Calvície é um problema sério, sabia? Não brinque com isso.
- Desculpa ‘mamãe’. Pare de se estressar com esses simulados. Você vai se sair bem. Em todo caso, há coisas mais importantes para se preocupar.
- Como?
- Saíram os laudos sobre os assassinatos. – Ricard falou puxando um jornal da mochila. Pigarreou antes de começar a ler. – “Nessa quarta-feira, Ivan Klasnic (especialista em Poções e professor desta disciplina do Instituto Durmstrang), declarou seu laudo final sobre as mortes de Johnny Alenxinsky e Tohry Gheorghieff. Os dois aurores foram misteriosamente envenenados dentro do Ministério da Magia dia 29 de abril. Ivan Klasnic atestou nesta manhã que a substância que causou as duas mortes foi um extrato de Belladona, uma planta mágica de nível V, altamente tóxica. Os dois aurores teriam tido contato com o veneno pela jarra de café que estava disposta na sala que dividiam no departamento. O ministro da magia prometeu, mais uma vez, solucionar o caso o mais breve possível.”

Quando ele terminou de ler, meus olhos já estavam arregalados. Senti o coração faltar alguns compassos.

- Belladona!
- É. Quem fez isso tem um ótimo conhecimento em Herbologia, Poções e Magia Negra. Acho que foi a primeira morte com extrato de Belladona desde muitos séculos!
- Estavam faltando mudas de Belladona da Estufa Imperial, da última vez que eu e professor Mikhail estivemos lá embaixo. Ele até estranhou e me fez perguntas em tom de acusação! – falei depressa e a expressão de Ricard foi se tornando pálida.
- Você está me dizendo que as mudas que usaram para fazer o extrato que matou dois aurores dentro do Ministério da Magia saíram daqui? Da nossa estufa? De Durmstrang?
- Não estou dizendo nada. Mas é muita coincidência, não acha?
- Como? Se só você e o professor carregam a chave?! Não tem como abrir aquelas portas com feitiços!
- Eu sei. Por isso mesmo. Ricard, e se colocarem a culpa em mim? É o tio do Victor!!!
- Ok, você andou estudando demais e está biruta. Que motivos você teria para dar veneno a esses dois aurores? Pelas barbas de Merlin, Lavínia. – ele respondeu nervoso e me calei. Ficamos vários minutos em silêncio até ele dar um sobressalto na cadeira que me fez assustar. – Sua chave!
- O que tem minha chave?
- Você perdeu sua chave durante um dia inteiro! Lembra? E ela não ficou o tempo todo naquela boate! Alguém a colocou debaixo da porta. Podia ter simplesmente estar caída na rua, por acaso... Mas podia estar com alguém!
- Quem? Como? Ela fica o tempo inteiro no meu pescoço.
- Mas pode sair dele muito facilmente com um simples feitiço convocatório. E dada a sua condição àquela noite, você nem notaria...
- Certo. Mas se alguém conseguiu mesmo pegar a chave de mim, como entraria em Durmstrang? Nenhum estranho entra em Durmstrang. Têm os guarda-caças, aurores, professores... Impossível.
- E se não foi nenhum “estranho”? – Ricard perguntou com a voz sombria.
- Você está querendo dizer que foi alguém daqui de dentro? Está brincando, não é?
- Você tem uma teoria melhor?
- Ainda não criei nenhuma teoria. Mas...

A sombra de uma pessoa atrás de nós me fez calar. Nos viramos. Era Mikhail.

- Me espere na Estufa Imperial após a reunião da Organização de Botânica e Herbologia. Precisamos conversar. – ele disse sério. Uma veia pulsava em sua testa, o que me deu medo. Sem mais uma única palavra, deixou a biblioteca. Encarei Ricard, que parecia tão tenso quanto eu estava.
- O que vou fazer?
- Conte a verdade sobre a chave. É só o que você pode fazer.

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Mal a Estufa Imperial ficou vazia e Professor Mikhail entrou. Porém, ao contrário do que tinha imaginado, ele não estava sozinho. Outras quatro pessoas o acompanhavam, e eu conhecia três delas. Igor Ivanovich, Ivan Klasnic, Igor Neitchez e outro homem de mais idade e com aparência cansada. Alguns minutos depois, descobri ser Hilbert Molotov (secretário do Ministro da Magia). Com poucas palavras, Mikhail pediu que todos os seguíssemos até o subsolo da Estufa Imperial, e nos conduziu em silêncio até onde a muda de Belladona (que já não aparentava sinais de mutilação) estava.

