Saturday, February 26, 2011

Quando a professora Yelchin lança um desafio à turma, geralmente as semanas que antecedem a apresentação são excelentes. Sempre tenho um numero musical na manga e tudo que preciso é de poucas horas de ensaio para fazer uma apresentação precisa e que agrade a professora. Bem, não foi o que aconteceu dessa vez. Dando a turma o trabalho de se apresentar em duetos, ela sorteou as duplas sem margem para trocas e acabei presa a Derek. Não que ele fosse um cantor ruim, até era bastante afinado, mas era a pessoa mais insuportável do planeta. Não havia um único treino onde não discutíamos aos berros em cima do palco, numa guerra pra ver quem dava a última palavra.

- Não vá muito pra lá, está estragando a coreografia! – gritei irritada no palco do teatro.
- Não existe coreografia – Derek rosnou de volta – É um dueto musical, já disse que não vou fazer passinhos idiotas.
- E vai fazer o que? Ficar parado feito um poste em cima do palco com um microfone na mão? E ainda se diz artista... – debochei e ele veio pisando fundo na minha direção.
- Você tem sorte de ser bonitinha.

Ficamos nos encarando irritados por tempo suficiente para já estarmos prestes a espumar de ódio quando ele agarrou meu braço com violência e me puxou pra cima dele, me beijando. Empurrei-o de volta, mas ele já tinha prendido os dedos em volta dos meus pulsos com força e não consegui me afastar demais. Depois de um tempo parei de lutar. Todo ensaio era a mesma coisa.

ºººººº

Faltavam apenas três dias para a minha apresentação com Derek e, embora interrompêssemos os ensaios com freqüência, estávamos prontos. As duplas haviam sido divididas em dois grupos, para dois dias de apresentação, e estávamos no segundo grupo. Entre as muitas duplas do nosso dia, também estavam Leo e Mitchel, Jack e Penélope, Yanic e Flora, Robbie e Ozzy e Lukas e Valeria.

- Preparado pra apresentação? – perguntei a Lukas enquanto caminhávamos abraçados pelo corredor.
- Sim, Valeria é muito boa, vocês não tem a menor chance – ele provocou, me beijando em seguida – Ninguém resiste a Don’t Stop Believing.
- Escolher essa música é covardia.
- Lukas, posso falar com você um minuto? – Valeria se aproximou de nós animada – Oi Parv, tudo bom?
- Já volto, meu amor – ele piscou e se afastou com ela, que tinha uma partitura na mão.
- Ei, doçura.

Ouvi a voz de Derek atrás de mim e antes que pudesse me virar para olhar pra ele, já tinha sido puxada pra dentro de uma sala e estávamos nos beijando. Ele era rápido e forte, mas dessa vez consegui afastá-lo depressa. Minha primeira reação foi olhar para trás e me certificar de que Lukas não tinha visto nada, enquanto ele ria debochado. E olhar pra ele furiosa só o fez rir ainda mais.

- Seu louco, o que pensa que está fazendo? – acertei um soco em seu peito, mas ele continuava com o ar de deboche.
- O que foi? Não foi você que falou que gosta de se arriscar?
- Não tem a menor graça, e se ele nos visse?
- Bom, isso é um problema seu. Não sou eu que namoro o otário.
- Já chega, temos mais três dias antes da apresentação e depois que ela acabar, quero que mantenha distancia de mim, entendeu?
- Como quiser, não vai ser nenhum sacrifício não cruzar com você fora das salas – ele encostou-se à parede de braços cruzados e aquela cara de convencido – Mas e até lá?
- Até lá, não faça nenhuma gracinha – e puxei-o pela camisa, o beijando antes de sair.
- Está tudo bem? – Lukas apareceu na porta da sala na hora que eu ia sair. Senti meu coração parar por cinco segundos.
- Sim, estávamos acertando um último detalhe pra depois de amanhã – respondi firme, pra não deixar margem pra duvida.
- É, você precisa acertar o tom, ou vai passar vergonha – Derek falou desencostando da parede e saindo pelo meio de nós dois.
- Ele é muito convencido, como você está agüentando ensaiar todos os dias? – Lukas me abraçou outra vez e voltamos para o corredor.
- A gente está conseguindo se entender...

Continuamos nosso caminho até a o teatro para assistir as primeiras apresentações e não tocamos mais no assunto. Esse desafio da professora Yelchin já tinha rendido demais, estava na hora de acabar.

ºººººº

As apresentações do primeiro dia de duetos estavam muito boas. Claro que nenhuma estava à altura da minha apresentação com Derek, mas estavam mantendo um bom nível. Já pra abrir a noite, a professora chamou Lucian e Lenneth no palco. Eles escolheram “Lucky” pra cantar e ficou um climão no teatro, com todo mundo comentando o quanto eles ficavam bem juntos. Liseria e Patrick, os namorados da dupla, não gostaram muito. Eles subiram ao palco logo depois pra cantar “Need You Now”, talvez em resposta a apresentação anterior, o que só deixou tudo ainda mais embaraçoso.

