Wednesday, March 28, 2007

"E não há razão que me governe
Nenhuma lei pra me guiar
Eu to exatamente aonde eu queria estar"

Deja vu - Pitty


- Milla, aconteceu alguma coisa? – perguntou Annia e minhas amigas olharam para mim.
- Por quê? Só porque estamos indo para a aula no horário?- Devolvi a pergunta.
- Porque você está diferente hoje. - disse Annia e Evie comentou:
- Não só hoje, ela sumiu ontem e não disse onde estava.
- É, está um pouco corada. Deixa ver se está com febre. – disse Vina e pôs a mão na minha testa e retirou decepcionada. – Não está com febre, espero que não seja nenhuma virose, ainda temos os NOMS e eles não vão deixar refazer os exames.
- Não tenho nada, e não estou diferente. Olhei para frente vi o Chris sentado na frente da Spartacus.
- Olá Chris apreciando a paisagem? – e dei risada por Evie apertar os lábios para mim enquanto ele sorria e devolvia o cumprimento, se juntando a nós no caminho para o castelo.
Quem planejou nosso vilarejo, pensou em colocar as republicas perto umas das outras, de modo que após algum tempo andando, avistei a república Chronos, e na frente dela estava Iago parado com dois garotos. Um deles era o Reno, filho da professora de Alquimia, e o outro era o Riven McGregor, aluno do sétimo ano.
Evie ao vê-lo na frente da república disse:
- O que está acontecendo? Até o gordinho tá no horário hoje.
Iago me olhava sério e percebi que ele estava apreensivo. Sorri e adiantei meus passos e dei-lhe um beijo na frente de todos. Ele pareceu relaxar.
- Bom dia Iago. – disse.
Ele demorou a abrir os olhos e respondeu:
- Bom dia Lud.
Olhei para o Riven e ele tinha um risinho satisfeito no rosto. Acenou a cabeça para mim afirmativamente, e começamos a andar juntos. Como minhas amigas estavam em choque, Chris salvou a situação:
- E ai Iago? Pelo jeito vamos ganhar o campeonato este ano. - e logo Iago e os outros garotos estavam conversando à vontade, eu me aproximei das garotas. Como as meninas odiavam o assunto quadribol nos afastamos e Nina falou primeiro:
- Er...Ahn...Milla, não sabia que você tinha ficado assim tão próxima do Karkaroff.
- Se isto é ser próxima, poupe-me saber como é ficar íntima. - disse Evie e mostrei-lhe a língua e ambas começamos a rir.
- Milla, porque não nos contou que está namorando com o gor..Karkaroff.- perguntou Vina séria.
- Começamos ontem.
- O Luka já sabe? – perguntou Evie.
- Não acho que isso seja da conta dele. – respondi.
Estávamos entrando no castelo e Iago se aproximou mais, e perguntou:
- Tem certeza? Você ainda pode voltar atrás.
- Não costumo correr das coisas.
- É o que eu mais gosto em você. - disse sorrindo.
Em Durmstrang os namoros eram proibidos, mas todos sabiam quem namorava quem, e quando eu entrei naquele salão ao lado de Iago, foi como somar dois e dois. Alguns cochichos foram ouvidos, mas nada tão sério quanto a expressão de Luka ao nos ver.
Na hora do almoço, eu estava sentada com as garotas e esperava Iago, quando Luka se aproximou de nós e disse:
- Quero falar com você Ludmilla.
Minhas amigas se assustaram com o tom dele e eu continuei sentada olhando com os olhos apertados:
- O que foi?
- Não acredito que você esteja namorando o Iago. É alguma brincadeira de mau gosto.
- Em primeiro lugar não lhe devo satisfação da minha vida. Você não é meu pai.
- Crescemos juntos, somos quase irmãos e...
- Não me sinto sua irmã e nunca vou me sentir assim. – ele resolveu apelar.
- Yuri não aprovaria sua ligação com este sujeito.
- Meu irmão confia em meu julgamento e ele não costuma julgar as pessoas.
- Algum problema aqui? – e Iago se aproximou sem que percebêssemos e Luka respondeu irritado:
- Você é o problema Karkaroff.
- Ah é? Podemos resolver isso. – Iago disse ríspido e vi quando ele fechou os punhos.
- Claro, é só marcar. – Luka respondeu e eu me coloquei entre os dois para evitar que se atracassem no meio do corredor da escola. Algumas pessoas já estavam parando e cochichando, não demoraria e um professor iria nos pegar e aí sim, eu teria que responder aos meus pais.
- Não creio que você seja uma boa influência para a Milla. – Luka disse e eu perdi a calma, mas procurei não elevar a voz:
- Você anda saindo com Maria Zagrev e quer falar de má influência? Não me faça rir, Luka. - E ele ficou chocado com a informação que eu tinha.
- Iago, não quero brigas, nem agora e nem depois fui clara?- e notei o quanto meu namorado estava tenso e fazendo força para se acalmar. Ele respirou fundo mais uma vez e deixou as mãos ao lado do corpo:
- Não haverá briga. – para descarregar a tensão ele olhou para os curiosos e disse: - Isso não me impede de bater nos curiosos. - e as pessoas começaram a se movimentar rapidamente.
Luka ainda me olhou carrancudo e disse:
- Espero que você saiba o que está fazendo. – e foi em direção a sua sala de aula.
Iago resolveu seguir o seu caminho, antes que ele se fosse eu perguntei:
- Depois? – ele apenas balançou a cabeça concordando.
Respirei aliviada e ao chegar perto de minhas amigas e entrarmos na sala onde se fazia as aulas de Feitiços, Evie comentou:
- E a bela domou a fera. – e acabamos rindo do incidente.

Saturday, March 17, 2007

‘Antes da guerra, planos são fundamentais. Mas depois que ela começa, os planos são inúteis’

Napoleão Bonaparte


‘Você daria uma ótima líder’

Era a primeira reunião não-oficial de campanha de Evie para a presidência do conselho estudantil de Durmstrang. E primeira reunião não-oficial significava que ela estava reunida apenas com as 3 amigas no refeitório da escola, tentando as convencer que concorrer com Georgia Yelchin era uma verdadeira burrice.

‘Toda a escola vai rir de mim! Vou fazer papel de idiota’ Evie protestava, mas em vão

‘Bobagem Evie!’ Vina era uma das mais animada com a idéia ‘Confiamos em você!’

‘De uma vez por todas, não é boa idéia... Quer dizer, me dêem uma boa razão para eu me meter numa coisa dessas?’

‘Evie?’

Georgia se aproximou da mesa delas de repente e as 4 olharem em volta tentando imaginar de onde ela havia surgido. Ela nunca havia sequer falado com nenhuma delas em 5 anos estudando juntas. Evie olhou para as amigas em busca de uma explicação e encarou Georgia.

‘Er, oi Georgia’

‘Eu só vim para cumprimentar você’

‘Bom, na verdade eu...’

‘Eu só vim dizer que estou ansiosa para disputar com você’ Georgia sorria de uma forma até simpática e as meninas olhavam para ela desconfiadas

‘Está?’

‘Vai ser divertido’

‘O que quer dizer com isso?’

‘Eu vou cortar você em muitos pedacinhos, Evie. Eu vou destruir você’ Georgia se apoiou na mesa em cima de Evie e o sorriso havia desaparecido de seu rosto

‘Hã?’ ela era louca, era o que Evie estava pensando

‘Entenda assim: sempre soube que era uma perdedora e agora toda a escola vai saber também. Boa sorte’

Georgia deu um sorriso para a Evie e acenou para as meninas como se tivera acabado de convidá-las para um piquenique, voltando para a mesa das amigas. E naquele momento, Evie sentiu pela primeira vez o que realmente motiva os políticos bem sucedidos: sentimento de vingança.

‘O que tenho que fazer para ganhar dessa vaca?’ Evie se virou para Nina furiosa

‘Não se preocupe, deixe tudo por minha conta!’ Nina estendeu a mão para selar o acordo e Evie a apertou, decidida a não desistir agora.

~*~*~*~*~

Embora ninguém mais comentasse a abordagem nada sutil de Georgia em Evie no almoço, ela sabia que a imagem não saia da cabeça das amigas. E muito menos de sua própria cabeça. A aula de adivinhação corria normalmente e Evie se mantinha alheia àquilo tudo. Tudo que sua mente conseguia processar era nas diversas maneiras de se torturar uma garota de 15 anos. E ela poderia, afinal, sabia muito bem administrar a maldição cruciatus.

O sinal indicando o fim das aulas do dia soou e Evie e as amigas saíram da sala do professor Boris pensando apenas em comer algo gostoso no jantar, sem qualquer tipo de perturbação. Mas antes mesmo que pudessem chegar ao refeitório elas sabiam que calmaria era algo que não se aplicava mais às vidas delas enquanto as eleições não chegassem ao fim.

‘O que é isso?’ a voz alarmada de Evie fez com que alguns alunos olhassem assustados

No alto da entrada do refeitório estava esticado um imenso cartaz com seu nome piscando em letras gigantescas e chamativas. Pela primeira vez ela o via escrito em algo maior que o relatório de notas. Abaixo dele, Nina sorria satisfeita com o trabalho. Ela dava ordens a alguns alunos a sua volta e lhes entregava o que pareciam ser panfletos.

‘Nina, por que não começamos com algo mais discreto?’ Evie estava incomodada com seu nome piscando de forma tão espalhafatosa no corredor da escola

‘Não temos tempo para isso, Georgia já tem seus eleitores, precisamos trazê-los para o nosso lado’ ela fazia as coisas parecem tão simples...

‘Pare de reclamar, Evie!’ Milla pegou alguns panfletos da mão de Nina e entrou no refeitório ‘Não podemos deixar a loira aguada vencer!’

