Friday, April 27, 2007

"Nada pode ser obtido sem uma espécie de sacrifício. É preciso oferecer algo em troca de valor equivalente. Esse é o princípio básico da Alquimia, a Lei da Troca Equivalente."

Fullmetal Alchemist


.... "A alquimia é uma ciência na qual se compreende a estrutura da matéria para que se possa então, quebrá-la e reconstruí-la. No entanto, por se tratar de uma ciência, a alquimia também é regida pelas leis da natureza: cria-se algo com determinada massa apenas a partir de outro objeto de massa semelhante, usando-se, para isto, um Círculo de Transmutação..."
- Eu não vou conseguir...- resmunguei após ler pela décima vez o paragrafo do livro de Alquimia..
Sentia-me exausta. Havíamos ido dormir tarde por causa das descobertas dos segredos de Geórgia, e nossa primeira aula do dia era o meu pesadelo: Alquimia
Não que a professora fosse ruim, pelo contrario:ela era a melhor em sua área. O problema era que em Poções eu conseguia acompanhar a matéria, mas em alquimia, eu acabava me perdendo nas fórmulas matemáticas que acompanhavam os circulos de transmutação. Após algum tempo ela pediu que saíssemos da sala e voltassemos em alguns minutos. Voltamos na hora combinada e vimos que a classe havia sido ampliada magicamente, e nos olhávamos curiosos. Dentro da sala, não se ouvia sequer o sussurro do vento, tamanha a aura de poder que emanava daquela mulher.
Ela olhou cada um de nós atentamente e disse:
- Agora que já estudamos a parte teórica , creio que todos já têm noção básica de que um Circulo de Transmutação é uma coisa importante no estudo de alquimia e não um desenho bonitinho como os tatuadores trouxas costumam acreditar. No exercicio de hoje, quero que os alunos novos os observem, e se estiverem confortáveis com a situação e quiserem tentar a transmutação, sintam-se á vontade. – disse olhando para os trigemeos transferidos de Hogwarts.- e continuou:
- Vou sorteá-los em duplas.Quero que cada um pegue um monte de areia e o transfigure em qualquer outra coisa. As maiores notas serão dadas ao alto grau de complexidade da transformação.
Para minha infelicidade cai com Luka. Ele se aproximou com um ar presunçoso no rosto:
- Será que vou ter que salvar sua nota hoje? Você é péssima, em Alquimia.
- Não faço questão de fazer dupla com você, fale com a Kollontai. – respondi azeda.
- Eu quero ficar com você. Soube que invadiram a sala que era do antigo diretor?
- Jura? Coitado. Roubaram alguma coisa?- tentei ser cínica.
- Não roubaram nada...Importante. Sei quem foi e o porque.- disse baixo me encarando, e ele estava bem perto.
Sustentei seu olhar e respondi:
- Você devia contar ao vice-diretor, já que está tão seguro.
- Não vou fazer isso, porque não sou dedo-duro. Acho que as pessoas que pediram tal “serviço” devem tomar cuidado. Se forem pegas, podem ser expulsas.
- E com toda razão. Onde já se viu entar no escritorio do vice-diretor.Deve ser uma pessoa muito louca não? Ou quem sabe era alguma aposta... Você e seus amigos esnobes fazem muito disso não? Lembro-me da vez que vocês correram de sunga pelo castelo para mergulhar no lago em pleno inverno. Por pouco não morreram de hipotermia.Esta escola está uma bagunça sem diretor fixo. - ele deu risada, ficando quieto.
Desenhei meu circulo e peguei o monte de areia. Achei que conseguiria tansmuta-lo em um peso de papel mas o máximo que consegui foi um brilho fraquinho. Claro que para alguns alunos como Reno e Annia, isso era mais básico do que respirar e logo exibiam esculturas de formas humanas, após um brilho intenso. Minhas amigas enfrentavam dificuldades. Eu não conseguia sequer me concentrar no meu monte de areia e ele continuava lá.
Imóvel.
Feio
Seco.
Olhei para o lado e Luka já tinha um peso de papel meio disforme mas pelo menos havia virado alguma coisa, ele olhou para mim com um ar arrogante, não me contive e disse:
- Metido.
- Você precisa se concentrar Milla, ou vai ter que dividir nota comigo.
Concentrei-me e nada aconteceu, a professora se aproximava e Luka resolveu tomar conta da situação:
- Ouça: você tem uma pedra, entenda sua composição, decomponha-a e a transmute.
Prestei atenção em sua explicação e tentei novamente. Minhas mãos apenas esquentaram um pouco. Ele se aproximou, ficando por trás de mim e pondo suas mãos em cima das minhas. Sua boca estava próxima da minha orelha enquanto ele falava:
- Você não vai mudar a massa do objeto. Só reorganizar as moléculas.
Nossas mãos ficaram quentes e assumiram um brilho intenso, prateado. E aquela pedra virou um peso de papel, com melhor acabamento do que o dele.O meu problema era que sentia meu corpo todo quente. Minhas amigas me olharam com sobrancelhas levantadas. Annia tinha um ar de deboche no rosto e cochichou algo com Reno, que apenas assentiu com a cabeça.
- Muito bem, senhor Ivanov. Juntar forças com sua colega fez sua energia duplicar melhorando o acabamento de seu trabalho. Terão uma boa nota pela iniciativa. – ele saiu de perto de mim e comecei a voltar ao normal.
Logo os outros colegas uniam as mãos e as mudanças começavam a ocorrer.Ao final ela pediu que lêssemos o capitulo sobre objetos que podem fazer a amplificação de poderes do alquimista.

o-o-o-o

- Não vai sair hoje com o Iago?- perguntou Nina ao final do dia na república.
- Hoje ele tem treino, amanhã eles jogam. Berkana versus Ansuz.
- Ah, é mesmo. Amanhã é dia do mundo parar por causa do quadribol. Não vejo a menor graça nisso.- disse Evie.
- Eu gosto dos jogadores de quadribol, alguns são meio burrinhos, mas bem bonitinhos. – comentou Lizzie e concordamos com ela dando risadas enquanto elegíamos os jogadores mais bonitos da escola e Luka acabou sendo citado.
- Milla, que clima era aquele entre você e o Luka?- perguntou Evie.
- Clima nenhum Evie, ele foi meu parceiro numa transmutação, só isso. Você sabe que sou péssima nesta matéria. – respondi.
- Vocês estavam tão bonitinhos juntos. – comentou Vina e deu uma risadinha irritante com Evie.
- Não existe este "juntos" Vina. Eu tenho namorado. ¬¬
- Ah mas você tiveram uma reação alquímica muito boa, Milla quer você goste ou não. Isso é incomum.- comentou Annia.
- Aquilo foi trabalho do Luka, não fiz nada. O máximo que consigo é transmutar uma pedra em areia, usando uma marreta. – respondi.
- Annia tem razão. Vocês reagem bem alquimicamente. A escultura ficou mais completa com a energia de vocês dois, se fizerem a prova juntos vão se dar bem. – comentou Nina.
- Hummm...Reagem bem alquimicamente. Cuidado pode haver uma explosão, de proporções avassaladoras. – comentou Evie maliciosamente.
- Ha-há-há.- resolvi mudar de assunto:
- O Luka disse que sabe quem invadiu o escritorio do diretor e que quem encomendou o serviço precisa tomar cuidado, pois pode ser expulso. Eu disse a ele para ir contar ao professor Klasnic, já que ele tinha tanta certeza.
- Você disse o quê? – Nina quase gritou e rimos ante seu desespero.
- Se eu dissesse que não era pra fazer isso, ele teria a confirmação de que estamos envolvidas nisso. E sinceramente, não creio ele vá nos entregar, ele tem seus defeitos, e ser fofoqueiro não é um deles.- tranquilizei-a antes que tivessemos que acionar uma bombinha para asma. Vimos quando Nina puxou sua agenda de campanha e sem que ela percebesse começamos a nos movimentar devagar.
- Espero que esta eleição termine logo e nossa candidata vença. Não sei se vou ter saúde para um segundo turno.Aliás falando nisso.. Podemos enfeitiçar alguns bottons com a foto da Evie, e distribuir amanhã antes do jogo o que vocês acham?... Pessoal? Hei cadê vocês?
A sala estava vazia.
Havíamos conseguido escapar para ter uma boa noite de sono, antes de nos preocuparmos novamente com eleições, invasões e leis de alquimia.

