‘Posso entrar?’ – uma voz feminina e bem conhecida perguntou do lado de fora do quarto. Naveen soltou uma exclamação de impaciência e escondeu a caixa e os novos recortes de jornal embaixo da cama bem a tempo de Deborah abrir a porta.
- Juro. – respondi tensa trocando um olhar rápido com Victor.
- Lavínia Durigan O’Lattern. – o escrivão começou a escrever com muita rapidez.
- Data de nascimento?
- 17 de março de 1982.
- Filiação?
- Isadora Durigan e Leopold O’Lattern.
- Confirma ter recebido uma cópia da chave da Estufa Imperial das mãos do professor Mikhail Kalashnikov no início deste ano letivo?
- Sim.
- E desde então, a chave passou o tempo todo com você e você só a usou para as reuniões do Clube de Herbologia Avançada?
- Sim. Não! Quero dizer, eu só a usei para as reuniões, mas ela não esteve o tempo todo comigo...
- Sim. E alguns dias depois, quando eu e o professor Mikhail fomos até o subsolo plantarmos uma nova muda de Visgo do Diabo, percebemos que a Belladona já havia sido mutilada. E depois de alguns dias saíram os laudos, e depois... aqui estamos nós. Eu não sei o que pode ter acontecido durante esse tempo em que a chave não esteve comigo, mas não tenho culpa em nada!!! Se eu tivesse um bom palpite eu diria, podem ter certeza. – falei depressa e levemente desesperada. Mikhail me encarava sério. Molotov suspirou.
- Eu acredito senhorita Durigan. Não fique nervosa, ok? Ninguém está colocando a culpa em você... Mas você deve concordar que falhou. Era sua responsabilidade tomar conta dessa chave.
- Eu sei, e assumo a minha culpa.
- E agradeço sua atitude. Por enquanto, acho que é o suficiente. Não me vêm mais perguntas para te fazer nesse momento. Obrigado pelo seu depoimento também, Mikhail. Chamarei vocês novamente, se precisar de outras respostas. – Mikhail concordou com a cabeça sério. Molotov bateu um martelinho de madeira na mesa. – Sessão encerrada. Estão dispensados.
- Estou. Me sentindo mais leve. – forcei um sorriso e ele retribuiu. Mikhail se aproximou.
- Vamos voltar para o castelo. Já tivemos o bastante por hoje. – ele comentou enquanto puxava de dentro do casaco um frasco de poções vazio e conjurava uma chave de portal.
- Vou. Só preciso tomar coragem.
- Quanto mais você demorar, pior. Naveen tudo bem se não souber, mas Victor...
- Eu sei, e ele vai saber. Só preciso de mais um tempo, ok? Minha preocupação maior no momento é ajudar a desvendarem esse caso o mais rápido possível. Igor ainda está aqui?
- Está. Lá em cima com Victor há horas. Ele realmente está interessado em descobrir se alguém de dentro do castelo teria algum motivo para matar o pai dele.
- Só queria que ele acreditasse que eu não tenho culpa de nada nisso, além de ter perdido a chave...
- Ele sabe Vina, mas você tem de entender o lado dele.
- Eu entendo! Mas o jeito que ele me olha é uma tortura...
- Está. – Ricard respondeu se levantando. – Mas não pode esperar outra hora? O primo dele está aqui também...
- Igor Alenxinsky? – ela perguntou rapidamente e Ricard se surpreendeu.
- Isso. Como você sabe?!
- Preciso falar com ele, é urgente e tem de ser agora. E é de muito interesse ao primo dele também.
- O que você quer, hein? – perguntei me levantando e a encarando nervosa de cima a baixo.
- Se estiverem tão interessados em descobrir, me sigam. Não tenho mais nada a esconder agora.
- Sinto muito pela morte de seu pai, Igor. Não nos conhecemos, mas eu sei quem o matou e dentro dessa caixa tenho provas suficientes para estar falando isso.
- Do que você está falando, Deborah? – Victor perguntou depressa e assustado. A menina abriu o cadeado da caixa e despejou todo o conteúdo em cima da cama dele. Vários recortes de jornais, fotos e folhas de plantas plastificadas.
- Quem matou Johnny Alenxinsky e Tohry Gheorghieff foi Naveen Odebrecth. Meu ex-namorado. – ela disse finalmente e Ricard teve de me apoiar para que eu não caísse.
- Hã?
- Seu ex-namorado também, Lavínia. Sinto muito. Mas ele estava nos enganando o tempo todo, embora de maneiras diferentes. Agora, se quiserem me levar até o Ministério, eu posso contar tudo o que sei para quem vocês quiserem. Só temos de ser rápidos. Se ele sentir falta dessa caixa, vai fugir.
MORAL DA HISTÓRIA: “Não há no inferno algo tão furioso como uma mulher rejeitada”.
N.A.: Pode assumir que está orgulhosa da sua padawan, Ju. Mais um texto e eu acabo isso! *____*