‘Mas vamos precisar de mais que cartazes brilhantes para vencer isso’ Evie sentou desanimada na mesa com Milla

‘Que espírito derrotista é esse pessoal?’ Vina deixou alguns dos panfletos em uma das cadeiras vazias e sentou ao lado de Evie ‘Nina, fala pra elas a idéia que tivemos’

Nina sentou também e ia começar a explicar a idéia quando elas foram novamente interrompidas por Georgia. A garota as abordou pela 2ª vez no mesmo dia e sentou na cadeira vazia, sem notar que estava sentando em cima dos cartazes.

‘Por que não desistem disso e poupem-me o trabalho de massacrá-las?’ ela as ameaçava com tanta naturalidade que elas faziam esforço para não voar em seu pescoço

‘Você não tem mais nada para fazer não?’ Evie começava a perder a paciência com ela

‘Ou se preferirem, posso lhes emprestar alguns dos meus votos. Para tornar a disputa mais emocionante, sabe?’

‘Para sua informação, não precisamos dos seus votos!’ Nina encarou Georgia confiante

‘Como quiserem... Depois não digam que não avisei sobra serem massacradas’

Evie fez menção de levantar para avançar nela, mas Vina a segurou na mesa rindo. Ela olhou para onde Milla apontava e não segurou a risada. Os cartazes que Georgia sentara em cima estavam com cola e grudaram nela. A garota não percebeu e saiu andando pelo refeitório com um cartaz ‘Parvanov é a pessoa certa para o trabalho’ colado na parte de trás da saia, arrancando gargalhadas de todos em volta. Georgia olhava para as pessoas sem entender porque estavam rindo dela e encarou as meninas na mesa. Elas acenaram debochadas para ela e Georgia saiu batendo pé do refeitório. Já que ela quer desse jeito, então que comece a guerra pelo poder!

Friday, March 16, 2007

- O que o gordinho tanto te olha hein Milla?
- O quê Evie? – virei a cabeça para onde ela indicava e vi Iago ficar vermelho, mas continuou a me encarar. Acenei com a cabeça para ele, e recebi um aceno de volta, antes que ele fosse embora.
- É, ele te olha como se você fosse um belo prato de goulash e ele fosse as batatas para acompanhar. - zombou Annia, e eu fiz que iria cutuca-la e ela se esquivou.
- Será que ele está interessado em você Milla? Quer dizer, não se pode chamar aquela namorada dele de "beldade" não?- comentou Vina e sem querer eu ri com elas. Recompus-me:
- Meninas! O Iago é bonzinho, deixem ele sossegado. Ele nunca nos fez nada.
- Eca, dizer que um cara é bonzinho é deprimente. É como dizer que ele é um inseto que pode ser morto por uma chinelada. Inofensivo... Olá meninas! - disse Luka se aproximando de nós
Respondemos seu cumprimento e ele continuou:
- Milla você está achando o Karkaroff bonzinho? Esqueceu do sangue que ele carrega?
- Luka, ele me fez um favor e eu o achei legal. Vai julgá-lo pelo pai que tem?
- Não. Mas ele é do tipo violento, veja como joga quadribol.
- Quadribol é um esporte violento Luka. Nenhum de vocês sai de campo sem algum arranhão, nariz esguichando sangue, braço quebrado. – enumerei.
- Ele sempre foi violento Milla, sempre que tem briga, ele está no meio. Já perdi a conta de quantos já foram pra enfermaria depois de algumas gentilezas dele. E ele é filho de um comensal da morte. Até a namorada dele o largou. Quer ter a amizade de um tipo como este?- replicou Luka.
- Não costumo julgar as pessoas por sua família Luka. Não vejo motivo para tratá-lo mal e se aquela garota largou o Iago, agora que o pai dele sumiu deve ser porque ela não gostava tanto dele assim. E só prova o quanto ela é idiota. - disse irritada.
- Idiota por quê? Porque viu que ele não presta? E desde quando você o chama pelo primeiro nome? ¬¬
Evie interferiu:
- Luka não perca seu tempo. A Milla se tornou a defensora do gordinho. E se você provocar muito, periga ela chamá-lo de "Fofo"! Se bem que ali teria um excesso de fofura né? – fez uma voz bem melosa para me zoar e mostrei-lhe a língua e ela insistiu cantarolando igual àquelas crianças que viajam com os pais e perguntam a cada 5 minutos se já chegaram:
- Gordinho, gordinho, gordinho, láláláláláááá. Rsrsrs
- Por favor, não briguem, isso me dá dor de cabeça. Evie, a Milla parece meio "apaixonada" pelo gor... Rapaz avantajado, não encrenca. - disse Vina.
- Não tem paixão nenhuma aqui, sem delírios Vina. Você esqueceu de tomar poção para insanidade hoje é?- respondi e sorri quando Vina se pôs a pensar nos remédios que “precisava” tomar no dia.
- Você não se apaixonaria por um tipo como aquele, seria demais até pra você, Ludmilla. - disse Luka sarcástico.
- Como assim?
- Você me entendeu. Ele não tem nada a ver com você, são muito diferentes.
- Olha se eu quiser ter amizade ou alguma coisa a mais com o Iago não será da conta de ninguém. Especialmente da sua Luka. Não enche. - disse irritada.
Saí dali e fui para o corujal me acalmar um pouco. Queria esvaziar a mente de tudo que estivesse me irritando. Mas sempre lembrava das palavras do Luka:
- Você não se apaixonaria por um tipo como aquele, seria demais até pra você, Ludmilla...
Será que o Luka estava com ciúmes de mim?- fiquei satisfeita sem nem mesmo saber por quê.
Após algum tempo saí de lá e voltei para o vilarejo para chegar até a nossa república. Continuei andando devagar e num dos diversos bares que existem por ali, vi Luka agarrado com uma garota popular do sétimo ano e ele parecia muito contente.
Gelei.
Senti uma vontade louca de furar os olhos daquela garota. E ele?
Enroscado feito um polvo com uma garota que tem um cérebro do tamanho de uma uva passa, dona de uma das piores reputações da escola e querendo dar palpite em quem se torna meu amigo? Hipócrita.
Que ódio!
- Ouch! – estava distraída e acabei dando um encontrão com uma parede humana e caí sentada.
- Perdão!- ele se desculpou e fui levantada do chão como se fosse uma boneca de pano.
Era Iago.
- Oi, desculpe, não vi você. – ele disse.
- É sou invisível mesmo. Ninguém perceberia se eu sumisse. - disse sentida.
- Eu perceberia se você sumisse. Eu er... Sentiria sua falta. – ele respondeu e ficou vermelho, enquanto tornava a falar:
- Quer tomar alguma coisa no Gelo Fino?- e como eu olhasse espantada para ele, ele mesmo respondeu ao convite:
- Que idéia a minha, uma garota como você não sairia comigo.
- Que droga Iago! – (tirei uma mecha do meu cabelo do rosto impaciente). -Porque eu não sairia com você? Por acaso eu sou alguma rainha? OU você é algum monstro?
- Não, mas você nunca sequer olhou para minha cara nestes anos todos.
- E nem você olhou para mim. Estamos quites. Estou cheia das pessoas ficarem me dizendo que você não seria uma boa companhia para mim. Como se tivessem o direito de se meter nisso. Pelo jeito até você acredita nisso. Como posso defender uma amizade com você se nem você mesmo acredita que pode dar certo? - e sem querer algumas lágrimas de frustração caíram pelo meu rosto.
- Lud, por favor, não chora. Calma.
- Não tô chorando. Foi um cisco que caiu no meu olho. – disse irritada e de repente ele me abraçou.
Relutei mas sua força física me subjugou. Enterrei meu rosto em seu peito e deixei minhas lágrimas caírem. Ele me abraçava forte, e levantou minha cabeça para que eu olhasse para ele:
- Lud, se você quiser ser minha amiga, eu vou ficar muito feliz. E prometo que vou ser o melhor amigo que você poderia ter.
Eu me sentia tão segura em seus braços e ele tinha tanto cuidado ao me segurar que acabei dizendo algo que me veio á mente:
- Você só me quer como amiga Iago?- ergui o rosto para ele, e o vi respirar fundo:
- Eu estaria mentindo se fosse só isso. Eu gostaria de ter mais de você, Lud. - ele respondeu sério.
- Porque você me chama de Lud? Todos me chamam de Milla.
- Queria te dar um apelido só meu. - respondeu.
Ficamos nos olhando e ele baixou a cabeça encostando os lábios aos meus. Foi um beijo curto, e ele disse sem me soltar:
- Desculpe... Não quis me aproveitar da nossa amizade...
- Eu pedi para você parar?- perguntei.
- Não. Mas também não disse se queria ser beijada por mim. E não creio que amigos se beijem assim. - disse com um meio sorriso.
- Iago, às vezes você fala demais. - e fiquei na ponta dos pés e o beijei.

Thursday, March 15, 2007

ORIENTAÇÃO VOCACIONAL
Todos os quintanistas deverão ter uma breve reunião com o diretor de sua casa ao longo dessa semana, para discutirem suas futuras carreiras.
Horários individuais estão listados abaixo...

LD: Ótimo! Vou ter que me encontrar com o professor Nicolai amanhã logo depois das aulas!
EP: Ah não, o que vou dizer para a Ivana? “Sabe o que é professora? É que eu ainda não sei muito bem o que quero ser. Talvez dançarina de balé, como a minha mãe!”
NO: Bom, é alguma coisa! Melhor do que eu se disser sem quase nenhuma audácia que quero ser Ministra da Magia!