Tuesday, April 24, 2007

‘Filhos de famosa bailarina espanhola curtem a noite búlgara!’ Evie ouviu uma voz irritantemente conhecida se aproximando e parou o que estava fazendo para ouvir ‘Evangeline e Maxmillian Parvanov, 15, filhos da famosa bailarina espanhola Eva Hernandez, passaram a madrugada de sábado no pub Irlandês Shenanigan’s, bebendo e dançando com alguns amigos. Foram vistos deixando o local com uma mulher morena por volta das 4hs...’ Georgia parou de ler e encarou Evie com ar de deboche ‘Preciso continuar ou posso parar aqui? O resto não é muito agradável’

‘Onde arrumou isso?’ Evie arrancou o jornal da mão de Georgia e transformou em cinzas com a varinha

‘Tenho cópias, Parvanov. Acha mesmo que sou burra ao ponto de lhe entregar a única?’ Georgia riu e Evie teve que controlar o impulso de voar no pescoço dela ‘Não sabia que sua mãe era espanhola’

‘O que você quer?’

‘Desista dessa eleição, ou espalho cópias desse jornal pela escola’ ela foi direta, mas Evie já esperava por isso ‘Aposto que seu avô não lê o noticiário trouxa’

‘Está me chantageando?’

‘Entenda como quiser, Parvanov. Tenha um bom dia de aula!’

Georgia sorriu cínica e virou de costas, indo embora. Evie ainda continuou sentada no banco na mesma posição que estava, tentando organizar as idéias. Ela levantou um tempo depois, recolheu os livros e correu para a direção do castelo. Ela não ia desistir das eleições, mas precisava reverter o quadro.

~*~*~*~*~

‘Ela tem o que???’

Evie estava sentada no refeitório e acabara de contar as amigas a abordagem de Georgia. Nina, como Evie já esperava, começava a ficar com falta de ar imaginando sua campanha indo pelo ralo. Vina já tirava alguns frascos da mochila e procurava algo que a ajudasse, mas Milla, por outro lado, estava pensativa. Evie olhava para ela intrigada, mas torcendo para que ela estivesse bolando uma solução. Qualquer uma servia.

‘Ok, acho que tive uma idéia, mas não sei se vai funcionar...’ ela falou de repente, abandonando o ar vago e parecendo decidida

‘Que idéia? Qualquer coisa é bem vinda, Milla!’ Nina agarrou as mãos dela em pânico

‘Não, preciso saber se é viável antes... Não saiam daqui, volto rápido!’

Milla saltou da mesa e correu na direção de Iago, que estava sentado com alguns amigos do outro lado. Ela conversou com ele apenas alguns minutos, mas pareceu uma eternidade para as três na outra mesa. Quando ela voltou, estava sorridente.

‘Iago vai invadir a sala do diretor e roubar os arquivos da Georgia para nós’ Milla falou triunfante ‘Vamos ver se ela não tem mesmo nada a esconder...’

~*~*~*~*~

Como prometido, Iago invadiu a sala do diretor com a ajuda de um amigo e roubou todas as pastas com o nome de Georgia Yelchin, entregando a Milla no final do dia. A noite na republica Avalon foi movimentada. Milla, Evie, Vina e Annia viraram a noite lendo a ficha dela, relatório de notas, histórico escolar, familiar, tudo em que conseguiram pôr as mãos. Nina, no entanto, reprovava a atitude das amigas. Para ela, aquela não era a solução. Mas eram 5 contra 1, pois até Elizabeth se animou e se juntou a elas, e Nina foi obrigada a ver as amigas procurando por algo que pudessem usar com a adversária.

Não foi difícil encontrar. Georgia vinha de uma família muito rica e tradicional no mundo bruxo, mas nem sempre fora a menina loira, bonita e magra que estuda em Durmstrang. Revirando as pastas pessoais dela, Vina encontrou uma foto de Georgia aos 9 anos, em um acampamento para crianças mais gordinhas. Ela tinha os dentes tortos, usava óculos, cabelos muito volumosos e era bem gorda, completamente diferente da Georgia que elas conhecem.

‘Ah não, essa foto merece um pôster!’ Milla tomou a foto da mão de Vina e olhou atentamente, soltando uma gargalhada

‘Miss Piggy!’ Evie sentou ao lado da amiga para ver a foto e riu alto ‘Duvido que ela queira que os seus seguidores vejam com ela era antes de Durmstrang...’

‘Ela fez uma daquelas plásticas trouxas, não?’ Elizabeth pegou a foto para olhar melhor ‘Porque essa não é aquela menina que estuda aqui!’

‘Deixem-me ver essa foto’ Nina sentou perto delas e esticou a mão para Elizabeth, mas Evie tomou a foto antes que ela visse

‘Está curiosa, Nina?’ Vina falou rindo

‘Só quero ver a foto, podem me mostrar, por favor?’

‘Só se prometer nos ajudar e parar de dizer que estamos nos desviando da campanha’

Nina ameaçou levantar e voltar para a cama, afinal já passava das 2hs da manha, mas não conseguiu sair do chão. Sua curiosidade acabou falando mais alto.

‘Não posso prometer ajudar vocês a denegrir a imagem de alguém, mas prometo não reclamar mais’ Nina falou torcendo o nariz e Evie lhe entregou a foto ‘Merlin, que criança feia!’

As meninas riram e recolheram as coisas espalhadas pelo quarto antes de se atirarem nas camas. Para participar de uma guerra, é preciso ter armas. E agora, elas tinham nas mãos a mais poderosa de todas: a chantagem.

Monday, April 16, 2007

Um garoto de cabelos espetados e escuros estava sentado sozinho no banco dos jardins de uma mansão. Enquanto Dimitri alisava a grama com os pés, aproveitava para tentar colocar as idéias em ordem em sua cabeça. Ele agradecia a Merlin por não ter a obrigação dos irmãos em comparecer sempre a essas reuniões. Não que elas o incomodassem, mas quando se tratava das reuniões da família Stanislav, ele não se queixava por não fazer parte dela de fato.

