Saturday, December 24, 2011

16 de Dezembro de 2015

- Cara, ainda não consigo acreditar que logo você, o cara mais meloso e certinho que conheço, esqueceu o aniversário de namoro! – Ozzy falou surpreso, enquanto observávamos o lago congelado. Estava frio, mas queria conversar sozinho com ele e havíamos trazido uma garrafa de whisky de fogo com a gente.
- Eu não sei, Ozzy, coisas demais na minha cabeça. – Eu falei e ele levantou uma sobrancelha.
- Quer uma ajudinha? Divide comigo!
- Sem ler minha mente! – Eu falei preocupado e ele riu.
- Tudo bem! – Ele falou ainda rindo. – Você pode dividir comigo o que quiser.
- É, acho que preciso dividir... Cara eu não sei bem o que tem acontecido comigo. Estou confuso.
- O que tem acontecido?
- Várias coisas. Essa história do jornal clandestino, último ano de escola, sentimentos estranhos...
- Ainda está pensando naquela garota da festa de Halloween?
- Não. Na verdade ontem pensei um pouco, mas é porque a Lenneth me fez lembrar dela.
- A Lenneth? – Ele perguntou e eu contei como ela estava parecida na hora da canção. – Mas por que a Lenneth iria fazer isso?
- Ela disse que não foi ela... Mas não sei... Por um momento eu quis que fosse. – Eu admiti e ele arregalou os olhos.
- Como assim, Lucian?
- Ozzy... Eu estou gostando da Lenneth. – Ele quase engasgou com o whisky e começou a tossir.
- Desde quando?! E como assim gostar? Que nível de gostar?
- Gostar como mulher, como namorada... Já até sonhei com ela. – Eu falei, bebendo mais um gole. – Desde o início do ano, na verdade, desde as férias.
- Por que não me falou?
- Você já tinha muitas coisas na cabeça e com que se preocupar que não fosse com os sentimentos conflitantes de seu amigo. – Eu falei.
- Lucian, justamente por ser meu amigo que eu queria te ajudar. – Ele falou, mas vi que percebeu a que coisas eu me referia.
- E também porque eu senti vergonha... Me senti sujo, tive nojo de mim por estar gostando de outra garota enquanto estava namorando a Liseria. Tentei carregar isso sozinho.
- Alguém mais sabe?
- Agora, apenas você e o Orion.
- O Orion?! – Ele ficou surpreso e começou a rir.
- Um dia eu estava muito cabisbaixo e precisava dividir com alguém e ele ouviu. Sei como é estranho se abrir logo com ele, que odeia relacionamentos.
- Muito estranho... Ás vezes tenho minhas dúvidas quanto ao Orion, mas se ele te ouviu tudo bem.
- Eu sei... Mas foi importante me abrir com alguém. E agora estou me sentindo mais leve, tanto por ter falado com você quanto por ter pedido um tempo com a Lis. Preciso pensar... E ela não merece ter um namorado pela metade... Se eu já nem posso lembrar de nossos aniversários, tem algo de errado.
Ozzy concordou e continuamos conversando por quase uma hora. Eu estava me sentindo bem agora, mais leve por dividir com meu melhor amigo o que estava acontecendo... Mas ainda era difícil decidir o que fazer.