Nina disse franzindo a testa e começamos a rir. Estávamos as cinco no quarto, conversando sobre como seriam as entrevistas, quando o barulho de algo se chocando contra o vidro da janela nos fez pular de susto. Annia, que estava na cama mais próxima, saltou para a cama de Milla aflita.

LK: O que foi isso???

Não deu tempo de pensarmos sobre o que podia ser, quando outra coisa atingiu a janela. Era uma pedra. Logo depois, um assovio começou a ser entoado e me levantei de um salto, sem acreditar. Corri até a janela e Victor estava lá embaixo, assoviando, com mais uma pedra na mão.

LD: Ficou doido Victor? Quer quebrar nossa janela?
VN: Vinie!!! Preciso conversar com você, agora! – parando de assoviar e sorrindo.
LD: Agora? Já viu que horas são? Preciso dormir... Amanhã a gente conversa!
VN: Não. Eu quero conversar AGORA com você! E se você não descer pra falar comigo, vou atirar tantas pedras na janela que ela vai realmente se quebrar, e começo a cantar uma daquelas serenatas bem altas!
LD: Boa noite, Victor!

Ameacei fechar a janela, e uma pedra passou raspando do meu lado direito. Annia se abaixou assustada quando a pedra caiu no canto da cama. Olhei com raiva e ele já tinha apanhado outra pedra.

LD: É sério Victor, sem conversas hoje ok? Amanhã eu juro que conversamos...
VN: ONLY YOU, CAN MAKE THIS WORLD SEEM RIGHT…
LD: Shhhh!!! Ficou doido?
VN: OOONLY YOOU...
LD: VICTOR, para!
VN: Vai descer ou não vai???
LD: Certo, vou descer. – fechei o vidro da janela e encarei as meninas, que seguravam para não rir. – Não se atrevam!
AI: One and only you... – Annia cantarolou e a fuzilei com os olhos.

Sai do quarto batendo a porta, a tempo de ouvir gargalhadas lá dentro. Victor me esperava parado ao lado da república, e assim que me aproximei, ele abriu um largo sorriso vindo na minha direção.

VN: Eu sou o errado, eu sou um chiclete, não te dou nenhum espaço, e a culpa mais uma vez é minha! Eu sei, meus ciúmes te sufocam, e você está pensando em terminar comigo... – ele falou isso quase sem respirar, não me dando tempo nem de pensar no que estava acontecendo. – Não faz isso, por favor?!
LD: Você quase quebra a minha janela, quase me acerta com uma pedra, quase denuncia em forma de música para todo o castelo que tínhamos alguma coisa e...-disse enumerando com os dedos das mãos.
VN: eu te amo, e mesmo que você termine comigo, eu vou ficar no seu calo! Eu sou um chato!
LD: Eu não disse em terminar ainda Victor, mas a gente precisa conversar muito sério!
VN: Eu já esperava por isso, acredite... Sou todo ouvidos. – disse se sentando.
LD: Você está brincando, não é?
VN: Nunca falei tão sério. Senta aí também. Se eu tiver que te escutar a noite inteira, eu vou escutar...

Olhei pasma para ele, mas achei melhor me sentar também. Ele me olhava sério, esperando eu começar a falar. A verdade era que eu brigava tanto com o Victor, por coisas tão banais, que nem me lembrava qual era o motivo dessa vez. Uma voz desaprovadora de Ricard soou na minha cabeça, e não pude conter um sorriso. “Um dia ele se cansa, Lavínia... Vocês mais discutem a relação do que a vivem... Você é impaciente, e injusta. O Victor é o Dalai Lama!”

VN: Então? Está me esperando pedir desculpas não é? Tudo bem... Desculpa, desculpa, desculpa! Prometo nunca mais ficar te cercando, nem pergunto mais por onde você andou durante a tarde. Eu confio em você.
LD: Não, está tudo bem Victor... Me desculpa você, ok? Eu sei que sou injusta às vezes, mas você sabe bem como eu sou então... – ainda sorrindo, como se pudesse imaginar Ricard ali do meu lado batendo os pés de impaciência. Victor arregalou os olhos.
VN: Você está passando bem Lavínia? Tem certeza que não precisa de uma daquelas poções malucas???

Sorri e me aproximei mais, deitando a cabeça nos ombros dele. Ele segurou minha mão entrelaçando nossos dedos.

VN: Pensei que seria mais difícil.
LD: Aquele seu discurso confessando a culpa foi o suficiente. – falei despreocupada e ele riu.
VN: Bem que o Ricard me disse que ele bastaria...
LD: O Ricard é? Entendo. Vamos ter uma conversa séria sobre nunca se intrometer nas brigas de casais! Mas tudo bem. Só quero que você cumpra sua promessa e que continue confiando em mim.
VN: Fechado. – ele olhou ao redor, e como não tinha movimento algum ali ao redor, me deu um beijo longo.

Ficamos alguns minutos ou horas juntos ali, até ouvirmos passos se aproximando. Só deu tempo de me afastar de Victor e me levantar em um pulo. Nos encarando desconfiado estava ninguém mais, ninguém menos que...

LD: Vlade???
SV: Vínia! –disse me abraçando forte. – Como você está?
LD: Estou bem, mas... O que você está fazendo aqui? – falei nervosa ao olhar Victor do meu lado, confuso.
SV: A pergunta certa é: o que vocês estão fazendo aqui fora uma hora dessas? – olhando Victor de cima a baixo, uma sobrancelha levantada.
VN: Nós, er... Victor Neitchez! – estendendo a mão. Vlade a apertou sorrindo.
LD: Então, Vic, a gente se fala amanhã! – olhei firme para Victor e ele sorriu sem graça.
VN: Certo. Boa noite...

Victor foi embora e Vlade me encarava com um sorrisinho desconfiado no rosto. Sem querer deixar nenhuma evidência, abri um sorriso largo para ele, novamente o abraçando.

SV: Será que minha irmãzinha estava quebrando a principal regra da escola?
LD: Han? Não! Sério! O Vic é só meu amigo e...
SV: Tudo bem. Então, está se alimentando direitinho?
LD: Como sempre. Mas você não veio até aqui perguntar o que ando comendo não é? Vai dizer o que está fazendo aqui ou vou ter que implorar?

Ele sorriu, ainda mantendo um olhar misterioso no rosto. Ele sabia do Victor, eu tinha certeza.

SV: Bom, Durmstrang está recebendo mais aurores para fazerem vigilância nas fronteiras do castelo com o vilarejo, você sabe o que está acontecendo lá fora nesses dias não é? – concordei com a cabeça. – Então, quando estavam fazendo alistamentos, me candidatei. Achei que seria uma boa oportunidade para ficar mais perto de você... Fiz mal?
LD: Não, é claro que não! Que ótimo!!!
SV: Me conta, como está tudo por aqui? Estudando muito?
LD: É, o de sempre também... – eu podia ter parado por aí, mas não, eu nunca controlo a minha língua. – Amanhã eu vou fazer orientação vocacional com o Nicolai e...
SV: Amanhã? Já? Nossa, cheguei bem a tempo então! – os olhos dele até brilharam com força, fiquei assustada.
LD: A tempo de?
SV: De ouvir você dizer que escolheu ser auror, claro!

Comecei a rir, jurando que ele estava brincando. Mas não. Ele substituiu os olhos sonhadores por uns semicerrados. Desde que Vlade tinha se formado e terminado a Academia de Aurores, tinha também adquirido uma obsessão: Fazer eu me tornar auror. Mal podíamos nos encontrar nas férias e ele começava a contar todos os feitos e aventuras perigosas derrotando bruxos das trevas, e no final, sempre aquela alfinetada direta, me fazendo pensar em como seguir essa carreira era prazeroso! Eu já tinha tentado várias vezes (praticamente todas em vão) explicar para ele que nunca tinha pensado em ser auror. Desde criança eu quero me tornar medibruxa, cuidar das pessoas, receitar poções com efeitos imediatos... Era o meu sonho. Mas ele nunca se deteve com isso. Dizia que sonhos a gente mudava quando sonhava com algo maior e melhor. E lá estava ele, mais uma vez, esperando que eu dissesse “ah, sim, vou ser auror”.

SV: Você ainda não está pensando em ser medibruxa, está???
LD: Eu nunca pensei em não ser medibruxa! É o que eu quero e vou ser, Vlade. – disse séria. Tudo bem se ele ia ficar decepcionado, mas não ia abrir mão do meu mais primata (nossa!) sonho, para ele ficar feliz.
SV: Ah não Lavínia! Pensei que depois de tudo o que eu te disse sobre aurores em comparação com medibruxos, você teria mudado de idéia. Sinceramente!
LD: E você alguma vez já foi medibruxo por um dia para poder comparar? Olha Vlade, estou com sono, então se você for tentar insistir nessa conversa, me avise para poupar meu tempo, ok? Acho que seria legal ter o seu apoio na carreira que escolhi, mas tudo bem se não tiver! Nunca vou ser auror, nunca. Sirvo para ser Comensal da Morte, e olha que eu daria uma das boas...

Parei de falar. Odiava ver aqueles olhos verdes me encarando irritados, mas estava começando a ficar com sono e sem paciência para discutir.

SV: Certo, certo. Não vou insistir mais. Você já está decidida, então não vai querer nem escutar. Bom, vou então para o castelo me apresentar aos outros aurores. Amanhã a gente se vê, quem sabe... Boa noite. – dando um beijo no meu rosto.

Foi andando erguido para o castelo e sem querer entender o porquê de ele ter desistido tão fácil daquela discussão, finalmente voltei para a República.

Monday, March 12, 2007

Todos sabem que política é uma coisa suja. Mas todos também sabem que ela é essencial. A campanha de Georgia Yelchin para o conselho estudantil tinha todas as características da maquina política. Muita gente trabalhando, recursos e claro, os seus seguidores.

