Nina levantou da cama e foi recolhendo os papéis que havia espalhado pelas paredes da República...os bilhetes coloridos traziam recados diversos e, muitas vezes, óbvios, mas a menina simplesmente não vivia sem eles. Com um aceno de varinha, os papeizinhos voaram para sua mão e ela ia, pacientemente, apagando e escrevendo novos recados para o dia que começava. Era assim que fazia desde pequena. Nina foi criada para ser a próxima ministra da Magia e seus pais cumpriram um brilhante papel na educação da menina. Incapaz de cometer um delito ou pisar fora da fina linha que seus pais traçaram desde a infância, a garota era dona de uma consciência coletiva impressionante e um caráter sem falhas ou deslizes. Tratava todos com respeito, procurava ser correta e justa em suas decisões e evitava julgamentos precipitados, apesar de sempre achar “defeitos” nos amigos e, freqüentemente, tentar conserta-los. Filha perfeita, amiga perfeita. Abaixo da superfície impecável, Nina quase furava os papéis com a varinha. Irritava-se com seu metodismo, com sua ética excessiva que normalmente a prejudicava, com o fato de sempre ser passada para trás por acreditar demais nos outros...por confiar demais. Questionava seu comportamento, sua rigidez digna de uma mulher madura.
Essa reflexão matinal já não era novidade para ninguém: Evie, Vina e Milla evitavam Nina enquanto ela fazia os bilhetes flutuarem, pois sabiam que a garota quase sempre terminava o ritual expulsando todas da sala aos gritos. As meninas também já não se incomodavam com os recados coloridos pelas paredes, só não entediam o porquê deles, já que a garota era capaz de recitar a lista de lareiras do mundo bruxo e não sofria de perda de memória. Para falar a verdade, nenhuma delas entendia a amiga muito bem. Antes de falar qualquer coisa, Nina parecia entrar em conflito consigo mesma, pensando em todos os aspectos do problema e querendo enxergar a solução de todos os ângulos para não cometer nenhum erro. Ela era assim. Não cometia erros. E Evie tinha certeza que ela passaria as mãos no ferro caso cometesse algum.
Nina terminou de colar os papeizinhos nas paredes e analisou os lembretes. Já havia tentando implantar essa idéia na República, mas só Vina parecia ter ficado empolgada, já que eles ajudavam a lembrar o horário dos remédios. Teve vontade de rasgar todos eles e tentar viver o primeiro dia espontâneo da sua vida, mas isso parecia perigoso e arriscado demais. E se esquecesse o horário do clube de poções? Decepcionaria o professor, que poderia comunicar ao diretor e seu histórico escolar ficaria marcado para a eternidade...sem contar que sua mãe provavelmente preferiria se jogar na frente de um balaço do que ser chamada na escola para ouvir reclamações sobre seu pequeno prodígio. Não, muita coisa estava em jogo. Muita gente contava com ela em seu papel de Miss Perfeição.
- Nina? Já terminou de dar trabalho para os elfos sujando as paredes? – perguntou Milla, colocando a cabeça no quarto e sorrindo para a amiga.
- Há-Há, eu recolho os papéis todo dia de manhã. Já te contei que descobri um novo feitiço? Coloco horários escritos nos lembretes e eles começam a tocar toda vez que tenho que fazer alguma coisa. Você deve estar pensando: “e se você não estiver na República?” Sem problemas, porque eu carrego comigo esse bilhete em branco que também faz barulho e me mostra o recado! – Nina mostrava um sorriso triunfante, enquanto Milla parecia querer bocejar.
- Na verdade, eu estava pensando onde você arruma tempo para fazer essas coisas...e você ensaia esses discursos? Sério, você devia andar com um broche escrito “Pergunte-me como!”
- Você é tão espirituosa, Milla! – resmungou Nina, mal conseguindo conter o sorriso – Vamos, sim? Eu não quero chegar mais um dia atrasada! Vina já tomou os remédios dela ou ainda vou ter que esperar ela se decidir se é a hora do comprimido roxo ou do lilás?
- Já tomou sim. Ela e Evie estão na sala esperando por você...
As duas saíram do quarto apressadas e encontraram as outras garotas acariciando a cabeça de uma coruja parda que havia acabado de entrar pela janela da República.
- Ei, Nina!! Bom dia! – disse Vina, sem tirar a mão da cabeça da coruja
- Bom dia, meninas. Vina, se eu fosse você, tiraria a mão da Lara...ela acabou de voltar da Inglaterra e pode ter trazido germes londrinos. – brincou Nina, enquanto Milla e Evie caiam na gargalhada ao notar a cara de pavor de Vina.