17 de Dezembro de 2015

Hoje era o dia da apresentação e todos estavam agitados e nervosos.
Eu e Lis não conversávamos desde o dia da briga e pelo que Julie, Leo, Parvati e a própria Lenneth me contavam, ela ainda estava muito irritada. E eu não a culpava. Me sentia mal por ter feito isso com ela e me culpava. Precisava dar um fim nisso. Ou eu voltava a namorar com Lis, só que 100% ou tinha que terminar...
Nós não estávamos ensaiando para a apresentação, já que nosso número era junto, mas eu continuava lendo e relendo a música, muitas vezes cantando sozinho...
A professora Georgia nos deu tempo para pensar e não insistia que ensaiássemos nem nada. Mas hoje de manhã eu sabia que tínhamos que decidir algo. Em respeito ao restante da escola e do público achava que devíamos tentar cantar, e depois resolvermos nossas diferenças.
Mas estava decidido a terminar o namoro...
Passei o dia 16 inteiro pensando nisso, ainda mais depois da conversa com o Ozzy. Liseria não merecia ser tratada dessa maneira. Escrevi muito no meu diário aquela noite, escrevendo como me sentia por ter tratado-a daquela forma e sobre o que sentia sobre Lenneth...
Procurei a Liseria ainda de manhã e foi Lenneth que atendeu a porta da Avalon. Ela sorriu solícita para mim, mas eu sorri meio receoso. Ela me disse que Liseria não estava e pedi que a avisasse que eu a estava procurando.
Voltei para a Kratos, mas no meio do caminho, encontrei com Reno.
Obviamente, o jornal clandestino lançou uma nota sobre nossa briga, acusando de que se eu não podia nem manter um namoro, como poderia ser um bom editor e dizer que os textos eram meus? Eu não tive forças nem para me irritar, mas participei regularmente da reunião com o Diretor e retiramos os exemplares de circulação.
Era sobre isso que Reno queria conversar.
- Lucian, posso falar com você? – Ele perguntou e indicou o caminho para o vilarejo. Eu assenti e o segui. Nós fomos para a livraria de Ferania e ela nos arranjou uma sala reservada.
- Alguma novidade, Reno?
- Sim, uma bem importante. Descobri quem é o atual Arthur, o líder da Kings & Shadows.
- E qual é? – Eu logo perguntei, sério.
- Laercus Fredereik Goulard. – Ele falou e eu me surpreendi.
- O pai do Orion?!
- Exatamente ele... – Ele falou e ficou calado uns instante, voltando a falar em seguida. – E eu acredito que o tal Antaris seja o que atende pelo nome de Mordred, filho de Arthur.
- Peraí, você acha que Orion é o Antaris?! – Eu falei chocado e Reno balançou a cabeça.
- Não tenho certeza. Nem sempre o filho de Arthur deve ser necessariamente filho biológico dele. Mas é certo que eles estão escondendo a verdadeira identidade de Mordred... Por isso gostaria de saber: você acha que Orion poderia ser o Antaris e Mordred?
- Eu acredito que não! – Eu falei rapidamente. – Orion pode ser estranho, mas não acho que ele faria isso.
- Tudo bem... Concordo com você. Em parte. Vou continuar pesquisando... – Ele falou, olhando um tempo para o nada. – E você e Liseria como estão?
- Na mesma. – Eu respondi depois de um tempo.
- Se gosta dela, corra atrás. Nunca deixe alguém que você ama ir embora. – Ele falou, levantando-se e apertando minha mão. – Boa apresentação hoje, irei assistir com certeza.
Eu agradeci e ele saiu. Eu fiquei mais um tempo sentado pensando em suas palavras. Ele me fez mais certeza ainda de que não devia fazer isso com a Liseria e que deveria terminar nosso namoro. Pois o que eu sentia pela Lenneth crescia cada vez mais...