Com essa abertura inusitada, as duplas que vinham depois não estavam empolgando muito, até que subiram ao palco Alec e Oleg. Todo mundo dizia que tinha sido marmelada eles caírem juntos porque eram irmãos, mas eles mostraram que formam mesmo a dupla cheia de sintonia. Escolheram “Dream On” pra cantar e chocaram a todos mostrando que tem uma voz potente. A professora ficou toda animada e eles desceram já com pinta de campões do 1º grupo.

Já estávamos caminhando para o final das apresentações quando Julie subiu ao palco com Nina. Enquanto a primeira parecia desconfortável, a outra estava animada até demais. Elas se posicionaram no palco e quando o pianista começou a tocar, reconheci a música na mesma hora. Elas iam cantar “Take Me or Leave Me”, de Rent.

Every single day
I walk down the street
I hear people say
"Baby's so sweet"
Ever since puberty
Everybody stares at me
Boys - girls
I can't help it baby


O teatro inteiro já estava se divertindo com a música e Julie acordou pra vida e se soltou. Agora eram as duas que estavam interpretando a música que cantavam e a performance estava muito boa. Bem convincente, na verdade.

So be kind
And don't lose your mind
Just remember that
I'm your baby

Take me for what I am
Who I was meant to be
And if you give a damn
Take me baby or leave me


Quando elas terminaram a apresentação, todo mundo estava aplaudindo empolgado. A professora então, estava em êxtase. Uma ótima sacada, escolher um musical para agradá-la, havia funcionado. Elas desceram do palco tão animadas que acho que não perceberem que estavam de mãos dadas. Cutuquei Leo na mesma hora, apontando.

- É, já tinha notado – ela comentou – Será que isso é pra valer?
- Não sei... – respondi pensativa, sem tirar os olhos das duas – Só tem um jeito de descobrir, não?
- O que você vai aprontar?
- Só vou me certificar que minha prima querida não está andando com quem não presta.
- Bom, seja lá o que for fazer, cuidado pra não acabar mal.
- E quando eu faço alguma coisa sem medir as conseqüências antes?
- Er... Sempre?

Começamos a rir nas poltronas e Robbie fez sinal para pararmos porque estávamos atrapalhando. Ficamos quietas e voltamos à atenção para as ultimas apresentações, mas foi difícil tirar os olhos das duas no fundo do teatro. Estavam abraçadas e sorridentes demais. É, já estava na hora de Julie aprender que não pode me provocar sem sofrer as conseqüências.

Música: Take Me or Leave Me – Rent.

Thursday, February 24, 2011

Anotações de Leonora ‘Aretha Franklin’ Ivashkov

- Não acredito que você nao vai fazer nada com relação a isso Ivashkov!O mínimo que eu esperava era te ver colocando pimenta no rímel daquela barbie de nariz mal retocado. - disse Robbie bufando ao ver Finn agarrado com uma garota.- e Parv completou:
- O que houve com a Leonora que conhecemos? Bateu a cabeça e assumiu outra personalidade? Porque o Finn, devia ao menos conversar com você sobre o que vocês têm....
- Finn e eu não temos nada de concreto, além de um pouco de pegação, numa época em que as pessoas ficam carentes e não são muito exigentes que é o Natal. Deixe-o com os seus brinquedos. – disse e algo em meu tom de voz, fez meus amigos trocarem olhares cúmplices e dar de ombros.