Dimitri era o filho da segunda esposa, aquele que nem mesmo era filho legítimo do pai dos irmãos. Seu pai verdadeiro desapareceu quando soube da gravidez de sua mãe e ela o criou sozinha por 5 anos, quando conheceu Josef Parvanov e se casaram. Mas apesar de Josef e seus dois filhos gêmeos, na época com 9 anos, terem aceitado Dimitri como membro de verdade da família, ele não se sentia parte dela. E nem mesmo sendo sempre bem vindo à casa dos avôs maternos de Evie e Max faziam o quadro se reverter. Muito pelo contrario, o faziam se sentir cada vez mais excluído quando participava das reuniões familiares com os gêmeos.

Dessa vez não estava sendo diferente. O almoço de páscoa na casa dos Stanislav acontecia com todo seu clã reunido e Dimitri fora convidado pessoalmente por Andrei, não podendo recusar o convite. A família Stanislav era muito grande, na opinião dele. Andrei e Evangeline tiveram 7 filhos, 4 homens e 3 mulheres. E todos os filhos já estavam casados e com filhos, tendo um total de 15 netos para o casal. E cada um dos filhos e netos era diferente. E como em toda família grande, nem todos se davam bem fora da vista dos patriarcas.

O filho mais velho, Nikolai, teve dois filhos: Andrei, de 20 anos e Pilar, de 18. Andrei, por ter o nome do avô e ser o mais velho, não media esforços para agradá-lo, o que acaba por torná-lo irritante. Pilar, ao contrario do irmão, era legal e pouco se lixava para tradições familiares. Ambos se formaram na Academia de Aurores, para a felicidade do avô e desespero da avó. Andrei casara-se recentemente e sua esposa estava grávida.

Eva era a segunda filha, mãe de Evie e Max. Por ter sido a primeira menina, era a protegida de Andrei e isso nunca foi segredo. E agora que ela havia falecido, ele via nos filhos dela a oportunidade de estar sempre com ela, exagerando nas cobranças.

Ivo foi o 3º filho e dentre todos os 6, era o que Dimitri menos gostava. Sempre arrogante, acabou por passar a personalidade aos filhos gêmeos, Dario e Hanna. Eles tinham a mesma idade de Evie e Max e disputavam com eles a atenção dos avôs, mesmo que seus irmãos não se importassem com quem o avô preferia. E para a sorte e o bem estar de todos, os dois estudavam na Academia de Magia Beauxbatons.

A quarta filha do casal era Madalena e a primeira de todos a se mudar para a Espanha. Dimitri gostava dela, sempre era gentil com ele, e seus filhos também. Ela tinha três: Afonso, o mais velho de 14 anos; Marta, de 13; e Santiago, de 12. Santiago era o que mais se entendia com ele, por terem idades aproximadas. E ele era também o 3º neto favorito de Andrei. Os três estudavam na Escola de Magia Espanhola.

Heinrich era o quinto filho e segundo os relatos de sua mãe, o filho que mais lhe deu trabalho. E como se fosse uma espécie de castigo, seus filhos gêmeos lhe davam o mesmo trabalho que ele deu aos pais. Mario e Diego tinham 13 anos e eram endiabrados. E talvez os únicos netos que não tinham medo do avô, desobedecendo suas tão cobradas regras e enlouquecendo a todos quando a família se reunia. Heinrich também morava na Espanha e seus filhos estudavam na mesma turma de Marta.

A sexta filha do casal era Sofia. Ela não era a mais gentil de todas e tão pouco a mais educada, mas nunca fez qualquer tipo de desfeita a Dimitri, embora ele soubesse o quanto ela desejasse isso. Sofia era a protegida de Eva e nunca se conformou com a morte da irmã e o repentino casamento de Josef, que um ano depois estava casado com a mãe de Dimitri sem nunca sequer ter aparentado estar envolvido com alguém. Por sorte, Sofia morava na Espanha com as duas filhas, Helena, de 14 anos, e Letícia, de 11. Letícia também se dava bem com ele, mesmo contra a vontade de sua mãe. Já Helena não, ela preferia não criar laços com nenhum dos primos. Era a mais seca de todos os 15.

Por ultimo, o caçula da família, vinha Johann. Johann por ser o mais novo, era o mais brincalhão. Sua única arma de defesa contra os irmãos era o sarcasmo e isso fez com que ele se tornasse um homem engraçado. Dimitri o adorava, era o seu favorito disparado. Seu casamento foi conturbado, Johann só subiu ao altar porque seu pai o obrigou. Evie contou a Dimitri que ele queria desistir do casamento depois de sua despedida de solteiro, mas seu pai nunca aceitaria uma atitude dessas de um de seus filhos e o arrastou até a igreja. Ele também teve um casal de gêmeos, Luísa e Filipe, de 8 anos. Eles eram os protegidos da avó, por serem os netos mais novos e serem também alvo de brincadeiras que ela considerava maldosas de alguns de seus outros netos.

O garoto observava todos sentados à mesa, em seus devidos lugares, parecendo estar em total sintonia. E por um instante, desejou ter uma família como aquela. Não aquela família, mas uma similar. Eles não eram exemplo de harmonia e cumplicidade, mas era uma família unida. Dimitri sabia que as diferenças seriam deixadas de lado sem questionamentos se um precisasse da ajuda do outro. Naquele instante, ele odiou seu verdadeiro pai por tê-lo privado de fazer parte de uma família assim, abandonando ele e sua mãe há 11 anos atrás. E isso talvez, ele nunca superasse. Dimitri sempre se sentiria sozinho...

Sunday, April 15, 2007

Nina trancou o livro de feitiços no malão, muito satisfeita por ter conseguido juntar todo o material de Durmstrang e deixar tudo organizado em menos de 2 horas. Sem magia! Os últimos dias de férias haviam sido ótimos. Seus irmãos passavam o tempo todo fazendo objetos adquirirem formas estranhas e emitirem sons bizarros só para arrancar um sorriso da garota e, mesmo que ela não demonstrasse, estava radiante por ter a companhia dos dois novamente. Além disso, Liz e Michael estavam tentando aprender costumes da Bulgária e Nina se divertiu ao ver os dois com roupa típicas e ensaiando uma dança folclórica falsa improvisada por Nicolau.

- Beth, você está fazendo o passo com o pé esquerdo. Use o direito! E quero ouvir um “Hey” na hora do refrão, ok? – dizia Ivan, provocando gargalhadas de todos, inclusive da própria Liz.

- O que eu não faço para ser aceita aqui, hein? Ainda bem que isso não vai chegar aos ouvidos dos meus amigos de Londres... não dá para ficar pior!

- Engano seu, Lizzie, dá para ficar bem pior! O Ivan acabou de chegar com as perucas de veela para você e o Michael – disse Nicolau, apontando para o irmão que saia do porão com uma caixa cheia de fios louros.

Michael e Elizabeth estavam encarando as brincadeiras incrivelmente bem e se divertiam com a história toda. O único que parecia querer estar em qualquer lugar do mundo, menos ali, era Chris. Além de ter se recusado a almoçar os pratos típicos e ter pedido peixe com fritas, passou o dia inteiro usando uma camisa com a foto de um ônibus vermelho de dois andares, que provocou comentários de Ivan (“O tribruxo de vocês só tem dois andares? Depois falam do desenvolvimento do Reino Unido...”) e um resmungo ríspido do menino.