- Bom dia, Nina! Chegou carta para você...é dos seus colegas de Londres mesmo! Como você sabia? – perguntou Evie
- Eles são os únicos que me escrevem! Papai e Mamãe andam muito ocupados.
- Como você conheceu os três? – perguntou Milla, sentando no sofá junto com as outras.
- Na minha última viagem para Londres. Eles são filhos de um amigo auror do meu pai. Os dois estudaram juntos aqui na Bulgária e eram como irmãos, mas aí o pai deles resolveu se mudar para a Inglaterra...as oportunidades de emprego para aurores estão lá! – respondeu Nina, enquanto abria a carta dos trigêmeos e lia em voz alta – “...estamos com saudades de você, mas não por muito tempo. Papai falou que vamos voltar para a Bulgária, pois o clima Londrino não está fazendo muito bem para a saúde da minha mãe.”
- Ahá!! Os germes londrinos...bem que você falou, Nina! – interrompeu Vina
- E eles acham que o clima da Bulgária vai fazer bem? Esse povo tapado não sabe que aqui faz um frio desgraçado? – disse Milla
- Isso é desculpa do pai deles, tenho certeza. Segundo o meu pai, ele nunca se acostumou com Londres. Os trigêmeos devem estar revoltados!! Eles amam Hogwarts! Deixa eu continuar... “Chris ainda não se conformou em ter que sair de Hogwarts, mas Lizzie e eu já estamos com as malas prontas. Para falar a verdade, já estamos planejando essa mudança há muito tempo, mas papai precisou da recomendação do médico para tomar uma providência. No entanto, eu ainda acho que o doutor estava se referindo a um país tropical quando sugeriu uma ‘mudança de ambiente’. De qualquer forma, logo estaremos aí em Durmstrang. Beijos, Michael”
- Que ótimo, alunos novos!! – comemorou Evie, enquanto tirava seu cachecol do bico da coruja.
- Sim! O Michael e a Liz são bem legais, vocês vão gostar dele. Eu falei pouco com o Chris, mas tenho certeza que ele deve ser uma pessoa simpática...só um pouco...errr...incompreendida. – disse Nina, parecendo contrariada
- Incompreendido. No dicionário Nina- Búlgaro, isso quer dizer “completamente mala” – respondeu Milla, arrancando risadas de todos.
- Ah, vocês que tirem suas próprias conclusões quando eles chegarem! – a voz da menina foi abafada pelo som de um apito e Nina tirou um bilhetinho do bolso – “Aposto que vocês estão atrasadas para a aula”. Meus bilhetes são inteligentes! Vamos, povo!
- Seus bilhetes não são inteligentes...nós que somos tão previsíveis. – respondeu Evie, enquanto as garotas pegavam os livros e caminhavam em direção ao castelo de Durmstrang.
Essa reflexão matinal já não era novidade para ninguém: Evie, Vina e Milla evitavam Nina enquanto ela fazia os bilhetes flutuarem, pois sabiam que a garota quase sempre terminava o ritual expulsando todas da sala aos gritos. As meninas também já não se incomodavam com os recados coloridos pelas paredes, só não entediam o porquê deles, já que a garota era capaz de recitar a lista de lareiras do mundo bruxo e não sofria de perda de memória. Para falar a verdade, nenhuma delas entendia a amiga muito bem. Antes de falar qualquer coisa, Nina parecia entrar em conflito consigo mesma, pensando em todos os aspectos do problema e querendo enxergar a solução de todos os ângulos para não cometer nenhum erro. Ela era assim. Não cometia erros. E Evie tinha certeza que ela passaria as mãos no ferro caso cometesse algum.
Nina terminou de colar os papeizinhos nas paredes e analisou os lembretes. Já havia tentando implantar essa idéia na República, mas só Vina parecia ter ficado empolgada, já que eles ajudavam a lembrar o horário dos remédios. Teve vontade de rasgar todos eles e tentar viver o primeiro dia espontâneo da sua vida, mas isso parecia perigoso e arriscado demais. E se esquecesse o horário do clube de poções? Decepcionaria o professor, que poderia comunicar ao diretor e seu histórico escolar ficaria marcado para a eternidade...sem contar que sua mãe provavelmente preferiria se jogar na frente de um balaço do que ser chamada na escola para ouvir reclamações sobre seu pequeno prodígio. Não, muita coisa estava em jogo. Muita gente contava com ela em seu papel de Miss Perfeição.