Depois que voltamos à escola, achei que Finn e eu, assumiríamos um namoro, ou algo do gênero, mas não foi assim. Finn, voltou ao seu antigo ‘modus operandi’, estava sempre com os garotos do time, e também rodeado de garotas que se enquadravam na categoria de ‘maria chuteiras’, de tão loucas por caras de uniforme esportivo elas eram, porém neste caso, elas eram ‘as rainhas do gelo’ como Ozzy e seus amigos as chamavam carinhosamente, e elas agiam como se fossem a própria realeza. Patético.
Ele e eu éramos amigos, porém eu não iria mais ficar com esperanças de que algo acontecesse entre nós. Depois do fim do ano, não sei quais fofocas chegaram até o castelo, mas eu não era mais tão ‘rejeitada’ pelos garotos como antes. Recebi alguns olhares e até mesmo alguns bilhetinhos no dia dos namorados, mas nada sério.
Depois do baile pelo dia dos namorados, ao estilo dos anos 50, ter sido muito elogiado, comecei a pesquisar algumas musicas da Brodway, que eu acreditava ser um sucesso e garantir a vitória no concurso organizado pela professora Yelchin. Pensei que Mitchel me procuraria para conversar sobre a nossa apresentação, mas vários dias haviam se passado e ele não tinha se mexido. Como havia percebido que ele estava me evitando, abordei-o na saída de nossa aula de Artes e disse incisiva:
- Hey Callaham! Somos uma dupla e até o momento você não me procurou para falarmos de nossa apresentação. Então já selecionei algumas musicas campeãs, que poderão ser nota máxima na aula da professora, perfeitas para nós. –Mitchel, que era jogador de quadribol era tão alto quanto Finn, porém era moreno, disse me encarando:
- Tenho treino, não tenho tempo para falar com você agora.
- Você não tem treino de quadribol hoje, já verifiquei, assim podemos conversar sobre a música que eu escolhi, e ela será um sucesso, já andei pesquisando os musicais que a professora Yelchin participou e sei como agrada-la....
- Você não se cansa?- olhei para ele curiosa:
- De quê?
- De citar a palavra ‘eu’ a cada frase que diz?. – senti meu rosto esquentar, abri a boca e ele me cortou:
- Como você frisou, somos uma dupla, e apesar disso, não nos conhecemos. Então você não tem que escolher uma música achando-a perfeita ‘para nós’ sendo que não conhece o meu estilo. – e não pude evitar de olha-lo de cima baixo e notei que ele usava camisa xadrez por baixo do blusão do time e botas muito usadas.
- Bem, seu estilo é fácil de decifrar:Cowboy de asfalto. - e ele suspirou balançando a cabeça e abriu a boca para falar, quando Finn se aproximou:
- Ele está te incomodando, Leo?- e ambos se fitaram irritados. Havia muita animosidade entre os times de quadribol e hóquei, e eles sempre se envolviam em brigas idiotas. Não demorou muito, o par de Finn se aproximou e o segurou pelo braço. Vi a mandíbula de Mitchel se retesar e respondi ao Finn:
- Sou grandinha, Finnegan,posso cuidar de mim mesma.- e a loira que estava com ele disse cínica:
- Ela realmente é grande, pelo menos dos lados, Marcus, deixa-a em paz. – sacudindo o cabelo platinado, e eu respondi:
- Siga o conselho do seu papagaio de pirata Finn, ela já está perdendo as penas, pode ter o pescoço torcido como o de uma galinha comum.- e vi um dos cantos da boca de Mitchel se erguer. A loira me olhou irritada e saiu pisando duro, com Finn, atrás dela, lançando olhares desconfiados para Mitchel que retribuiu. Ele se virou para mim e disse:
- Amanhã podemos ver as músicas que você escolheu...- ante meu olhar animado ele disse:
- Depois do meu jogo de quadribol, o qual você vai estar nas arquibancadas torcendo por mim.
- Um jogo de Quadribol? Eu? Nem pensar!
- Posso enrolar até o dia da apresentação, esqueceu que não pode mudar de par, haja o que houver? É pegar ou largar.
- Não entendo nada de quadribol...- comecei a protestar e ele sorriu:
- Não deve ser dificil aprender algo até nosso...Encontro de amanhã.- e foi embora, me deixando pasma.Eu havia entendido bem, ou ele havia falado encontro como sendo aquele tipo de: ‘encontro’?

Monday, February 21, 2011

Desde a aula de teatro onde a professora Yelchin havia desafiado os alunos a fazerem duetos por um premio, não tinha outro assunto entre seus alunos senão as apresentações. Todo tempo vago entre as aulas era preenchido com ensaios e era difícil encontrar uma sala desocupada. O teatro também era concorrido, mas Robbie conseguiu reservar uma hora para ensaiar com sua dupla, Ozzy. Desde o sorteio os dois ainda não haviam conversado para decidir o que iam cantar e nenhum dos dois estava satisfeito por terem que trabalhar juntos. Quando Ozzy chegou ao teatro na hora combinada, Robbie já estava lá, brincando com o piano.

- Ah, até que enfim – Robbie comentou vendo o garoto subir no palco – Não temos muito tempo.
- Fiquei preso no treino de Hóquei, mas já estou aqui, então vamos começar logo.
- Ei Ozzy, não sabia que tinha mudado de time! – um bando de garotos dos times de Hóquei passou na porta do teatro e provocou.
- Idiotas – Ozzy bufou e virou de costas – Então, vamos acabar logo com isso, tenho mais o que fazer. E já aviso que não vou cantar musica romântica com você.
- Não precisa se preocupar, ser gay não é contagioso. Você não vai sair daqui rebolando porque passou 15 minutos do meu lado.

Ozzy olhou para Robbie muito sério e bateu a mão na tampa do piano com raiva, fechando-a com um estrondo e o impedindo de continuar tocando. Robbie olhou para ele assustado, mas ficou de pé para encará-lo de igual para igual.

- Quero deixar uma coisa bem clara aqui – Ozzy começou a falar nervoso – Sei que eu tenho milhões de defeitos e da mesma forma que eu não gosto de você pelos seus, você também tem o direito de não gostar de mim pelos meus, mas uma coisa eu não admito e é que me acusem de ser preconceituoso. Não gosto de você porque te acho seboso e mimado, não porque você é gay. Seu namorado é meu melhor amigo, nós crescemos juntos. Eu sempre soube quem ele era e isso nunca me incomodou, então não venha me acusar de homofobia.
- Desculpe, não sabia o que você realmente pensava do Alec, mas entenda também o meu lado. Quase nenhum garoto dessa escola fala comigo por medo de que, se fizerem isso, vão ser taxados. Eles me tratam como se eu fosse uma doença contagiosa que precisa ser isolada e isso faz com que eu esteja sempre na defensiva. Alec não tem esse tipo de problema porque vocês o protegem, mas quem vai me socorrer se eles resolverem se juntar pra me dar uma surra? Parvati e Leo? Amo as duas, mas o que elas podem fazer por mim a não ser gritar por socorro?
- Certo, desculpe por estourar também. O problema é que não nos suportamos e estamos sendo forçados a trabalhar juntos, era inevitável começar errado.
- É, não nos suportamos, mas vamos ter que encontrar uma maneira de fazer isso dar certo. Pelo trabalho e pelo Alec.
- Tubo bem – Ozzy sentou no chão do palco – E o que você sugere, Robert?
- Não me chame de Robert, eu odeio.
- Desculpa, mas não me sinto a vontade chamado você de Robbie.
- Me chame de Raj então, Rajesh é meu segundo nome, mas não Robert.
- Ok, e o que você sugere, Raj? Não entendo nada de música, então o que você falar está bom.
- Que bom que pensa assim, por que acho que tenho a música ideal.

