Thursday, October 04, 2007

Após a aprovação no teste para apanhador do time da Ansuz, Miles Kolchec teve que fazer alterações em sua rotina.
Levantava-se mais cedo para poder preparar sua mochila após revisar sua agenda do dia, e dormia mais tarde tentando dar conta dos deveres, que se acumulavam após os treinos marcados de última hora pelo capitão da equipe, Luka, que o olhava com desconfiança para o novato. Todos os dias algum defeito era apontado, mesmo que seu desempenho em campo fosse perfeito. Os outros jogadores o tratavam como se tivesse alguma doença contagiosa, e mesmo quando o time principal vencia devido à sua atuação como um apanhador rápido, não se ouvia uma palavra de incentivo. E sempre após algumas horas em sua vassoura, o capitão os mandava correr mais um pouco, pois o time precisava ficar mais forte, e o capitão dizia isso olhando diretamente para ele.
Foi divertido no primeiro dia, no segundo dia o corpo dolorido gritou em protesto, mas ele foi em frente, isso era coisa de homem, e ele agüentaria, mas depois de uma semana o excesso de exercícios, deveres e cobranças, estavam deixando seus nervos abalados, numa das vezes nem esperou a dispensa do capitão, correu para o banheiro enjoado, e após melhorar ficou escondido no vestiário, tremendo encolhido pela exaustão, apenas esperando o time ir embora, de onde conseguiu sair, e voltar para sua república sem ser notado.Numa destas voltas para casa, esbarrou em uma pessoa, e quase foi ao chão. Só não caiu, pois o reflexo do outro era rápido e o segurou firme dizendo de forma branda:
- Hey garotão, olha por onde anda. - ele olhou para cima e ver quem o segurava, e era Micah Wade, um dos alunos novos. Na hora seus olhos ficaram embaçados, e o outro perguntou preocupado:
- Eu te machuquei? – e ele era tão gentil, que ele se permitiu ser segurado por mais alguns segundos antes de se dar conta da situação:
- Eu tô bem cara, precisa de muita coisa pra danificar um cara forte... másculo... machão... como eu. Tá me estranhando? – disse se soltando e engrossando a voz, antes de jogar sua mochila de volta ao ombro, e se virar para ir embora com uma postura que ele achava ser masculina. Porém, um rápido olhar para o rosto do novato onde um pequeno sorriso se formava, o fez entender sua situação de imediato:
Ele havia sido descoberto.

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- Senhorita Kovac, seria possível contar com sua participação na minha aula, ou o mundo dos sonhos é mais interessante?
- Já estou aqui! Estou pronta! – respondeu assustada para o professor de Adivinhação e alguns alunos riram enquanto o homem continuava falando:
- Sei que minha sala é relaxante com estes pufes e a aura de tranqüilidade, mas o clima é para ajudar a visualização do futuro nos orbes, ainda não cheguei à parte que falo sobre a viagem astral, e quando chegarmos nela, quero ver quem vai conseguir ir de um ponto a outro do Universo e me contar suas experiências. Sim, alguns vão conseguir faze-la... Acho que vou fazer um laboratório dos sonhos nesse dia... - disse o professor Vladimirovich bem humorado, ela sorriu sem graça e procurou se manter acordada pelo resto da aula.
Mas olhar para os orbes claros exigia que ela se acomodasse melhor nos pufes, e sua mente ia ficando tão relaxada e a voz dele estava ficando cada vez mais longe... (bocejos...)

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- Ele sabe... Eu sinto que ele sabe. - dizia enquanto tirava seu disfarce.
- Imagina, ele é um garoto. O que ele pode saber? Disse alguma coisa?
- Não, mas os olhares dele, depois que nos esbarramos.
- Você tá ficando paranóica. Acho que vou te dar uns florais para os nervos. E também uma vitamina, está com uma palidez estranha.
- Não quero sair do time, estou quase lá.- choramingou.
- Sabe que isso para mim é loucura, mas vamos te ajudar. Vamos repassar sua agenda de amanhã, mais uma vez.

o-o-o-o-o-o-o

- O que está havendo Lud?
- Não está havendo nada Iago. - ela disse tentando esconder um bocejo.
- Você está mais cansada que o normal, não anda comendo direito, e quando estamos juntos você cochila. Estou preocupado.
- Não está acontecendo nada, agora preciso ir.
- Aonde você vai? Não tem aula agora. – ele perguntou curioso.
- Preciso fazer umas coisas...
- Que coisas?
- Pára de querer me controlar. Vou aonde quiser, sem ter que te dar satisfação da minha vida. Você não manda em mim.
- Ok, pode ir. Não precisa ficar histérica. - ele disse ressentido.
- Não estou histérica. – ela respondeu e sua voz realmente estava um pouco elevada, e as amigas vieram em meu socorro:
- Vamos Milla, está na hora. - disse Annia.
- Depois vocês se falam, sabe como é Iago, coisas de mulher. – disse Vina tentando justificar a sua explosão com o namorado.
- Daqui a pouco ela volta, novinha em folha, e ai vocês conversam. – disse Evie e ela se deixou levar pelas garotas até o banheiro, o dia ainda não havia terminado.

o-o-o-o-o


Não haveria treino naquela noite, Luka e os rapazes do time haviam combinado de ficar no clube de quadribol conversando e Miles resolveu se juntar a eles, mesmo sem ter sido convidado. Quando chegou, ele até tentou se sentar junto deles, mas como alguns estavam conversando com jogadores de outros times, e discutindo táticas usadas nos últimos jogos da Liga Européia, ele foi ignorado. Iago estava junto com os jogadores do time principal e sequer olhou em sua direção, tamanha a concentração. Como estivesse cansado, resolveu voltar para sua república. Ia saindo do castelo, quando escutou uma voz chamando-o:
- Hey garotão, está perdido? – era Micah Wade.
- Não. Estou indo pra casa. – ele respondeu e o outro já estava bem próximo.
- Errou! Homem diz: Estou procurando alguém que me ache, se for responder para uma garota e para outro homem ele manda se catar. – e continuou falando:
- Eu estava me perguntando como os rapazes daqui podem ser cegos ao ponto de não perceberem quem é você. Mas depois de conhecer alguns deles, sei a resposta.
Ele engoliu seco e nem tentou disfarçar mais:
- Você vai me entregar?
- Não.
- Porque não? – e ele viu o olhar astuto surgindo nos olhos dele, seguido do sorriso maroto:
- Porque com a minha ajuda, você vai se tornar um homem de verdade, e vou gostar muito de rir da cara dos patetas. E se quiser, te ajudo a manter o disfarce até você alcançar seu objetivo, seja ele qual for. Quer minha ajuda?
- Sim. Por favor.
- Errado de novo. É valeu cara! – e cuspiu na mão e a esticou para ele para selar o acordo.Ele olhou horrorizado para aquela mão, mas lembrou-se do que estava em jogo. Respirou fundo, juntou saliva, cuspiu na mão e apertou a mão do outro que disse rindo:
- Você acaba de passar no seu primeiro teste para ser um homem, garotão.