Friday, December 26, 2008

Londres, 25 de Dezembro de 1999

‘Micah, telefone pra você’ Michael parou ao lado do filho adotivo na sala e lhe entregou o aparelho. Já era quase meia noite ‘Chris, ele disse que é seu amigo’

‘Ah, obrigado’ Micah apanhou o aparelho de sua mão, sorrindo ‘Oi, Chris. Feliz natal!’

‘Feliz natal pra você também’ Chris respondeu automaticamente, mas sua voz não era das melhores ‘Mas não ligo para dar boas noticias’

‘O que aconteceu? Sua voz está estranha’

‘Josh apareceu por aqui’ Chris foi direto ao assunto ‘Procurou Evie hoje à tarde e falou um monte de coisas a ela sobre você’

‘O que aquele filho da mãe falou?’ Micah levantou do sofá já nervoso

‘Não sei, foi Afonso que me ligou preocupado, porque depois que ele saiu de lá, ela disse que ia até a casa do pai’

‘O que?? E eles deixaram ela ir sozinha??’

‘Ele disse que ela desaparatou na mesma hora, não teve tempo de impedir. Disse também que ela voltou muito tempo depois e parecia muito nervosa e atordoada, foi direto para o quarto e não quer falar com ninguém’ Chris tinha uma voz urgente ‘Micah, você precisa vir pra cá agora. Fica aqui em casa se precisar, mas não estou com um bom pressentimento’

‘Estou chegando ai amanhã de manhã’

‘Ok, faça isso. Nos vemos amanhã’

Micah desligou o telefone nervoso e andava de um lado para o outro. Quando conseguiu se acalmar, foi até o quarto e jogou algumas peças de roupa dentro da mochila. Precisava pegar o próximo trem para a Bulgária e tentar reparar o estrago que sabia já estar feito.


ººº


Bulgária, 26 de Dezembro de 1999

Micah chegou à Bulgária já avisado do que se passava. Sabia que Josh havia procurado Evie e feito sua cabeça contra ele e sabia também que, naquele momento, a confiança que sua namorada tinha nele estava abalada. Precisava ao menos tentar reparar os danos, mas a idéia de que Evie havia acreditado em Josh o fazia sentir raiva.

Foi direto para o lugar onde sabia que a encontraria e esperou até que ela chegasse. Evie vinha caminhando lentamente para fora do parque, suas mãos afundadas nos bolsos do casaco e os cabelos voando com a brisa gelada que batia neles. Caminhava tão atordoada que não notou a presença de Micah.

‘Tudo bem?’ Ele disse preocupado com sua expressão. Ela se afastou dele depressa, tentando manter certa distancia.

‘Deixe-me em paz’ Ela murmurou, tentando passar. Ela estava na defensiva, como se tentasse fugir

Micah olhou nos olhos dela, e pela primeira vez desde que as coisas se ajeitaram, a viu assustada. Ele a comparou, naquele momento, a um animal encurralado: sem saber direito o que tinha acontecido e ainda incerto de fazer algum movimento. Seu olhar estava vago, como se ela procurasse uma saída, algum lugar seguro, para onde ela pudesse correr. Ele viu que ela estava assustada, no sentido real da palavra, e não era algo que ele pudesse evitar. Aquele medo estaria sempre presente, porque era parte dela, era algo que ele teria que aprender a conviver. Mas naquele momento, estava assustando a ele também.

‘Por que eu deveria lhe deixar em paz?’ Ele perguntou, dando um passo à frente.

‘Porque eu quero’ Ela disse tentando se esquivar dele. Micah entendeu isso como uma tentativa de fugir, e em um segundo, ele saltou até ela e segurou seu braço, seus corpos colidindo e seus rostos tão próximos que estavam quase se tocando.

‘Ah é? E por que isso?’ Micah começava a se irritar, sabia por que ela agia assim. Evie respondeu a essa pergunta com um olhar frio, seus olhos se cruzando.

‘Porque eu não confio em você’ Ela desviou o olhar dele antes de continuar, quebrando o contato ‘Porque eu não posso confiar em você’ Ela fez outra pausa, respirando fundo ‘Porque eu estou com medo’

‘Ah é? E está com medo de que, meu amor? Está com medo de mim? Ou você está com medo daquele seu ex-namoradinho?’ Começando a se irritar com o silencio de Evie, Micah diminuiu o tom de voz. Ele estava quase cuspindo as palavras, tentando machucá-la o máximo que pudesse naquele momento. ‘Quer saber o que eu penso? Acho que você está com medo de deixar essa vidinha boa que você teria com ele, a casinha confortável e o apoio do papai, para viver comigo o mundo real. É Evi, você está com medo de contrariar seu pai apesar de tudo que ele fez, mas quer saber? Você talvez tenha que fazer isso’

‘Me solta’ Ela sibilou, tentando se livrar do punho forte dele. Ignorando-a, ele continuou

‘Você não está com medo de mim; você não está com medo dele! Você está com medo de você mesma! Sua ficha caiu, não é? Percebeu que lutar contra o seu pai nem sempre vai ser fácil e está com medo de não agüentar’ Eles estavam tão próximos que se algum deles se movesse, eles se tocariam.

‘Me solta’ Ela protestou, e seus olhos se cruzaram mais uma vez. Dessa vez, no entanto, ela manteve o olhar fixo.

‘O que foi agora? Você quer saber a verdade? Eu digo a verdade, Evi. Sim, eu deveria estar enganando você. Nosso primeiro encontro não foi um acidente, eu estava disposto a conhecer você e fazer você se apaixonar por mim. E adivinha? Eu fiz!’ Com essas palavras ele soltou o braço dela, e ela lentamente foi se afastando, sem ter certeza se podia confiar em suas pernas.

Ela estava atordoada pela segunda vez naquele dia. Ela não podia acreditar no que tinha acabado de ouvir, mesmo tendo estado preparada para isso, e ela vinha considerando essa possibilidade há semanas. Ainda assim, era inesperado, estranho e acima de tudo, de partir seu coração.

‘Acontece que eu não esperava me apaixonar por você também’

Segundo baque, esse ainda mais forte, se é que isso era possível. Ele tinha se apaixonado por ela.

‘Você estava me enganando’ Foi tudo que ela conseguiu dizer

‘Bem, não estou mais’

‘Como você pode?’ Ela murmurou, dando um passo para trás. Ela não queria mais ficar perto dele

‘Eu não fiz, Evi’ ele deu um passo à frente, se aproximando dela, mas ela deu mais um passo para trás. ‘Eu parei. Eu não queria enganar você’

‘Não interessa. Você estava mentindo esse tempo todo’ Seus olhos estavam cheios de lágrimas, não por tristeza, mas por outro motivo: raiva e desespero, tudo junto, fazendo seu mundo cair aos pedaços ‘Sabe do que mais eu tinha medo? Eu achei que estava grávida!’ Micah reagiu a noticia, mas ela não deixou que ele falasse ‘Mas graças a Merlin eu me enganei, pois veja quem seria o pai da criança, um mentiroso!’ Ela disse cuspindo as palavras, já não conseguindo conter as lágrimas

‘Não aja como se você fosse uma santa também. Eu não obriguei você a ficar comigo em momento algum’ Ele disse sem nem ao menos pensar

‘Não’ Ela murmurou, batendo em seu peito sem força. Ele segurou seus punhos para não deixá-la sair ‘Não se atreva’

‘Evie, eu estava sim enganando você, mas há meses atrás!’ Ele ainda prendia seus punhos, mesmo que ela não tentasse se soltar ‘Eu parei. Parei porque me apaixonei por você e percebi o quanto eu estava sendo um idiota. Eu parei porque eu te-’

‘Não!’ Ela o interrompeu, se afastando ‘Não ouse terminar essa frase. E me deixa em paz’

Evie olhou para Micah mais uma vez e correu na direção oposta até o outro lado da rua, sem saber ao certo para onde ir. A única coisa que sabia era que precisava ficar longe dele.