Robbie sentou ao seu lado no chão e lhe entregou uma partitura. Ozzy correu o olho pela folha e começou a rir quando terminou de ler. Ao menos para trabalhar juntos no dueto eles pareciam ter chegado a um entendimento.


ºººººº

O jantar já havia terminado e os alunos começavam a caminhar para suas republicas, mas Julie ainda estava longe de descansar para o dia seguinte. O dueto para a aula de teatro andava tirando seu sono e esgotando sua paciência. Sua dupla era Nina, uma garota da Avalon com quem estava sempre junto, mas as duas não andavam se entendendo desde que as aulas recomeçaram. Nina era muito bonita e popular, fazia parte da turma de elite do teatro e chamava a atenção por onde passava com seus cabelos loiros e olhos verdes, sempre gostando de ser o centro das atenções. Julie, por outro lado, era mais reservada e não gostava do exibicionismo da amiga, odiava chamar atenção de quem quer que fosse. Embora gostassem muito uma da outra, as personalidades diferentes começavam a entrar em conflito.

- Esquece, não vou cantar essa música – Julie bateu o pé – É muito exagerada, vamos escolher uma mais discreta.
- Não tem nada de errado com ela, o problema é com você! – Nina cruzou os braços e fechou a cara, irredutível – O que é? Está com medo do que vão comentar por causa de uma música?
- Você sabe que não ligo pro que os outros pensam.
- Eu achava isso mesmo, mas desde que voltamos das férias de natal já não tenho mais tanta certeza. Você voltou diferente. Voltou covarde.
- Não sou covarde, só não quero cantar essa música idiota! Será que é tão difícil assim entender que não sou como você, que gosta de chamar atenção?
- Sei que você é reservada, mas dizer que não gosta de chamar a atenção pra não dizer que prefere se esconder é diferente. Essa é outra diferença entre nós, eu sei quem eu sou e não tenho problema com isso.
- Eu sei quem eu sou e também não tenho problemas, mas ninguém tem nada com isso. Não gosto que se metam na minha vida!
- Ok Julie, diga o que quiser e tente se convencer de que está dizendo a verdade – Nina jogou a mochila nas costas e abriu a porta da sala – Quando decidir ser você mesma me avisa, e ai voltamos a falar do trabalho.

Nina saiu da sala e bateu a porta, deixando Julie sozinha. Ela ainda segurava a partitura com a letra da música e não conseguiu evitar que começasse a chorar. A porta abriu outra vez e ela se apressou em secar as lágrimas, mas não foi rápido o bastante. Alec viu seus olhos vermelhos assim que entrou na sala.

- Está tudo bem? – ele sentou ao seu lado na mesa – Vi Nina sair batendo a porta e isso nunca é bom sinal.
- Está sim, só estamos nos desentendendo quanto à música. Ela quer uma coisa que eu não quero.
- Essa? – ele apontou para o papel e pegou de sua mão, lendo – Por que não quer cantar ela? É perfeita.
- Não vou me sentir confortável cantando isso na frente da turma inteira. Isso combina com ela que é espalhafatosa, não comigo.
- Tem certeza que o problema é só esse? – Alec insistiu. Ele sabia que a amiga não estava sendo sincera, mas não podia fazer nada a menos que ela falasse a verdade.
- Eu gosto dela, de verdade, mas somos tão diferentes que não conseguimos mais não brigar. E isso me deixa mal, porque odeio brigar com as pessoas que gosto.
- Vocês são mesmo água e vinho, mas sempre se deram tão bem, o que aconteceu?
- Ela me acusa de não estar sendo verdadeira. Não sei o que ela quer que eu faça, mas não vou mudar por causa dela.
- Bom, o que quer que seja, acho uma pena que se afastem. Vocês se gostam, tentem se entender. E essa música é ótima, acho que vai se divertir cantando.
- Não sei se consigo.
- Ao menos tente. Você já leu direito essa letra? Musica mais perfeita pra vocês duas nesse momento não existe.
- É, tenho que concordar, mas vai ser difícil me soltar dessa forma.
- Faça como eu, ignore os olhares dos hipócritas de plantão. Ninguém tem nada a ver com a sua vida.
- Eu tento, mas é difícil.
- Vou ajudar você a superar isso, não se preocupe. E não vamos dizer a Ozzy e Oleg que você estava chorando. Você é o nosso Yoda, se eles descobrem que você também tem momentos de fragilidade onde não sabe como agir, vão sair por ai dando cabeçada nas paredes.
- Certo, isso fica entre a gente – ela agora riu.
- Já consegui fazer você sorrir, muito bom – ele beijou sua testa – Agora vamos, está tarde. Amanhã, de cabeça fria, você procura a Nina pra conversar.