- Chris, olha que sorte! Achamos uma peruca para você também, não vá se sentir excluído – disse Nico, arremessando a peruca de veela para Chris, que limitou-se a levantar do sofá e ir para o quarto de hóspedes.

- Anti-social ele, não? – brincou Ivan, pegando a peruca e ensaiando o que parecia ser uma dança havaiana.

- Ah, vocês...ele não gosta desse tipo de brincadeira e ainda não se adaptou à Bulgária! – Nina havia acabado de voltar da cozinha com 3 potes de feijõezinhos de todos os sabores – Uhnn...alguém sabe por que nós não temos essas coisas aqui? São realmente bons!

- Se eu fosse você tomava cuidado com os verdes, Ninys. Não é nada agradável. – disse Ivan, enchendo a mão de feijõezinhos e tentando adivinhar os sabores.

- De qualquer forma, eu vou conversar com o Chris e ver se ele precisa de alguma coisa, seus insensíveis. E vocês dois deviam deixar essa dança estranha de lado e arrumar seus malões para Durmstrang! As férias acabam amanhã!

- Você fareja a diversão, né, irmãzinha? Deixe os dois se divertirem e vai lá conversar com o garoto mala. – disse Ivan, fazendo gestos para a irmã deixar a sala.

- Ah, a Ninys está certa...eu vou me aprontar para Hogs...Durmstrang! Nin, você me ajuda a arrumar o malão? – perguntou Michael, puxando delicadamente a mão da menina.

- Er...claro, mas não tem mistério, sabe? Basta ter mãos...e meu nome é Nina. Separa seus livros que eu vou conversar com o Chris e já vou te ajudar. – Nina se desvencilhou da mão do garoto e bateu na porta do quarto de Chris. Os gêmeos e Lizzie ainda cantavam músicas inventadas e Michael parecia muito empenhado em impressionar Nina e arrumar seu próprio malão.

- Sim? – respondeu Chris, abrindo uma fresta da porta – Ah, Olenova. Posso te ajudar em alguma coisa?

- Olá! – sorriu Nina, tentando parecer simpática como quem lida com uma criança – Você pode me chamar de Nina e, na verdade, eu queria saber se eu poderia te ajudar...

- Por que eu estaria precisando da sua ajuda...Olenova? – perguntou Chris, tirando o sorriso doentio do rosto da menina.

- Er...Parker...você não parece estar se adaptando muito bem ao país e eu imaginei...

- Você imagina demais. Estou muito bem, obrigado pela sua atenção. – respondeu, finalizando a conversa com rispidez.

- Ahhh... – Nina segurou a porta antes que ela fechasse na sua cara. Mais uma vez, a mania de querer ajudar os pobres e oprimidos e consertar todos (mesmo que eles não tivesse a intenção de ser “consertados”) entrava em ação – Você tem certeza de que não quer nada...para se sentir mais à vontade! Biscoitos, suco, cerveja amanteigada?

- Você quer dinheiro emprestado ou algo assim? Que coisa... Não, obrigado, se eu quiser algo, tenho duas mãos. Viu? E elas estão dizendo “adeus” para você, olha só! – disse, acenando as mãos e conseguindo trancar a porta, deixando uma Nina completamente atônita do lado de fora. A garota passou pela sala e correu em direção ao quarto para arrumar o malão com Michael (Liz, Ivan e Nicolau agora cantavam uma versão estranha do hino da Bulgária e celebravam todas as frases com brindes de cerveja amanteigada). Os irmãos Parker não podiam ser mais diferentes.

Saturday, April 14, 2007

O teste vocacional com o professor Nicolai, foi no mínimo, rápido! Mal entrei na sala, e ele elogiando minhas notas perguntou que carreira eu queria seguir quando me formasse. Respondi que queria ser medibruxo com tanta empolgação, que o professor me encarou uns instantes antes de dar uma risadinha. Era a primeira vez que o via sorrir.

NL: Vejo que a senhorita já tem uma cabeça bastante formada nesse assunto, hein?

Respondi um pouco tímida que desde criança quero ser medibruxo, e graças a Merlin, ele não pediu para que eu o explicasse por que. Depois, passou as matérias que eu deveria continuar fazendo, o que eu achei completamente desnecessário, uma vez que não pensava em desistir de nenhuma delas, e me dispensou. Antes de eu sair da sala, me chamou pelo nome e eu parei quase em choque.

NL: Seu irmão esteve aqui mais cedo... Mas pelo que vi, a senhorita não iria mudar de idéia de qualquer maneira. Parabéns. Gostei de ver a sua confiança. Boa noite!

A última revelação do dia foi bombástica. Não acreditei que o Vlade pudesse ser tão estúpido a ponto de ir procurar o professor Nicolai e pedi-lo para me convencer de ser auror. Voltei para a República bufando...

°°°

Já contei o quanto amo a Irlanda? Não que eu não goste da Bulgária! Oxalá! Gosto sim, e muito. Mas a Irlanda é ainda melhor! Os irlandeses são extremamente simpáticos e acolhedores aos estrangeiros! E sempre muito bem-humorados!

Sempre quando volto para Dublin, me lembro da minha infância... Tudo bem que eu levava uma vida tipicamente trouxa, mas adorava os festivais públicos. Aquela mistura de cores e músicas nacionais tomando as ruas!

E o dia de São Patrick, que por coincidência também é meu aniversário, não só é feriado nacional, como é comemorado com muita festa, alegria e verde!!! As pessoas saindo com as peças verdes do vestuário, todos de verde nas ruas. É engraçado.

Quando eu e Ricard, que gentilmente aceitou meu convite para passar o feriado conosco, descemos na estação de Dublin, minha família já nos esperava. Pai, mãe, Marcela e Vlade. Ainda não tinha tido oportunidade de falar alguma coisa com ele, mas senti uma raiva crescente quando o vi sorrindo cínico para mim...

RD: Se acalme... Se começar a brigar em público com seu irmão, dou meia volta e entro nesse trem! – Ricard sussurrou no meu ouvido não tirando um sorrisinho do rosto enquanto nos aproximávamos.

Ter Ricard para feriados e férias não era mais novidade na nossa família. Como os pais dele haviam falecido quando ele era criança, e ele morava com os padrinhos, raramente passava alguma comemoração com eles. Acho que por isso nos identificamos tanto, logo no início. Eu fugindo das festas em família, ele fugindo das festas em família... Em algumas férias ele vinha passar conosco, em algumas férias eu ia passar com os padrinhos dele. Ou viajávamos com nossos amigos. Mas sempre passávamos juntos. Ah, sim, e depois que comecei a namorar Victor, às vezes íamos os dois para a casa do Victor, ou o Victor vinha no pacote.

Mas o Victor não tinha problemas com a família dele. O que eu achava extremamente mágico. Sério! Sou apaixonada em famílias reunidas. Chego até a ter uma ponta de inveja... Mas isso não vem ao caso. Victor iria viajar para a casa dos avôs maternos para passarem o feriado de Páscoa, e sabendo que minha família iria para Galway, Ricard aceitou de imediato vir.

Galway é sem sombra de dúvidas a cidade mais descontraída da Irlanda! Meus pais às vezes alugavam uma casa para saírem de Dublin por uns dias. Apesar de ser uma cidade grande, tem um estilo de vila, pacato, boêmio. O bom de Galway são os festivais e os pubs.