ººº


‘Vai aonde com tanta pressa?’ Um carro passou devagar ao lado de Evie na calçada e ela reconheceu a voz de Josh. Continuou andando sem olhar ‘Estou falando com você!’

Evie continuou andando, agora mais apressada, mas Josh a seguiu com o carro. A neve caia cada vez mais forte, mas ela não se importava, não ia entrar no mesmo carro que ele.

‘Tudo bem, não quer falar comigo, é um direito seu’ Josh falava de dentro do carro, sabendo que mesmo ignorando, ela o ouvia ‘Mas você sabe que fez o certo. Pode ficar com raiva agora, mas vai ser melhor assim. Você nos obrigou a agir, Evie!’

Ela parou de andar e o encarou dentro do carro. Já não chorava mais e sua expressão era de raiva. Aproximou-se do carro para ter certeza de que ele a ouviria.

‘Nunca mais chegue perto de mim’ Ela disse cuspindo cada palavra e sabia que ele estava assustado ‘Eu tenho nojo de você e não quero nunca mais ver sua cara e nem ouvir falar de você!’

Evie se afastou outra vez e continuou andando, mas dessa vez ele não a seguiu. Sua cabeça girava e tudo que ela queria naquele momento era voltar para a escola e deixar tudo para trás.

Thursday, December 25, 2008

‘Crianças, já para a cama!’ Madalena apareceu na sala perto da meia noite ‘Já está tarde e se ninguém dormir, Papai Noel não aparece’

‘Ah tia, por favor, né?’ Diego falou zombeteiro e todos riram ‘Nem o Filipe e a Luisa acreditam mais em Papai Noel!’

‘Eu sei disso, mas a única criança que sobrou nessa família é o Marko e ele ainda é novo demais pra entender, então não cortem o meu barato!’ Falou dando bronca, mas em tom de brincadeira ‘Todos pros quartos ou quando acordarem terei feito todos os presentes naquela árvore evaporarem!’

Não foi preciso um segundo aviso. Instantes depois a sala ficou completamente deserta e cada quarto da casa foi ocupado pelos netos de Andrei. E agora que Max não fazia mais questão de passar o natal com a família, Evie tinha um quarto só para ela. Mas não ficou sozinha nem cinco minutos e ouviu a porta ranger. A luz do corredor iluminou o quarto e as figuras de Filipe e Luísa, de pijamas e travesseiro debaixo do braço, sugiram.

‘Você não terminou de contar a história’ Luísa cobrou, se acomodando na cama da prima ‘Queremos saber como foi o resto do baile’

Evie riu e já se preparava para continuar a falar, mas a porta se abriu mais uma vez e a interrompeu. Dessa vez não eram apenas dois, mas todos os outros primos entrando de pijamas e cada um trazendo seu travesseiro. Pilar se atirou na cama ao lado dela e de Luísa e os outros se acomodaram pelo chão. Dario e Evie foram os únicos a participar do Baile de Inverno e todos queriam saber dos detalhes. Mas a história dos acontecimentos do baile terminou e ninguém foi embora. Continuaram conversando e adormeceram todos no mesmo quarto, espalhados pelo chão, por cima de almofadas e lençóis. Santiago foi o primeiro a acordar na manhã seguinte e tirou o pé de Mario do seu rosto, esfregando os olhos ao olhar para a janela.

‘É Natal!’ O garoto ficou de pé em um único salto e pulou para cima da cama ‘Acordem, acordem! É natal!’

Santiago saltou da cama e abriu a cortina, deixando a luz ainda tímida do sol invadir o quarto. Um por um, seus primos foram abrindo os olhos e ao perceberem que já era manhã, saíram da cama e correram atrás do garoto escada abaixo. Sofia colocava um presente de última hora na árvore quando viu os sobrinhos correndo na sua direção e saltou para o lado, rindo.

‘Calma, crianças!’ Tentou frear a turma, mas em vão ‘Ok, ok, só não destruam a árvore do papai, por favor!’

Em poucos minutos todos os embrulhos cuidadosamente preparados foram dilacerados e o chão da sala ficou repleto de papéis amassados e fitas coloridas, o ar se enchendo com os risos e gritos animados à medida que iam vendo o que haviam ganhado. Quando finalmente todos os embrulhos foram abertos, sentaram à mesa para o café e o resto da manhã foi reservado para cada um aproveitar seus presentes de natal.

ººº


‘Evie, tem visita pra você’ Afonso apareceu na sala, interrompendo a brincadeira de Evie e Mario com o filhote de labrador

‘Visita?’ Perguntou surpresa ‘Quem saiu de casa logo hoje?’

‘É melhor você ir até a porta’ Respondeu se sentando no chão e deixando o filhote lamber sua mão

Ela olhou desconfiada, mas deixou o cachorro com os primos e foi até a porta. Quando chegou ao hall de entrada, achou que estava tendo alucinações. Josh estava parado ao lado da porta e olhava ao redor, desconfortável. Sorriu quando percebeu que ela havia chegado e se adiantou para lhe dar um abraço, mas ela recuou.

‘O que está fazendo aqui?’ Perguntou na defensiva

‘Feliz natal pra você também, Evie!’ Respondeu tentando descontrair

‘Feliz natal’ Respondeu seca ‘O que veio fazer aqui?’

‘Vim passar o natal na casa do seu pai, ele nos convidou. E quando cheguei lá descobri que agora você mora aqui, então vim te ver’

‘Pode parar com o teatro, eu sei que Max já havia contado do que aconteceu há muito tempo’ Evie cortou Josh, sem paciência ‘Por que não diz logo o que veio fazer aqui e vai embora?’

‘Ainda está com ele?’ Josh abandonou o ar amigável

‘Se o ele é o Micah, então sim’

‘Não acredito que está com ele, depois de tudo que ele fez’ Josh falou revoltado ‘Como pode confiar nele e não em mim?’

‘Se você veio aqui fazer fofoca, pode ir embora. Não quero ouvir’

‘Você sabe, não é?’ Disse em tom debochado ‘Sabe por que ele foi para Durmstrang’

Evie fraquejou e Josh percebeu. O segundo que ela hesitou foi suficiente para dar a ele a brecha para falar tudo que vinha ensaiando tanto tempo.

‘Você sabe que ele só foi pra lá para se vingar, não é?’ Josh começou ‘Eu sei que você sabe, não é burra. Sei que desconfia dele, mas prefere acreditar que ele é um santo e que tudo não passou de uma grande coincidência. Pois não passou, Evie. O único motivo que levou Micah a pedir transferência foi você. Ele sabia que era minha namorada e que era importante pra mim! No dia em que nos viu juntos, naquele dia que chegou com Max à Los Angeles, ele soube que era através de você que ele ia me atingir’ Josh dizia tudo de uma vez só e Evie começava a se sentir tonta ‘Você sabe de tudo isso, mas finge não saber!’

‘Vai embora, Josh!’ Evie abriu a porta nervosa e empurrou o garoto ‘Você não devia ter vindo aqui!’

‘Esse namoro é uma mentira, Evie!’ Ele prendeu a porta com o pé e gritou antes que ela o empurrasse ‘Tudo que teve com ele até agora não passou de uma armação, um teatro!’

‘Vai embora!’ Ela gritou de volta, conseguindo empurrá-lo e bater a porta. Viu ele se afastar pela janela e deixou o corpo deslizar pela parede, até sentar no chão. Sentia-se completamente perdida e sem saber o que fazer, então fez a única coisa que estava ao seu alcance naquele momento. Tapando o rosto com as mãos, Evie começou a chorar.

Monday, December 22, 2008

O “grande” dia havia chegado. E com ele o meu GRANDE mau humor.