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Quando entrei na Kratos, uns 10 minutos depois da conversa com Reno, ela estava completamente vazia e fui logo para o meu quarto. Queria descansar um pouco antes de procurar a Liseria novamente. E depois, provavelmente precisaria conversar com a Georgia também, acho que não teríamos como apresentar...
Então ouvi um barulho no meu quarto e abri a porta alarmado.
Era Liseria. Ela estava sentada na minha cama e reuni a coragem para falar. Mas então ela me ouviu entrando e levantou os olhos.
Ela chorava, seus olhos estavam vermelhos e misturavam dor, raiva e incredulidade. Então vi que ela segurava alguma coisa nas mãos e reconheci meu diário.
- O que você está fazendo? – Eu perguntei, tendo como primeira reação a raiva por invadirem minha privacidade.
- O que você está fazendo?! – Ela gritou, descontrolada. – O que você pensa que está fazendo, Lucian? Então é por isso que quis um tempo, para poder pensar mais em sua querida Lenneth?
- Liseria, quem te autorizou a ler meu diário? – Eu perguntei irritado e fui até ela. Ela segurou o diário, mas eu o tirei dela e ela se levantou com raiva. – Isso são coisas pessoas!
- Para o inferno com suas coisas pessoas! Então é verdade! Eu sempre soube! Sempre! Você sempre preferiu a Lenneth! Eu devia saber disso já!
- Liseria, deixe-me falar! – Eu falei, alteando a voz. – Eu... Eu sempre gostei de você, enquanto namorávamos sempre fui fiel.
- Ah, mas beijou uma garota no Halloween?! E não me falou!
- Você viu isso também? – Eu perguntei chocado e ela começou a chorar mais.
- Eu odeio você, Lucian! Eu te odeio. – Ela falou e passou por mim, me empurrando, mas eu a segurei.
- Deixe-me falar! Eu preciso falar agora... – Eu falei e ela ficou calada. – Eu não queria que descobrisse assim, não era para você descobrir assim! Eu pedi um tempo pois precisava pensar.
- É verdade então? – Ela perguntou, a voz fria agora.
- Sim. – Eu falei e ela virou-me as costas, chorando. Eu a segurei novamente. – Liseria espere, deixe-me terminar. Eu nunca traí você. O que senti por você, o que sinto, é verdadeiro e nunca foi uma mentira. Esses anos em que namoramos foram muito importantes e cresci muito. Mas não posso controlar o que sinto. Eu estou gostando da Lenneth, cada vez mais.
Liseria começou a chorar ainda mais. Ela começou a tremer e sentou-se na cama, tapando o rosto com as mãos. Eu sentei do seu lado e fiquei calado. Fomos namorados por tanto tempo, que nos conhecíamos muito bem e ainda gostava muito dela.
- Liseria, eu ainda gosto muito de você. Mas não posso mais ficar te tratando assim. Acho que devíamos terminar. – Ela chorou ainda mais e eu mesmo comecei a chorar, tendo dificuldades de falar. – Me desculpe... Mas eu nunca traí você... Nunca faria isso.
- Eu não quero mais nada entre nós, Lucian... Se é verdade que gosta dela, não há nada que possamos fazer. Ela gosta de você, sempre gostou e eu sempre soube disso. Não posso competir com ela. – Ela falou entre soluços. Eu tentei abraçá-la, para apoiá-la, mas ela se afastou, levantando-se rapidamente. – Me deixe em paz Lucian, não quero mais nada entre a gente.
Ela saiu correndo do quarto e eu não a segui. Fiquei chorando no quarto, com as mãos no rosto. Depois de um tempo peguei meu diário e vi as marcas de lágrimas dela, as páginas que ela leu. Eu tinha certeza que tinha lacrado o meu diário! Quem teria aberto-o e deixado ali para ela ler? Não tinha como saber... A república estava vazia e Liseria não queria mais falar comigo.
Acho que adormeci...
Foi Ozzy que me acordou e quando olhei pela janela, vi que já era de tarde. Ele parecia preocupado e me perguntou o que houve. Eu contei que tínhamos terminado e tudo que tinha acontecido e acabei chorando novamente. Ele ficou calado e tentou me acalmar, mas depois de um tempo disse que a Georgia estava lá embaixo e que Liseria estava sumida. Fui logo falar com ela, pois já imaginava o que tinha acontecido.
Georgia explicou que Liseria tinha pedido ao diretor para ir embora e que ele autorizara. Então expliquei para ela o que tinha acontecido entre nós e ela tentou me acalmar, dizendo que estava tudo bem. Eu disse que iria na apresentação, mesmo que tivesse que cantar sozinho, mas ela queria que eu ficasse na república. Mas eu não queria ficar parado pensando e os acompanhei.
- Onde está Liseria? – Robbie perguntou, nervoso quando chegamos.
- O que aconteceu, chefinho? – Leo perguntou quando viu meu semblante. Mas foi Georgia que respondeu.
- Liseria está bem, mas não está em condições de cantar. Teremos que cancelar a apresentação deles dois. – Ela falou e todos começaram a falar juntos, pois faltavam poucos minutos para a apresentação e a nossa era a primeira.
- Mas se mudarmos agora, o público pode ficar insatisfeito. – Finn comentou e alguns concordaram com ele.
- Eu posso cantar sozinho. – Eu falei, mas Robbie me cortou.
- Lenneth, por que não canta você? Você conhece a música e tem muita sintonia com o Lucian! – Ele terminou de falar e nós dois nos olhamos. Algo surgiu naquele olhar, não sei explicar o quê.
- Lenneth você gostaria de cantar? – Georgia perguntou e Lenneth assentiu. – Lucian, e você?
Eu fiquei um pouco calado, pensando. Voltei a olhar para Lenneth, antes de responder.
- Sim.
- Então, vamos correr com os preparativos! – Georgia falou, batendo palmas e colocando todos para se moverem.

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Eu já ouvia o barulho das pessoas entrando no teatro e já estava na posição para começar a cantar. Lenneth estava do outro lado do palco, pois entraríamos de lados opostos. Ela sorriu para mim, me encorajando.
Eu corri até ela e a abracei com força.
- Obrigado por existir. – Foi tudo que tive coragem de dizer e voltei correndo para meu lugar. Ela ficou me olhando sem entender, meio vermelha, de uma forma muito bonita. Mas logo ouvimos Georgia anunciando o espetáculo e nos concentramos em cantar.

We loved and laughed and played and joked
Sang Christmas songs and talked to folks
Sleighed the fields and skied the slopes then to the lodge for dinner
But now it's time for us to go as our hearts melt like chimney snow
There's just one thing I want to know can we do this next winter?
Oh, oh, what a Christmas to remember
You've made this a Christmas to remember
Springtime feelin's in the middle of December
Though the fire is hot we'll just have to let it simmer.

