As primeiras luzes do dia já invadiam o quarto no ultimo andar da republica Avalon quando Evie acordou. Ela abriu apenas um olho relutante, para descobrir que as três camas perto da dela ainda estavam ocupadas. ‘Só mais 5 minutinhos’ ela pensou vendo que suas amigas ainda estavam dormindo. Desde que a monitora nova determinou a ‘lei do silencio’ na republica, tudo andava mais calmo. Era terminantemente proibido fazer barulho entre 9 da noite e 8 da manha. O quarto estava tão silencioso que era possível ouvir o besouro andando na parede perto da cama da Milla... Ah? Besouro??
‘Aaaaah, besouro, besouro, besouro!’ Evie saiu berrando da cama
‘Nojo, nojo! Esse bicho tem doença!’ Vina saltou da cama e se enrolou na coberta, formando um casulo para não deixar o besouro se aproximar dela
‘Ai por Merlin, vocês são muito frescas!’ Milla saiu da cama com os gritos e apontou a varinha pro bicho, eliminando ele na hora
‘Joga ele fora, Milla! Vamos precisar detetizar o quarto, besouros tem muitas bactérias’ a voz da Vina abafada pelo cobertor as fez darem risada.
‘Bom, já que estamos de pé, acho que chegar na hora na aula não faria mal...’ Nina falou preguiçosa, começando a arrumar a cama
Era verdade que a lei do silencio, apesar de muito contestada, trouxera certa paz a republica Avalon. Mas também era inegável que durante todo o ano ficou impossível chegar no horário certo às aulas. Com o silencio dominando toda a casa, elas perdiam a hora todos os dias. Hoje, por causa do besouro, elas assistiram à 1ª aula na integra pela 1ª vez no ano.
A gritaria no quarto do ultimo andar acordara a casa inteira, pois quando Evie, Vina, Milla e Nina chegaram à cozinha para tomar café todas as meninas já estavam reunidas, o falatório habitual tomando conta dos cômodos. Era menina escovando o cabelo, se maquiando, procurando os sapatos e tirando e colocando todos os pares que tinham até encontrar o ideal, que era aquele que usavam todo dia depois de passar pelo mesmo ritual. Evie decidiu pular o café da manhã quando Nina veio marchando irritada por ter ficado sem cereal e as quatro saíram para o castelo.
‘Bom dia meninas’ Chris levantou do banco da varanda da sua republica ao vê-las passando e saiu
‘Bom dia Chris’ Evie respondeu sorridente
‘Estava de plantão, não é? Só nos esperando!’ Milla brincou e Nina e Vina prenderam o riso. Evie pisou no pé das duas discretamente
‘Sim, estava esperando vocês passarem para irmos para a aula’ Chris fingiu que não viu as risadas e eles continuaram o caminho até o castelo
Os motivos das risadas já eram óbvios. Chris era o melhor amigo de Evie, um amigo para todas as horas, com quem vivia brigando e fazendo as pazes minutos depois. E isso fazia com que as meninas insistissem no fato de que ele não gostava dela apenas como uma amiga. Evie batia o pé com uma opinião contraria, mas elas eram insistentes. Mas mesmo que fosse verdade, não faria diferença, pois ela já tinha um namorado. Há três anos Evie namora Josh, que estuda na Escola Americana de Magia, e o amava muito para pensar em se envolver com outro menino. Mas ainda assim as brincadeiras das amigas a incomodavam. Incomodavam, pois ela sabia que mesmo não demonstrando, incomodava o amigo.
Os corredores do castelo já estavam movimentados com os alunos transitando de um lado para o outro procurando suas salas. Um garoto moreno de cabelos arrepiados veio andando a passos largos e parou ao lado delas, envolvendo os braços em volta da cintura de Evie. Ela fez o mesmo com ele.
‘Bom dia’ ele deu um beijo estalado em sua bochecha
‘Bom dia, Max’ ela retribuiu o beijo ‘Acordou de bom humor hoje??’
‘Claro! O vovô entrega as notas da prova hoje, e tenho certeza que me sai bem’
Evie sentiu o estomago revirar ao se recordar da prova de Aritmancia da semana passada. Seu avô Andrei era professor dessa matéria e único motivo pelo qual ela ainda continuava com as aulas. Max gostava, mas Evie odiava. Ela não gostava de nada ligado à adivinhação, não importava os métodos para se chegar às previsões. Não acreditava em nada dessas coisas de destino e que alguém era capaz de ver toda sua vida em simples cartas, números ou sonhos. Bobagem pura, superstição de pessoas vazias era como ela definia isso. Mas era seu avô quem dava as aulas e ela não tinha coragem de dizer isso a ele.