Já não bastasse a humilhação de ser o último colocado do Torneio, eu agora teria que abrir um maldito baile, na frente de todos, dançando uma música idiota e antiga. E ainda melhor, tinha que aturar as implicâncias de todos, dizendo que durante o baile eu tropeçaria e seria o motivo de riso de todos por anos.

O que me acalmava e me deixava um pouco menos irritado era a Annia ter aceitado ser meu par, pois se não fosse ela, eu iria sozinho ao baile, nem que tivesse que dançar com o ar! E caso me obrigassem a arranjar um par, eu simplesmente transmutava um homunculus, porque não iria aturar qualquer uma das garotas imbecis que se jogavam aos meus pés. Não que eu não gostasse da atenção, era maravilhoso ter todas as garotas aos meus pés, mas eram todas imbecis e burras. A Annia era a única que eu queria como par para o baile, pois era minha melhor amiga, uma mulher linda e inteligente. Ela fazia todas as outras parecerem crianças idiotas.

- Reno, quer colocar um sorriso! Você não vai morrer! – Annia dizia rindo enquanto andávamos juntos pelos corredores da escola.

- É fácil falar. Eu sou péssimo dançarino, e ainda vou estar diante dos alunos de três escolas e de funcionários do Ministério! – Respondi carrancudo.

- Você só está nervoso! Quando conseguir se acalmar, vai ver como é mais fácil. – Ela falou rindo, tentando esconder o próprio nervosismo, pois eu sabia que ela estava tão nervosa quanto eu.

- Novamente, é fácil falar.

- Veja pelo lado bom, falta pouco para o Baile, e dançaremos por apenas alguns minutos. Você odeia tanto assim minha companhia? – Ela falou, fazendo biquinho e fingindo tristeza.

- Sim, odeio. – Falei carrancudo, mas ri quando ela ficou assustada, e a puxei para um abraço. – Eu não odeio sua companhia, na verdade eu adoro. Obrigado novamente por ir ao baile comigo, se não fosse você eu não aceitaria mais ninguém.

- De nada, Reno. Assim eu me apaixono, hein, garanhão! – Ela falou rindo e me deu um beijo na bochecha.

- Se quiser eu te faço esquecer o John... – Eu falei sorrindo também, porém sabia que tocava em um ponto sensível, e ela me direcionou um olhar assassino. – Não adianta me olhar assim, eu sou seu melhor amigo, eu sei que você ainda gosta dele, e ele é um cara legal, vocês deviam ficar juntos. Que foi? Só quero sua felicidade!

- Tudo bem. Mas eu realmente não me preocupo mais com ele! Vamos estamos atrasados.

Ela saiu me puxando pelo corredor para a aula seguinte e eu ria, pois sabia o quanto ela sentia falta do ex-namorado. Meu humor melhorou um pouco, e consegui agüentar os últimos dias antes do baile, e de vez em quando, eu e Annia treinávamos dança sozinhos, e ficava feliz em ver que eu estava ficando melhor, e mais confiante. Mas era a vez de Annia ficar cada vez mais nervosa, pois parecia que finalmente caia a ficha de que ela iria abrir o baile junto comigo, sendo que éramos os anfitriões da festa.

-------------------------------------------------------------------------------------

Na noite do baile, combinei de buscar a Annia cedo, pois o diretor nos pediu que chegássemos cedo ao salão do baile, pois éramos o casal anfitrião. Dessa forma, enquanto todos ainda corriam para se arrumar na Chronos, eu já saia de lá totalmente arrumado e pronto.Bram iria depois, acompanhado de uma garota de Hogwarts, amiga de Gina e Luna. Minhas vestes a rigor eram negras, com uma camisa branca e gravata veremelha. Eu deixei meus cabelos presos em um rabo de cavalo e me dirigi para Avalon para ir buscar a Annia. A cada passo, o nervosismo crescia em mim novamente, e eu sentia que estava ficando roxo, no mínimo vermelho. A noção de que teria centenas de pares me olhando me fez engolir em seco e sentir meu coração acelerar. Droga porque eu não tomei uma poção para me acalmar?!

Tive que esperar alguns minutos, pois ela ainda terminava de se arrumar, e acabei encontrando com Gabriel, Seth, Micah e Wes, que chegavam para pegar seus pares, e lhes dei um aceno de cabeça rápido, com medo de falar algo, pois sentia como se meu estomago quisesse pular. Mal eles chegaram, Annia desceu e sorriu para mim e eu fiquei de queixo caído, pois ela estava belíssima. Ela falou com os outros garotos e me deu o braço para irmos para o castelo. Eu consegui me recuperar e fomos para o castelo conversando, quando chegamos lá, fomos chamados pelo pai da Annia, que nos deu os parabéns e elogiou a filha, me dirigindo um olhar do tipo: “Respeito com ela, Kollontai”, que eu devolvi com um olhar supostamente inocente, fazendo-o rir. Ele estava acompanhado de uma loira alta que vestia um vestido vermelho, ela era a namorada dele e mãe das gêmeas Beatrice e Julianne. Ficamos conversando até a chegada dos demais campeões, e quando eu e Annia, Gina e Potter e Gabriel e Miyako estávamos prontos, os diretores abriram as portas do salão sendo seguidos por nós seis, que nos dirigimos para uma grande mesa ao fundo do salão. Os diretores deram início ao banquete e passamos um bom tempo conversando e comendo, apesar de eu evitar comer muito, pois o nervosismo parecia que me faria colocar para fora tudo que eu comesse.

Eu torcia para que esquecessem do baile em si, mas quando achei que já tinha passado tempo suficiente para que todos esquecessem dele, o diretor levantou-se e com um aceno de varinha, afastou as mesinhas, fazendo surgir um palco em um dos cantos do salão, abrindo espaço para a dança...Eu olhei para Annia, e vi o quão nervosa ela estava, e tentamos sorrir, mas apenas nos encaramos com meio sorriso. Eu me levantei e puxei a cadeira para ela se levantar, dando-lhe a mão em seguida. Nós dois tremíamos levemente, mas nos seguramos e fomos para o centro do salão para a famigerada dança. As Esquisitonas começaram a tocar a música lenta e nós dois nos posicionamos para a dança. Começamos a dançar e logo no início eu me embolei um pouco, mas me recuperei rapidamente e conseguimos dançar muito bem juntos. Annia evitava olhar para nossos amigos e eu entendia, pois seria pedir demais que conseguíssemos dançar direito com os olhares em nós.

Quando o resto das escolas se reuniu a nós para dançar, eu e Annia respiramos aliviados e riamos junto de nossos amigos ao nosso redor. Quando fomos finalmente liberados, fomos nos sentar com nossos amigos, assim como Gabriel e Miyako também. Ficamos lá conversando e a Annia implicava com a Julianne, uma das primas do Ty, até a hora em que ela mencionou que iria ao baile com o John, foi necessário a minha mão em seu braço para segura-la e falei rapidamente em seu ouvido.

- Não faça besteira, vamos dançar? – Falei tentando tira-la dali, porém ela me ignorou e respondeu a Julianne.

- É... Desde que ele apareça, mas pelo jeito ele já começou te dando o bolo,que pena. – Annia respondeu com um sorriso malicioso, porém nesse exato momento John chegou pedindo desculpas pelo atraso e beijando Julianne no rosto, diante de Annia. Eu pude ver os olhos dela se estreitarem e tive que me segurar para não rir. Ela, porém se virou para mim e me beijou nos lábios rapidamente. Aquilo me pegou completamente de surpresa e fiquei alguns segundos sem entender, olhando para ela. Ela sorriu e retribui o sorriso, levando-a de volta para a pista de dança.

- Aquilo foi um pouco demais, não acha? – Comentei rindo, enquanto dançava com ela.

- Aquilo o que? – Ela fingiu não ouvir, e não tirava os olhos de Julianne e John.

- O beijo. Não precisava disso para implicar com o John.

- Eu não fiz porque queria implicar com o John!