Julie assentiu e levantou da mesa junto com o amigo, voltando para as repúblicas. Alec tinha razão, ela e Nina gostavam uma da outra e precisavam encontrar um jeito de se entender outra vez, e talvez terem sido sorteadas para fazer um dueto juntas fosse ajudar a resolver o problema.


Take time to realize
Oh oh, I'm on your side
Didn't I, didn't I tell you
Take time to realize
This all can pass you by
Didn't I tell you
But I can't spell it out for you
No, it's never gonna be that simple
No, I can't spell it out for you

If you just realize
What I just realized
That we'd be perfect for each other
And we'll never find another
Just realize
What I just realized
We'd never have to wonder
If we missed out on each other, but

Realize - Colbie Caillat

Thursday, February 17, 2011

Lembranças de Lucian P. Valesti

- Tinha que ser com ela?!
- Você só está assim justamente porque é com ela! Tenho certeza que se fosse com outra garota não estaria tão exagerada!
- Sim, você tem razão! As outras garotas eu posso ter dúvida se elas estariam afim de você ou não.
- Quer parar com isso? Quantas vezes eu já te falei que ela é minha amiga, minha melhor amiga! É como uma irmã pra mim!
- Não acho que é isso que ela pensa! – Liseria falou e eu bufei.
- Francamente, Liseria, você está inventando essas coisas. Você está com o namorado dela e mesmo assim nem eu nem a Lenneth estamos falando nada, estou?
- Você não tem motivos pra reclamar. – Ela falou, emburrada.
- E você tem? Sério, Lis, chega disso. Estamos perto do Dia dos Namorados, não vamos brigar.
- Sim e você vai passar a semana inteira ensaiando com ela e sei lá mais quantas semanas! – Ela falou novamente e eu bufei cansado. A segurei pelo braço e a beijei, apesar dela reclamar no início, depois ela se entregou ao beijo com vontade.
- Se depois disso você ainda tiver dúvidas, você é louca. – Eu falei e sai andando. Ela ficou um tempo parada mas depois veio atrás de mim e me segurou.
- Desculpa, não vou duvidar de você. Só que você sabe que tenho ciúmes!
- E você sabe que não faz sentido! E não tem como mudar, você ouviu a professora. Agora, por favor não vamos tornar as coisas mais difíceis do que são.
Ela se deu por vencida e eu suspirei aliviado. Às vezes namorar com a Lis era ruim por isso: ela morria de ciúmes da minha melhor amiga. E não havia motivos para isso, pois eu e a Lenneth éramos melhores amigos, ela era como uma irmã pra mim. O motivo dessa implicância toda era que a Val me conhece a mais tempo que a Lis e nos damos muito bem juntos.
Por isso fiquei feliz com o sorteio das duplas do dueto. Não que eu não quisesse fazer dupla com a Lis, mas fiquei feliz ao ser sorteado com a Lenneth. Eu e ela tínhamos uma afinidade enorme e sei que faríamos um excelente dueto. Por ironia do destino, acabou que Lis e Patrick, o namorado da Val, fariam o par juntos. No início até tentamos trocar, mas como a professora era irredutível, eu e Val aceitamos numa boa, mas Lis e Patrick nem tanto.
Me despedi de Lis na frente da biblioteca, pois ela queria fazer algumas pesquisas para o seu dueto, enquanto eu iria encontrar com Lenneth no vilarejo. Como eu estava trabalhando na livraria e teríamos algumas tarde livres para ensaiar, Ferania permitiu que eu e Lenneth nos encontrássemos na livraria e até ensaiássemos um pouco. Quando Lis entrou na biblioteca, Orion saiu e me saldou e fomos andando conversando até as portas do castelo.
- Francamente, o Dia dos Namorados deveria ser chamado de o Dia dos Idiotas. – Ele resmungou e eu revirei os olhos. Sabia o que ele pensava sobre os namoros, e apesar de descordar eu o deixava continuar falando.
- Ah qual foi, Orion? Namorar é maravilhoso.
- Ah claro, ficar todo meloso, com apelidos idiotas, abraçadinhos o tempo todo e gastando dinheiro com presentes e bombons. Eu passo.
- Não sei porque você pensa assim. Na verdade acho que sei sim: você precisa de uma namorada!
- Nem vem com essa. – Ele resmungou, me olhando torto. – Já basta eu ter que aturar as namoradas de amigos meus. A namorada do Toghia é um porre. – Ele falou. Toghia era um amigo dele de infância que estudava em Beuxbatons. Orion não gostava da namorada dele, pois se via obrigado a dividir o tempo do amigo com ela. Sei que isso soa estranho, mas o que eu posso fazer? Mas hoje, talvez por ser perto do dia dos namorados, me irritei mais fácil com isso.
- Você não deveria falar dela assim! Ela não faz seu amigo feliz? Devia gostar dela.
- Eu não entendo porque ele está com ela! Eu sou obrigado a dividir ele com ela o tempo todo quando estamos de férias. Ela tem problemas psicológicos isso sim. Todas são assim!!
- Chega Orion, está exagerando.
- Mas é a verdade. Todo mundo quando começa a namorar só pensa nos namorados e a namorada adora escravizar o garoto. Não vê a Liseria? Você deveria dar um pé na bunda dela, porque ela também vive no seu pé. – Ele falou isso como se fosse algo banal, mas me irritou profundamente. Eu o puxei com força e olhei em seus olhos.
- Olha aqui, eu não vou permitir que fale assim da minha namorada ouviu? Se você falar desse jeito novamente você vai ver como posso ficar irritado. Eu não permito que meu melhor amigo fale isso dela, acha que vou deixar você? – Eu enfatizei o menosprezo e virei-lhe as costas seguindo a passos largos até o vilarejo.