Na primeira noite do feriado, eu, Ricard, Marcela e Vlade fomos até o principal pub da cidade, que àquela hora do começo de noite, já estava lotado. Marcela logo encontrou alguns amigos trouxas que moravam lá, e foi se sentar com eles. Ricard adora me comparar com meus irmãos, coisa que ele fazia exclusivamente para me irritar!

Marcela é jovem de tudo. Espírito, aparência, atitude. Tem os olhos verdes e os cabelos loiros como eu, mas é mais corada, mais saltitante! Torna-se amiga das pessoas com uma facilidade sobrenatural. Completamente natural, ainda mais do que eu. Fala o que dá na telha e não está nem aí. Ricard tem um encantamento platônico pelo jeito de ela ser... Acho que se ele tivesse ventosas, sugaria um pouco disso para ele.

Vlade, ao contrário, é fechado com grande parte das pessoas. Ele parece viver em um universo paralelo. Não é de demonstrar sentimentos, e nem gosta de jogar conversas fora. Quieto, calado, observador e muito esforçado. Ricard diz que eu sou uma mistura de meus irmãos, mas Vlade consegue me prender mais... O que devo concordar!

Sentamos os três em uma mesa e pedimos cervejas. Lá é natural. Cerveja pra lá, cerveja pra cá... O silêncio absoluto. Uma das dançarinas de músicas típicas puxou Ricard pela mão e saiu o arrastando até a pista, o ensinando os passos. Não agüentei e comecei a rir da cara de espanto e medo que Ricard fez antes de relaxar os músculos para tentar acompanhar a moça. Vlade pigarreou. O encarei.

SV: Você não me contou como foi seu teste vocacional...
LD: Preciso? – comecei com o tom de voz já alterado. – Imagino que você já tenha ido atrás do Nicolai saber...
SV: Vínia eu...
LD: Não precisa se explicar Steven, é sério! Não começa seu discurso outra vez. Foi bom, e o professor Nicolai me incentivou muito a seguir o que eu quero. Estou tranqüila.
SV: Você nunca me chamou de Steven... – disse parecendo assustado e chateado ao mesmo tempo.
LD: E você nunca deixou de se intrometer na minha vida! Daqui pra frente vai ser assim, então. Tratamento informal até você perceber que o que eu quero não é o que você quer para mim.

Ele apenas abaixou os olhos e tomou o restante da cerveja. A dançarina veio arrastando Ricard de volta à mesa e agarrou minha mão, me fazendo segurar a dele.

- É a hora de ele mostrar que aprendeu os passos corretamente.

Rindo, sai arrastada por Ricard e pela dançarina para o meio da multidão, deixando um Vlade contrariado na mesa.

Oh brother I can’t, I can’t get through
I’ve been trying hard to reach you cause I don’t know what to do
Oh brother I can’t believe it’s true
I’m so scared about the future and I wanna talk to you
Oh I wanna talk to you

You could take a picture of something you see
In the future where will I be?
You could climb a ladder up to the sun
Or write a song nobody had sung or do
Something that’s never been done...

Música: Talk - Coldplay

Friday, April 13, 2007

Ela estava com os braços abertos e a cabeça jogada para trás, girando conforme a musica. O teto decorado rodava depressa à medida que ela ia intensificando seus movimentos. Luzes piscavam em sincronia e impossibilitavam uma visão clara das pessoas ao seu redor. O copo que segurava em uma das mãos, e o cigarro na outra, não pareciam atrapalhar. Tudo que ela queria naquele momento era que aquela sensação de liberdade, sensação de leveza, durasse para sempre...

Evie abriu os olhos e a claridade do quarto a fez fechá-los novamente. Ela ficou deitada na mesma posição, sem abrir os olhos, tentando se lembrar dos fatos. Sua cabeça estava a ponto de explodir e cada músculo de seu corpo doía. Ela não sabia onde estava, e nem como havia chegado lá, quando fragmentos da noite anterior vieram à sua memória. Um pub Irlandês cheio. Alguma coisa chamada música punk-rock. Uma bebida forte, colorida e esfumaçada. Cigarros. Flashes. Mais bebidas coloridas. Claro, como não poderia se recordar: ela havia saído para uma de suas famosas noitadas com seu irmão.

Um ronco alto a despertou do transe e ela se forçou a abrir os olhos. Sem movimentar a cabeça, olhou ao redor e constatou que estava em seu quarto, no apartamento de Sofia. Ela olhou para a cama ao pé da sua e encontrou seu irmão dormindo embolado em um lençol, a roupa que ele usara no jantar ainda em seu corpo.

Evie sentou com dificuldade, seu corpo ainda doía, e empurrou Max com o pé. O garoto abriu os e a encarou como se não a reconhecesse por um momento, então afundou o rosto no travesseiro, deixando escapar um resmungo.

‘O que está fazendo no meu quarto?’ ela perguntou com a voz rouca que denunciava a ressaca

‘Acho que a pergunta certa é: como viemos parar aqui?’ Max tirou o rosto do travesseiro e deitou com a barriga para cima, cobrindo os olhos com as mãos

‘Espero que não tenha sido o papai que nos trouxe para casa’ sua voz vacilou quando falou

‘Se fosse isso, estaríamos com a marca da mão dele, pode ter certeza’

‘Ah que bom que vocês acordaram!’

Evie e Max olharam assustados quando a porta do quarto abriu, mas suas expressões relaxaram ao verem o rosto de Evelyn aparecer. Ela era sua madrasta, esposa de Josef, seu pai. Mas apesar do posto, Evelyn era ótima com os enteados. De fato, era ela que os livrava na maioria das vezes dos castigos impostos por seu marido. A mulher fechou a porta com cuidado e se aproximou deles, que ainda a observavam calados.

‘Saiam da cama logo, tomem um banho para espantar essas caras de ressaca e sentem-se na mesa para tomar café com o seu pai em 15 minutos. Ele não sabe que vocês saíram ontem e não precisa saber’

‘Foi você que...’ Evie ia perguntar, mas o sorriso de Evelyn lhe respondeu antes que chegasse a completar a sentença

‘Vamos, andem, levantem dessas camas!’

----------

O café da manha na casa dos Parvanov funcionava quase como um ritual. Josef sentava-se à ponta da mesa e lia seus jornais em silencio, enquanto seu café esfriava; Evelyn sentava na outra ponta e não comia nada além de frutas e suco; Dimitri, o caçula, sentava à direita da mãe e tomava seu leite calado; Evie e Max sentavam à direita do pai e, especialmente hoje, bebiam apenas café com algumas torradas. O elfo da família, Nikko, ficava ao lado da mesa pronto para servir seus mestres, fazendo esforço para não respirar alto demais.

Josef havia terminado o Profeta Diário e folheava as páginas do jornal trouxa de maior circulação da Bulgária quando algo reteve sua atenção. Todos na mesa pararam de comer para observar sua reação. Josef sacudiu o jornal para ler com mais clareza e seu corpo ficava mais rígido conforme seus olhos desciam à página. Ninguém falava nada e observaram quando Josef afastou sua cadeira e levantou, parando atrás da cadeira dos dois filhos. Ainda com o jornal aberto na página que lia, ele o pôs diante dos olhos de ambos. O silencio que caia sobre a cozinha era tão intenso que todos puderam ouvir quando Evie engoliu a torrada de uma vez só. Uma foto ocupando quase 1/3 da página mostrava Max com uma garrafa de uísque na mão dançando com sua irmã, que fumava enquanto segurava uma taça vazia.