- Ah, sim, quer que eu acredite que depois de sete anos juntos como amigos você decidiu me dar um beijo do nada, que eu saiba não te dei nenhuma poção do amor? – Eu falei rindo.

- E se for verdade? Você está lindo com essa roupa, querido. – Ela falou me olhando nos olhos e nós dois caímos na gargalhada no meio da pista de dança. – Ta bom, ta bom, eu exagerei. E eu tenho medo de estragar nossa amizade, confesso que já pensei em algo mais entre nós, mas gosto demais da sua amizade. Apesar de rabugento e esquentado, você é uma ótima pessoa, e por um bom tempo um dos poucos garotos decentes que existia.

- Obrigado pelo elogio, apesar de me chamar de rabugento. Eu também gosto muito de sua amizade, você é minha melhor amiga, e também é uma das poucas garotas que eu considero de verdade. Eu te vejo como minha irmã, até no gênio somos iguais!

- Está me chamando de rabugenta?! – Ela falou fingindo estar brava e dando um tapa em meu peito, porém descansando a cabeça no mesmo lugar em seguida. – Eu fiquei irritada com ele! E quis provocar.

- Então deixa comigo. – Eu falei dando um sorriso malicioso. Eu a girei e abracei por trás, beijando sua orelha. Ela riu e entrou no clima de provocação dançando colada a mim. Em questão de minutos John estava ao nosso lado, e Annia fez um bico, como se tentasse se afastar, mas John puxou-a pela mão e a beijou na frente de todos. Após alguns instantes eles apenas se encararam e ele ameaçou ir embora, e foi a vez de minha amiga puxa-lo.

Eu ri e quando os dois pararam, sorri para John dando tapinhas em seu ombro e indo para perto dos demais, que assistiam a quase uma coreografia de Ty, Griffon, Martina, Kay, Beatrice e Julianne, que assistiu ao beijo de John e Annia, porém quando viu meu olhar deu de ombros e sorriu para mim. Eu devolvi o sorriso convidativamente e estendi a mão, que ela segurou e a puxei para dançarmos juntos. Dançamos uma música inteira apenas nos olhando e eu via uma intensidade e uma inteligente voraz em seus olhos, e parecíamos hipnotizados um pelo outro. Ao final da música, quase que como atraídos nos beijamos por um longo tempo. Ao final do beijo ela sorriu travesa e indiquei os jardins com a cabeça, e fomos de mãos dadas nos conhecermos melhor.

Saturday, December 20, 2008

Alright Durmstrang!
Are you ready for some real music?
I said are you ready?
Are you ready?!
I can't hear ya...
Alright
C'mon, i wanna see your hands in the air
We're gonna teach you a brand new dance tonight
So move your body
You gotta help us, Durmstrang
Together we can do this thing!
Are you ready?
Are you ready?
Can you dance like a hippogriff?
Na na na na na na na na na



Com estes gritos as Esquisitonas, quase botaram o salão de baile abaixo, mas finalmente começava a parte divertida do Baile. Todo mundo começou a pular e a dançar e Jean Savoy que era o meu par, era muito animado, não me deixando um minuto parada. Numa das vezes que voltei para a mesa Iago estava lá com uma garota de Hogwarts, ele acenou com a cabeça, e eu sorri de volta, mas logo a garota o puxava para a pista de dança, e ele estava se divertindo muito, pelo jeito que segurava nela. Como os campeões estavam liberados, Reno, Annia, Gabriel e Miyako vieram para perto de nós, e notei quando Julianne se aproximou, depois de dançar uma música com Griff e sua irmã Beatrice, que vinha logo atrás. Annia me olhou marota e não resistiu a uma provocação básica.
- Nossa, você veio sozinha ao baile, J.? Que triste. - disse imitando o jeito de falar das gêmeas. Julianne não se intimidou:
- Sim, acabei vindo com Griff e Beatrice. John está atrasado...- quando ela falou isso os olhos de Annia se estreitaram.
- John? Que John?
- O primo do Ty oras. Se é pra para ir a um baile de inverno que seja com alguém que saiba esquentar uma garota, não é? - Julianne respondeu. Annia queria pular no pescoço dela, mas a mão de Reno em seu braço, a impediu. Annia empinou o queixo e disse:
- Éé... Desde que ele apareça, mas pelo jeito ele já começou te dando o bolo,que pena. - antes que ela continuasse a provocar, John, chegou ao grupo e ele estava muito bonito. Pensei ter visto o queixo da Annia cair. Olhei para Iago e ele piscou, fazendo com que meu estômago tremesse. Voltei a olhar para a novela que se desenrolava na nossa frente.
- Olá pessoal, que festa animada hein? Hey, Julie, desculpa, tive uma coisa importante para fazer antes de vir para cá, prometo fazer tudo que você quiser para compensar. - e deu-lhe um beijo no rosto na frente da Annia, aquilo parecia uma partida de tênis, nossas cabeças iam de um para o outro. Annia ficou com as bochechas coradas e Julianne riu se colando em John:
- Claro que está desculpado, a noite agora vai ficar melhor. Annia, você não se importa não é?
- Porque me importaria quando o campeão de Durmstrang está comigo. Vamos Reno querido?- e ela se aproximou do Reno e deu-lhe um beijo rápido nos lábios. Reno ficou meio perdido por alguns segundos, mas depois de olhar para Annia sorriu e a puxou de volta para a pista. John não se fez de rogado, logo estava na pista e dançava bem animado com Julianne, e os casais estavam próximos.
Griffon riu e disse para os garotos:
- Aposto que até o final da noite teremos pares trocados...
- Não vai até o final da noite, John está se segurando e o Reno tá sabendo provocar ele. - disse Ty, e vimos quando Reno girou Annia e enquanto a segurava por trás, beijava-lhe a orelha.
- Vamos dançar, lá da pista podemos acompanhar melhor isso. - disse Ty animado
- Ty eu estou cansada...- resmungou Savannah e Ty respondeu, enquanto olhava para duas garotas passando perto da mesa:
- Vá dormir Savie, te vejo amanhã. Hey, garotas vamos dançar?- e as garotas acenaram positivamente.
Ty foi para a pista começou a dançar com Martina e Kay, e era uma dança bem animada, como Griff estava perto dançando com Beatrice, ela cochichou algo no ouvido dele, e eles se aproximaram, logo os dois rapazes estavam com as garotas dançando ao redor deles, parecia um daqueles shows e as pessoas iam abrindo espaço, para poder vê-los. Julianne se aproximou e começou a dançar junto com eles e os 6 estavam muito bem. O professor de Artes os olhava encantado.
John se aproximou de Annia e Reno, e foi engraçado ver o bico que ela fez, e tentou ir embora, mas ele a puxou e a beijou na frente de todo mundo. Ele a soltou depois de encarar por uns segundos, e como ela ainda estivesse de cara fechada, ele se virou para ir embora, mas ela o puxou pelo braço e o beijou de novo, depois se olharam por um tempo, sorriram e se deram as mãos. Reno deu uns tapinhas nas costas de John, e continuou vendo a dança, quando terminou Julianne que havia visto John e Annia abraçados, não fez cara feia. Olhou para os lados de Reno que estendeu a mão, com um meio sorriso nos lábios. Ela deu de ombros e pegou na mão dele, formavam um casal inusitado e não os vi mais pelo resto da noite.

