A noite havia sido longa. Depois de Ricard ter ido chamar professor Mikhail às pressas, alguns minutos depois todos estávamos indo ao Ministério da Magia pela lareira da sala do diretor. Passamos horas e horas escutando Deborah contar tudo o que sabia sobre Naveen e seus planos bem sucedidos para assassinar dois aurores dentro do Ministério. As provas estavam todas dentro de uma pequena caixa de madeira escura. Não havia dúvidas, mas eu ainda não conseguia acreditar.
- O senhor pediu para que contássemos se soubéssemos alguma coisa sobre o Naveen. – ele disse com a voz fininha. Todos pareceram se interessar pelo garoto.
- Sim. Eu disse isso. O que você sabe? – o diretor continuou com sua voz calma.
- Eu moro na mesma república que ele, a Vulcano. Ontem de noite eu estava estudando para os exames, e já era bem tarde quando ouvi barulhos exaltados do quarto dele. Mas não fui até lá. Alguns minutos depois, escutei duas vozes diferentes entrando na República e subindo até o quarto. Aí, abri uma fresta da porta e vi duas figuras encapuzadas de negro entrar. Naveen parecia muito nervoso! Contou a eles que uma caixa havia desaparecido do seu armário e que iria fugir... Ele disse alguma coisa sobre ‘passar a noite no Vilarejo’ e depois ‘pegar uma chave de portal para a Croácia’, aonde iria se encontrar com seu tio.
- Onde do vilarejo, você sabe?
- No Bratislava. – Assim que ele disse, Igor Alenxinsky saiu correndo da sala. Hilbert Molotov e outros dois aurores o acompanharam apressados. O menino se encolheu. Steven Vlade se adiantou até a mesa do diretor.
- É melhor mandarmos mais aurores ao local, diretor. O Bratislava não é um bar muito agradável... – Igor Ivanovich concordou com a cabeça e o auror já ia saindo da sala.
- Vlade, me mantenha comunicado. – O jovem concordou e saiu, deixando o diretor e o menino sozinhos na sala.
- Você não sabe quem possam ser esses dois encapuzados, Lazar?
- Não, não senhor. Mas não são da Vulcano. Não reconheci as vozes. Diretor, eu não sou cúmplice! – ele completou desesperado e o homem riu.
- Não, não é. Você fez muito bem em vir aqui. Agora pode ir.
Cada palavra que ele dizia, em seu pior tom frio e cruel, meu estômago parecia se retorcer mais, de nojo e raiva. Os olhos dele possuíam um brilho frio, e ele parecia estar se divertindo ao se gabar do sucesso de sua vingança. Não calculei exatamente quanto tempo se passou, até que ele parasse de falar, mas pareceu uma eternidade.
Quando todos se levantaram e começaram a sair da sala, me levantei também, sentindo-me tonta. Olhei para Naveen, com os braços acorrentados na cadeira no centro da sala, e tracei uma reta até ele, decidida.
- E você é uma menina mimada e doente, que acha que o mundo gira em torno do seu umbigo.
- Merece apodrecer na prisão. – minha voz tremia, e o sorriso no rosto dele não se alterou.
- Pode até ser. Mas vou feliz. Ah, quero te agradecer por ser tão idiota quando está bêbada. Você não se lembra de nada daquela noite, mas eu te pedi a chave emprestada um dia e você me respondeu com um longo beijo... – Minha mão voou na cara dele com toda a força que consegui reunir. Quando o rosto dele voltou a me encarar, vermelho, já não exibia o sorriso.
- Eu fiquei grávida de você. Tive um aborto espontâneo há uma semana. Em pensar que você era o pai...
- Eu? Impossível. Eu não me daria o desgosto de fazer um filho em você. Eu me preveni contra isso de todas as maneiras. Ainda não entendeu que eu estava te usando? O pai desse bebê era qualquer um, menos eu. – ele abriu novamente o sorriso.
The only one that I have ever known
Don’t know where it goes
But it’s home to me and I walk alone
Quando desci na estação de Sofia e me despedi de meus amigos com promessas de nos encontrarmos em breve, Vlade sorriu acenando para mim e não hesitei em ir abraçá-lo forte. Tudo iria melhorar.
That divides me somewhere in my mind
On the border line of the edge
And where I walk alone
Obs.: A C A B O U! Ok, nem eu acredito que isso é verdade, gente. Eu consegui!!! =’)