‘Qual dos dois vai explicar essa foto?’ Sua voz saiu tão baixa que era quase um sussurro ‘Saiam da mesa, agora’

Josef agarrou os filhos pela roupa e os arrastou para fora da cozinha, derrubando Nikko ao passar. Evelyn se pôs de pé no mesmo instante e correu atrás do marido, mas quando chegou à sala ele batia a porta do quarto dos meninos. Não havia mais nada que ela pudesse fazer. Dimitri saiu da cozinha assustado com Nikko em seus calcanhares e encarou a mãe a procura de uma explicação.

‘Nikko, limpe a bagunça na cozinha, por favor’

‘Ele vai...’ mas Evelyn cortou o filho antes que ele terminasse

‘Vá para o seu quarto, Dimitri. Não saia de lá até segunda ordem’

‘Vamos mestre, obedeça à mestra, é para o seu bem’ Nikko apertava as vestes aflito, vendo que Dimitri não se movia

‘Dimitri, lhe dei uma ordem! Para o quarto, agora!’

O garoto ainda se manteve no mesmo lugar alguns segundos antes de sentir uma pequena mão o puxar pelo braço e percebeu que o elfo ainda estava ao seu lado. Ele abaixou a cabeça e seguiu até seu quarto e ao bater a porta, ouviu o barulho de algo se quebrando no quarto ao lado. Tudo que ele desejou naquele momento foi voltar para Durmstrang o quanto antes.

Thursday, April 12, 2007

- Acorda, irmãzinha! – disse uma voz familiar, invadindo o quarto e escancarando as janelas para deixar um miserável raio de sol entrar. Não se podia esperar muito mais das manhãs na Bulgária, mas foi o suficiente para fazer com que Nina abrisse os olhos, absolutamente contrariada.
- Seja lá qual dos dois idiotas você for, tem cinco minutos para fechar as cortinas e desaparecer do meu quarto – resmungou, enquanto cobria o rosto com o lençol.
- Você é um raiozinho de luz de manhã, irmã querida. E de tarde. E de noite. – disse o rapaz, puxando as cobertas – Não reconhece mais minha voz?
- Para falar a verdade, eu nunca reconheci. Identificava os dois pela camisa com a letra do nome... – respondeu Nina, mal conseguindo conter um sorriso ao ver o rosto do irmão. – Os dois estão aí ou eu estou vendo tudo dobrado por causa do sono?
- Só eu, Ninys. – levantou e abraçou a irmã – O Nicolau, caso você ainda não tenha notado. Ivan está lá embaixo com mamãe, papai e uns convidados para a Páscoa.
- Convidados? Ninguém me avisa mais nada nessa casa?! Eu nem sabia que vocês viriam!! E Ninys é uma garota idiota de 6 anos. É Olenova, para você!
- Sim, também estou muito contente em te ver depois de 3 anos, docinho. À propósito, por que você colocou esses papeizinhos coloridos nas suas paredes ao invés do pôster que eu te mandei?
- Esses “papeizinhos” são instrumentos de organização, para o seu governo! E eu não gosto daquela banda. – respondeu uma Nina injuriada, tentando arrumar o quarto e ativando os lembretes com a varinha.

Nicolau suspirou, constatando o óbvio: Nina sabia ser insuportável quando queria e parecia querer punir os irmãos por cada segundo de existência desperdiçado fora do trabalho.

- Já te contei que fui em uma entrevista de emprego? – disse, esperançoso.
- Jura?! – os olhos da menina pareciam brilhar, enquanto ela encarava o irmão com absoluta incredulidade. – Onde??
- Em um serviço de entrega de pizzas! “Entrega em 10 minutos ou seu dinheiro de volta”. Moleza, com a minha vassoura eu chego lá em 5!
- Ah... – resmungou Nina, desapontada. – Que...legal. Eu não quero te criticar, Nico, mas...você poderia chegar longe se tivesse estudado...sabe?
- Não, não sei, Nina. Também não sei o que você quer de mim. Eu realmente tento te deixar orgulhosa, mas tudo parece insuficiente.
- Não é isso!! Eu...eu estou orgulhosa. Eu me orgulho de você, só acho que desperdiça seu potencial! – respondeu a menina, assumindo, mais uma vez, a posição de irmã mais velha.
- Garanto para você que não trocaria de vida, se pudesse. Deixei seus chocolates atrás da mesa...achei que você gostaria de procurar como fazíamos quando éramos crianças. Mas você não é criança. Feliz Páscoa. – disse Nicolau, saindo do quarto e colocando um ponto final na conversa.

Nina sentiu uma vontade incontrolável de chorar quando viu o chocolate em forma de coruja que seu irmão tinha deixado. Sabia que ele não ganhava muito, mas sempre fazia questão de presentear a irmã nos aniversários e no Natal. Os irmãos já não moravam mais com a família desde que decidiram viajar pelo mundo sem lenço, documento ou um nuque. Não trabalhavam e viviam mudando de albergue para albergue. Nina procurou espantar o desejo de abraçar o irmão e pedir desculpas por sua estupidez, mas se convenceu de que eles mereciam o tratamento frio por não terem correspondido às expectativas dos pais...e as dela.

- Feliz Páscoa, gente. – disse a menina, sonolenta, enquanto descia as escadas para dar de cara com uma sala cheia de pessoas.
- Ninys!!! – Ivan correu para abraçar a irmã, entregando uma caixa de sapos de chocolate. – Você não mudou nada, irmãzinha! E, pelo boletim que está pregado na geladeira, suas notas também não mudaram!!

Nina corou levemente quando percebeu que seus troféus, medalhas e boletins estavam espalhados pela casa inteira, mas logo percebeu que seus irmãos não eram as únicas visitas.

- Lizzie!! Eu pensei que vocês só viriam de Londres na semana que vem! – gritou a menina, correndo para abraçar a amiga inglesa, acompanhada dos 2 irmãos e dos pais.
- Sim, era o planejado, mas papai não agüentava mais ficar na Inglaterra e decidiu que passaríamos a Páscoa aqui. À propósito, Feliz Páscoa!
- Feliz Páscoa para você também! Hey, Michael! – e correu em direção ao menino que tinha acabado de levantar do sofá para recebê-la com um abraço.
- Feliz Páscoa, Nina! É ótimo te ver, quero saber várias coisas sobre Durmstrang. – disse o garoto, entregando uma caixa gigante de sapos de chocolate.
- Obrigada! Pode deixar que eu faço um tour com você pelo vilarejo e a escola, Mike...e também é ótimo te ver! Onde está o Chris?
- Ele foi na cozinha e já volta, mas está revoltado com a mudança. Veio relatando “100 razões para não morar na Bulgária” durante toda a viagem...é verdade que as veelas atacam estrangeiros nas ruas?
- Não...e eu tenho certeza de que ele vai gostar de morar aqui...ah, oi, Chris! – Nina sorriu quando o garoto entrou na sala e meramente acenou para ela. – Er...bem vindo à Bulgária...eu acho...
- É, ok. São seus os papéis que estão apitando na geladeira? – perguntou, com um ar displicente.
- Opa, são sim!! Quer ir lá ver o sistema de lembretes que eu descobri, Mike?
- Claro! Qual o tipo de feitiço que você usa? – perguntou Michael, enquanto ele e Lizzie iam para a cozinha junto com Nina. Chris simplesmente balançava a cabeça, sem se mover do sofá, confirmando as expectativas de que a Bulgária seria um lugar incrivelmente monótono.