o-o-o-o-o-o

Enquanto víamos Annia e John se resolverem, a acompanhante de Iago perguntou a ele:
- Você não vai me tirar para dançar?
- Não.
Ela olhou firme para Jean e ele depois de olhar para mim disse:
- Eu vou dançar com ela tudo bem Milla?
- Claro, tudo bem Jean. - e eles foram para a pista e ficamos eu e Iago na mesa. Depois de algum tempo, eu disse:
- Você não demorou a encontrar alguém. - quis morder minha língua e ele respondeu arrogante:
- O que é pouco para um, é o bastante para outros. - me senti envergonhada com a mágoa que percebi na voz dele e disse:
- Não tenho o direito de cobrar nada de você, sinto muito.
- É! Você não tem este direito...Mas gostaria que tivesse. (ele suspirou e disse). - Ela é irmã de um colega do time em que jogo, era a única forma de vir aqui, cansei de ficar longe de você. - e eu arregalei os olhos e ele sorriu.
- Você parece preocupada agora.
- Não...- eu disse, e minha voz falhou um pouco. Tomei fôlego e disse:
- Surpresa, na verdade...O que causou tudo isso?
- Eu já te disse... eu cansei de tentar ficar longe de você. Então, eu estou desistindo.
Ele ainda estava sorrindo, mas seus olhos estavam sérios.
- Desistindo?- eu repeti confusa.
- Sim. Desistindo de tentar ser bonzinho e ficar longe, para não forçar a barra com você. Eu vou fazer o que eu quiser agora, e deixar acontecer o que tiver de acontecer.
- E o que você acha que vai acontecer agora Iago?
- Eu vou dançar com você Lud, e se você quiser vou passar o resto da noite te beijando e mostrando o quanto me importo com você. Sem vínculos, sem promessas, só eu e você. Hoje!
E e se levantou me estendendo a mão, enquanto começava uma música lenta. Iago não era o que os outros chamam de bonito, mas quando ele me estendeu a mão, eu não via mais ninguém no mundo, e sorri ao por minha mão na sua, que ele pegou com força. Não importava o amanhã, tudo o que eu queria era o aqui e agora.

So, believe
That magic works
Don't be afraid
Of being hurt
Don't let this magic dies
The answer's there
Oh, just look in her eyes

And don't believe that magic can die
No, no, no, this magic can't die
So dance your final dance
'Cause this is
Your final chance


N.Autora: Can you dance like a hippogriff & Magic Works, As Esquisitonas

Friday, December 19, 2008

‘Micah, me ajuda aqui’ Wes ficou de frente para o irmão com duas gravatas na mão ‘Qual é melhor?’

‘A amarela vai ficar melhor’ Micah jogou a gravata verde na cama e rapidamente fez um nó, devolvendo ao irmão ‘Georgia não gosta de verde’

‘Eu gosto de verde’ Ele protestou e os garotos riram

‘Mas ela não gosta’ Micah apertou o nó em seu pescoço e bateu no ombro do irmão ‘Isso basta, acredite’

‘Como é que é?’ Ty apareceu na porta do quarto com Gabriel e já estavam prontos ‘As moças ainda vão demorar muito pra terminar de se arrumar?’

‘Eu já estou pronto’ Victor ajeitou o sapato no pé e levantou ‘E já vou buscar a Lavínia’

‘Eu também não posso esperar vocês, tenho que pegar a Miyako e ir logo pra lá, antes que Maxime venha nos buscar’ Gabriel disse consultando o relógio

‘Eu vou com vocês’ Ty falou sem nenhuma empolgação ‘Savanah vai ficar dando ataque se me atrasar’

‘Chris já saiu para pegar a Nina tem uns 15 minutos, então acho vou buscar a Inês’ Ricard também levantou, um pouco apreensivo

‘Você é um homem morto, Ricard’ Ty bateu em suas costas quando passou

‘A gente se encontra no salão então’ Micah disse enquanto procurava suas meias

Os quatro deixaram o quarto e Wes esperou o irmão ficar pronto. A república ainda estava movimentada quando desceram, os garotos que haviam ficado para o baile corriam de um lado para o outro calçando apenas um pé de sapato e gravatas com nós frouxos, enquanto vasculhavam a casa em busca das peças da roupa que haviam perdido. Cruzaram com muitos casais saindo das repúblicas e caminhando em direção ao salão principal até finalmente chegarem a Avalon, ainda mais bagunçada que a Spartacus.

‘Oi Micah, oi Wes’ Annia descia as escadas e Reno já a esperava ao pé dela ‘As meninas já estão descendo. Georgia estava um pouco neurótica, mas já saiu de seu estado normal e está tudo sob controle’ Disse rindo, segurando o braço de Reno

‘Neurótica?’ Wes comentou preocupado quando os dois saíram

‘Ei, você quer mexer em vespeiro, agora agüenta’ Micah riu do irmão e seu olhar congelou quando mirou a escada novamente.

As duas desciam as escadas conversando, mas pararam de falar e sorriram quando viram seus acompanhantes. Evie usava um vestido cinza sem alça e seus cabelos caiam por cima do ombro. Micah nunca tinha visto a namorada tão bonita e olhava hipnotizado para ela, segurando sua mão e a beijando devagar. Georgia sorria um pouco sem jeito para Wes e usava um vestido amarelo liso e muito bonito. Ele estendeu o braço para ela o segurar e Micah cutucou o irmão, apontando para sua gravata no mesmo tom do vestido e fazendo sinal de positivo com a mão, saindo juntos em direção ao salão principal.

Toda a extensão do jardim fora transformada em uma espécie de gruta cheia de luzes encantadas. Centenas de fadinhas vivas encontravam-se sentadas nas roseiras que tinham sido conjuradas ali e esvoaçavam sobre as estátuas que pareciam representar Papai Noel e suas renas. O saguão de entrada estava apinhado de estudantes e Durmstrang nunca esteve tão colorida. Todos aguardavam os portões serem abertos e não demorou muito para o diretor aparecer, de braços dados com uma mulher loira muito bonita usando um vestido vermelho que ia até o pé.

‘Campeões aqui, por favor!’ A voz do diretor ecoou no saguão lotado e logos os três campeões e seus pares formaram uma fila ao lado da porta, enquanto os demais alunos entravam no salão.

As paredes do salão estavam cobertas de gelo prateado e cintilante, com centenas de guirlandas de visco e azevinho cruzando o teto escuro salpicado de estrelas.
As mesas das casas haviam desaparecido e no lugar delas haviam centenas de mesinhas iluminadas com lanternas, que acomodavam cada uma doze pessoas. Micah e Evie se acomodaram em uma mesa com os amigos bem à frente da pista de dança, onde teriam uma visão privilegiada. Quando todos já estavam sentados o diretor entrou no salão com os campeões formando um cortejo logo atrás, e se acomodaram em uma grande mesa no fundo do salão onde estavam sentados os juízes, sob os aplausos de todos no salão.

‘Então...’ Micah olhou o prato dourado vazia na mesa e o cardápio postado em sua frente ‘Como fazemos? Alguém vem servir?’

‘Acho que não, não estou vendo nenhum elfo ou garçom por perto’ Ricard comentou olhando ao redor

‘Vamos fazer um teste’ Ty passo o dedo pelo cardápio e quando parecia ter escolhido o que comer, olhou para o prato vazio ‘Costeletas de porco!’ E o prato se encheu de costeletas ‘É, funcionou’

Os demais riram e, entendendo a idéia, repetiram o gesto. Quando finalmente toda a comida fora consumida, Ivanovich se levantou e pediu aos estudantes que fizessem o mesmo. Então, com um aceno de sua varinha, as mesas se encostaram às paredes, deixando o salão vazio, e em seguida ele conjurou uma plataforma ao longo da parede direita. Sobre ela foram colocados uma bateria, alguns violões, um alaúde, um violoncelo e algumas gaitas de foles. Houve um minuto de tensão e expectativa, então As Esquisitonas subiram no palco sob aplausos entusiasmados de todos os alunos.

‘As Esquisitonas?’ Victor disse empolgado ‘Não era o vampiro emo?’

‘Parece que o Ritalin errou’ Evie comentou animada se referindo a Tatiana e todos riram

‘É agora que os campeões vão entrar’ Micah riu, apontando para a mesa onde eles estavam ‘Olha a cara amarela do Gabriel!’

