Nina trancou o livro de feitiços no malão, muito satisfeita por ter conseguido juntar todo o material de Durmstrang e deixar tudo organizado em menos de 2 horas. Sem magia! Os últimos dias de férias haviam sido ótimos. Seus irmãos passavam o tempo todo fazendo objetos adquirirem formas estranhas e emitirem sons bizarros só para arrancar um sorriso da garota e, mesmo que ela não demonstrasse, estava radiante por ter a companhia dos dois novamente. Além disso, Liz e Michael estavam tentando aprender costumes da Bulgária e Nina se divertiu ao ver os dois com roupa típicas e ensaiando uma dança folclórica falsa improvisada por Nicolau.
- Beth, você está fazendo o passo com o pé esquerdo. Use o direito! E quero ouvir um “Hey” na hora do refrão, ok? – dizia Ivan, provocando gargalhadas de todos, inclusive da própria Liz.
- O que eu não faço para ser aceita aqui, hein? Ainda bem que isso não vai chegar aos ouvidos dos meus amigos de Londres... não dá para ficar pior!
- Engano seu, Lizzie, dá para ficar bem pior! O Ivan acabou de chegar com as perucas de veela para você e o Michael – disse Nicolau, apontando para o irmão que saia do porão com uma caixa cheia de fios louros.
Michael e Elizabeth estavam encarando as brincadeiras incrivelmente bem e se divertiam com a história toda. O único que parecia querer estar em qualquer lugar do mundo, menos ali, era Chris. Além de ter se recusado a almoçar os pratos típicos e ter pedido peixe com fritas, passou o dia inteiro usando uma camisa com a foto de um ônibus vermelho de dois andares, que provocou comentários de Ivan (“O tribruxo de vocês só tem dois andares? Depois falam do desenvolvimento do Reino Unido...”) e um resmungo ríspido do menino.
- Chris, olha que sorte! Achamos uma peruca para você também, não vá se sentir excluído – disse Nico, arremessando a peruca de veela para Chris, que limitou-se a levantar do sofá e ir para o quarto de hóspedes.
- Anti-social ele, não? – brincou Ivan, pegando a peruca e ensaiando o que parecia ser uma dança havaiana.
- Ah, vocês...ele não gosta desse tipo de brincadeira e ainda não se adaptou à Bulgária! – Nina havia acabado de voltar da cozinha com 3 potes de feijõezinhos de todos os sabores – Uhnn...alguém sabe por que nós não temos essas coisas aqui? São realmente bons!
- Se eu fosse você tomava cuidado com os verdes, Ninys. Não é nada agradável. – disse Ivan, enchendo a mão de feijõezinhos e tentando adivinhar os sabores.
- De qualquer forma, eu vou conversar com o Chris e ver se ele precisa de alguma coisa, seus insensíveis. E vocês dois deviam deixar essa dança estranha de lado e arrumar seus malões para Durmstrang! As férias acabam amanhã!
- Você fareja a diversão, né, irmãzinha? Deixe os dois se divertirem e vai lá conversar com o garoto mala. – disse Ivan, fazendo gestos para a irmã deixar a sala.
- Ah, a Ninys está certa...eu vou me aprontar para Hogs...Durmstrang! Nin, você me ajuda a arrumar o malão? – perguntou Michael, puxando delicadamente a mão da menina.
- Er...claro, mas não tem mistério, sabe? Basta ter mãos...e meu nome é Nina. Separa seus livros que eu vou conversar com o Chris e já vou te ajudar. – Nina se desvencilhou da mão do garoto e bateu na porta do quarto de Chris. Os gêmeos e Lizzie ainda cantavam músicas inventadas e Michael parecia muito empenhado em impressionar Nina e arrumar seu próprio malão.
- Sim? – respondeu Chris, abrindo uma fresta da porta – Ah, Olenova. Posso te ajudar em alguma coisa?
- Olá! – sorriu Nina, tentando parecer simpática como quem lida com uma criança – Você pode me chamar de Nina e, na verdade, eu queria saber se eu poderia te ajudar...
- Por que eu estaria precisando da sua ajuda...Olenova? – perguntou Chris, tirando o sorriso doentio do rosto da menina.
- Er...Parker...você não parece estar se adaptando muito bem ao país e eu imaginei...
- Você imagina demais. Estou muito bem, obrigado pela sua atenção. – respondeu, finalizando a conversa com rispidez.
- Ahhh... – Nina segurou a porta antes que ela fechasse na sua cara. Mais uma vez, a mania de querer ajudar os pobres e oprimidos e consertar todos (mesmo que eles não tivesse a intenção de ser “consertados”) entrava em ação – Você tem certeza de que não quer nada...para se sentir mais à vontade! Biscoitos, suco, cerveja amanteigada?
- Você quer dinheiro emprestado ou algo assim? Que coisa... Não, obrigado, se eu quiser algo, tenho duas mãos. Viu? E elas estão dizendo “adeus” para você, olha só! – disse, acenando as mãos e conseguindo trancar a porta, deixando uma Nina completamente atônita do lado de fora. A garota passou pela sala e correu em direção ao quarto para arrumar o malão com Michael (Liz, Ivan e Nicolau agora cantavam uma versão estranha do hino da Bulgária e celebravam todas as frases com brindes de cerveja amanteigada). Os irmãos Parker não podiam ser mais diferentes.