N.A.: A Christmas to Remember, Kenny Rogers.

Thursday, December 15, 2011

Lembranças de Lucian P. Valesti

15 de Dezembro de 2015


- Lucian, eu estou nervosa! – Lenneth falou sentada do meu lado, inquieta. – Essas garotas são excelentes!
- Se acalma, você vai se sair muito bem, tenho certeza! – Eu a encorajei e apertei sua mão. Do outro lado dela, Robbie apertou sua outra mão.
- Você vai ser a estrela, minha querida, não tenho dúvidas. Respire e se acalme! – Ele falou. – Você se lembra da letra da música, não lembra?
- Sim. Mas e se na hora der branco? E se eu errar? – Lenneth falou, ficando com a voz um pouco fina demais. Julie se debruçou sobre mim para falar mais perto de Lenneth.
- Você não vai errar. Você tem ensaiado para isso! – Ela falou e Lenneth sorriu. – Vai detonar esse monte de metida!
- Lenneth Valkyrie Aesir. – O funcionário do teatro chamou e Lenneth pulou na cadeira. Ela se despediu de nós e entrou em uma sala lateral.
Ele seria a próxima a se apresentar e enquanto isso assistíamos uma garota cantando uma versão, um pouco exagerada, de Total Eclipse of the Heart. Apenas eu, Robbie e Julie tínhamos vindo assistir à apresentação, pois fora muito corrido, além é claro de Reno.
Hoje de manhã, a menos de 4 horas atrás, Lenneth apareceu na minha porta suando e nervosa e teve dificuldades de falar, mas então conseguiu dizer que Reno e Georgia haviam conseguido uma audição para ela em uma escola de música muito famosa. A audição seria hoje, dentro de algumas horas e ela tinha que estar em Sofia antes das 12. Como já eram 10 da manhã, estávamos atrasados, mas Reno disse que iria nos ajudar a chegar lá. Ela me pediu que fosse com ela, pois estava nervosa e além de mim, pediu que Julie e Robbie fossem juntos também, já que eram, respectivamente, a melhor amiga e o “treinador” dela.
Eu deixei um recado com o Orion e pedi que ele avisasse a Liseria da emergência e que iria procurá-la assim que voltasse. Não pensei duas vezes e às 10:30, estávamos nós quatro no gabinete de Reno, que sorriu e nos conjurou uma chave de portal. Teríamos então 2 horas e meia para pensarmos em um figurino e uma música para Lenneth apresentar.
A escolha da música era livre, mas eu e Robbie divergíamos na opinião. Ele achava que ela tinha que cantar algo mais clássico, mas eu achava que ela tinha que cantar algo que combinasse com ela, pois todas estaria cantando algo clássico. Julie ficou do meu lado e ganhamos por votação, então selecionamos uma música atual que combinava com Lenneth. Acabou que foi um equilíbrio entre minha opinião e a de Robbie. Selecionamos “The Phantom of the Opera”, mas na versão do Nightwish, e um dos professores da escola faria a voz masculina.
Chegou a hora da apresentação de Lenneth e todos nós ficamos nervosos, enquanto a luz diminuía e uma neblina subia no palco. Ouvi os murmúrios de surpresa de todos e fiquei feliz ao perceber também que gostaram da criatividade. A neblina era obra de Reno, que conseguira com um dos funcionários um gerador de gelo seco.
O piano começou a tocar, imitando um órgão, seguido por uma única guitarra, enquanto a música começava a tocar e Lenneth surgia no meio do palco, vestida em um vestido longo e branco, muito belo. Sua voz estava linda e ela não esquecia da letra e começou a atuar enquanto cantava também. De repente, o professor chegou, com uma capa negra e uma máscara e começou a cantar. O dueto dos dois foi magnífico, em uma boa sintonia. Fiquei admirado como um profissional sabia se adaptar tão bem aos outros.
Mas o ápice da apresentação foi Lenneth conseguir manter a longa nota, enquanto o professor gritava “Sing my Angel”. O esforço era grande, dava para ver isso, mas ela manteve com perfeição, digna da cantora em quem ela se inspirava e me causou arrepios.
Ao longo de toda a apresentação, eu não conseguia tirar os olhos de Lenneth... Ela estava linda... E a forma como ela cantava, envolta em neblina, com um vestido longo... Ela parecia aquela garota da festa do Halloween do ano passado e isso quase me fez perder o ritmo cardíaco.
Quando ela terminou de se apresentar, fazendo uma referência para o público, nós batemos palmas de pé e vi quando Robbie enxugou uma lágrima e percebi que eu e Julie também tinha os olhos marejados, enquanto Reno ostentava um sorriso orgulhoso. A apresentação foi excelente.
Lenneth voltou para o nosso lado e perguntou como foi, vermelha de cansaço e sem graça e choveram elogios. O fato dela parecer com aquela garota não me saia da cabeça e quando ela me abraçou, assim que desceu do palco, eu senti um perfume. Não soube como reagi, mas fiquei calado, esperando o momento certo... Era o mesmo perfume daquela garota...
A Lenneth poderia ter sido aquela Dama de Branco?! Mas por que ela faria isso? E o que isso significaria para mim? Minha cabeça estava envolta em milhares de dúvidas...
Tiveram mais algumas candidatas, totalizando mais umas 2 horas mais ou menos e depois o júri se reuniu por mais uma meia hora. Lenneth estava cada vez mais nervosa e até mesmo Reno fazia piada, tentando acalmá-la. Por fim os professores se reuniram no centro do palco e disseram que iriam anunciar as cinco vencedoras, em ordem de posição.
As quatro primeiras vagas foram preenchidas por três garotas e um garoto, e a tensão no salão era enorme. Lenneth tremia, de mãos dadas a nós três e ficava batendo o pé no chão, nervosa.
- A última qualificada, considerada por nós como a melhor, é... – Uma das professoras falou e Lenneth apertou minha mão com força. Ela olhou para mim e eu sorri, querendo acalmá-la. – Lenneth Valkyrie Aesir.
Quando anunciaram seu nome, Lenneth começou a chorar e tapou a boca com as mãos, enquanto nós explodíamos em aplausos e comemoração. Ela me abraçou com força e eu a levantei do chão, rodopiando enquanto ríamos. Depois Robbie a abraçou também e Julie por último, antes de Reno abraçá-la com carinho.