‘Gente, olha a Annia!’ Milla apontou também, rindo alto ‘Ei Annia, dá um sorriso!’ Gritou acenando e a garota, que ouviu a provocação, a olhou atravessado

As lanternas de todas as mesas se apagaram e os campeões e seus pares já estavam em pé, a postos. As Esquisitonas começaram a tocar uma música lenta e triste e os os seis entraram na pista de dança bem iluminada. Gabriel e Annia evitavam cuidadosamente o olhar dos amigos e giravam lentamente no mesmo lugar. Não demorou muito e outros casais entraram na pista de dança e os eles deixaram de ser o centro das atenções. Micah dançava lentamente com Evie, seus olhos fixos nos dela e um sorriso apaixonado estampado em seu rosto. Sequer ouvia a música, sua atenção estava toda voltada para a garota de sorriso doce e também apaixonado na sua frente. As Esquisitonas tocaram última nota trêmula da gaita de fole e os aplausos encheram mais uma vez o salão. Elas agradeceram e voltaram a tocar, mas dessa vez sua coletânea de musicas mais agitadas. A maioria dos professores se retirou e a pista de dança foi tomada por alunos pulando e sacudindo as cabeças, entoando as letras mais famosas aos berros.

A pista não se esvaziou por um minuto sequer durante todo o baile e quando as Esquisitonas terminaram de tocar à meia-noite, muitas pessoas fizeram coro para que o baile não terminasse. Quando o apelo não adiantou, a banda recebeu mais uma rodada de aplausos ainda mais entusiasmados e começou a sair em direção ao saguão de entrada. A multidão de alunos se espremia para sair toda ao mesmo tempo do salão e Micah puxou Evie pela lateral, conseguindo chegar aos jardins antes da confusão de gente.

‘Vamos comigo até a Spartacos, quero dar o seu presente de natal’ Micah disse enquanto caminhava com a namorada pelos jardins quase desertos

Ela concordou e seguiram juntos até a república. Ainda estava vazia, foram os primeiros a chegar. Evie foi direto para o quarto dos meninos e Micah foi até a cozinha pegar o presente. Chegou ao quarto com uma caixa grande embrulhada e vários furos nas laterais. Evie olhou curiosa e quando abriu a caixa, um sorriso iluminou seu rosto: dentro havia um filhote labrador amarelo com um laço no pescoço, mordendo a própria pata. Ao perceber que estava sendo observado, soltou a pata e latiu, com uma aparência carente e os olhos pequenos brilhando.

‘Micah!’ Ela olhou para o namorado e o beijou ‘Não acredito que fez isso!’

‘Gostou então?’ Ele sorria, satisfeito com a reação dela

‘Se gostei? Eu amei!’ Evie tirou o filhote da caixa e o abraçou, enquanto ele lambia sua orelha ‘Ele é lindo!’

‘Sei o quanto sente falta do Greg’ Micah sentou na cama e ela sentou ao seu lado, observando o filhote morder o lençol e se embolar nele

‘Poxa, agora meu presente vai parecer idiota perto dele’ Evie comentou fingindo desanimo

‘Você pode me dar uma caixa de fósforos que vou gostar’ Disse a beijando ‘Mas imagino que não tenha me comprado uma caixa de fósforos, certo?’

‘Não. Consegui ingressos para a Copa Européia de Quadribol’ Micah arregalou os olhos ‘Das quartas de final até a final, na tribuna de honra’

‘Seu presente bate o cachorro, com certeza’ Micah a beijou intensamente, deitando por cima dela na cama

Micah afrouxou o nó da gravata enquanto beijava o pescoço de Evie e sentiu alguma coisa morder seu pé. O cachorro arrancou sua meia e pulou em cima da cama, subindo em cima dos dois sacudindo o pedaço de pano já rasgado, querendo brincar. Micah ainda tentou espanta-lo, mas o cachorro entendeu como um sinal de brincadeira e saltou pra cima dele, tentando morder sua orelha.

‘Estou começando a me arrepender do presente’ Disse sentando na cama outra vez. Evie puxou o filhote para o seu colo e ele ficou quieto enquanto ela coçava atrás de suas orelhas

‘Filhotes são como crianças, querem atenção. Não é mesmo, lindinho? Você só quer que a gente lhe dê atenção’ Falou com voz de criança e riu quando Micah a olhou rindo

‘Bom, então temos que providenciar uma babá pro cachorro. Será que o seu primo topa? Ele estava doido pra se livrar daquela menina chata’ Disse fazendo menção de levantar e Evie riu

‘Sossega, ele não vai voltar pra escola comigo em Janeiro, você não vai precisar dividir seu tempo com ele’ Provocou, apertando o cachorro e beijando seu focinho

Micah riu e sentou outra vez ao lado dela, fazendo carinho no cachorro. Logo os outros ocupantes do quarto chegaram e a madrugada foi destinada a brincadeiras com o filhote de labrador, que Evie rapidamente descobriu ter bastante energia. Evie ficou apenas observando o namorado e os amigos se revezando para tentar cansar o cachorro e ria das brincadeiras, como um bando de crianças. E vendo aquela imagem, ela não conseguia sequer se lembrar da última vez que se sentiu tão feliz assim.

Thursday, December 18, 2008

O começo do ano letivo em Durmstrang trouxe na bagagem várias novidades. A maior delas, claro: O Torneio Tribruxo. Mesmo antes das delegações de Beauxbatons e Hogwarts terem chegado ao castelo, não se falava em outro assunto nos corredores, repúblicas e salas de aulas. A ansiedade era geral. Depois que as delegações chegaram, então... Parecia que ninguém estava interessado em discutir outra coisa. Por todos os lados, rolavam apostas acerca da seleção dos três campeões. Os três que estivessem mais preparados para competir pela honra de suas escolas. E o Cálice de Fogo não hesitou muito tempo em apontá-los. Nem o relógio se demorou muito para acelerar o passar de seus ponteiros e fazer com que o dia da primeira tarefa finalmente chegasse. E assim como veio, passou.
Poucos dias antes de todos os alunos embarcarem para casa para suas férias de Natal, porém, outra era a preocupação de um bom número deles. Por mais incrível que possa parecer, o tão idealizado e esperado “Baile de Inverno”, caminhava na direção daqueles que ainda não tinham um par como se fosse um grande e medonho trasgo montanhês...

- Ricard, você está me escutando? – Victor perguntou em voz alta, batendo palmas em frente aos meus olhos. Sacudi a cabeça e o nosso quarto da Spartacus entrou em foco.
- Não. Não escutei. O que você dizia?! – arrumei os óculos nos olhos, observando-o. Ele me encarava curioso.
- Eu perguntei se você viu aquele meu livro sobre Trancabola...? Não o encontrei em nenhum lugar por aqui.
- Também não sei onde está. Desculpe.
- Tudo bem. Depois pergunto ao Micah... – continuamos nos encarando uns segundos. – Você está bem? Me parece um pouco pálido.
- Estou. Só um pouco cansado. Cheguei um tanto tarde ontem... Allice não queria vir embora.
- Allice? – Victor perguntou em tom zombeteiro e um semi-sorriso já desenhado no rosto. – Você não está falando de Allice Godunov, está?
- Sim. É dela mesma de quem estou falando. Qual o problema? – perguntei um pouco irritado, pois Victor iniciou uma gargalhada alta.
- Problema nenhum. É só que ela é um tanto... excêntrica. Você não acha?
- Não. Não acho! Allice é uma garota muito bonita, inteligente...
-...maluca! – Victor completou e o olhei atravessado. – Vai negar? A menina jura que existem unicórnios azuis e violetas!!!
- Ok, ela tem esquisitices, mas é uma boa companhia. – completei me dando por vencido, cansado.
- Não só ela, não é? Aliás, esse ano você só saiu com meninas estranhas! Primeiro a sardenta do 5º ano que começou a te chamar de “Ricky”, depois a capitã do movimento feminista da escola (que convenhamos, é mais macho que todos nós, juntos!), agora essa? Francamente, Ricard. Você está precisando aumentar sua auto-estima.
- Certo. Podemos parar de discutir sobre a minha vida social-amorosa agora? Quando eu não saio com nenhuma garota, vocês reclamam. Quando saio, vocês implicam com ela... Difícil agradar, hein? – rebati mal-humorado.