Por 3 anos consecutivos ela foi eleita presidente do conselho e responsável por representar os alunos fora da escola sempre que fosse necessário. E ninguém mais que Georgia gostava tanto assim de aparecer.

‘Isso é um abuso’ Nina resmungou quando passou pela sala usada pela equipe de Georgia para a campanha

‘Nina...’ Vina falou tentando evitar o inevitável: que Nina começasse a reclamar

‘As indicações ainda nem estão encerradas e ela já está distribuindo broches. Uma eleição com um candidato só, como pode ser isso?’

‘Simples, é Georgia Yelchin. Ninguém é idiota de concorrer com ela’ Evie foi taxativa e Nina lhe lançou um olhar de desaprovação

‘Isso é uma democracia, tínhamos que pode escolher, não tínhamos?’

‘É só uma eleição idiota, ninguém se importa com quem ganha’ Foi a vez de Milla tentar por um ponto final no assunto

‘Pois me recuso a aceitar isso, eu não vou votar nela’

‘Nem eu!’ Vina falou brincalhona ‘Eu vou votar... no pato Donald!’ Evie e Milla caíram na gargalhada e Nina seguiu azeda

‘Se isso te incomoda tanto, porque não faz alguma coisa a respeito? Evie sugeriu inocente

‘Como o que, por exemplo?’

‘Como disputar com ela?’ Milla arriscou

‘Estão malucas? Eu seria derrotada!’

‘Ou você faz alguma coisa, ou pare de reclamar que só uma pessoa concorre às eleições da escola’ Evie encerrou o assunto de vez

‘É, talvez eu faça alguma coisa...’ Nina mordeu a ponta do lápis e se dispersou das amigas, sem dizer aonde ia

~*~*~*~*~

Ninguém mais falou sobre eleições e conselho estudantil pelo resto do dia. Nina encontrou as amigas novamente para o almoço e não tocou mais no assunto, parecendo ter se conformado com a política do Instituto Durmstrang. Evie achava isso ótimo, pois assim a única coisa com que tinha que se preocupar era se o seu feitiço de transfiguração estava sendo executado corretamente.

‘Isso é um rato ou um esquilo?’ Milla perguntou confusa

‘Um esquilo’ na verdade era para ser um guaxinim, mas que diferença faria?

‘Atenção a todos para um aviso’ O alto-falante da escola chamou a atenção dos alunos ‘São os seguintes candidatos para presidente do conselho estudantil: Georgia Vitória Yelchin’

‘Obvio, todos já sabiam disso, para que anunciar?’ Evie falou desinteressada para Vina

‘E Evangeline Stanislav Parvanov’

Evie deixou seu guaxinim cair no chão quando ouviu seu nome. Milla e Vina olhavam para ela sem entender o que estava acontecendo, mas Evie sabia: tinha acabado de ser apunhalada por aquela que se julgava sua amiga!

~*~*~*~*~

‘Você!’ Evie avistou Nina no corredor pegando seus livros no armário e saiu atrás dela ‘Está louca? Por que fez isso??’

‘Calma Evie, não é exatamente isso que você esta pensando!’ Nina andava depressa para tentar fugir da amiga, mas Evie foi mais rápida e a cercou ‘Eu só estava passando pela sala onde estão sendo feitas as inscrições e coloquei seu nome lá’

‘Pois então volte lá e tire-o da lista!’

‘Não posso fazer isso, eles já anunciaram os candidatos’

‘Nina-eu-não-posso-concorrer-contra-a-Georgia!’ Evie tinha os dentes cerrados e uma expressão de pânico no rosto

‘E por que não?’ Nina agora estava mais segura e enfrentava a amiga

‘Porque... Ora, porque não! Ninguém nunca ganha dela, é inútil tentar! E eu não tenho qualquer tipo de noção política!’

‘Bom, nesse aspecto eu posso ajudá-la’ aquilo tudo parecia uma brincadeira para Nina. Para Evie parecia o seu funeral ‘Vou ser sua gerente de campanha, vamos ganhar essa eleição!’

‘Nina, não!’ Evie estava decidida a não ir adiante com isso e nada que ela dissesse poderia fazê-la mudar de idéia ‘Me diga apenas uma boa razão pela qual eu deva querer isso?’

‘Você estaria provando ao seu avô que não é preguiçosa e o deixaria orgulhoso se fosse eleita presidente do conselho estudantil’

Bingo. Nina atingira Evie em seu ponto fraco. E Evie sabia que aquilo tudo havia sido minuciosamente planejado por Nina. Todo o discurso, com a cartada final, fora ensaiado antes pela amiga para que ela não a deixasse na mão.

Evie tapou o rosto com as mãos com vontade de chorar e estrangular Nina ao mesmo tempo, mas reprimiu os dois. E ela agora se odiava mais que tudo por ser tão facilmente manipulada pelas amigas...

Thursday, March 08, 2007

Nina levantou da cama e foi recolhendo os papéis que havia espalhado pelas paredes da República...os bilhetes coloridos traziam recados diversos e, muitas vezes, óbvios, mas a menina simplesmente não vivia sem eles. Com um aceno de varinha, os papeizinhos voaram para sua mão e ela ia, pacientemente, apagando e escrevendo novos recados para o dia que começava. Era assim que fazia desde pequena. Nina foi criada para ser a próxima ministra da Magia e seus pais cumpriram um brilhante papel na educação da menina. Incapaz de cometer um delito ou pisar fora da fina linha que seus pais traçaram desde a infância, a garota era dona de uma consciência coletiva impressionante e um caráter sem falhas ou deslizes. Tratava todos com respeito, procurava ser correta e justa em suas decisões e evitava julgamentos precipitados, apesar de sempre achar “defeitos” nos amigos e, freqüentemente, tentar conserta-los. Filha perfeita, amiga perfeita. Abaixo da superfície impecável, Nina quase furava os papéis com a varinha. Irritava-se com seu metodismo, com sua ética excessiva que normalmente a prejudicava, com o fato de sempre ser passada para trás por acreditar demais nos outros...por confiar demais. Questionava seu comportamento, sua rigidez digna de uma mulher madura.
Essa reflexão matinal já não era novidade para ninguém: Evie, Vina e Milla evitavam Nina enquanto ela fazia os bilhetes flutuarem, pois sabiam que a garota quase sempre terminava o ritual expulsando todas da sala aos gritos. As meninas também já não se incomodavam com os recados coloridos pelas paredes, só não entediam o porquê deles, já que a garota era capaz de recitar a lista de lareiras do mundo bruxo e não sofria de perda de memória. Para falar a verdade, nenhuma delas entendia a amiga muito bem. Antes de falar qualquer coisa, Nina parecia entrar em conflito consigo mesma, pensando em todos os aspectos do problema e querendo enxergar a solução de todos os ângulos para não cometer nenhum erro. Ela era assim. Não cometia erros. E Evie tinha certeza que ela passaria as mãos no ferro caso cometesse algum.
Nina terminou de colar os papeizinhos nas paredes e analisou os lembretes. Já havia tentando implantar essa idéia na República, mas só Vina parecia ter ficado empolgada, já que eles ajudavam a lembrar o horário dos remédios. Teve vontade de rasgar todos eles e tentar viver o primeiro dia espontâneo da sua vida, mas isso parecia perigoso e arriscado demais. E se esquecesse o horário do clube de poções? Decepcionaria o professor, que poderia comunicar ao diretor e seu histórico escolar ficaria marcado para a eternidade...sem contar que sua mãe provavelmente preferiria se jogar na frente de um balaço do que ser chamada na escola para ouvir reclamações sobre seu pequeno prodígio. Não, muita coisa estava em jogo. Muita gente contava com ela em seu papel de Miss Perfeição.

- Nina? Já terminou de dar trabalho para os elfos sujando as paredes? – perguntou Milla, colocando a cabeça no quarto e sorrindo para a amiga.
- Há-Há, eu recolho os papéis todo dia de manhã. Já te contei que descobri um novo feitiço? Coloco horários escritos nos lembretes e eles começam a tocar toda vez que tenho que fazer alguma coisa. Você deve estar pensando: “e se você não estiver na República?” Sem problemas, porque eu carrego comigo esse bilhete em branco que também faz barulho e me mostra o recado! – Nina mostrava um sorriso triunfante, enquanto Milla parecia querer bocejar.
- Na verdade, eu estava pensando onde você arruma tempo para fazer essas coisas...e você ensaia esses discursos? Sério, você devia andar com um broche escrito “Pergunte-me como!”
- Você é tão espirituosa, Milla! – resmungou Nina, mal conseguindo conter o sorriso – Vamos, sim? Eu não quero chegar mais um dia atrasada! Vina já tomou os remédios dela ou ainda vou ter que esperar ela se decidir se é a hora do comprimido roxo ou do lilás?
- Já tomou sim. Ela e Evie estão na sala esperando por você...

As duas saíram do quarto apressadas e encontraram as outras garotas acariciando a cabeça de uma coruja parda que havia acabado de entrar pela janela da República.