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Saímos do teatro eram umas 5 da tarde e Reno nos levou para comemorar e fomos tomar café em um bonito restaurante que ele conhecia. Ele disse que seria por sua conta e brindamos pela vitória de Lenneth, que estava radiante.
As aulas da escola seriam principalmente nas férias, dando a chance dela conciliar o estudo de canto com o estudo em Durmstrang. Claro que ela teria que se empenhar mais, mas ela estava tão animada que nem isso a desanimava.
Só saímos do restaurante por volta das 7 e Robbie e Julie pediram para visitar uma loja rapidamente, e acabou que eu e Lenneth ficamos sozinhos. Não resisti e falei.
- Lenneth. – Eu a chamei e ela se virou para mim. Eu a abracei com força e senti eu perfume, confirmando minhas suspeitas. – Esse perfume... É o mesmo que a garota usava naquela festa de Halloween.
- Que?! – Ela perguntou, meio confusa. Então ela entendeu e arregalou os olhos.
- Me diga a verdade: era você?
- Não! Eu comprei esse perfume hoje, junto do vestido! – Ela explicou sorrindo. Eu a encarei por mais uns instantes.
- É verdade... Faz sentido, nunca te vi usando esse perfume... Mas é que você estava parecendo com ela. – Eu falei e me arrependi na hora, pois ela me olhou estranho.
- Ainda pensando nela?
- Não. – Me apressei a dizer. – Só que você parecendo com ela me fez lembrar, só isso, logo você. – Eu acabei falando, meio baixo e me apressei. – Deixa pra lá.
Ela ia perguntar algo novamente, mas fui salvo pelos outros que chegaram. Reno perguntou se estávamos prontos e conjurou uma chave de portal, que usamos dentro de um beco, para ninguém ver.