----------------
- Desculpa o atraso! – Eu falei, ofegante, quando cheguei correndo na livraria. Lenneth me esperava sentada num dos bancos do lado de fora, conversando com Ferania. Sorri para as duas e Ferania se levantou.
- Vou deixá-los trabalhar. Se quiserem privacidade, podem ir pro segundo andar da loja. – Ela sorriu e entrou.
- Vamos subir? – Lenneth perguntou e eu achei que era uma boa idéia, pois se decidíssemos cantar, não queria platéia antes da hora, por isso entramos na livraria e nos sentamos em alguns dos sofás do segundo andar.
- Então, já pensou em alguma música? – Eu perguntei, quando nos sentamos. Ela sorriu animada e tirou uma folha do bolso.
- Eu pensei em algumas, mas não tenho certeza. O problema é que a maioria que pensei era para cantar com o Patrick, teríamos que mudar. Não acho que a Liseria iria gostar se cantássemos “Are you the one”. – Eu ri e ela sorriu também.
- É o meu problema também, já tinha algumas idéias para cantar com a Lis. Como “Ever Dream”, “All I ask of you”. O Patrick está aceitando isso numa boa? – Eu perguntei e ela bufou, o que foi suficiente para eu entender.
- Ele não fica reclamando, mas sei que não gostou. Queríamos cantar juntos. – Ela falou, mas logo ela olhou pra mim antes de falar novamente. – Mas estou muito feliz de cantar com você!
Começamos a conversar sobre as músicas e pouco depois estávamos de pé, ensaiando alguns passos. Chegamos a conclusão que talvez fosse mais fácil começar com a coreografia, já que não conseguíamos decidir qual música usar. A música que queríamos tinha que ser especial, que representasse a nossa amizade, e seria difícil. Estávamos rindo e dançando alguns passos de valsa quando uma música começou a tocar. Ela era lenta e bonita e sem perceber fomos envolvidos pela música.
Dançamos lentamente, e eu rodopiei Lenneth, enquanto cantávamos juntos da música. Terminamos a música abraçados, os olhos bem próximos um do outro. Ficamos nos olhando assim, sem fôlego pela dança e pela música e não sei bem o que houve ali.
- Interrompo alguma coisa? – Ferania falou, com um sorriso no rosto, no topo da escada. Nos afastamos e começamos a rir.
- Não, claro que não. Algum problema? Precisa da minha ajuda? – Eu logo perguntei e Ferania disse que não.
- É só que já é quase 6 da noite, vocês tem que voltar pro castelo. – Ela falou e nós dois nos assustamos.
- Já?! Perdemos a noção da hora! – Lenneth falou. – Droga, tinha combinado de me encontrar com o Patrick às 5!
- E eu ia no gabinete do Professor Renomaru antes de encontrar com a Lis. – Nós falamos e reunimos nossas coisas, correndo escada abaixo.
- Vocês formaram um lindo dueto! Cantem essa música! – Ela gritou enquanto saíamos pela porta da loja. Acenamos para ela e corremos para o castelo. Parecíamos duas crianças, pois corríamos rindo e sem precisar falar nada, nós dois decidimos usar aquela música.
-----------------
- Desculpa a demora, professor. – Eu falei, ofegante ao entrar no gabinete dele. Tinha passado antes para encontrar com Lis e disse que tinha que correr. Ela não ficou muito feliz, mas disse que me esperava para jantarmos juntos.
- O que o fez se atrasar? Nunca aconteceu isso. E você sabe também que não gosto muito disso. – Ele falou, apontando para uma pequena pilha de folhas. Semanalmente, o professor escolhia um dos alunos do clube para ter aulas particulares com ele, de modo que todos pudessem desenvolver suas habilidade igualmente.
- Desculpa. Estava ensaiando para uma atividade da professora Yelchin. Será um dueto.
- Está bem. Quero que leia esses textos e use a alquimia para transmutar aquele relógio velho em um novo. Seu dueto é com a Liseria, sua namorada?
- Não, foi um sorteio. Eu e a Lenneth vamos cantar juntos. – Eu falei, já me concentrando nos papéis, que eram textos antigos sobre alquimia, mas percebi quando ele sorriu.
- Que ótimo, vocês trabalham bem juntos. – Ele disse, supervisionando o meu trabalho. Ele riscou uma runa que eu tinha escrito e trocou por um “ankh” e eu levantei a sobrancelha, pois não sabia que podia misturar as alquimias de origens diferentes, mas ele assentiu. – Me diga uma coisa, Lucian, ela está mesmo namorando?
- A Lenneth? Está sim, começou a namorar com o Patrick Boris nas Olimpíadas, fazem um bonito casal.
- É mesmo? Sabe de uma coisa? – Ele perguntou e eu sorri, acostumado ao modo como ele se aproximava dos seus alunos do clube. – É uma pena... Sempre achei que vocês dois terminariam juntos, formariam um lindo casal.
- Como é que é? – Eu perguntei, tossindo. – Nada disso, professor!
- É sim. Sempre apostei em vocês, é meu casal favorito, sempre torci por vocês.
- Ela é só minha amiga, Reno.
Eu falei, mas ele sorriu, dando de ombros. Ele não mais falou nada, mas o ouvi falando algo bem baixo que soou como “é o que você pensa”. Decidi ignorar isso, mas me peguei pensando em nós dois cantando e dançando aquela música. Balancei a cabeça rapidamente, voltando a me concentrar, Reno estava só me deixando confuso de propósito, tenho certeza.

