‘Lembra daquele ano que você, Marcella e eu fomos ao desfile do St. Patrick’s Day vestidos de vermelho?’ Vlade perguntou rindo e eu quase cuspi o vinho.
As love is fading
For all the things that we are,
We are not saying
Can we see beyond the scars
And make it to the dawn?
No dia de Natal, Vlade me levou até a casa da Milla e passamos o dia lá. No começo, me senti na obrigação de ficar perto dele, mas depois ele e Yuri, o irmão da Milla, começaram a conversar assuntos burocráticos como trabalho, quadribol e notícias, que senti à vontade para ir até o quarto da Milla conversar com ela e Annia, que também estava lá.
No final do dia, me despedi de Vlade e fiquei por lá. Ty havia nos convidado para a festa de casamento da sua mãe, no Reveillon, e iríamos juntas...
A cerimônia do casamento foi tradicional e muito bonita. Acompanhada inclusive de quilos e quilos de arroz que um grupo de amigos da mãe do Ty lançava em cima deles, quando passavam por nós de mãos dadas, recém-casados. A festa, porém, estava sendo muito diferente do que eu jamais imaginara!
Uma mistura de country e rock estourava por todos os lados. Muitas pessoas sapateavam e pulavam na pista de dança, fazendo trenzinhos e cortando as mesas. Além disso, do outro lado, tinha karaokê e a bebida rolava solta para quem quisesse beber.
Evie e Micah, que não tinham tido um Natal muito feliz, agora se juntavam a outras pessoas e tentavam aprender a coreografia maluca. Não preciso dizer: sem sucesso algum! A coreografia maluca era antes de tudo... descompassada! Quando eles perceberam que não havia ritmo e nem ordem, começaram a sapatear e pular juntos.
Annia e Milla saíram atrás de Ben O’Shea, que hora ou outra passava por nossa mesa acompanhado de um outro cara L.I.N.D.O., rindo. Mais tarde, descobrimos que o outro homem era padrinho do Gabriel.
Falando em Gabriel e companhia, Miyako também estava lá. Ricard e ela estavam dançando, um pouco mais coordenados que Evie e Micah, mas mesmo assim sem qualquer compasso. Eu e ela estávamos nos esforçando a manter a maior distância possível uma da outra, e apesar do fato de Ricard ter me abandonado completamente, descobri que aquilo não me aborrecia mais. Nina e eu estávamos sentadas na mesa rindo e tecendo comentários sobre a festa e as pessoas
E Victor... Bom, ele parecia muito bem. Bebia, dançava e conversava com os primos do Ty que ele havia conhecido nas Olimpíadas. Nem se quer olhava na minha direção.
And open up to
The ways you made me feel alive
The ways I loved you
For all the things that never died,
To make it through the night,
Love will find you.
O céu já adquiria um tom cinza pálido e a festa agora se limitava ao canto do karaokê. Muitos convidados, já bem “felizes” sob efeito do álcool disputavam o microfone e cantavam suas melhores melodias. Evie e Micah, ambos MUITO bêbados, haviam dado uma palinha cantando “The time of my life”, mas tirando eu, Nina, e talvez Michael Parker, todo o restante dos nossos amigos estavam bêbados demais para fotografarem com perfeição a cena.
Annia havia desaparecido. Milla e Iago dançavam ao som das cantorias. Até Nina parecia estar se divertindo, pois algumas primas do Ty se sentaram na nossa mesa, onde tínhamos uma melhor visão do palco improvisado, e conversavam conosco. Estávamos assistindo a mãe e o padrinho de Gabriel cantando “Ebony and Ivory”, quando senti um par de mãos agarrando meu braço. Era Victor.
Não disse nada, mas puxou minha mão e saiu me arrastando para longe. Paramos em um lado da pista de dança, já praticamente deserta, e ele ficou me encarando uns segundos. Eu tinha muitas coisas a dizer, mas estava esperando que ele começasse... Só não esperava o que veio a seguir: sem qualquer precedente, sem dizer uma única palavra, sem nem ao menos nos entendermos, ele me puxou pela cintura e me beijou com tanta vontade que não consegui tomar qualquer tipo de atitude. Senti tudo ao redor ficar silencioso e girar por uns segundos e envolvi meus braços ao redor do seu pescoço, correspondendo. Como disse Ricard uma vez: “vocês mais discutem a relação do que namoram!”, então, por que eu iria estragar aquele momento que eu entendi como nosso “entendimento não-verbal”?
What about today?
What if you’re making me all that I was meant to be?
What if our love never went away?
What if it’s lost behind words we could never find?
Baby, before it’s too late,
What about now?
O dia 1° de janeiro amanheceu com muita ressaca no rancho, e um sol muito, muito quente. Estava sofrendo para sobreviver naquele lugar, mas me sentindo feliz. Eu e Victor não havíamos dito uma única palavra na noite anterior, mas estávamos juntos novamente e isso seria esquecido. Tudo seria apagado de nossas memórias, como se nunca tivéssemos nos “dado um tempo”.
To start a new day
This broken heart can still survive
With a touch of your grace
Shatters fade into the light
I am by your side,
Where love will find you.
What about today?
What if you’re making me all that I was meant to be?
What if our love it never went away?
What if it’s lost behind words we could never find?
Baby, before it’s too late,
What about now?