- Ei, Nina!! Bom dia! – disse Vina, sem tirar a mão da cabeça da coruja
- Bom dia, meninas. Vina, se eu fosse você, tiraria a mão da Lara...ela acabou de voltar da Inglaterra e pode ter trazido germes londrinos. – brincou Nina, enquanto Milla e Evie caiam na gargalhada ao notar a cara de pavor de Vina.
- Bom dia, Nina! Chegou carta para você...é dos seus colegas de Londres mesmo! Como você sabia? – perguntou Evie
- Eles são os únicos que me escrevem! Papai e Mamãe andam muito ocupados.
- Como você conheceu os três? – perguntou Milla, sentando no sofá junto com as outras.
- Na minha última viagem para Londres. Eles são filhos de um amigo auror do meu pai. Os dois estudaram juntos aqui na Bulgária e eram como irmãos, mas aí o pai deles resolveu se mudar para a Inglaterra...as oportunidades de emprego para aurores estão lá! – respondeu Nina, enquanto abria a carta dos trigêmeos e lia em voz alta – “...estamos com saudades de você, mas não por muito tempo. Papai falou que vamos voltar para a Bulgária, pois o clima Londrino não está fazendo muito bem para a saúde da minha mãe.”
- Ahá!! Os germes londrinos...bem que você falou, Nina! – interrompeu Vina
- E eles acham que o clima da Bulgária vai fazer bem? Esse povo tapado não sabe que aqui faz um frio desgraçado? – disse Milla
- Isso é desculpa do pai deles, tenho certeza. Segundo o meu pai, ele nunca se acostumou com Londres. Os trigêmeos devem estar revoltados!! Eles amam Hogwarts! Deixa eu continuar... “Chris ainda não se conformou em ter que sair de Hogwarts, mas Lizzie e eu já estamos com as malas prontas. Para falar a verdade, já estamos planejando essa mudança há muito tempo, mas papai precisou da recomendação do médico para tomar uma providência. No entanto, eu ainda acho que o doutor estava se referindo a um país tropical quando sugeriu uma ‘mudança de ambiente’. De qualquer forma, logo estaremos aí em Durmstrang. Beijos, Michael”
- Que ótimo, alunos novos!! – comemorou Evie, enquanto tirava seu cachecol do bico da coruja.
- Sim! O Michael e a Liz são bem legais, vocês vão gostar dele. Eu falei pouco com o Chris, mas tenho certeza que ele deve ser uma pessoa simpática...só um pouco...errr...incompreendida. – disse Nina, parecendo contrariada
- Incompreendido. No dicionário Nina- Búlgaro, isso quer dizer “completamente mala” – respondeu Milla, arrancando risadas de todos.
- Ah, vocês que tirem suas próprias conclusões quando eles chegarem! – a voz da menina foi abafada pelo som de um apito e Nina tirou um bilhetinho do bolso – “Aposto que vocês estão atrasadas para a aula”. Meus bilhetes são inteligentes! Vamos, povo!
- Seus bilhetes não são inteligentes...nós que somos tão previsíveis. – respondeu Evie, enquanto as garotas pegavam os livros e caminhavam em direção ao castelo de Durmstrang.

Wednesday, March 07, 2007

Corri pelas ruas do vilarejo para chegar à biblioteca e faltavam poucos minutos para o fechamento. Havia algumas pessoas, mas nem parei para observar. Eu era a responsável por pegar os livros que minhas amigas e eu usaríamos para fazer o trabalho que entregaríamos no dia seguinte. Fui até as estantes, separei os livros e fui ao balcão:
- Onde está seu cartão?- perguntou a bibliotecária com cara de corvo.
Procurei nos bolsos e o meu cartão da biblioteca não estava comigo. Tentei ganhar tempo.
- Acho que ele está aqui num dos bolsos...
- Menina, você não trouxe o cartão e sem ele os livros não saem daqui.
- Senhorita Orlov, eu preciso destes livros hoje, se a senhora pudesse liberá-los, prometo traze-los amanhã sem falta.
- Não. - foi a resposta curta e seca.
- Então a senhora poderia aguardar mais alguns minutos depois de fechar? Eu corro até a republica e trago o cartão...
- Se você conseguir ir e voltar em 5 minutos, os livros saem daqui, senão nada feito.
Olhei para ela e tive certeza que ela leu os milhares de desaforos que minha mente processava. Respirei, segurei meus pensamentos e disse:
- Por favor, senhorita Orlov, se fosse só por mim, eu ficaria sem a nota amanhã, mas minhas amigas não têm culpa do meu erro. Deixe-me levar os livros, por favor.
Ela me olhou longamente e disse maldosamente:
- Acho que suas notas vão sofrer um abalo. Aconselho-a a ser mais organizada com suas matérias. Será que você pode sair do balcão? Está atrapalhando o fluxo. - senti lágrimas de ódio queimar meus olhos.
Saí dali e comecei a andar em direção á república. Sentia-me péssima.
- Ei garota. - ouvi alguém chamar e nem olhei.Devia ser um daqueles idiotas querendo jogar aquelas cantadas ordinárias.
- Elas vão me matar... - pensava tão distraída que de repente senti um puxão tão forte que minha cabeça sacudiu pelo susto:
- Garota você é surda? Tô te chamando há um tempão. – disse Iago Karkaroff ríspido.
- Não. Eu não sou surda, apenas costumo responder quando me chamam pelo nome e você não fez isso. – respondi olhando chocada para a mão que segurava meu braço com força.
Chocada porque Iago não falava com ninguém, era do tipo que intimidava as pessoas, por causa do pai, que alimentava uma aura de terror á volta da família. Mas eu nunca falei com ele não por ter medo, mas por achar que não tínhamos nada em comum, então nunca lhe dei mais que dois olhares desinteressados.
Meu braço começou a doer.
- Você agora coleciona partes do corpo humano? – perguntei
- Como?
- A circulação do meu braço está parando, daqui a pouco ele cai. ¬¬
- Ah, desculpa. Toma. - ele me empurrou os livros que eu precisava para o trabalho.
Meu queixo caiu. Segurei os livros por alguns minutos e quando me dei conta ele já caminhava indo embora. Fui atrás dele.
- Espera. – tentei puxa-lo pelo braço, mas ele nem se moveu. Parou e olhou-me sério. Como ele era grande, assim de tão perto, minha cabeça mal chegava ao seu queixo e ele parecia um armário pela largura. Ok, estou exagerando, mas era grandão.
- Como conseguiu que ela me liberasse os livros?
- Os livros estão em meu nome. Amanhã você os devolve. Deixe seu cartão da biblioteca no bolso da camisa, para uma próxima vez.
- Porque você fez isso? Nós nem nos conhecemos... Quer dizer, nunca nos falamos. - insisti.
- Fiquei observando quando você chegou e pediu os livros para a Orlov. Não custava nada ela liberar os livros pra você, já que fez isso com vários alunos antes. Vi o prazer que ela sentiu quando disse não pra você.
- É, ela é uma vaca. Ops :P
Ele começou a esboçar um sorriso e disse:
- É verdade. Acho que ela leu sua mente e percebeu seus elogios, por isso não liberou os livros.
Começamos a rir e de repente ele parou, ficando sério:
- Então tchau, Kovac.
- Tchau, e muito obrigada ok? Vou ficar te devendo. E pode me chamar de Milla se quiser.
- Você não me deve nada. Esquece.
Ele andou alguns metros e eu impulsivamente o chamei pelo primeiro nome:
- Iago.
Ele se virou surpreso quando o chamei pelo primeiro nome e eu disse:
- Você é um cara legal.
Ele sorriu de um jeito, que me pareceu não fazia há muito tempo e acenou com a cabeça. Abracei os livros e voltei correndo para a República, ainda tinha um pergaminho de 2 metros para escrever sobre os 12 usos do sangue de dragão.
Evie e Lavínia iriam me zoar muito por haver recebido ajuda do "projeto de Hellboy" mas fazer o que? Quando alguém te ajuda você aceita tudo de bom grado, mesmo que isso te custe um preço alto no futuro.

Tuesday, March 06, 2007

- Unh... Um diário?! – disse intrigada e com um quê de desapontamento quando livrei o presente de Ricard do embrulho. Logo tentei sorrir e não mostrar indignação, mas ele me conhecia bem demais pra reparar nesses detalhes. Soltou um sorriso discreto e se sentou ao meu lado sem falar nada, olhando o bloco de neve que se formava em cima da minha bota.
- Não gostou, não é?
- AH, gostei sim, é lindo! Obrigada!
- Vina... Você não gostou!

Parei e soltei um suspiro! Estava com medo de ele ter ficado desapontado com isso...

- Ric, não quero parecer o tipo de amiga mal agradecida...
- Não pareceu!
- Você sabe que não nasci pra escrever em diários, não sabe? – me sentindo um pouco mais leve e com vontade de me expressar de uma vez.
- Ah, eu sei! Sempre me disse que não suporta a idéia de escrever da sua própria vida em folhas brancas e sem opinião... – ele disse rindo.
- Exatamente! – parei confusa. – Então, se você sabe disso, porque me deu um diário? É algum tipo de vingança? Te fiz alguma coisa que você não gostou? Desculpa!!!
- Vina, respira! Você não fez nada! Pelo menos, nada que me inspirasse em uma vingança...
- Então, se não é vingança é o que afinal?
- Ajuda. Ajuda de amigo que se preocupa com você! E muito!
- Não estou te entendendo... – cada vez mais perdida no que ele estava tentando dizer.
- Ah, vou ter que te falar sinceramente... Bom, o que acontece é que andei conversando com a minha mãe sobre você...
- Você andou conversando com uma terapeuta sobre mim?
- Não é como se estivesse falando com uma terapeuta mesmo, certo? Ela é minha mãe, gosta de me aconselhar! O fato é... – continuou mais firme- que ela, analisando a sua personalidade, me esclareceu algumas coisas que eu não conseguia entender sobre você!
- Ah é? E o que ela te esclareceu sobre mim hein? – esquecendo que estava confusa e falando em um tom amargo.
- Coisas mais ou menos assim... Sua precipitação, sua teimosia. Seu orgulho. A sua mania de sempre achar que é a errada, de sempre achar que as pessoas não gostam de você, ou que você fez alguma coisa equivocada. Resumindo: a sua mania de pedir desculpas excessivas pelo que não fez! Sem contar do seu nervosismo precoce, da sua irritação boba...
- Ok, pode parar. Não sabia que você tinha essa visão tão defeituosa de mim... – disse levantando o pé e fazendo a neve em cima da bota cair no chão, me preparando pra levantar.
- Você vai ficar aqui e me escutar. – Ric me segurou com firmeza e permaneci sentada, mais irritada agora.
- Olha só, deixa eu te dizer uma coisa. Cada pessoa é de um jeito! Se você pensa que me dando esse diário eu vou me tornar uma menina meiga e paciente, esqueça! Não gosta de mim do jeito que eu sou, ótimo, mas não precisava se incomodar em me dar um diário para tomar seu lugar de “amigo”!
- Ta vendo? Você devia parar pra se escutar de vez em quando! Te garanto que ia se divertir...
- Não estou achando graça! – e agora eu estava me controlando para não pular no pescoço dele e dar uns tapas.
- Vina, você é muito precipitada! Eu não te disse ainda nem o porquê de ter te dado o diário, e você concluiu que te dei porque só vi defeitos em você e não quero amizade assim! Eu só disse alguns dos seus defeitos, mas eles se escondem em muitas e muitas qualidades! Agora, será que dá pra você aceitar que como pessoa comum você tem defeitos e parar de tramar todo o nosso “fim de amizade”?