Victor sacudiu os ombros rindo e não disse mais nada, por longos minutos, até a porta do quarto ser aberta violentamente e uma Lavínia bastante agitada e incrédula entrar, me encarando como se eu tivesse acabado de brotar do chão ali e fosse um completo estranho.

- É verdade? – ela perguntou histérica. – Você saiu mesmo com Allice Godunov? Aquela menina viciada em pó-de-flú vencido?

Victor não conseguiu segurar uma nova crise de risos e o olhei censurando, mas ele não deu importância. Encarei Lavínia, desafiando-a.

- Sim. Sai com Allice sim. E ela é uma ótima pessoa. Bem divertida, se quer saber... Algum problema?
- Você perdeu todo o resto de juízo que ainda tinha, Ricard! Parece que está louco! – ela respondeu ainda mais assustada.
- Perdeu o orgulho também, Vina. – Victor acrescentou enxugando as lágrimas.
- Victor, se não tem nada a acrescentar de útil, fique calado! – retruquei mal-educado. – Não vou discutir esse assunto com você, Lavínia. Não quero arrumar brigas. Lembra do combinado: eu escolho as meninas com quem vou sair e você não se intromete?!
- Se você estivesse convidando meninas “normais”, não me intrometeria. Mas você perdeu a noção! Isso só pode ser coisa da Miyako, que fica enchendo sua cabeça de idéias malucas...
- Deixa a Miyako fora disso, por favor? – falei com os dentes cerrados.
- É claro que você vai defender a sua “melhor amiga” oriental, não é? Afinal, ela está te incentivando a ser caridoso com todos os DRAGÕES do castelo!!! – ela gritou eufórica e Victor caiu na cama, rindo. – Me responde uma pergunta: com qual dos seres medonhos que andam te fazendo “companhia” ultimamente você vai ao Baile?

Foi o estopim. Victor já amassava o travesseiro no rosto para abafar as risadas cada vez mais altas e, Lavínia e eu, estávamos com os rostos tão vermelhos que não me espantaria se começasse a sair fumaça por nossas orelhas. Sai marchando nervoso para fora do quarto e da República, sem dizer mais nada.

----------------

- Oi. – Miyako disse se sentando ao meu lado e apertando mais o cachecol em volta do pescoço. Havia me sentado na beira do lago, que tinha uma leve camada de gelo por cima de toda sua superfície. Não respondi. – Fui te procurar na Spartacus, mas Victor me disse que você saiu de lá há horas e não voltou mais. Disse que brigou com Lavínia...
- Victor está ficando muito fofoqueiro na minha opinião. – respondi baixo e Miyako riu.
- Qual o motivo da briga dessa vez? Eu, pra variar?!
- Não diretamente. Mas ela sempre dá um jeito de te encaixar na culpa. - Miyako riu ainda mais e ri também. – Ela disse que estou sendo caridoso só saindo com as meninas doidas do castelo...

Ela não disse nada, e nem eu. Ficamos alguns segundos calados.

- E ela tem razão, sabe? Não assumi isso para Victor e nem pra ela, mas confesso que sair com a maluca da Allice Godunov ontem foi uma tortura. Se ainda fosse doida com argumentos...
- Se você sabia que ela era doida antes de convidá-la pra sair... Porque convidou? Tenho que concordar com eles, Ricard. Seu padrão de seleção não está lá muito alto...
- Mas não foi você mesma quem disse que eu tinha que “me arriscar” mais com garotas? Chamá-las pra sair, conhecer pessoas novas, diferentes. Me livrar das amarras da Lavínia...? Então. Eu estou fazendo isso.
- Eu disse isso e confirmo. Mas quando falei que você devia se arriscar mais com garotas, quis dizer com garotas... “normais”. Sem maluquices. Você não precisa ser caridoso, Ricard! É bonito, é simpático, é inteligente... Só precisa se soltar mais.
- Não dá pra entender vocês, sinceramente.
- Você está entendendo sim. E já pode começar convidando alguém legal pra ir ao Baile com você. Se quiser, posso fazer uma lista das garotas que ainda estão sem par. E são muitas, acredite!

Do outro lado do lago, vi Inês Molotov entrar sozinha na Avalon. Uma idéia um tanto doida (e suicida) me ocorreu.

- Garota legal, bonita, “normal”, inteligente... Não vou precisar da lista não. Já tenho uma idéia de quem convidar. – respondi sorrindo de repente, encarando Miyako, que pareceu surpresa com a rapidez.
- Se está se preparando para me convidar, nem tente. Não estou mais disponível. – ela respondeu zombeteira e rimos. – Não vai me contar quem é?
- Não... Mas tenho a impressão de que logo você e o restante do castelo vão ficar sabendo. Se ela aceitar, claro!
- Então trate de convidá-la depressa. Me deixou curiosa.

Concordei com a cabeça já bolando um plano de abordagem...

----------------

Como o previsto, ela estava sozinha na biblioteca, estudando. Quase se escondia atrás de uma pilha de livros e escrevia rápido em um pergaminho, concentrada. Respirei fundo e tracei uma reta até sua mesa. Minha sombra em pé na sua frente, a fez parar de escrever e olhar para mim, irritada. Já ia reclamar, mas fui mais rápido.

- Muito prazer, sou Ricard Dragash. Minha família não é importante, mas se você ainda não tem par para o baile e quer irritar algumas meninas da Avalon, sugiro que aceite o meu convite para te acompanhar.

Ela pareceu um tanto transtornada com minha proposta e ficou me encarando por longos segundos, sem saber o que dizer.

- Então. Quer ir ao Baile de Inverno comigo? – perguntei novamente, direto ao ponto.
- Você não é aquele amigo da Lavínia...?
- Esse mesmo. E você é Inês Molotov. Vamos pular as introduções desnecessárias.
- É algum tipo de armação? Não estou entendendo esse seu convite... – ela olhou ao redor, para todos os lados, como se esperasse ver alguém pular de trás da estante rindo.
- Não, não é armação. Juro.

Nos encaramos mais algum tempo e ela me avaliou, pensativa.

- Tudo bem. Eu aceito. Depois combinamos um horário para você ir me pegar, sem atrasos. – enfatizou séria e eu concordei com a cabeça, sorrindo. – Arrume um traje social decente.
- Não se preocupe. Sou um bom acompanhante. – completei virando as costas. Estava há alguns metros da saída quando sussurrei para mim mesmo – De garotas malas então... sou mestre! – soltei uma gargalhada sozinho ao pensar na reação de Lavínia e das outras meninas quando descobrissem.

Thursday, December 11, 2008

A quarta-feira já se encaminhava para o fim, mas a redação do Expresso Polar estava a todo vapor. Os redatores se esbarravam pela sala, todos apressados para finalizar a edição da semana. Cada um estava ocupado com o seu trabalho e alguns até evitavam se comunicar para não perder tempo. Georgia e Evie discutiam sobre a matéria de capa e tentavam chegar a um acordo, quando Tatiana, uma das novas redatoras, deu um grito que chamou a atenção de todos.

‘O que é isso, criatura?’ Georgia reprimiu o grito ‘Tem gente trabalhando e que precisa de concentração!’

‘Ai, desculpa, mas é que eu acho que descobri quem vem tocar no Baile de Inverno e temos que publicar isso!’ Tatiana mal continha a empolgação ‘Lorcan d’Eath!’

Ela reprimiu outro grito, apertando um pedaço de pergaminho para conter a vontade de pular. Algumas meninas reagiram com animação, mas Georgia revirou os olhos e encarou Evie, que riu de sua expressão entediada.

