Saturday, June 28, 2008

A noite havia sido longa. Depois de Ricard ter ido chamar professor Mikhail às pressas, alguns minutos depois todos estávamos indo ao Ministério da Magia pela lareira da sala do diretor. Passamos horas e horas escutando Deborah contar tudo o que sabia sobre Naveen e seus planos bem sucedidos para assassinar dois aurores dentro do Ministério. As provas estavam todas dentro de uma pequena caixa de madeira escura. Não havia dúvidas, mas eu ainda não conseguia acreditar.

O café da manhã estava mais agitado do que costumava ser. Grande parte dos alunos cochichava entre si e andavam de uma mesa à outra. Quando um grupo de aproximadamente cinco homens entrou andando rapidamente no Salão, todos se calaram. O mais velho deles trocou poucas palavras com o diretor, parecia apressado. Igor Ivanovich se levantou.

- A maioria de vocês já sabe o que está acontecendo. Naveen Odebrecht, um aluno da Berkana, do 7° ano, foi condenado o culpado pela morte dos aurores Johnny Alenxinsky e Tohry Gheorghieff. Infelizmente, ele não está em lugar algum deste castelo. Se algum de vocês tiver alguma idéia ou suspeita para onde é que ele possa ter ido, por favor, fale. – como ninguém se atreveu a nem mesmo se mexer na cadeira, o diretor continuou, paciente. – Aumentamos o número de aurores na propriedade até ele finalmente ser encontrado. Repito: quem tiver alguma suspeita sobre o paradeiro, é melhor falar ou pode ser acusado como cúmplice mais tarde... Estarei na minha sala o dia inteiro.

Assim que o diretor e os cinco homens abandonaram o Salão, o falatório recomeçou ainda mais alto e agitado do que anteriormente. Uma bomba havia caído em Durmstrang.

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Uma batida de leve na porta fez com que todos os homens dentro da sala se calassem, ansiosos.

- Entre. – o diretor falou e eles esperaram. A porta se abriu. Um menino baixinho, magricela e com cabelos loiros ralos entrou na sala, parecendo assustado. Era Lazar Asparukh, um primeiranista da Mannaz. Todos os homens o avaliaram, e Igor Alenxinsky foi o primeiro a soltar um suspiro de impaciência. O diretor perguntou fraternal: - Posso ajudar, Asparukh? – O menino se sobressaltou ao ouvir seu nome.
- O senhor pediu para que contássemos se soubéssemos alguma coisa sobre o Naveen. – ele disse com a voz fininha. Todos pareceram se interessar pelo garoto.
- Sim. Eu disse isso. O que você sabe? – o diretor continuou com sua voz calma.
- Eu moro na mesma república que ele, a Vulcano. Ontem de noite eu estava estudando para os exames, e já era bem tarde quando ouvi barulhos exaltados do quarto dele. Mas não fui até lá. Alguns minutos depois, escutei duas vozes diferentes entrando na República e subindo até o quarto. Aí, abri uma fresta da porta e vi duas figuras encapuzadas de negro entrar. Naveen parecia muito nervoso! Contou a eles que uma caixa havia desaparecido do seu armário e que iria fugir... Ele disse alguma coisa sobre ‘passar a noite no Vilarejo’ e depois ‘pegar uma chave de portal para a Croácia’, aonde iria se encontrar com seu tio.
- Onde do vilarejo, você sabe?
- No Bratislava. – Assim que ele disse, Igor Alenxinsky saiu correndo da sala. Hilbert Molotov e outros dois aurores o acompanharam apressados. O menino se encolheu. Steven Vlade se adiantou até a mesa do diretor.
- É melhor mandarmos mais aurores ao local, diretor. O Bratislava não é um bar muito agradável... – Igor Ivanovich concordou com a cabeça e o auror já ia saindo da sala.
- Vlade, me mantenha comunicado. – O jovem concordou e saiu, deixando o diretor e o menino sozinhos na sala.
- Você não sabe quem possam ser esses dois encapuzados, Lazar?
- Não, não senhor. Mas não são da Vulcano. Não reconheci as vozes. Diretor, eu não sou cúmplice! – ele completou desesperado e o homem riu.
- Não, não é. Você fez muito bem em vir aqui. Agora pode ir.