Parei e encarei ele. Sério, eu tive que ter um autocontrole irracional, mas parei pra o deixar falar. Não queria violentar ele, sem um motivo forte para isso. Ele respirou, vendo que eu tinha me rendido, e continuou mais calmo.

- Bom, o fato é que minha mãe disse que você sofre de Síndrome do Déficit de Auto-estabilidade.
- É grave isso??? Merlin! Eu disse pra enfermeira que dessa vez eu realmente estava sentindo náuseas tonteantes!!!
- Calma. Basicamente, e em linguagem popular, a Síndrome significa que você sofre de falta de segurança! Você é insegura com relação a tudo. À amizades, à relacionamentos, à você mesma! Problemas de confiar demais nas pessoas...
- Eu confio em você! Muito! Você não acredita nisso? –começando a ficar desapontada.
- Acredito, mas você não... Vina, tem coisas sobre mim que você não quer saber. Você tem medo de descobrir demais sobre o que eu sou e você se desapontar com algum traço que te desagrade. Você conversa muito com suas amigas, mas aposto que nunca perguntou pra elas o que elas pensam de você. Por quê? Porque você tem medo da resposta e da sua reação, tem medo de não aceitar críticas! E o Victor...
- Não quero falar sobre ele ok? Se todo esse discurso seu é pra me fazer entender que a culpa dessa briga foi de novo minha, não perca seu tempo!
- ele gosta muito de você! Acho que você um dia vai compreender o tanto! Mas você é distante! Não estou dizendo que você não gosta dele, pode até ser que você goste muito dele, mas você não consegue se entregar demais, estou errado? Sempre com um pé atrás, com medo, precaução, sei lá!
- Foi ele que te mandou aqui, não foi? – Raspando os dentes.
- Não, não foi. Se ele imaginar que vim falar com você, me mata! Ele me contou porque vocês brigaram...
- A versão dele tem efeitos chocantes? A minha tem até sangue voando, quer ouvir?
- Sem brincadeiras...
- Você me pede pra ter senso de humor, eu estou tentando!
- Vina, olha pra mim, eu quero te ajudar! Eu acho que boa parte dessa sua insegurança é porque você não aprendeu a confiar em si mesma ainda... Então eu me perguntei um jeito de fazer você conversar consigo mesma de vez em quando. E o diário foi a maneira que eu escolhi. Olha só, pensa comigo... Se você relatasse alguns, ALGUNS, dias da sua vida, aqueles dias que realmente você tenha sofrido algum tipo de emoção forte, se você os relatasse aqui, e desse uma lida depois, então você aprenderia qual é o seu comportamento em cada tipo de situação. E então, você iria querer conversar com seus amigos sobre seus comportamentos, mas estaria interessada em ouvir suas opiniões sinceras. Feito isso, eu e seus outros amigos diríamos o que pensamos, e você tentaria melhorar os pontos que você não gostou. Melhorando isso, você estaria renovando seu espírito e sua personalidade, gostando mais de você mesma, e confiando mais nas pessoas, se entregando mais às relações sem medo do que pode acontecer! Entendeu?

Fiquei encarando ele em choque, sem saber o que responder, mas tinha entendido toda a progressão psicológica que ele tinha estabelecido pra mim. Depois, olhei pra baixo e suspirei, tentando encontrar alguma coisa pra falar, mas ele foi mais rápido, de novo!

- Olha, eu acho que boa parte das suas “doenças”, são causadas por isso... Você inventa doenças por se sentir insegura e corre para a enfermaria buscando um tipo de segurança e conforto que na verdade não seria necessário...
- Mas eu realmente sinto muitas dores! – ofendida.
- Eu sei, mas poderia sentir menos se aprendesse a se automedicar, concorda?

Estava cansada, minha cabeça estava rodando com tantas informações.

- O que você quer que eu faça? Só escrever nesse diário esporadicamente?
- É, seria um bom começo, pra variar...
- E se eu fizer isso, você vai continuar agüentando escutar meus desabafos e minhas queixas? Vai continuar tentando entender meu lado, mesmo sendo melhor amigo do Victor também?
- Prometo!

Olhei pra ele, que sorria meigamente, como se estivesse vendo uma criança de 4 anos encantada com o mundo.

- Certo, certo! Eu vou tentar escrever nessa coisa de vez em quando! Mas se não adiantar nada e eu só me estressar mais, paro! Na hora! Combinados?
- Você que manda!

Sorri de volta e encostei minha cabeça no ombro dele, ao mesmo tempo em que ele ajeitava a cabeça dele na minha para ficar mais confortável. Ficamos um tempo em silêncio, enquanto eu observava o diário intrigada. Victor passou longe, me lançou um olhar, e outro expressivo ao Ricard, abaixou a cabeça e entrou na república deles. Ric decidiu quebrar o silêncio.

- Então, a briga dessa vez foi porque afinal? Ele me disse que você ficou extremamente irritada quando ele quis saber aonde você tinha passado a tarde.
- Ele não quis saber, ele estava exigindo saber, é diferente!
- É o que os namorados fazem. Não é só porque é proibido namorar nesse castelo, que você tem direito de sumir a tarde toda e chegar de noite fria e estressada com ele, só porque ele queria saber onde você tinha andado!
- Ele está me sufocando! Ele sabe que gosto de ficar sozinha, estudar, ler, pensar na vida...

- Ele sabe, mas custa responder?
- Eu quero que ele entenda que é meu namorado e não meu dono!
- Vina, ele gosta muito de você, só estava preocupado!
- Certo, mas eu prefiro que ele se preocupe menos...
- Tá vendo o tanto que você é teimosa? Um dia, quando ele se cansar dessa sua implicância e te largar, talvez você dê mais valor ao que tem!

Parei de falar. Droga. Eu odiava essas lições de moral que só o Ricard sabe fazer... Às vezes ele esteja certo quando diz que eu exagero só pra brigar com o Victor, e às vezes eu não saiba valorizar meu namoro, mas estava realmente me sufocando! Ok, amanhã eu procuro o Victor pra conversar, mas amanhã! Por hoje ta bom de tantas conversas. O fato é que, agora, vou escrever aqui pra mim mesma de vez em quando, porque prezo muito o amigo que eu tenho, e isso basta!

Monday, March 05, 2007

As primeiras luzes do dia já invadiam o quarto no ultimo andar da republica Avalon quando Evie acordou. Ela abriu apenas um olho relutante, para descobrir que as três camas perto da dela ainda estavam ocupadas. ‘Só mais 5 minutinhos’ ela pensou vendo que suas amigas ainda estavam dormindo. Desde que a monitora nova determinou a ‘lei do silencio’ na republica, tudo andava mais calmo. Era terminantemente proibido fazer barulho entre 9 da noite e 8 da manha. O quarto estava tão silencioso que era possível ouvir o besouro andando na parede perto da cama da Milla... Ah? Besouro??

‘Aaaaah, besouro, besouro, besouro!’ Evie saiu berrando da cama

‘Nojo, nojo! Esse bicho tem doença!’ Vina saltou da cama e se enrolou na coberta, formando um casulo para não deixar o besouro se aproximar dela

‘Ai por Merlin, vocês são muito frescas!’ Milla saiu da cama com os gritos e apontou a varinha pro bicho, eliminando ele na hora

‘Joga ele fora, Milla! Vamos precisar detetizar o quarto, besouros tem muitas bactérias’ a voz da Vina abafada pelo cobertor as fez darem risada.

‘Bom, já que estamos de pé, acho que chegar na hora na aula não faria mal...’ Nina falou preguiçosa, começando a arrumar a cama

Era verdade que a lei do silencio, apesar de muito contestada, trouxera certa paz a republica Avalon. Mas também era inegável que durante todo o ano ficou impossível chegar no horário certo às aulas. Com o silencio dominando toda a casa, elas perdiam a hora todos os dias. Hoje, por causa do besouro, elas assistiram à 1ª aula na integra pela 1ª vez no ano.

A gritaria no quarto do ultimo andar acordara a casa inteira, pois quando Evie, Vina, Milla e Nina chegaram à cozinha para tomar café todas as meninas já estavam reunidas, o falatório habitual tomando conta dos cômodos. Era menina escovando o cabelo, se maquiando, procurando os sapatos e tirando e colocando todos os pares que tinham até encontrar o ideal, que era aquele que usavam todo dia depois de passar pelo mesmo ritual. Evie decidiu pular o café da manhã quando Nina veio marchando irritada por ter ficado sem cereal e as quatro saíram para o castelo.

