Monday, December 12, 2011

Sexta-feira, hora do almoço, dezembro de 2015

Já estavamos em dezembro e ao invés de pensar em compras e castanhas assadas, nossa preocupação eram os estudos, o show, e um lunático metido chamado Antaris, tocando o terror contra o nosso jornal, deixando nosso chefinho, Lucian nervoso e com isso, sobrava para quem? Para nós é claro, mas se eu estivesse no lugar dele e alguém roubasse uma matéria minha, iria correr sangue na geleira.
Robbie havia assumido a parte dos ensaios e também dos figurinos do show, e antes que ele enlouquecesse nos elvasse junto, Parv e eu começamos a ajuda-lo, estavamos usando a hora do almoço para ver alguns dos ultimos desenhos dele, e na nossa mesa estavam Alec, Oleg e Finn. Estavamos animadas, pois os desenhos eram maravilhosos, quando ouvimos uma barulheira vinda de uma mesa distante, e era a mesa do Mitchell. Ele e vários colegas de time estavam rindo animados e brindavam com suco de abóbora.
-É aniversário de alguém? Se tiver bolo quero um pedaço.- disse Robbie e Oleg, após engolir uma batata assada disse:
- Uns dias atrás um olheiro esteve aqui observando os jogos de quadribol e Mitchell, foi convidado para atuar no time principal dos Abutres de Vratsa.Vai ganhar uma fortuna.
- Ah qual é? Quadribol não pode pagar tão bem assim...- disse Finn desdenhoso, achei tão ridículo que quando dei por mim já estava falando:
- Muito pelo contrário, Finn. Quadribol paga muito bem. Se Mitchell vai jogar nos Abutres, o olheiro deve ter sido McGregor ou Karkaroff, ambos foram bastão de ouro, como batedores várias vezes, pela Liga Européia, e mesmo fora dos campos, eles ainda recebem patrocínio, por testes em artigos e para atuar como olheiros pelo mundo, estima-se que o que eles receberam ano passado, tenha passado digitos.Ser um dos abutres, é um sonho para qualquer menino que suba numa vassoura. – terminei de falar e meus amigos me olhavam espantados:
- Quem é você e o que fez com a Léo? Sai deste corpo que não te pertence.- disse Parvati e Robbie completou:
- Eu não disse que meu pai tinha conseguido a filha e herdeira que tanto queria?- rimos e voltamos ao nosso almoço e continuamos a ver os desenhos de Robbie, mas às vezes eu olhava para os lados da mesa de Mitchell e o via animado. Fiquei feliz por ele.

o-o-o-o-o-o

- Não, Finn!- disse empurrando-o e ele quase caiu da minha cama.
- Léo, qual é? Sexo é normal e saudável, ainda mais quando as pessoas estão namorando há tempos, vamos aproveitar que Parv vai demorar a voltar...- e ele tentou me abraçar novamente e eu o empurrei, me levantando e arrumando a minha roupa.
- Vamos esclarecer uma coisa: Não estamos namorando, estamos só ficando, isso não significa que tenho que fazer sexo levianamente, ainda mais no quarto que divido com outra pessoa.
- Léo você está se guardando para o seu casamento?- ele perguntou e notei um pouco de sarcasmo em sua pergunta e estreitei os olhos:
-Às vezes você age de forma tão idiota, sabia? Não estou me guardando, sou seletiva, e acho que mereço mais do que uma cama de solteiro numa república sem privacidade. Quer saber? É melhor você ir embora, porque eu estou ficando chateada com você.- disse e apontei para a porta.
- Ok, estou indo, estou vendo que você está nervosinha.- ele tentou me beijar e eu virei o rosto, e ele bufou e saiu batendo a porta. Comecei a arrumar minha mochila, para o dia seguinte, pois eu iria passar o fim de semana em Sofia, haveria reuniões do conselho das empresas e eu tinha que comparecer. Não demorou muito e Parvati entrou dizendo:
- Opa, pelo jeito você e Finn, brigaram, ele saiu como uma cara muito zangada daqui. Estou com preguiça de sair do meu mundinho silencioso, então desembucha.- disse e puxou a mochila que eu arrumava furiosamente:
- Ele tá nervosinho porque eu disse não, quando ele queria ir além, ‘porque é o normal, quando se está namorando’.- fiz uma imitação pobre da voz dele.
- Ecaaa! Eu ia pegar você dois no flagra, tem noção que isso seria motivo para terapia?Teria que contar ao Doutor Pace, humm..talvez ele me desse alguns créditos por estar traumatizada...- ela dizia achando engraçado e eu olhei feio. Logo ela parou e disse:
- Em parte, Finn tem razão, vocês vêm agido como namorados nos últimos tempos, seria normal avançar um pouco mais.
- Só porque ficamos algumas vezes, tenho dado todo o apoio pela morte do pai dele, e nos conhecemos há tempos, tenho que transar com ele?- bufei e Parv me olhou séria:
- Léo, se a pessoa em questão fosse o Mitchell, será que você estaria tão irritada assim?
- Preciso mandar fazer um capacete do Magneto para mim, esta sua invasão de privacidade é irritante.- respondi enquanto Parv começava a rir presunçosa e respondeu:
- Não preciso ouvir seus pensamentos para saber disso, não depois de ver o quanto você olhava orgulhosa para ele, na hora do almoço.- abri e fechei a boca várias vezes, mas desisti de falar alguma coisa comprometedora quando ela voltou a rir.
o-o-o-o-o-o