Wednesday, April 11, 2007

‘Entrem depressa, deixe-me pegar os casacos. Sua avó está na sala e seu avô já está descendo, se apressem!’

A governanta dos Stanislav abriu a porta apressada e recolheu os grossos casacos dos netos de seu patrão, empurrando-os sem cerimônia para a sala de estar. Andrei Stanislav não tolerava atrasos de seus convidados para o jantar, e em especial de seus netos, de quem ele cobrava disciplina. E disciplina era algo que Evie e Max aprenderam a ter ainda crianças nas férias com seus avôs maternos.

Evangeline Stanislav já estava na sala de estar preparando os drinks quando seus netos entraram ofegantes. Ao contrario de seu marido, que cobraria explicações para uma entrada deselegante como aquela, Evangeline abriu um sorriso e foi receber os netos com um abraço. Era inegável que eles preferiam a avó ao avô.

‘Sentem-se meus amores, seu avô ainda não desceu, não precisam se assustar’ ela voltou ao carrinho de bebidas rindo ‘Querem tomar alguma coisa?’

‘Uma taça de vinho seria ótimo, vovó!’ Max arriscou sorrindo e sua avó sorriu também

‘Conhecem as regras, uma taça apenas’ e lhes entregou as taças

‘Ah, vejo que chegaram na hora hoje’

Max e Evie saltaram do sofá no mesmo instante ao ouvirem a voz grave do avô atrás deles e Max derrubou vinho no tapete. O garoto encarou o avô receoso, mas antes que ele pudesse falar qualquer coisa, sua avó entreviu.

‘Acho que isso é um sinal de que está na hora de se livrar desse velho tapete, Andrei’ ela puxou a varinha do bolso pacientemente e com apenas um aceno a mancha desapareceu ‘Estou sempre derramando algo nele’

Andrei sorriu para a esposa e sentou em sua poltrona habitual, agradecendo o copo de uísque de fogo que ela lhe entregou. Seus netos sentaram outra vez e Max tremia de leve. Se tinha algo que os apavorava ao extremo era fazer algo de errado na presença do avô. Evangeline se retirou do aposento para checar o jantar com os empregados e o silencio dominou o cômodo. Max e Evie não se atreveram a falar antes do avô.

‘Como foram de viagem?’ Andrei finalmente perguntou depois de beber seu uísque

‘Foi tudo tranqüilo, vovô’ vendo que o irmão não ia responder, Evie se pronunciou ‘O trem fez poucas paradas para deixar os alunos, não demorou tanto’

‘Sempre disse a Karkaroff que era errado fazer tantas paradas, isso facilita os ataques. Uma única parada na estação de Sofia é o suficiente, mas aquele homem fugiu e nenhuma providencia foi tomada. Estou dizendo, qualquer dia os alunos sofreram um ataque em uma dessas paradas!’

‘Concordo com o senhor!’ Evie colocou a taça na mesa de centro olhando para o avô ‘E fora que é demorado demais, os alunos ficam cansados e perdemos um dia inteiro para chegar em casa. Se tivéssemos apenas uma parada na estação principal, não seria tão desgastante’

‘Puxa-saco’ Max sussurrou de maneira que só a irmã ouvisse. Evie mostrou a língua para ele

‘Evangeline, queira ter modos, por favor’ Andrei chamou sua atenção

‘Desculpe vovô’ o sorriso no rosto de Evie evaporou e Max reprimiu o a vontade de rir

‘O jantar está servido, Sr. Stanislav. A Sra. Stanislav aguarda na mesa’

Os três levantaram do sofá quando a governanta saiu e se encaminharam para a sala de jantar. Evangeline já os esperava de pé e sentou depois que todos se acomodaram.

Os jantares na casa dos Stanislav eram sempre muito formais. Os netos tinham seus lugares certos à mesa e não poderiam sentar-se em outra cadeira, os empregados serviam os pratos desde a entrada até a sobremesa e ninguém tinha a autorização de se retirar da mesa antes que todos tivessem terminado a refeição, salvo em casos de emergência, com a autorização de Andrei. Deixar a mesa para receber cartas ou atender a porta era inaceitável, uma falta de respeito na opinião dele.

Mas embora formais, os jantares na mansão dos Stanislav não eram silenciosos. Evangeline e os netos conversavam durante toda a refeição, prolongando o tempo dela. Andrei falava pouco, não concordava com o falatório que se transformavam seus jantares de sexta à noite, mas não recriminava a esposa. Ele se limitava a participar da conversa quando o assunto era de seu interesse, como os estudos dos netos e seus planos para depois da formatura. Isso era tudo com que Andrei se preocupava, o futuro de seus netos. Inconformado por não ter conseguido que sua filha Eva seguisse seus passos, e tendo a perdido há 6 anos, Andrei enxergava em seus netos uma segunda chance de alcançar seu objetivo. Ele jamais admitiria, mas aqueles, dentre seus 15 netos, eram os seus prediletos.

Evie odiava aqueles jantares. Desde que sua mãe faleceu, seu avô se tornou um homem amargo e extremamente rígido, mais do que sempre foi. E com seu avô cada vez mais intolerante, o que antes era uma prazerosa refeição em família tornou-se uma obrigação a ser mantida em nome de sua mãe. Evie sabia que podia parar de ir aos jantares, sabia que não tinha de fato a obrigação de comparecer todas as sextas-feiras de suas férias à casa de seus avôs, mas ela não tinha coragem de desistir. Sabia o quanto sua avó ficaria triste por não ter mais a presença dos netos nos jantares e ela não suportaria vê-la assim. E por isso, não deixava seu irmão desistir também. Se ela ia passar pela tortura das sextas-feiras, não seria sozinha.

‘Nossa Mira, sua sobremesa estava divina!’ A governanta sorriu agradecida com o elogio de Evie e se retirou da sala de estar deixando a bandeja com o chá

‘Vocês têm certeza que não querem passar a noite aqui?’ Evangeline perguntou mais uma vez, olhando para os netos

‘Não podemos, vovó’ Max pôs a xícara de chá sobre a mesa e sorriu para ela ‘Papai nos quer de volta ainda hoje’

‘Se é isso que os impede, posso falar com ele agora mesmo’ Andrei ia levantar do sofá e Evie levantou depressa

‘Não vovô, não precisa se incomodar. Ele programou alguma atividade para hoje em família, Dimitri tem andado triste e ele quer animá-lo. Mas nós prometemos passar uma noite aqui antes de voltarmos à Durmstrang’

‘Tudo bem então, se é por Dimitri, podem ir’ a avó levantou do sofá e se despediu dos netos, os acompanhando até a porta

‘Se nos apressarmos, ainda pegamos os Blowfishs tocando no Shenanigan's’ Evie puxou o braço do irmão para conferir as horas em seu relógio assim que sua avó fechou a porta ‘Vamos?’