O sinal anunciando o início das aulas soou alto pelo castelo e eles apertaram o passo em direção à primeira aula do dia. Andrei Parvanov já estava sentado em sua cadeira, sua habitual caneca de café repousada ao lado do jornal que ele lia calmamente. Evie sentiu-se mal apenas em entrar na sala, já prevendo o final dela. Essa, alias, era a única previsão no qual ela acreditava.
‘Antes de saírem, não se esqueçam de pegar suas provas sob a mesa’ Andrei encerrou a aula uma hora depois e todos levantaram ‘Evangeline, por favor, fique’
Evie sentiu o estomago afundar ao ouvir seu avô pronunciar seu nome de maneira tão formal e seca. Andrei nunca demonstrava preferência aos netos em sala, mas sempre falava com a neta com certa ternura. Era a primeira vez que Evie não sentia isso em sua voz. Suas amigas saíram da sala dizendo que a esperariam no corredor e ela se encaminhou temerosa até a mesa do avô.
‘Isso é seu?’ Andrei estendeu um pergaminho para Evie e ela não demorou a perceber que era sua prova ‘Essa nota lamentável é sua, Evangeline?’
‘Sim, é minha’ Evie pegou a prova da mão do avô e abaixou a cabeça ‘É que eu...’
‘Não quero saber o que aconteceu para você me apresentar uma prova digna de reprovação, não estou interessado em desculpas’ ele foi ríspido e não a encarava. Era como se estivesse falando com qualquer outro aluno, não sua única neta ‘Estou muito desapontado com você, Evangeline. Esperava um pouco mais de dedicação de sua parte. As notas de Maxmillian são superiores às suas, e não admito que meus netos tenham notas tão distintas’
‘Desculpe vovô, prometo que isso não vai mais acontecer’
‘Quero um relatório sobre a prova na minha mesa depois de amanha, refaça-a’ ele a interrompeu com a ordem e saiu da sala sem se despedir
Naquele instante Evie pode sentir seus joelhos cederem e procurou apoio na mesa. A sensação de desapontar alguém era algo que ela não suportava e a incomodava mais do que tudo na vida. Sua vontade era de correr atrás do avô implorando para que ele a desculpasse e lhe desse outra chance, mas sabia que seria em vão. Ainda com a sensação de estomago revirado, Evie saiu da sala, tentando não pensar no tom de voz que o avô usara com ela. Aquilo não a deixaria dormir até que ele voltasse a tratá-la como sempre tratou, ela tinha certeza disso.
‘Aaaaah, besouro, besouro, besouro!’ Evie saiu berrando da cama
‘Nojo, nojo! Esse bicho tem doença!’ Vina saltou da cama e se enrolou na coberta, formando um casulo para não deixar o besouro se aproximar dela
‘Ai por Merlin, vocês são muito frescas!’ Milla saiu da cama com os gritos e apontou a varinha pro bicho, eliminando ele na hora
‘Joga ele fora, Milla! Vamos precisar detetizar o quarto, besouros tem muitas bactérias’ a voz da Vina abafada pelo cobertor as fez darem risada.
‘Bom, já que estamos de pé, acho que chegar na hora na aula não faria mal...’ Nina falou preguiçosa, começando a arrumar a cama
Era verdade que a lei do silencio, apesar de muito contestada, trouxera certa paz a republica Avalon. Mas também era inegável que durante todo o ano ficou impossível chegar no horário certo às aulas. Com o silencio dominando toda a casa, elas perdiam a hora todos os dias. Hoje, por causa do besouro, elas assistiram à 1ª aula na integra pela 1ª vez no ano.
A gritaria no quarto do ultimo andar acordara a casa inteira, pois quando Evie, Vina, Milla e Nina chegaram à cozinha para tomar café todas as meninas já estavam reunidas, o falatório habitual tomando conta dos cômodos. Era menina escovando o cabelo, se maquiando, procurando os sapatos e tirando e colocando todos os pares que tinham até encontrar o ideal, que era aquele que usavam todo dia depois de passar pelo mesmo ritual. Evie decidiu pular o café da manhã quando Nina veio marchando irritada por ter ficado sem cereal e as quatro saíram para o castelo.