Sábado, pela manhã

A reunião do Conselho estava muito diferente do que eu estava acostumada, contava com a presença de um homem da mesma idade que o tio Klaus ou mais velho, tinha as temporas prateadas, de boa aparência, junto dele havia um rapaz de cabelos claros, e ambos recebiam muita atenção tanto de George quanto de seu assessor e de alguns conselheiros.
Como não fomos apresentados, ele mal me notou no lugar onde eu sempre me sentava, no fundo da sala com algumas pessoas na minha frente e eu preferia assim.
Enquanto George Ivashkov atualizava o conselho sobre os últimos lançamentos e projeções de lucros, eu lia a pasta que meu advogado havia me passado. O senhor Greywolf havia feito tudo o que eu havia pedido de forma exemplar, inclusive me enviando um envelope lacrado, com instruções de ler em casa. Após ler os documentos sorri satisfeita, quando me chamaram a atenção:
- Já terminou com sua revista? Talvez possamos começar a votar pelo fechamento da fábrica de azeites, na Sicilia.- me espantei mas me recuperei rápido dizendo:
- Isto não estava na pauta da reunião.
- Sou o presidente do grupo, e posso decidir o que pode entrar em pauta na última hora. Precsiamos fechar a fábrica da Sicília...- ele disse de forma arrogante.
- Esta fábrica não tem dado prejuízo...E foi a primeira fábrica do vovô.
- Mas também não dá lucro Não poderemos nem mesmo dar bônus de Natal sem mexer no patrimônio das outras empresas, e não acho justo, manter uma empresa por questões sentimentais. E após isso, teremos a apresentação Angus Callahan, a respeito de nossa sociedade. Então devemos votar...
- Quais foram as tentativas de reerguer a fábrica? Não podemos fechar uma empresa apenas porque ela não tem dado lucro. - insisti e George ficou vermelho, enquanto o burburinho na sala começava.
- Isso não é uma brincadeira de monopólio, há muito dinheiro envolvido...- George disse e eu me levantei. Graças a Odin, modéstia à parte, sempre vou muito bem arrumada a estas reuniões e eu estava de matar. George arregalou os olhos com a minha aparência e notei que tanto o homem quanto o rapaz, que talvez fosse irmão do Mitchell, me olhavam atentos.Não me intimidei.
- Temos que levar em conta o fator humano. É época de Natal e muitos daqueles trabalhadores não conseguirão manter suas familias, até conseguirem uma nova colocação.Acho que devemos pagar o bônus de Natal e investir na fábrica, em muitos casos só o que é preciso é uma reeorganização. - sugeri e George, estava irritadissimo.
- Leonora, você não acha mesmo que o conselho vai aceitar a sua sugestão de investir dinheiro em um navio que está afundando? O melhor seria fechar a fábrica, e os trabalhadores pode usar suas indenizações enquanto procuram um novo trabalho.
- E você vai fechar a fábrica sem nem tentar reerguê-la? Isso é uma atitude de preguiçoso.E aviso que meu voto será contra. Garanto que muitos aqui, vão honrar a memória de minha avó e vão me apóiar.- disse olhando sério, para os conselheiros mais velhos, que foram amigos de vovó, e até eu mesma achei que fui longe demais. Uma veia na testa dele pulsava, dava para ver de onde eu estava, e ele me lançou um olhar irado dizendo:
- Então você acha que conseguiria fazer algo que eu em todos estes anos não tive capacidade para fazer, como por exemplo reestruturar uma fábrica? Acha que não pensei nisso? O que você pensa que eu venho fazer aqui todos os dias? Não me tornei o presidente destas empresas à toa. – e sua voz havia subido uma oitava, e sinceramente achei que ele fosse me expulsar dali, quando ele subitamente se acalmou e disse:
- Faça!
- Como é?- os conselheiros e os convidados olhavam para ele espantados.Senti um arrepio de apreensão e quis saber:
- Você quer que eu reestruture a fábrica? Pirou?- e ele respondeu:
- Acho que se você pode vir aqui dar palpite sobre como devemos gerir os negócios, é porque sabe como resolver problemas, e já que você é contra o fechamento da fábrica, você deveria reerguê-la, tenho certeza que vai se empenhar, já que tem um profundo apreço por ela, vai trabalhar direito. - até achei que ele estivesse me dando um voto de confiança e por alguma razão idiota, me senti animada com o voto de confiança, mas ao olhar em seus olhos, percebi que para ele aquilo era um jogo, e quis saber:
- E se eu não conseguir, o que acontece?
- A fábrica será fechada, os trabalhadores demitidos.Ah e é claro, você deverá me passar o controle de suas ações, claro que poderá assistir às reuniões, mas não terá voz ativa, será uma boa forma de aprendizado sobre como é o mundo dos adultos.Você tem até junho.
- E se eu conseguir?- perguntei de queixo empinado e ele sorriu cínico.
- Temos um acordo?- ele quis saber, e olhei ao redor e alguns dos amigos de minha avó me olhavam apreenssivos, e eu senti um pouco de medo, e até pensei em recuar, mas bati os olhos nos quadros ao redor da sala, e vi o retrato de minha avó, e ali tive a certeza de que deveria fazer o que era certo.
- Nós temos um acordo, George.- ‘Por favor vovó, aonde quer que esteja me ajude’.- eram os meus pensamentos enquanto George continuava a reunião.