‘Táxi!’ Um carro parou ao sinal e os dois se acomodaram no banco traseiro, vendo a mansão dos Stanislav desaparecer ao dobraram a esquina. Agora que a noite de sexta-feira ia começar.

Tuesday, April 10, 2007

- Não há ninguém para receber um domador de dragões chamuscado e precisando de carinho nesta casa? – Yuri falou alto enquanto eu me atirava em seus braços. Logo ele me soltou e foi para os lados de minha mãe, e a levantou do chão, arrancando gritinhos dela.
- Por que eu insisto em ficar longe destas duas belezas?- ele disse passando os braços por nossos ombros ao mesmo tempo, e dando beijos em nossas bochechas.
- Porque quando você volta, elas o cobrem de mimo?- respondeu a voz grossa de meu pai. Yuri soltou-nos e foi em direção a ele: e se encararam por alguns minutos, antes de se abraçarem.
Nosso feriado de Páscoa estava começando.

-o-o-o-o-o-o

- Milla, será que podemos caminhar um pouco? – perguntou Yuri. Acenei afirmativamente com a cabeça e o segui.
O dia aproximava-se do final, mas estava claro o bastante para um passeio. Saímos de casa e fomos até uma praça que ficava no final da rua, que sempre brincávamos quando crianças. Ao chegarmos lá, sentei-me no balanço duplo e ele sentou-se na minha frente. Ficamos nos olhando por alguns minutos e eu como sempre impaciente, tomei a palavra:
- Aconteceu alguma coisa?
- Porque você está saindo com Iago Karkaroff? – sempre direto.
- Talvez porque ele seja meu namorado. Só isso já é motivo suficiente. - disse cínica.
- É sério Milla, ele não faz o seu tipo.
- Desde quando você conhece o meu tipo? Acho que ficar sozinho com dragões está te deixando "esquisito". – provoquei.
- Não banque a engraçadinha comigo. Você nunca sequer falou sobre este garoto, como que do nada você começa a namorá-lo? E não falou nada desde que cheguei... Você sempre me conta tudo. - falou ressentido.
- O Luka te contou? - perguntei ríspida.
- Talvez...
- Sabia! Só ele mesmo para conseguir te envenenar contra o Iago, sem nem mesmo conhece-lo.
- Escute-me: Luka estava preocupado, e você há de convir que os Karkaroff foram sinônimo de problemas nos últimos anos...
- Mas o Iago não é igual ao pai dele Yuri. Ele é bom e gosta de mim de verdade. Eu sempre soube diferenciar o certo e o errado, não iria me desviar do caminho agora, você sabe disso.
- Eu sei, por isso queria ouvir de você sobre este garoto. Ele deve ser mesmo especial, porque você o defendeu com paixão. Acho que estou com ciúmes. - disse me apertando.
Demos risada e eu perguntei a ele:
- E você com a Irina? Vão se resolver quando?
- Não há nada a se resolver entre nós.
- Ela gosta de você, afinal o seguiu até a Irlanda. E vocês já tiveram algo no passado...
- Foi coisa de adolescentes. E hoje crescido, não sinto este tipo de amor por ela. Ela é uma amiga, e foi até lá porque achou que seria diversão. Mas encontrou trabalho duro, pois a Morgan não confia nela e quer ver se ela é capaz realmente.
- Não seria o Carlinhos que avaliaria isso?- perguntei com um brilho curioso nos olhos, pois estava gostando da animação de meu irmão em falar do trabalho, mas senti um sinal de alerta ao ouvi-lo falar sobre a esposa do amigo dele.
- O Carlinhos não vai contrariar a mulher dele! Não por causa de algum atrevimento da Irina. Nicolai e eu não vamos conseguir trabalhar direito se o Carlinhos for mandado para o nosso alojamento novamente se aquela ruiva brigar com ele. Ele ronca mais que um dragão centenário quando bebe demais, ou então fica resmungando e perguntando quem ela pensa que é. Mas basta um sorriso dela, para ele esquecer tudo. Nunca vi meu amigo mais apaixonado e fico muito feliz por eles. – a sensação de alerta passou.
- Mas você não me chamou aqui só ficar elogiando a Morgan ou falando do meu namorado, não é?- e ele riu.
- Você sabe que após a morte de Alvo Dumbledore, muitas coisas mudaram em nosso mundo, não sabe? Agora foram declarados dois lados: quem está com o Lorde das Trevas e quem está contra ele. Logo esta escolha chegará até aqui. Tenho receio por vocês.
- Você está com quem Yuri? Porque o nosso pai, já disse que vamos ficar do lado do bem, mesmo que isso custe o emprego dele no Ministério, eu e mamãe vamos apóiá-lo.
- Eu sei disso e concordo com nosso pai. Isso me fez tomar algumas precauções.
- Que precauções? – perguntei.
- Conheci algumas pessoas que eram ligadas a Dumbledore e podem ajudar vocês, se correrem algum perigo. E caso precisem de algum lugar seguro, quero que fujam para a Irlanda, Morgan e Carlinhos cuidarão de vocês. Mas isso só em caso extremo, acho que com os contatos que fiz hoje vocês ficarão seguros. - Olhei em seus olhos e ele tinha um olhar travesso:
- Yuri, o que você fez?
- Conversei com Karkaroff hoje e com...
- Por Odin, o que você disse a ele? Você o ofendeu? Eu nunca achei que você fosse preconceituoso Yuri. Você me decepcionou demais, não esperava isso...
- Hei dá pra ficar calma? Quando Luka me falou sobre seu namorado, eu quis conversar com o garoto, de homem para homem.
- Você não fez isso... Diz que não. Olha aqui: Se você ofendeu o Iago, eu juro que enfio o dedo no seu olho. - disse irritada. - e meu irmão riu.
- Apenas perguntei a ele, se devo temer pela sua segurança, se a guerra chegar até nós. E ele me deu a palavra dele que a protegeria.
- Mas ele só tem 16 anos, não pode fazer muita coisa... Pode? – perguntei incerta, começando a respirar mais calma.
- Apesar do péssimo pai que ele teve, Iago aprendeu política desde o berço e sabe como exercer o poder que o nome Karkaroff tem, sem precisar recorrer ás artes das Trevas. Eles ainda são muito respeitados por aqui. Tivemos uma conversa franca e devo admitir que ele me surpreendeu: gostei do que vi nos olhos dele. Para provar que não vou matá-lo se ele beijar você, avisei-o que você estaria aqui em torno desta hora. Acho que ele deve estar chegando, ah olhe lá... - e apontou para o final da praça.
Iago vinha chegando e trazia um embrulho nas mãos. Sorriu quando me viu.
- Eu vou pra casa, não tenho vocação para segurar vela. Não se preocupe, avisarei a mamãe que teremos um convidado para jantar. – disse Yuri e trocou um aperto de mão com Iago antes de ir em direção de nossa casa.
- Seu irmão me convidou e eu não sabia se você queria que eu viesse. Eu senti saudades. – Iago disse incerto.
- Também senti saudades. – e me aconcheguei em seu abraço para vermos o pôr do Sol.
Olhar uma enorme bola laranja sumir no horizonte, foi a única lembrança boa daquele dia.