‘Se você acha, então cheque as fontes primeiro e descubra se essa informação é verídica’ Georgia disse em tom de aviso ‘Não publicamos inverdades no Expresso Polar, principalmente uma que pode causar alvoroço’

‘Sim, claro, vou checar minha fonte antes de escrever qualquer coisa!’ Respondeu de imediato, voltando a se afundar na mesa com um espelho de duas vias na mão

‘Lorcan d’Eath?’ Evie comentou quando Georgia sentou outra vez ‘Nada mal, não?’

‘Meio deprimente, não acha?’ Respondeu com sarcasmo ‘Pensei que a idéia era agitar o baile, não transformá-lo num poço de mel’

‘Ah qual é, Lorcan d’Eath é demais! Ele não tem só músicas lentas, tem algumas agitadas também’

‘Quase nenhuma, eles deviam investir nas Esquisitonas de novo. Dar a elas a chance de tocar no Baile de Inverno de um torneio que não vai terminar em morte. Isso ficou marcado na carreira delas’

‘Bom, As Esquisitonas também seria demais’ Evie concordou com a cabeça, fechando o caderno onde escrevia ‘E com quem você vai ao baile?’

‘Não sei ainda, e não estou me preocupando com isso agora, porque ainda nem temos uma matéria de capa pra edição dessa semana!’ Disse ríspida, batendo com a mão nas fotos e mudando o assunto

‘Ok, entendi, assunto encerrado’ Ela abriu o caderno outra vez e voltou a apoiar a cabeça nas mãos ‘Que tal a constante presença de funcionários do Ministério aqui? Sabemos que não tem nada a ver com o torneio’

‘Ok, tudo bem, vamos com isso então’ Disse sem muita paciência ‘Não vai fazer mal aguçar a curiosidade dos alunos com isso. GABRIEL!’ Gritou de repente e Evie saltou da cadeira, coçando o ouvido

‘Você gritou, Georgia’ Gabriel disse sério, sem nem olhar para trás ‘Vai ter que colocar 1 sicle no pote’

‘Ah eu não gritei, só chamei você alto!’ Georgia reclamou quando Evie riu do seu lado ‘Se me devolvessem a poção, não teria gritado!’

‘Não importa, o trato era você não gritar mais’ Disse virando para ela, ainda sério ‘E você gritou, então vai ter que depositar 1 sicle no pote’

‘Gabriel tem razão, Georgia’ Evie se meteu no dialogo, apoiando o amigo ‘Você tem que aprender a controlar seu temperamento sem precisar se dopar. Não vamos devolver as poções, se conforma’

‘Está bem, está bem!’ Saiu da mesa irritada e tirou a moeda do bolso, colocando no pote já quase cheio ‘Satisfeitos?’

‘Muito’ Ele sorriu ‘Agora pode dizer o que quer’

‘Precisamos de uma foto dos funcionários do Ministério que andam rondando a escola. Mas seja discreto, não deixe que eles o vejam fotografando’

‘Sim senhora, isso é fácil. Mas amanhã consigo a foto, porque agora tenho um ensaio’ Disse não muito animado, consultando o relógio ‘Mi, Gina, é melhor irmos’

‘Lá vai o pé de valsa!’ Micah caçoou e ele retribuiu o comentário com um gesto não muito amigável, pegando o casaco em cima da mesa e saindo com as amigas

‘Você não vai deixá-lo em paz, não é?’ Evie comentou rindo quando o namorado se aproximou

‘Eu perco o amigo, mas não perco a piada. Já decidiram a matéria de capa, então?’

‘Sim, vamos ver o que os cães de guarda do pai da Inês andam fazendo por aqui’ Evie respondeu gostando da idéia de investigar o assunto

‘Então, gata, você já tem par pro baile?’ Micah sentou em cima da mesa e piscou pra namorada. Ela balançou a cabeça, rindo

‘Não sei, ainda não fui convidada por ninguém’ Disse entrando na brincadeira ‘Por quê? Vai me fazer uma proposta?’

‘Só se for uma proposta indecente’ Disse deitando o corpo na mesa para beijá-la

‘Parem com isso imediatamente’ Georgia voltou à mesa e interrompeu o beijo dos dois ‘

‘Georgia, você precisa de um namorado’ Micah foi enfático e Evie prendeu a risada

‘Só porque não acho que vê-los se agarrando é um entretenimento não significa que precisa de um namorado’ Respondeu seca

‘Você já tem par pro baile?’ Ele insistiu ‘Se não tiver, vou arrumar alguém pra você’

‘Por favor, não’ Georgia respondeu preocupada ‘Realmente não preciso da sua ajuda pra isso. E se está à toa, vá terminar de revelar as fotos do Gabriel!’

Micah bateu continência debochado e saiu da mesa delas, cumprimentando Wes, que tinha acabado de entrar e caminhava de encontro às meninas. Evie sorriu ao vê-lo entrar, mas Georgia não notou a presença do garoto e continuou escrevendo.

‘Oi Wes! Perdeu o caminho da republica ou veio ver o movimento do jornal?’ Evie perguntou

‘Não, na verdade vim falar com a Georgia’ Respondeu olhando para a garota, que ao ouvir seu nome notou que tinham companhia

‘Comigo?’ Se espantou ‘Se for vaga para redator, sinto muito, mas já temos pessoal demais e ocupação de menos’

‘Não quero vaga no jornal, quero saber se quer ir ao baile comigo’ Disse direto e Georgia arregalou o olho. Evie prendeu o riso.

‘Como é?’ Disse quase gaguejando

‘O baile, daqui a duas semanas. Você já tem par?’

‘Não, ela não tem’ Evie respondeu quando Georgia não conseguiu formar uma sentença ‘E adoraria ir com você’

‘Ótimo’ Wes sorriu ‘Pego você às 19:30’

‘Ela estará pronta’ Evie tornou a responder por ela e Wes saiu da sala, satisfeito ‘Olha que mágico! Dois minutos atrás você não tinha par, e agora tem!’ Evie disse tentando não rir

‘Eu não vou ao baile com ele!’ Georgia finalmente conseguiu falar, e soava irritada

‘Por que não? Wes é legal, bonito e disponível’ Defendeu o amigo ‘E aparentemente, o único garoto daqui que não se sente intimidado por você’

‘Mas eu não posso ir com ele!’ Georgia insistiu, menos irritada, mas mais assustada

‘Qual o problema, Georgia? Está com medo de acontecer o que?’ Evie disse em tom de deboche ‘O máximo que pode acontecer é ele beijar você, e não vejo mal nenhum nisso’

Georgia reagiu ao comentário de maneira estranha e para o seu desespero, Evie percebeu. Ficaram se encarando alguns segundos, Georgia tentando em vão desviar o olhar da garota.

‘Georgia, você já ficou com algum garoto antes, certo?’ Evie perguntou desconfiada

‘Claro que sim’ Disse olhando atravessado para ela

‘Tem certeza? Porque não me espantaria se encontrasse mais uma Annia aqui!’

‘Eu já namorei, ok? É só que... faz algum tempo já’

‘Não se preocupe, é como andar de bicicleta, você nunca esquece’

‘Quando parar de fazer piadinhas, podemos voltar ao trabalho?’ Georgia tentou encerrar o assunto, mas sem sucesso dessa vez

‘Georgia Yelchin com medo de beijar um garoto’ Evie continuou caçoando ‘Quem diria!’

‘Eu estou sem os meus remédios, se acontecer alguma coisa com você, posso alegar isso no tribunal’

‘Sugiro que você guarde essa fúria toda para o baile’ Evie levantou da mesa ‘Sabe como é, né? Garoto criado em uma fazenda... Ouvi dizer que são mais selvagens’

Georgia atirou um caderno na direção dela, mas Evie o pegou no ar e riu ainda mais. Sabia que agora teria munição para atormentar Georgia até o fim do ano, a menos que ela lhe provasse o contrário. E de um jeito ou de outro, seria divertido.