Wednesday, February 09, 2011

Janeiro de 2015

- Srta. Karev, não saia ainda.

Parei onde estava enquanto o resto da turma de Alquimia saia da masmorra. Era a primeira semana de aula depois das férias de fim de ano e já estávamos deixando aquela aula com os braços cheios de livros para fazer a pilha de dever que o professor Kollontai havia passado. Já no primeiro dia o procurei para falar sobre a vaga no clube de Alquimia avançada, então imaginava que ele estava me segurando depois da aula para falar sobre isso. E acertei.

- Então a senhorita está interessada na vaga do meu clube – ele falou com a minha ficha na mão. Aquilo nunca era bom sinal.
- Sim, minhas notas em Alquimia são boas, acho que posso acompanhar o ritmo da turma.
- Concordo, seu histórico de notas é bom – notei que ele deu mais ênfase ao “notas”, mas ignorei – O problema, Srta. Karev, é que não vejo interesse pela Alquimia em você. Não sinto que dê a importância necessária, que está querendo essa vaga apenas pelos créditos.
- Já tenho todos os créditos que preciso como presidente do Grêmio e redatora do jornal da escola. Não preciso do clube de Alquimia para isso. Quero a vaga porque gosto da matéria e sei que posso dar conta.
- Gosto da sua atitude, mas ainda não estou certo disso – ele sentou e guardou minha ficha – Vamos fazer o seguinte. Vou observá-la durante um mês, e se achar que merece a vaga, a autorizo a se juntar ao meu clube.
- Justo – levantei e peguei meu material – Vai me ver no clube mês que vem, professor. Pode ter certeza.

------------

Um mês depois


- Silencio, por favor.

A professora Yelchin ergueu a mão calmamente e falou em seu tom de voz baixo, mas mesmo assim todos ouviram e obedeceram. Ela vinha a um mês falando sobre química na música e mostrando vídeos de duplas cantando, então estávamos todos curiosos para saber onde aquilo ia parar. Pela expressão em seu rosto, era naquela aula que descobriríamos.

- Alguém sabe o que é um Dueto?

Todos deviam saber, era uma pergunta óbvia, mas acho que ninguém quis arriscar falar alguma bobagem. Afinal, por que ela faria uma pergunta tão fácil como aquela?

- Dueto é quando duas vozes se juntam para se tornar uma. Ótimos duetos são como um ótimo casamento. Os cantores se completam, pressionam o outro a ser melhor. Então, para o nosso próximo trabalho, quero pares para cantar um dueto. E vai ser uma competição.
- O que o vencedor ganha? – um garoto no fundo do teatro perguntou.
- Jantar para dois, por minha conta, no Rainbow Room.
- Aquele restaurante de rico do vilarejo? – o mesmo garoto falou animado – Esse premio já é meu!
- Eu tenho que vencer isso! – o amigo dele falou meio em pânico – Vai ser meu presente de dia dos namorados pra Dani.

O auditório logo se agitou com a perspectiva de uma pequena competição. O premio podia ser qualquer coisa que já íamos adorar, poder jantar no Rainbow Room então, só deixava as coisas mais animadas. Precisava detonar naquela competição.

- Que bom que todos gostaram da idéia. As apresentações serão na semana seguinte ao Valentine’s Day e para ser justa com todos, as duplas serão sorteadas – a maioria protestou, mas ela ignorou – Dentro dessa urna existem diversos pares, seja um palitinho com a mesma cor, uma pedra com o mesmo desenho, qualquer coisa. Cada um vai tirar um e encontrar a pessoa que tirou a outra metade. Não adianta reclamar, não haverá troca.