O menino concordou com a cabeça e saiu correndo da sala. Se as informações dele estivessem corretas, era uma questão de tempo Naveen ser capturado.

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‘O pegamos a tempo. Estamos levando-o para o Ministério da Magia, onde prestará depoimento. De lá, ele segue para Azkaban. Precisaremos de Deborah Aietriev e Lavínia ainda esta tarde. Em breve, repasso mais notícias’

O patrono em forma de águia sumiu deixando uma fumaça prateada no ar. O diretor saiu da sala para chamar as duas meninas. As acompanhariam, pessoalmente, até o Ministério.

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Não foi preciso nem mesmo a ameaça de fazê-lo engolir Veritasserum para que Naveen despejasse toda a verdade sobre seu plano, em detalhes, para todos no tribunal. Contou sobre a emboscada que armaram para o grupo de seu pai e como só tinham assassinado ele. O desejo de vingança. A descoberta do extrato de Belladona que não possuía antídoto, em um livro de Herbologia de magia negra. O jeito como iludiu um elfo doméstico para que levasse a garrafa de café envenenada até a sala dos aurores. O falso namoro comigo para que conseguisse arrancar a chave de mim sem que eu percebesse, e o falso namoro com Deborah, para que ele me conquistasse. Tudo.

Cada palavra que ele dizia, em seu pior tom frio e cruel, meu estômago parecia se retorcer mais, de nojo e raiva. Os olhos dele possuíam um brilho frio, e ele parecia estar se divertindo ao se gabar do sucesso de sua vingança. Não calculei exatamente quanto tempo se passou, até que ele parasse de falar, mas pareceu uma eternidade.
Quando todos se levantaram e começaram a sair da sala, me levantei também, sentindo-me tonta. Olhei para Naveen, com os braços acorrentados na cadeira no centro da sala, e tracei uma reta até ele, decidida.

- Você é um nojento! – disse alterada e ele apenas sorriu sarcástico.
- E você é uma menina mimada e doente, que acha que o mundo gira em torno do seu umbigo.
- Merece apodrecer na prisão. – minha voz tremia, e o sorriso no rosto dele não se alterou.
- Pode até ser. Mas vou feliz. Ah, quero te agradecer por ser tão idiota quando está bêbada. Você não se lembra de nada daquela noite, mas eu te pedi a chave emprestada um dia e você me respondeu com um longo beijo... – Minha mão voou na cara dele com toda a força que consegui reunir. Quando o rosto dele voltou a me encarar, vermelho, já não exibia o sorriso.
- Eu fiquei grávida de você. Tive um aborto espontâneo há uma semana. Em pensar que você era o pai...
- Eu? Impossível. Eu não me daria o desgosto de fazer um filho em você. Eu me preveni contra isso de todas as maneiras. Ainda não entendeu que eu estava te usando? O pai desse bebê era qualquer um, menos eu. – ele abriu novamente o sorriso.

Novamente senti o chão se abrir sob meus pés. Dois aurores passaram por mim e desacorrentaram Naveen, que se levantou ainda sorrindo, enquanto era arrastado para a porta, onde um dementador já o aguardava.

- Ainda nos veremos de novo, Vina. – ele disse sussurrando quando passou por mim e senti minhas pernas cederem, me deixando cair sentada na cadeira onde ele estivera uns segundos antes.

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I walk a lonely road
The only one that I have ever known
Don’t know where it goes
But it’s home to me and I walk alone

Os dias passaram rapidamente, e já estávamos dentro do trem, indo para as férias de verão. As últimas férias de verão. Muita coisa havia acontecido naquele ano, e eu havia decidido ir para casa, na Irlanda, pelo menos por algumas semanas. Precisava descansar e ainda não sabia como iria contar a Victor sobre a gravidez e sobre nossa impossibilidade de ter filhos, futuramente.

Quando desci na estação de Sofia e me despedi de meus amigos com promessas de nos encontrarmos em breve, Vlade sorriu acenando para mim e não hesitei em ir abraçá-lo forte. Tudo iria melhorar.

I’m walking down the line
That divides me somewhere in my mind
On the border line of the edge
And where I walk alone

N.A.: Green Day – Boulevard of Broken Dreams
Obs.: A C A B O U! Ok, nem eu acredito que isso é verdade, gente. Eu consegui!!! =’)