‘Bom dia meninas’ Chris levantou do banco da varanda da sua republica ao vê-las passando e saiu

‘Bom dia Chris’ Evie respondeu sorridente

‘Estava de plantão, não é? Só nos esperando!’ Milla brincou e Nina e Vina prenderam o riso. Evie pisou no pé das duas discretamente

‘Sim, estava esperando vocês passarem para irmos para a aula’ Chris fingiu que não viu as risadas e eles continuaram o caminho até o castelo

Os motivos das risadas já eram óbvios. Chris era o melhor amigo de Evie, um amigo para todas as horas, com quem vivia brigando e fazendo as pazes minutos depois. E isso fazia com que as meninas insistissem no fato de que ele não gostava dela apenas como uma amiga. Evie batia o pé com uma opinião contraria, mas elas eram insistentes. Mas mesmo que fosse verdade, não faria diferença, pois ela já tinha um namorado. Há três anos Evie namora Josh, que estuda na Escola Americana de Magia, e o amava muito para pensar em se envolver com outro menino. Mas ainda assim as brincadeiras das amigas a incomodavam. Incomodavam, pois ela sabia que mesmo não demonstrando, incomodava o amigo.

Os corredores do castelo já estavam movimentados com os alunos transitando de um lado para o outro procurando suas salas. Um garoto moreno de cabelos arrepiados veio andando a passos largos e parou ao lado delas, envolvendo os braços em volta da cintura de Evie. Ela fez o mesmo com ele.

‘Bom dia’ ele deu um beijo estalado em sua bochecha

‘Bom dia, Max’ ela retribuiu o beijo ‘Acordou de bom humor hoje??’

‘Claro! O vovô entrega as notas da prova hoje, e tenho certeza que me sai bem’

Evie sentiu o estomago revirar ao se recordar da prova de Aritmancia da semana passada. Seu avô Andrei era professor dessa matéria e único motivo pelo qual ela ainda continuava com as aulas. Max gostava, mas Evie odiava. Ela não gostava de nada ligado à adivinhação, não importava os métodos para se chegar às previsões. Não acreditava em nada dessas coisas de destino e que alguém era capaz de ver toda sua vida em simples cartas, números ou sonhos. Bobagem pura, superstição de pessoas vazias era como ela definia isso. Mas era seu avô quem dava as aulas e ela não tinha coragem de dizer isso a ele.

O sinal anunciando o início das aulas soou alto pelo castelo e eles apertaram o passo em direção à primeira aula do dia. Andrei Parvanov já estava sentado em sua cadeira, sua habitual caneca de café repousada ao lado do jornal que ele lia calmamente. Evie sentiu-se mal apenas em entrar na sala, já prevendo o final dela. Essa, alias, era a única previsão no qual ela acreditava.

‘Antes de saírem, não se esqueçam de pegar suas provas sob a mesa’ Andrei encerrou a aula uma hora depois e todos levantaram ‘Evangeline, por favor, fique’

Evie sentiu o estomago afundar ao ouvir seu avô pronunciar seu nome de maneira tão formal e seca. Andrei nunca demonstrava preferência aos netos em sala, mas sempre falava com a neta com certa ternura. Era a primeira vez que Evie não sentia isso em sua voz. Suas amigas saíram da sala dizendo que a esperariam no corredor e ela se encaminhou temerosa até a mesa do avô.

‘Isso é seu?’ Andrei estendeu um pergaminho para Evie e ela não demorou a perceber que era sua prova ‘Essa nota lamentável é sua, Evangeline?’

‘Sim, é minha’ Evie pegou a prova da mão do avô e abaixou a cabeça ‘É que eu...’

‘Não quero saber o que aconteceu para você me apresentar uma prova digna de reprovação, não estou interessado em desculpas’ ele foi ríspido e não a encarava. Era como se estivesse falando com qualquer outro aluno, não sua única neta ‘Estou muito desapontado com você, Evangeline. Esperava um pouco mais de dedicação de sua parte. As notas de Maxmillian são superiores às suas, e não admito que meus netos tenham notas tão distintas’

‘Desculpe vovô, prometo que isso não vai mais acontecer’

‘Quero um relatório sobre a prova na minha mesa depois de amanha, refaça-a’ ele a interrompeu com a ordem e saiu da sala sem se despedir

Naquele instante Evie pode sentir seus joelhos cederem e procurou apoio na mesa. A sensação de desapontar alguém era algo que ela não suportava e a incomodava mais do que tudo na vida. Sua vontade era de correr atrás do avô implorando para que ele a desculpasse e lhe desse outra chance, mas sabia que seria em vão. Ainda com a sensação de estomago revirado, Evie saiu da sala, tentando não pensar no tom de voz que o avô usara com ela. Aquilo não a deixaria dormir até que ele voltasse a tratá-la como sempre tratou, ela tinha certeza disso.

Sunday, March 04, 2007

Ela abriu os olhos, absolutamente contrariada. Bateu a mão no despertador o fazendo silenciar, e se esticou na cama. A noite havia sido terrível, interminável. Passara grande parte dela na emergência do hospital tentando em vão recobrar um lapso de consciência, de um homem que aparentemente havia sido torturado até a insanidade.

Levantou, prendendo o cabelo de qualquer maneira e colocando os óculos. Estava tudo tão silencioso, triste. Ela sabia o que era, e só pensar naquilo a fazia querer chorar, mas ela havia prometido para si mesma que iria agüentar, passar por cima. Seguiu o mesmo protocolo de todas as manhãs: tomou banho, vestiu roupas completamente brancas, tomou 3 comprimidos de vitaminas e antes que pudesse ir para a cozinha fazer uma xícara de café, a campainha tocou.
Ela sentiu o coração parar um segundo, e apertou a varinha na mão.

- Quem é?
- Vai abrir logo essa porta ou vou ter que ficar plantado aqui até o leite talhar???

Ela sorriu quando com alívio reconheceu de quem era a voz, e o tom brincalhão de sempre. Destrancou a porta, sentindo que enfim seu dia podia estar começando melhor...

- Pensei que você trabalhava!
- Trabalho, mas tirei o dia de folga e pensei que talvez seria uma boa idéia trazer o café da manhã... Não cheguei atrasado, não é?
- Bem a tempo! – ela sorriu realmente feliz de que ele estivesse ali com ela.

Passaram algumas horas conversando bobagens, mas não importava o assunto, era sempre muito divertido. Ela sentiu um pouco da dor dos últimos dias indo embora, e sabia que havia sido essa a intenção dele ao aparecer naquela manhã: dividir o peso que ela estava carregando. Quando pela primeira vez o assunto que eles conversavam cessou, novamente seus pensamentos deram espaço para a solidão, e ele percebeu aquilo.

- Como você está?
- Como você acha? Estou levando, mas não sei até quando...
- Foram muitos erros, você sabe. Alguns, sem volta, sem perdão. De ambas as partes.
- Eu sei, mas machucou. Não dá pra esquecer anos em alguns dias, eu preciso de um tempo...

Eles caíram em um profundo silêncio novamente, e ele a encarou firme, convicto. Ela penetrou aqueles olhos, sentindo os seus próprios, cheios de lágrimas. Sabia que naquele momento ele podia ver tudo o que ela estava pensando ou sentindo, e isso a deixava confusa... Não sabia se era desconfortável, ou se era um alívio! Carregou o olhar dele mais alguns minutos, até uma lágrima pesada escorrer, abaixando imediatamente a cabeça. Ele se levantou e foi até ela, se agachando ao seu lado e segurando seu rosto, puxando-a para um abraço forte.

- Vai passar... Você não está sozinha, pode contar comigo sempre, sempre...

Sem mais conseguir controlar todas as outras lágrimas presas, deixou-se envolver por aquele abraço e chorou tudo que havia para chorar, não se importando mais com o orgulho ou princípios femininos...