Um por um os alunos foram ao palco tirar a sorte na urna e aos poucos iam encontrando seus pares. Alguns ficaram animados, outros nem tanto. Eu estava no grupo dos insatisfeitos. Quando puxei uma bolinha com o desenho de um hipogrifo, vi que Derek tinha uma idêntica na mão. Robbie também não parecia a mais feliz das criaturas, mas também não estava reclamando. Ele ia fazer par com Ozzy, que parecia muito mais infeliz que ele. Leo estava animadinha, tinha tirado uma fita laranja e ia fazer par com Mitchel Callahan, um garoto que era de um dos times de Quadribol da escola e muito bonito. Lucian e Lenneth tiraram um cartão com uma Runa desenhada e iam trabalhar juntos. E numa ironia do destino, Liseria ia fazer dueto com o namorado de Lenneth, Patrick.

- Preparem as músicas, vocês tem três semanas até apresentá-las. Vale qualquer música, desde que se encaixe em um bom dueto. Podem ir, estão dispensados.

Saímos do teatro já pensando em possíveis musicas para a apresentação, mas eu sabia que até chegarmos a um consenso, Derek e eu teríamos muitas brigas. Tentei ignorar isso durante o jantar e quando estava perto da hora da reunião do grêmio começar, sai apressada do salão e larguei Leo e Robbie para trás. Precisava estar sozinha na sala antes de todos chegarem.

- O que está fazendo? – Leo e Robbie entraram na sala do grêmio 10 minutos depois e pararam ao meu lado. Estava agachada do lado de uma das cadeiras.
- Tirando os parafusos da cadeira – respondi sem interromper o trabalho.
- Correndo o risco de me arrepender... – ouvi Robbie suspirar – Por quê?
- Essa é a cadeira do Lusth – tirei o último parafuso e guardei no bolso, ajeitando a cadeira para que ficasse como se estivesse com todos os parafusos no lugar – Pronto. Vamos ver se agora ele vai achar engraçado ter colocado talco no meu secador.
- Nem se incomode em dar bronca – Leo impediu Robbie de começar um sermão e foram para seus lugares.
– É seguro sentar? – ele perguntou apontando para sua cadeira e assenti.
- Ah, já chegaram, que ótimo! – a professora Mira entrou animada na sala e ocupou seu lugar – Espero que os outros não se atrasem, temos muito trabalho para hoje!

Aos poucos o resto dos alunos que formavam o conselho do grêmio foram chegando e assumindo seus lugares, e para o meu total deleite, Lusth foi o último a chegar. Já estavam todos acomodados esperando a reunião começar quando ele se sentou e a cadeira, sem seus parafusos, se abriu como um guarda-chuva e as peças voaram para todos os lados. Ele caiu de bunda no chão e ainda arrastou algumas pastas que estavam em cima da mesa quando tentou se segurar. A gargalhada na sala foi geral, mas não durou muito pela presença da professora, que fez todos se calarem depressa enquanto Finn e Lucian o ajudavam a se levantar. Jack me olhou balançando a cabeça em reprovação, mas tudo que consegui fazer foi abrir um sorriso satisfeito para ele.

- Muito bem, muito bem, vamos parar com a agitação. Oscar, pegue outra cadeira e sente-se logo para começarmos a reunião.
- Professora, posso? – levantei a mão pedindo a palavra e ela me concedeu – Bom, agora que Ozzy nos deu um pouco de divertimento como boas vindas depois das férias, vamos começar a trabalhar um pouco. Em duas semanas é Valentine’s Day e ainda não começamos os preparativos para a festa.
- Antes que continue, deixe-me dar um recado – a professora interrompeu – Embora a festa de Halloween tenha sido um sucesso, o diretor pediu que a festa de Valentine’s Day fosse dentro dos limites da escola. Em suas palavras, é uma data mais perigosa e ele quer ter o controle de onde todos estão.

Alguns protestos baixos foram ouvidos, mas todos acabaram concordando com a festa na escola mesmo, ou não teria festa nenhuma. Começamos a debater idéias de temas diferentes do que estávamos acostumados a fazer e cada um contribuía com o que podia, mas foi Robbie quem deu a idéia aprovada por unanimidade. Ele pediu a palavra e começou a falar sobre os Anos Dourados. Ninguém parecia estar entendendo no começo, mas então ele explicou que estava se referindo à década de 50 e propondo uma festa com aquela temática. Todo mundo logo se empolgou e bati o martelo. A festa se chamaria “Anos Dourados”.

Como sempre fazíamos, cada um ficou responsável por uma parte da festa e, pra variar, fiquei com a parte de decoração com Leo e Robbie. Eu não entendia muito da década de 50, mas Robbie parecia saber tudo sobre o assunto, então estávamos tranqüilas. As músicas ficaram por conta de Yanic, Lukas e Jack, que se prontificaram a ajudar com a montagem de palco e sonoplastia. Lucian e Ozzy ficaram encarregados da iluminação. Maria e Lukas iam cuidar das comidas e bebidas da festa e Valeria ia cuidar da parte do figurino, se certificar que ninguém apareça na festa sem estar vestido a caráter. Já a professora Mira ficou encarregada de cuidar da parte de fiscalização, colocando os professores de alerta no dia da festa. Saímos da sala animados, mais uma vez uma festa ia deixar sua marcar a escola, e com o grêmio sob o meu comando.