Chegamos na escola pouco depois e continuamos conversando sobre o ocorrido, até que Robbie falou.
- Marquem esse dia! O dia em que nasce uma estrela! A estrela que eu ajudei a fazer nascer! – Ele falou rindo e rimos juntos. Estávamos agora só nós quatro, pois Reno tinha ido na frente. – Dia 15 de Dezembro de 2015!
Então eu gelei e fiquei parado, olhando para frente. Eles continuaram rindo, até que Lenneth percebeu e me olhou preocupada.
- Aconteceu alguma coisa?
- A Liseria vai me matar...
- O que foi? – Julie perguntou.
- Hoje é nosso aniversário de namoro... 3 anos. – Eu falei, coçando a cabeça. Eles arregalaram os olhos.
- Ai por Odin... – Robbie falou. – Como, logo VOCÊ, esqueceu?
- Não sei, envolvido demais com isso tudo.
- Vai logo atrás dela então. – Julie falou e eu me despedi deles correndo.
Nunca corri tão rápido e logo cheguei na Avalon. Bati na porta alarmado e Leo que me atendeu. Eu logo perguntei da Liseria e ela levantou uma sobrancelha e soube que não era um bom sinal.
- Ela saiu, Chefinho... Estava bem chateada.
- Ai Odin... Para onde ela foi?
- Ela foi na direção do lago. – Leo falou e eu agradeci e sai correndo.
No caminho para o lago, passei pela Kratos e peguei o presente que tinha comprado para ela. Nem tive tempo de embrulhar e levei o vestido ainda embalado, enquanto corria.
Encontrei Liseria sentada na beira do lago. Ela estava sentada no chão com um papel do seu lado e um embrulho. Vi que o papel estava amassado e o embrulho também e que ela estava chorando.
- Liseria! – Eu falei quando cheguei perto. Ela me olhou de cima abaixo com olhos irritados e tristes.
- O que foi Lucian?
- Me desculpa. Eu... – Eu me sentei do seu lado, mas ela se levantou e ficou de pé diante de mim. Eu sabia que não tinha como me desculpar e não sabia o que fazer.
- Está arrependido? Está me pedindo desculpas? Engula suas desculpas! – Ela gritou, jogando o papel e o embrulho em mim, com raiva. Ela me virou as costas e saiu pisando forte, mas eu me levantei e fui atrás dela.
- Liseria, espera, me escuta por favor! São tantas coisas na minha cabeça recentemente! Me fugiu completamente! – Eu a alcancei e a fiz virar-se para mim. Ela se debateu e se afastou de mim novamente, cruzando os braços e me encarando. – Olha, eu sei que não tenho desculpa, ter esquecido do nosso aniversário, é grave. Mas pedi que te avisassem, surgiu uma emergência.
- Desde quando é emergência acompanhar sua “amiga” à Sofia? – Ela perguntou, dando ênfase as aspas. – Desde quando é certo colocar isso acima de sua namorada?!
- Eu não coloquei acima...
- Então porque você só veio me procurar agora?! Teve o dia todo para vir, mas estava lá se divertindo, enquanto apoiava a sua querida amiga e eu ficava que nem uma idiota aqui te esperando!
- Liseria, por favor... – Eu tentei me aproximar, mas ela me empurrou com força e saiu chorando. – Liseria!
Eu corri atrás dela e a segurei novamente. Eu não sabia o que fazer, pois tudo que ela falara era verdade.
- Chega Lucian, estou cansada de ser sempre a segunda. Eu sou sua namorada, mereço respeito e atenção! Nem sei mais se sou sua namorada.
- Você é. – Eu tentei falar, mas ela me olhou feio. Eu suspirei e vi que não tinha nada que eu pudesse fazer... – Liseria, eu preciso de um tempo para pensar. Não gostei do que fiz com você, você não merece o que eu fiz.
Ela ficou calada, ainda me olhando zangada, mas vi que tinha ficado abalada quando pedi um tempo.
- Eu preciso me achar. Preciso me ajeitar de modo a dar a você o que você quer e merece...
- Tenha o tempo que você deseja, Lucian.
Ela falou e passou correndo por mim. Ela chorava e me empurrou ao passar e eu soube que não deveria ir atrás dela agora.
Se eu precisava de tempo para pensar, ela também precisava...

Monday, December 12, 2011

Sexta-feira, hora do almoço, dezembro de 2015

Já estavamos em dezembro e ao invés de pensar em compras e castanhas assadas, nossa preocupação eram os estudos, o show, e um lunático metido chamado Antaris, tocando o terror contra o nosso jornal, deixando nosso chefinho, Lucian nervoso e com isso, sobrava para quem? Para nós é claro, mas se eu estivesse no lugar dele e alguém roubasse uma matéria minha, iria correr sangue na geleira.
Robbie havia assumido a parte dos ensaios e também dos figurinos do show, e antes que ele enlouquecesse nos elvasse junto, Parv e eu começamos a ajuda-lo, estavamos usando a hora do almoço para ver alguns dos ultimos desenhos dele, e na nossa mesa estavam Alec, Oleg e Finn. Estavamos animadas, pois os desenhos eram maravilhosos, quando ouvimos uma barulheira vinda de uma mesa distante, e era a mesa do Mitchell. Ele e vários colegas de time estavam rindo animados e brindavam com suco de abóbora.
-É aniversário de alguém? Se tiver bolo quero um pedaço.- disse Robbie e Oleg, após engolir uma batata assada disse:
- Uns dias atrás um olheiro esteve aqui observando os jogos de quadribol e Mitchell, foi convidado para atuar no time principal dos Abutres de Vratsa.Vai ganhar uma fortuna.
- Ah qual é? Quadribol não pode pagar tão bem assim...- disse Finn desdenhoso, achei tão ridículo que quando dei por mim já estava falando:
- Muito pelo contrário, Finn. Quadribol paga muito bem. Se Mitchell vai jogar nos Abutres, o olheiro deve ter sido McGregor ou Karkaroff, ambos foram bastão de ouro, como batedores várias vezes, pela Liga Européia, e mesmo fora dos campos, eles ainda recebem patrocínio, por testes em artigos e para atuar como olheiros pelo mundo, estima-se que o que eles receberam ano passado, tenha passado digitos.Ser um dos abutres, é um sonho para qualquer menino que suba numa vassoura. – terminei de falar e meus amigos me olhavam espantados:
- Quem é você e o que fez com a Léo? Sai deste corpo que não te pertence.- disse Parvati e Robbie completou:
- Eu não disse que meu pai tinha conseguido a filha e herdeira que tanto queria?- rimos e voltamos ao nosso almoço e continuamos a ver os desenhos de Robbie, mas às vezes eu olhava para os lados da mesa de Mitchell e o via animado. Fiquei feliz por ele.

