O sábado livre chegava ao fim e pouco antes das 20h voltei com as meninas para a república. O prazo para as calouras entregarem as tarefas estava chegando ao fim e tínhamos que estar todas lá para avaliar. As novinhas foram as primeiras a voltar, já estavam todas aguardando ansiosas na sala quando chegamos e Nina e Annia se juntaram ao grupo delas para recolher as fotos. As nossas não deram sinal de vida até o relógio marcar 20h em ponto, quando a porta abriu e entraram todas de uma vez só. Todas, menos Inês. Vina, Milla e eu nos olhamos e prendemos a risada, indo receber as outras quatro.
Das quatro calouras que entregaram o que pedimos, Tatiana foi a que se destacou. Ela era a mais empolgada e conseguiu todos os itens da lista. Enquanto conferíamos os demais, ela ia contando como conseguiu cada uma das fotos com uma empolgação tão grande que nossa vontade era de estrangular ela pra que calasse a boca um pouco, mas apenas sorrimos e ouvimos. Coitada, ela só era animada, talvez até um pouco demais. Georgia aprovou as quatro para a próxima fase do trote e dispensamos todas as calouras, indo para o quarto.
‘Aonde será que a Inês se meteu?’ Perguntei curiosa enquanto me jogava na cama
‘Tomara que tenha explodido!’ Milla respondeu e rimos
‘Deve ter desistido e ficou com vergonha de voltar’ Vina chutou
‘Será que ela foi procurar abrigo em outra republica?’ Nina perguntou intrigada
‘Vamos torcer pra isso!’ Annia puxou um jogo de snap explosivo da mala e sacudiu na mão ‘Alguém topa uma partida?’
Amontoamos-nos no chão para jogar e passamos horas sentadas naquela roda. Vez ou outra alguém descia na cozinha para busca comida e bebida, e o jogo continuava firme. Já devia ser quase meia noite quando bateram na porta do quarto e Georgia entrou sem cerimônia, de pijama e roupão.
‘As cinco na sala agora, reunião’ Disse autoritária e saiu do quarto.
Trocamos olhares intrigados e cansados, mas recolhemos as cartas e descemos atrás dela. O Conselho da Avalon já estava todo sentado em volta da mesa de reunião. Georgia andava de um lado para o outro, tensa. Ocupamos nossos lugares e comecei a me preocupar. Pra que aquele mistério todo?
‘Meninas, nós temos um problema’ Georgia começou, sem nem ao menos sentar ‘A professora Mira esteve aqui há alguns minutos, me comunicando que Inês Molotov está retida na sala do diretor desde as 19h. Ela foi pega tentando invadir o banheiro dos professores com uma câmera na mão. Alguém tem alguma idéia do que ela estava tentando fazer?’
‘Eu sabia que essa garota seria um problema’ Falei como se não soubesse do que ela estava falando ‘Tentamos avisar, mas você não nos deu ouvido, Georgia’
‘Pois é, olha só o que ela fez!’ Milla entrou na onda comigo
‘Ela não explicou o que estava fazendo?’ Vina pareceu um pouco mais preocupada que nós duas
‘Não, a professora disse que o diretor já fez todos os tipos de pergunta possíveis, até a ameaçou com veritasserum, mas ela não emite um único som. Eles não vão liberá-la até que fique claro o que ela estava tentando fazer’
‘Bom, parece obvio pra mim’ Annia começou muito séria ‘Inês estava tentando conferir os professores sem roupa, e talvez guardar uma recordação’
‘Annia pode estar certa, sabe como são esses filhos de pessoas importantes, acham que podem fazer tudo sem sofrer as conseqüências’ Dei mais corda. Não íamos confessar nem sob tortura.
‘Não sei se o problema é esse, mas acho que foi mesmo um erro mantê-la aqui’ Georgia ponderou e sorrimos vitoriosas, mas disfarçamos ‘Em todo caso, não sei se mais alguma republica vai aceita-la a essa altura do campeonato, mas vou ver o que posso fazer’
‘Não se preocupe com trocá-la de republica, porque depois dessa, acho que ela vai ser expulsa’ Milla levantou da mesa bocejando ‘Estou com sono, tem mais alguma coisa pra discutir?’
Georgia fez sinal com a mão nos dispensando e saímos da mesa. Subimos correndo para o quarto e assim que Vina bateu a porta, caímos na gargalhada. As risadas eram tão altas que sem duvida os quartos do andar de baixo podiam nos ouvir. Vimos quando Georgia saiu da república e caminhou na direção do castelo, parecendo furiosa. Mas depois de um tempo paramos de rir e acho que pensamos todas a mesma coisa: o que vai acontecer se ela contar a verdade? A dúvida pairou sobre o quarto por intermináveis 40 minutos, tempo que levou para que Georgia voltasse para a república com Inês ao lado. Ela olhou para a janela do nosso quarto e nem deu tempo de se esconder, então a encaramos de volta. Inês olhou para cima também e abaixou a cabeça, entrando rápido. Georgia sustentou a nossa encarada e sacudiu um papel amassado na mão, fazendo sinal para descermos outra vez.
‘É, agora ferrou’ Nina falou nervosa
Fechamos a janela e caminhamos outra vez até a porta. Tínhamos jogado bosta de dragão pro alto e agora estava começando a ventar...
((Continua))