- Então foi aqui? – o diretor perguntou espantado olhando para todos nós. Molotov confirmou com a cabeça.
- Sinto afirmar que sim, Igor. A Estufa Imperial de Durmstrang é a única que conseguiu cultivar uma pequena muda dessa planta em vários raios de quilômetros. E a única com registro e permissão. Poderíamos considerar que haja Estufas clandestinas, mas Mikhail me assegurou da dificuldade que é plantar e manter essa espécie até este tamanho. Tamanho que se torna suficiente para fazer o extrato. O que ainda não está explicado é como alguém teve acesso a esta parte desta estufa, em especial, se Mikhail garantiu que somente ele e essa senhorita possuem a chave. – Hilbert terminou acenando com a cabeça em minha direção. Todos se voltaram para mim. O primo de Victor estreitou os olhos, desconfiando.
- Lavínia Durigan é uma das minhas melhores alunas. Escolhi-a no começo do ano letivo para ser a monitora da Organização de Botânica e Herbologia. Todos os anos troco a fechadura desta estufa e faço duas cópias, somente. Uma fica comigo, outra com o monitor. – Mikhail respondeu antes que eu pensasse em dizer qualquer coisa.
- E como sabemos se a sua monitora não fez outras cópias da chave? – Igor Neitchez perguntou seco enquanto me encarava. Via ódio em seus olhos.
- Lavínia é de minha inteira confiança. Além do mais, que motivos ela teria de matar seu pai e esse outro auror? – Mikhail respondeu tão seco quanto, e o clima ficou pesado.
- Não se precipite, meu jovem rapaz. Ainda não temos provas. Talvez as mudas nem tenham saído daqui. – Molotov deu tapinhas nas costas de Igor, que desviou o olhar de Mikhail para ele.
- É sobre o assassinato do meu pai que estamos falando! Eu tenho pressa!
- Todos nós temos pressa, Igor. Mas tecer acusações sem quaisquer provas não vai solucionar nenhum dos seus problemas. – Professor Klasnic disse calmo. O diretor concordou com a cabeça.
- Em todo caso, Mikhail e Lavínia, acho que em breve vocês serão chamados para interrogatório. Não se preocupem, não é nada demais. Só precisamos saber exatamente a rotina dessa estufa e quem a freqüenta. Tudo bem? – Molotov perguntou e professor Mikhail sacudiu os ombros.
- Está, tudo bem. Nós também queremos que este caso seja solucionado o mais rápido possível.
- Ótimo. Acho que não há mais nada a se fazer por aqui. Vamos, Igor. – Molotov segurou o braço dele, que acabou se dando por vencido, mas puxou o braço e saiu sozinho da Estufa. – Desculpem. Ele tomou partido sobre as investigações e está um tanto afobado para chegar ao fim disso. Compreensível. Bom, boa noite e mais uma vez, obrigado pelo tempo Mikhail. Nos falaremos em breve.

Mikhail sacudiu a cabeça e o homem também desapareceu da Estufa. Me preparava para sair, junto com o diretor e professor Klasnic, mas Mikhail me segurou.

- Se você tiver algo a me contar, é melhor que seja agora. – disse me encarando sério e senti meu rosto queimar.

Ia começar a contar sobre o sumiço da chave, mas antes que pudesse, senti uma pontada imensa no ventre. Seguida de outra e outra. A Estufa começou a ficar embaçada e alguns segundos depois... Breu.

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‘O que será que aconteceu dessa vez?’
‘Não vi Vina comendo nada hoje. Deve ter sido isso.’
‘Não sei. Ela parece bem pálida...’
‘O que aconteceu? Lavínia? Ela está bem?’

Acordei mas não abri os olhos. Ouvi vozes de várias pessoas ao meu redor, e a última e mais afobada, de Victor.

- Não sei. O que aconteceu comigo? – perguntei lentamente, ainda sem abrir os olhos. Todos ficaram em silêncio e se aproximaram mais.
- Mikhail te trouxe pra cá desmaiada. – Nina respondeu aflita. Fiz uma careta de dor. Tentei me levantar, mas um par pesado de mãos me empurrou de volta contra o travesseiro. Abri os olhos. Uma das enfermeiras me encarava séria e aflita.
- Permaneça deitada. Você não pode se cansar. O horário de visitas acabou. – disse se virando para todos meus amigos. – Por favor, ela precisa descansar. Está tudo bem com ela, ok? Voltem amanhã.

Victor foi o que mais resmungou e pediu para que pudesse dormir ali, mas a enfermeira cortou-o com autoridade, e contrariado ele se despediu de mim com um sorriso e foi embora. Quando a porta finalmente se fechou, a mulher se sentou ao meu lado, parecia aflita.

- Como está se sentindo? Dores no corpo? Cabeça?
- Um pouco. Um pouco tonta. O que aconteceu? – perguntei e ela ficou de repente muito branca. Me encarou vários segundos e aquilo me deixou apavorada. – O que é?
- Sinto muito. Não pudemos fazer nada. Você teve um aborto espontâneo.

A última frase dela fez com que o chão se abrisse sob mim. Me senti vagar para longe dali e estava esperando um indício de pegadinha a qualquer momento. Em vão.

- Eu tive um... O quê?
- Assim que você chegou desmaiada aqui, as contrações aumentaram e teve um imenso sangramento. Não havia nada a se fazer. Demos poções para estabilizar sua pressão e fazer você recuperar o sangue que perdeu, mas aconteceu um aborto.
- Impossível.
- O que é impossível?
- Eu não estava grávida! – eu disse com a voz tremendo e então a expressão dela mudou completamente. Ela ficou assustada.
- Estava. De quase 7 semanas. Você não sabia?
- NÃO! Eu tomo poções anticoncepcionais e meus ciclos sempre são desordenados...
- Nenhuma chance de ter desregulado as doses de poções? – ela insistiu e instantaneamente, vários flashes passaram detrás dos meus olhos. O aniversário de Micah, Naveen. E as pazes com Victor. Tudo em menos de uma semana. Não respondi, mas meus olhos de assombro responderam à pergunta.
- O aborto espontâneo foi causado pela incompatibilidade que você e o pai dessa criança possuem.
- Você está querendo dizer que... – comecei assombrada mas não consegui terminar. Ela concordou com a cabeça.
- Isso mesmo. Estou querendo dizer que você nunca poderá ter filhos com esse homem.

Meus olhos se fecharam sozinhos e não consegui segurar uma lágrima, que escorreu imediatamente. Só queria que aquele dia não passasse de um pesadelo.