o-o-o-o-o-o

- Não, Finn!- disse empurrando-o e ele quase caiu da minha cama.
- Léo, qual é? Sexo é normal e saudável, ainda mais quando as pessoas estão namorando há tempos, vamos aproveitar que Parv vai demorar a voltar...- e ele tentou me abraçar novamente e eu o empurrei, me levantando e arrumando a minha roupa.
- Vamos esclarecer uma coisa: Não estamos namorando, estamos só ficando, isso não significa que tenho que fazer sexo levianamente, ainda mais no quarto que divido com outra pessoa.
- Léo você está se guardando para o seu casamento?- ele perguntou e notei um pouco de sarcasmo em sua pergunta e estreitei os olhos:
-Às vezes você age de forma tão idiota, sabia? Não estou me guardando, sou seletiva, e acho que mereço mais do que uma cama de solteiro numa república sem privacidade. Quer saber? É melhor você ir embora, porque eu estou ficando chateada com você.- disse e apontei para a porta.
- Ok, estou indo, estou vendo que você está nervosinha.- ele tentou me beijar e eu virei o rosto, e ele bufou e saiu batendo a porta. Comecei a arrumar minha mochila, para o dia seguinte, pois eu iria passar o fim de semana em Sofia, haveria reuniões do conselho das empresas e eu tinha que comparecer. Não demorou muito e Parvati entrou dizendo:
- Opa, pelo jeito você e Finn, brigaram, ele saiu como uma cara muito zangada daqui. Estou com preguiça de sair do meu mundinho silencioso, então desembucha.- disse e puxou a mochila que eu arrumava furiosamente:
- Ele tá nervosinho porque eu disse não, quando ele queria ir além, ‘porque é o normal, quando se está namorando’.- fiz uma imitação pobre da voz dele.
- Ecaaa! Eu ia pegar você dois no flagra, tem noção que isso seria motivo para terapia?Teria que contar ao Doutor Pace, humm..talvez ele me desse alguns créditos por estar traumatizada...- ela dizia achando engraçado e eu olhei feio. Logo ela parou e disse:
- Em parte, Finn tem razão, vocês vêm agido como namorados nos últimos tempos, seria normal avançar um pouco mais.
- Só porque ficamos algumas vezes, tenho dado todo o apoio pela morte do pai dele, e nos conhecemos há tempos, tenho que transar com ele?- bufei e Parv me olhou séria:
- Léo, se a pessoa em questão fosse o Mitchell, será que você estaria tão irritada assim?
- Preciso mandar fazer um capacete do Magneto para mim, esta sua invasão de privacidade é irritante.- respondi enquanto Parv começava a rir presunçosa e respondeu:
- Não preciso ouvir seus pensamentos para saber disso, não depois de ver o quanto você olhava orgulhosa para ele, na hora do almoço.- abri e fechei a boca várias vezes, mas desisti de falar alguma coisa comprometedora quando ela voltou a rir.
o-o-o-o-o-o