- Nina? Já terminou de dar trabalho para os elfos sujando as paredes? – perguntou Milla, colocando a cabeça no quarto e sorrindo para a amiga.
- Há-Há, eu recolho os papéis todo dia de manhã. Já te contei que descobri um novo feitiço? Coloco horários escritos nos lembretes e eles começam a tocar toda vez que tenho que fazer alguma coisa. Você deve estar pensando: “e se você não estiver na República?” Sem problemas, porque eu carrego comigo esse bilhete em branco que também faz barulho e me mostra o recado! – Nina mostrava um sorriso triunfante, enquanto Milla parecia querer bocejar.
- Na verdade, eu estava pensando onde você arruma tempo para fazer essas coisas...e você ensaia esses discursos? Sério, você devia andar com um broche escrito “Pergunte-me como!”
- Você é tão espirituosa, Milla! – resmungou Nina, mal conseguindo conter o sorriso – Vamos, sim? Eu não quero chegar mais um dia atrasada! Vina já tomou os remédios dela ou ainda vou ter que esperar ela se decidir se é a hora do comprimido roxo ou do lilás?
- Já tomou sim. Ela e Evie estão na sala esperando por você...
As duas saíram do quarto apressadas e encontraram as outras garotas acariciando a cabeça de uma coruja parda que havia acabado de entrar pela janela da República.
- Ei, Nina!! Bom dia! – disse Vina, sem tirar a mão da cabeça da coruja
- Bom dia, meninas. Vina, se eu fosse você, tiraria a mão da Lara...ela acabou de voltar da Inglaterra e pode ter trazido germes londrinos. – brincou Nina, enquanto Milla e Evie caiam na gargalhada ao notar a cara de pavor de Vina.
- Bom dia, Nina! Chegou carta para você...é dos seus colegas de Londres mesmo! Como você sabia? – perguntou Evie
- Eles são os únicos que me escrevem! Papai e Mamãe andam muito ocupados.
- Como você conheceu os três? – perguntou Milla, sentando no sofá junto com as outras.
- Na minha última viagem para Londres. Eles são filhos de um amigo auror do meu pai. Os dois estudaram juntos aqui na Bulgária e eram como irmãos, mas aí o pai deles resolveu se mudar para a Inglaterra...as oportunidades de emprego para aurores estão lá! – respondeu Nina, enquanto abria a carta dos trigêmeos e lia em voz alta – “...estamos com saudades de você, mas não por muito tempo. Papai falou que vamos voltar para a Bulgária, pois o clima Londrino não está fazendo muito bem para a saúde da minha mãe.”
- Ahá!! Os germes londrinos...bem que você falou, Nina! – interrompeu Vina
- E eles acham que o clima da Bulgária vai fazer bem? Esse povo tapado não sabe que aqui faz um frio desgraçado? – disse Milla
- Isso é desculpa do pai deles, tenho certeza. Segundo o meu pai, ele nunca se acostumou com Londres. Os trigêmeos devem estar revoltados!! Eles amam Hogwarts! Deixa eu continuar... “Chris ainda não se conformou em ter que sair de Hogwarts, mas Lizzie e eu já estamos com as malas prontas. Para falar a verdade, já estamos planejando essa mudança há muito tempo, mas papai precisou da recomendação do médico para tomar uma providência. No entanto, eu ainda acho que o doutor estava se referindo a um país tropical quando sugeriu uma ‘mudança de ambiente’. De qualquer forma, logo estaremos aí em Durmstrang. Beijos, Michael”
- Que ótimo, alunos novos!! – comemorou Evie, enquanto tirava seu cachecol do bico da coruja.
- Sim! O Michael e a Liz são bem legais, vocês vão gostar dele. Eu falei pouco com o Chris, mas tenho certeza que ele deve ser uma pessoa simpática...só um pouco...errr...incompreendida. – disse Nina, parecendo contrariada
- Incompreendido. No dicionário Nina- Búlgaro, isso quer dizer “completamente mala” – respondeu Milla, arrancando risadas de todos.
- Ah, vocês que tirem suas próprias conclusões quando eles chegarem! – a voz da menina foi abafada pelo som de um apito e Nina tirou um bilhetinho do bolso – “Aposto que vocês estão atrasadas para a aula”. Meus bilhetes são inteligentes! Vamos, povo!
- Seus bilhetes não são inteligentes...nós que somos tão previsíveis. – respondeu Evie, enquanto as garotas pegavam os livros e caminhavam em direção ao castelo de Durmstrang.