Saturday, March 03, 2007

Escuridão.
Nina abriu os olhos devagar, mas a visão turva e a sala com aparência de masmorra não contribuíam em nada para identificar o local que se encontrava. Uma sensação de embriaguez ia sendo substituída, lentamente, por dor e aflição. Sabia que precisava achar alguma coisa, alguém, mas mal conseguia lembrar seu próprio nome.
- Ela acordou – informou uma voz feminina fria. Todas as luzes acenderam ao mesmo tempo e Nina piscou levemente antes de conseguir enxergar a bruxa que lhe vazia companhia. A mulher tinha longos cabelos loiros, olhar vazio e usava vestes negras. Um sorriso brincava em seu rosto. – Devemos chamá-lo agora?
Chamar quem? Nina concentrava todas as forças para tentar lembrar das últimas horas...mas mal sabia se estava ali há minutos, horas ou dias. Só sabia que o vazio que sentia dentro do peito aumentava.
- Não é necessário, ele já está vindo. – respondeu um homem de aproximadamente 30 anos e aparência de trasgo. – Onde está o menino?
O desconforto aumentava à medida que ela tentava se mexer e as tentativas frustradas só pioravam a dor de cabeça forte.
- Sendo devidamente vigiado...e lembre-se que ela não pode falar, mas pode ouvir, idiota. – disse a bruxa loira apontando para a Nina
- Como se isso fizesse grande diferença agora.
Então ela não podia falar ou se mexer. Isso explicava muita coisa. Sentia como se cada osso de seu corpo precisasse ser remendado. Os fartos cabelos castanhos faziam contato com o chão frio da sala que parecia estranhamente familiar. Tudo ali parecia estranhamente familiar.
- Ouviu isso? Ele deve ter chegado. Vamos buscar o menino, ela não vai a lugar algum.
Os dois bruxos tiraram as varinhas das vestes e apagaram as luzes antes de deixarem Nina sozinha na sala novamente. Cada músculo parecia estar adormecido, mas ela tentava resistir à vontade de fechar os olhos e procurava reconstituir a cena. Lembrava de pessoas correndo...havia um menino. Um menino de intensos olhos azuis e cabelos castanhos gritava por ajuda. Mesmo em pensamento, ela tentava alcançar o garoto, protegê-lo, mas luzes vermelhas e verdes cortavam o local e fizeram com que os gritos por ajuda cessassem.
- Onde ela está? Aqui? – perguntou uma voz que Nina tinha certeza já ter ouvido anteriormente.
Seus olhos ainda não haviam se acostumado com o escuro, embora ela se esforçasse para enxergar qualquer coisa a um palmo deles. Não precisou. Conforme os dois bruxos retornaram à sala, acompanhados de mais um homem, as luzes acenderam novamente e a sensação de desconforto foi substituída por desespero. Não só a voz era familiar, mas ao encarar o rosto do homem recém chegado, um filme passou em sua cabeça. Um filme antigo que remetia há anos, mas explicava sua chegada e a do menino ao local. Nina tentava gritar, correr, mas suas pernas pareciam extremamente inúteis e tinha certeza que sua face não refletia o medo que sentia. Concentrava suas últimas forças em realizar um feitiço mudo, mas seu cérebro parecia demasiadamente exausto para sequer tentar.
O homem não disse absolutamente nada. Encarou Nina com frieza a retirou a varinha do bolso. O último pensamento que passou pela mente da moça antes de apagar foi “Preciso recuperar meu filho”.
Escuridão novamente.

Friday, March 02, 2007

Todas as noites eram a mesma coisa.
Seu marido voltava do trabalho e antes que conseguisse se aproximar para abraçá-la era agarrado por dois garotos de fartos cabelos escuros, chamando-o de papai. O homem ria e fingia que estava sendo atacado por monstros de outro planeta, jogando-se no chão e fingia lutar com eles por alguns minutos. Claro que depois de algum tempo, ele faria cócegas e venceria a batalha, os pequenos não ficariam tristes, pois adoravam quando o seu herói os vencia.
Logo ele se levantaria e se aproximaria dela e sob os protestos dos meninos de "eca" e "que nojo" ele a beijaria na boca.
Olhá-la-ia de cima a baixo e perguntaria se tudo correra bem aquele dia. Ela responderia com um sim, e cuidaria para que tudo o agradasse. Após o filhos irem dormir, conversariam sobre o dia de cada um e fariam juras de amor madrugada adentro. Uma vida perfeita. O sonho de todo homem.
Mas não hoje.
Ele percebeu que havia algo errado quando entrou em casa e seus filhos, sempre tão risonhos o receberam com ares preocupados. O mais velho estava mais sério que o normal e o mais jovem tinha o queixo tremendo, mas segurava o choro:
- O que foi rapazes? Onde está a sua mãe?
- A mamãe está deitada, passou mal depois que um homem veio aqui. - disse o mais velho.
- Porque não me avisou?- e algo dentro dele se contraiu.
- Porque a mamãe disse que estávamos proibidos de contar a você sobre esta visita, e ela estava estranha, parecia com medo. – disse o mais novo.
- Minha mãe não sente medo de nada. – respondeu o mais velho desafiador.
- A nossa mãe sente medo de mortalha-viva Greg.- corrigiu o mais novo.
- É mas não sente medo de pessoas vivas, Ivan. - respondeu o mais velho e olhando-os bem enquanto se desafiavam viam-se as diferenças entre eles.
- Se estavam proibidos de me contar, porque o fazem agora? – o pai os questionou.
- Porque eu acho que a mamãe correu perigo e você nos ensinou que nada nem ninguém devem ameaçar a minha mãe. - respondeu o mais velho e neste momento o irmão se pôs ao lado sacudindo a cabeça afirmativamente para enfatizar as palavras.
- E como era este homem? – ele perguntou apenas para cumprir o protocolo, pois em seu íntimo ele sabia quem era.
- Não o vi. Quando ele chegou mamãe nos mandou brincar no solário e lacrou a porta com um feitiço para que não ouvíssemos nada. Só saímos de lá porque você me deu aquele canivete especial, mas mesmo assim o feitiço era forte. Derreteu uma boa parte dele. Desculpe papai, destruí o seu presente. – ele disse chateado e mostrou o que sobrara do canivete suíço.
- Tudo bem filho. Deixe que vou descobrir o que houve e não se preocupem. Pode ser alguém bravo com sua mãe por alguma autuação do Ministério. Vejam eu trouxe sapos de chocolate edição especial para vocês.
- Oba! Tem as figurinhas do Dragão Negro, que o tio Yuri cuida. - comentou Ivan.
- Quem liga pra isso, se podemos ver os dragões de verdade e ao vivo. – respondeu Gregory, o mais velho, mas guardou as figurinhas de seu sapo nas vestes.
Ele foi ao quarto e ao entrar ela correu ao seu encontro, abraçou-o e o beijou como se ele fosse sua salvação, e pela segunda vez na vida ele sentiu o medo e a incerteza irradiarem dela. E sentiu o gosto amargo do ódio em sua boca, por alguém fazer aquilo com ela novamente. Controlou-se a muito custo e disse olhando-a firme nos olhos.
-Ninguém vai destruir o que construímos Ludmilla, eu prometo a você. - e a abraçou com força.

Thursday, March 01, 2007

Ela estava sentada na mesa, na cozinha, com a caneca cheia de café nas mãos e os olhos encarando o luxuoso jardim que cercava a casa. A luz do dia já invadia o cômodo, e ela fechou os olhos quando ouviu passos descendo as escadas, interrompendo o silêncio. Olhando para a porta da cozinha, ela viu seu marido aparecer já vestido e barbeado. Ele sorriu ao ver que ela o olhava enquanto caminhava até ela e dava um leve beijo em seus lábios. Sorrindo, ele pegou uma caneca no balcão e encheu de café, bebendo rápido demais e cuspindo o conteúdo com a mesma agilidade com que o engoliu. Ela deixou escapar uma risada, enquanto ele tentava tirar o gosto ruim da boca. Quando conseguiu, olhou para ela fingindo indignação.

‘Acha isso engraçado, não é mesmo Evie?’ ela olhou para ele e contraiu o rosto com a risada, deixando os olhos verdes ainda mais evidentes. Ele riu também e se aproximou dela, a beijando intensamente. A intensidade do beijo fez com que sua cabeça batesse no encosto da cadeira, mas ela não se importou. Ela amava quando ele a beijava assim, com tanta paixão, como se o mundo fosse acabar em cinco minutos, como se eles não tivessem mais tempo.

‘Bom dia’ Evie falou com uma expressão carinhosa no rosto. Ele sorriu.

‘Bom dia, meu bem’ ele cruzou o balcão e despejou o resto do café na pia. ‘Onde está a Ella?’

‘Ainda está dormindo. Ela ficou acordada até tarde ontem esperando por você’ ela suspirou. O trabalho dele no Ministério da Magia era exaustivo demais e não tinha um horário fixo, então tinha vezes que ele chegava as 2 da manha e outras vezes só chegava às 5. Essa irregularidade nos horários confundia a cabeça da menina; ela gostava de ver o pai chegar em casa e raramente tinha esse prazer. E o próprio trabalho de Evie também não tinha um horário fixo. Com a companhia de balé viajando o mundo inteiro, em um lugar diferente a cada mês, ela não tinha muito tempo livre para passar com sua princesinha.

‘Bom, quando ela acordar vamos ter uma conversa sobre trocar o açúcar pelo sal e fazer a mãe de cúmplice’ Ele deixou a caneca dentro da pia e parou ao lado dela. ‘Não é hoje que seu irmão chega à cidade?’

‘Sim… Vou deixar a Ella na escolinha e aproveito para fazer os últimos ajustes antes que ele chegue. Não há como ele encontrar algo do que reclamar dessa vez’ Ele sorriu, mas não era um sorriso feliz. Era o mesmo sorriso que ela acostumou a ver no rosto dele toda vez que eles tinham que encarar seu irmão, com todas as acusações sempre vindo à tona, a qualquer instante.

‘Sabe... Às vezes penso que ele tem razão em algumas coisas’ ele falou tentando sorrir, mas já não conseguia mais. Aquele era um assunto que eles evitavam conversar, mas que sempre aparecia.

‘Não, não pense isso outra vez!’ Evie ficou séria. Era impressionante como aquele assunto mudava seu humor. ‘Meu irmão é rancoroso, não consegue compreender que foi uma fatalidade, ele não quer compreender, pois é mais fácil culpar alguém. Não me arrependo de nada que fiz e faria tudo outra vez se fosse preciso’ Ela parou na frente dele e segurou seu rosto com as mãos, o forçando a olhar para ela ‘Se fosse preciso, faria tudo outra vez para ficar com você’

‘Também faria tudo de novo para ter a vida que temos agora’ ele envolveu os braços na cintura dela e a abraçou com força. Evie descansou a cabeça em seu ombro e ele beijou sua testa, suspirando. Embora eles afirmassem não carregarem o sentimento de culpa, ambos sabiam que não era verdade. E pensar que quando tudo isso começou, eles não passavam de garotos de 16 anos, apenas alunos comuns do Instituto Durmstang...

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N.A.: O blog 'Instituto Durmstrang' está oficialmente inaugurado! Quero desejar às boas vindas a todos e que tenhamos muita diversão em mais esse espaço...

Juliana =)