Sábado, pela manhã

A reunião do Conselho estava muito diferente do que eu estava acostumada, contava com a presença de um homem da mesma idade que o tio Klaus ou mais velho, tinha as temporas prateadas, de boa aparência, junto dele havia um rapaz de cabelos claros, e ambos recebiam muita atenção tanto de George quanto de seu assessor e de alguns conselheiros.
Como não fomos apresentados, ele mal me notou no lugar onde eu sempre me sentava, no fundo da sala com algumas pessoas na minha frente e eu preferia assim.
Enquanto George Ivashkov atualizava o conselho sobre os últimos lançamentos e projeções de lucros, eu lia a pasta que meu advogado havia me passado. O senhor Greywolf havia feito tudo o que eu havia pedido de forma exemplar, inclusive me enviando um envelope lacrado, com instruções de ler em casa. Após ler os documentos sorri satisfeita, quando me chamaram a atenção:
- Já terminou com sua revista? Talvez possamos começar a votar pelo fechamento da fábrica de azeites, na Sicilia.- me espantei mas me recuperei rápido dizendo:
- Isto não estava na pauta da reunião.
- Sou o presidente do grupo, e posso decidir o que pode entrar em pauta na última hora. Precsiamos fechar a fábrica da Sicília...- ele disse de forma arrogante.
- Esta fábrica não tem dado prejuízo...E foi a primeira fábrica do vovô.
- Mas também não dá lucro Não poderemos nem mesmo dar bônus de Natal sem mexer no patrimônio das outras empresas, e não acho justo, manter uma empresa por questões sentimentais. E após isso, teremos a apresentação Angus Callahan, a respeito de nossa sociedade. Então devemos votar...
- Quais foram as tentativas de reerguer a fábrica? Não podemos fechar uma empresa apenas porque ela não tem dado lucro. - insisti e George ficou vermelho, enquanto o burburinho na sala começava.
- Isso não é uma brincadeira de monopólio, há muito dinheiro envolvido...- George disse e eu me levantei. Graças a Odin, modéstia à parte, sempre vou muito bem arrumada a estas reuniões e eu estava de matar. George arregalou os olhos com a minha aparência e notei que tanto o homem quanto o rapaz, que talvez fosse irmão do Mitchell, me olhavam atentos.Não me intimidei.
- Temos que levar em conta o fator humano. É época de Natal e muitos daqueles trabalhadores não conseguirão manter suas familias, até conseguirem uma nova colocação.Acho que devemos pagar o bônus de Natal e investir na fábrica, em muitos casos só o que é preciso é uma reeorganização. - sugeri e George, estava irritadissimo.
- Leonora, você não acha mesmo que o conselho vai aceitar a sua sugestão de investir dinheiro em um navio que está afundando? O melhor seria fechar a fábrica, e os trabalhadores pode usar suas indenizações enquanto procuram um novo trabalho.
- E você vai fechar a fábrica sem nem tentar reerguê-la? Isso é uma atitude de preguiçoso.E aviso que meu voto será contra. Garanto que muitos aqui, vão honrar a memória de minha avó e vão me apóiar.- disse olhando sério, para os conselheiros mais velhos, que foram amigos de vovó, e até eu mesma achei que fui longe demais. Uma veia na testa dele pulsava, dava para ver de onde eu estava, e ele me lançou um olhar irado dizendo:
- Então você acha que conseguiria fazer algo que eu em todos estes anos não tive capacidade para fazer, como por exemplo reestruturar uma fábrica? Acha que não pensei nisso? O que você pensa que eu venho fazer aqui todos os dias? Não me tornei o presidente destas empresas à toa. – e sua voz havia subido uma oitava, e sinceramente achei que ele fosse me expulsar dali, quando ele subitamente se acalmou e disse:
- Faça!
- Como é?- os conselheiros e os convidados olhavam para ele espantados.Senti um arrepio de apreensão e quis saber:
- Você quer que eu reestruture a fábrica? Pirou?- e ele respondeu:
- Acho que se você pode vir aqui dar palpite sobre como devemos gerir os negócios, é porque sabe como resolver problemas, e já que você é contra o fechamento da fábrica, você deveria reerguê-la, tenho certeza que vai se empenhar, já que tem um profundo apreço por ela, vai trabalhar direito. - até achei que ele estivesse me dando um voto de confiança e por alguma razão idiota, me senti animada com o voto de confiança, mas ao olhar em seus olhos, percebi que para ele aquilo era um jogo, e quis saber:
- E se eu não conseguir, o que acontece?
- A fábrica será fechada, os trabalhadores demitidos.Ah e é claro, você deverá me passar o controle de suas ações, claro que poderá assistir às reuniões, mas não terá voz ativa, será uma boa forma de aprendizado sobre como é o mundo dos adultos.Você tem até junho.
- E se eu conseguir?- perguntei de queixo empinado e ele sorriu cínico.
- Temos um acordo?- ele quis saber, e olhei ao redor e alguns dos amigos de minha avó me olhavam apreenssivos, e eu senti um pouco de medo, e até pensei em recuar, mas bati os olhos nos quadros ao redor da sala, e vi o retrato de minha avó, e ali tive a certeza de que deveria fazer o que era certo.
- Nós temos um acordo, George.- ‘Por favor vovó, aonde quer que esteja me ajude’.- eram os meus pensamentos enquanto George continuava a reunião.