‘Bom dia meninas’ Chris levantou do banco da varanda da sua republica ao vê-las passando e saiu
‘Bom dia Chris’ Evie respondeu sorridente
‘Estava de plantão, não é? Só nos esperando!’ Milla brincou e Nina e Vina prenderam o riso. Evie pisou no pé das duas discretamente
‘Sim, estava esperando vocês passarem para irmos para a aula’ Chris fingiu que não viu as risadas e eles continuaram o caminho até o castelo
Os motivos das risadas já eram óbvios. Chris era o melhor amigo de Evie, um amigo para todas as horas, com quem vivia brigando e fazendo as pazes minutos depois. E isso fazia com que as meninas insistissem no fato de que ele não gostava dela apenas como uma amiga. Evie batia o pé com uma opinião contraria, mas elas eram insistentes. Mas mesmo que fosse verdade, não faria diferença, pois ela já tinha um namorado. Há três anos Evie namora Josh, que estuda na Escola Americana de Magia, e o amava muito para pensar em se envolver com outro menino. Mas ainda assim as brincadeiras das amigas a incomodavam. Incomodavam, pois ela sabia que mesmo não demonstrando, incomodava o amigo.
Os corredores do castelo já estavam movimentados com os alunos transitando de um lado para o outro procurando suas salas. Um garoto moreno de cabelos arrepiados veio andando a passos largos e parou ao lado delas, envolvendo os braços em volta da cintura de Evie. Ela fez o mesmo com ele.
‘Bom dia’ ele deu um beijo estalado em sua bochecha
‘Bom dia, Max’ ela retribuiu o beijo ‘Acordou de bom humor hoje??’
‘Claro! O vovô entrega as notas da prova hoje, e tenho certeza que me sai bem’
Evie sentiu o estomago revirar ao se recordar da prova de Aritmancia da semana passada. Seu avô Andrei era professor dessa matéria e único motivo pelo qual ela ainda continuava com as aulas. Max gostava, mas Evie odiava. Ela não gostava de nada ligado à adivinhação, não importava os métodos para se chegar às previsões. Não acreditava em nada dessas coisas de destino e que alguém era capaz de ver toda sua vida em simples cartas, números ou sonhos. Bobagem pura, superstição de pessoas vazias era como ela definia isso. Mas era seu avô quem dava as aulas e ela não tinha coragem de dizer isso a ele.
O sinal anunciando o início das aulas soou alto pelo castelo e eles apertaram o passo em direção à primeira aula do dia. Andrei Parvanov já estava sentado em sua cadeira, sua habitual caneca de café repousada ao lado do jornal que ele lia calmamente. Evie sentiu-se mal apenas em entrar na sala, já prevendo o final dela. Essa, alias, era a única previsão no qual ela acreditava.
‘Antes de saírem, não se esqueçam de pegar suas provas sob a mesa’ Andrei encerrou a aula uma hora depois e todos levantaram ‘Evangeline, por favor, fique’
Evie sentiu o estomago afundar ao ouvir seu avô pronunciar seu nome de maneira tão formal e seca. Andrei nunca demonstrava preferência aos netos em sala, mas sempre falava com a neta com certa ternura. Era a primeira vez que Evie não sentia isso em sua voz. Suas amigas saíram da sala dizendo que a esperariam no corredor e ela se encaminhou temerosa até a mesa do avô.
‘Isso é seu?’ Andrei estendeu um pergaminho para Evie e ela não demorou a perceber que era sua prova ‘Essa nota lamentável é sua, Evangeline?’
‘Sim, é minha’ Evie pegou a prova da mão do avô e abaixou a cabeça ‘É que eu...’
‘Não quero saber o que aconteceu para você me apresentar uma prova digna de reprovação, não estou interessado em desculpas’ ele foi ríspido e não a encarava. Era como se estivesse falando com qualquer outro aluno, não sua única neta ‘Estou muito desapontado com você, Evangeline. Esperava um pouco mais de dedicação de sua parte. As notas de Maxmillian são superiores às suas, e não admito que meus netos tenham notas tão distintas’
‘Desculpe vovô, prometo que isso não vai mais acontecer’
‘Quero um relatório sobre a prova na minha mesa depois de amanha, refaça-a’ ele a interrompeu com a ordem e saiu da sala sem se despedir
Naquele instante Evie pode sentir seus joelhos cederem e procurou apoio na mesa. A sensação de desapontar alguém era algo que ela não suportava e a incomodava mais do que tudo na vida. Sua vontade era de correr atrás do avô implorando para que ele a desculpasse e lhe desse outra chance, mas sabia que seria em vão. Ainda com a sensação de estomago revirado, Evie saiu da sala, tentando não pensar no tom de voz que o avô usara com ela. Aquilo não a deixaria dormir até que ele voltasse a tratá-la como sempre tratou, ela tinha certeza disso.