Wednesday, March 30, 2011

Final de Fevereiro de 2015, das anotações de Leonroa Ivashkov, futura top model

Querido Diário...
Não, eu não sou do tipo que fala isso para um caderno, mesmo que ele tenha sido customizado pelo Robbie, com um pedaço de tecido de um trench coat da Burberry, aliás, fico com pena de usar este caderno, mas Robbie ficaria chateado se eu não o usar para as minhas anotações, ele os fez num dia que estava entediado, e esta pena autorevisora, vai me poupar muito trabalho, mas estou me desviando do assunto que é a dieta. Vamos lá:
Hoje começo a fazer dieta. Preciso perder 8 kg. A enfermeira da escola, aconselhou a fazer um diário, onde devo colocar minha alimentação e falar sobre o meu estado de espírito. Sinto-me de volta à segunda série, onde se faziam aqueles cadernos de perguntas e respostas que sempre gerava alguma confusão, mas ela se mostrou tão animada, que eu resolvi testar e estou empolgada weee.
Por mais que dieta seja dolorosa, quando conseguir entrar naquele vestidinho preto maravilhoso, vai ser tudo de bom. Aliás já comprei o vestido que eu seguramente vou entrar, por mais que Parvati diga que ele foi feito para ela e Robert diga que aquele decote não me favoreça. Depois de 8 kilos eliminados, tudo vai ficar bem em mim. Eu sei que vai. Achei uma foto da Heidi Klum, dentro de um vestido preto lindo, e já a colei aqui na contracapa do diário, pra incentivar.

Primeiro dia de dieta: Um queijo branco. Um copo de diet shake. Meu humor está maravilhoso. Me sinto mais leve. Uma leve dor de cabeça talvez. Claro que tive que comer e sair rápido da mesa, pois Finn e os garotos durante o café pareciam aquele povo que tenta estocar comida em épocas de tornado sabe? Não sei como cabe tanta comida dentro deles. Optei por não acompanhar Robbie e Parv na hora do jantar, seria goulash com purê de batata...Comecei a salivar igual ao predador...(dormi sonhando com o deserto do Saara).Anotação: parar de perguntar aos elfos da cozinha o prato do dia.

Segundo dia de dieta: Algumas torradas e um copo de iogurte como café da manhã,juro que mastiguei cada bocado 22 vezes, mas eles acabaram rápido, tentarei matigar 30, vai que duram mais. No almoço uma saladinha básica. Ainda me sinto maravilhosa. A cabeça dói um pouquinho mais forte, mas nada que uma aspirina não resolva. Hoje tomarei duas, uma só não faz efeito e o dia será longo.

Terceiro dia de dieta: Acordei no meio da madrugada com um barulho esquisito. Achei que fosse ladrão e chamei Parv, não ia enfrentar um bandido sozinha. Mas, depois de um tempo percebemos que era o meu próprio estômago. Roncando de dar medo, e Parv disse que se eu não comesse alguma coisa, não iria ficar ali perturbando a ordem pública ¬¬. Imagina se vou sabotar a minha dieta? Estou ótima, isso é só um contratempo. Desci para a cozinha e tomei um litro de chá. Fiquei indo ao banheiro o resto da noite.
Anotação: Nunca mais tomo chá de camomila. Ele não tem efeito sedativo, preciso de um Lexotan.

Quarto dia de dieta: Estou começando a odiar salada. Me sinto uma vaca mascando capim. Estou meio irritada. Mas acho que é o tempo. Minha cabeça parece um tambor. Vi Tiffanny comendo uma torta alemã hoje no almoço. Mas eu resisti, porque sei que aquela torta vai todinha pro quadril dela.
Anotação: Odeio Tiffany e espero que ela morra gorda.

Quinto dia de dieta: Juro que se eu vir mais um pedaço de queijo branco na minha frente, eu vomito! No almoço, a salada parecia rir da minha cara. Gritei com o Finn hoje! E com a Tiffany, além de olhar feio para o Mitchell que vinha em minha direção e mudou de idéia ao receber um sinal de Robbie. Melhor assim. Preciso me acalmar e voltar a me concentrar. Comprei uma revista com a Heidi na capa. Minha meta. Não posso perder o foco, embora minha vista às vezes fique turva.

Sexto dia de dieta: Estou um caco. Não dormi nada essa noite. E o pouco que consegui, sonhei com uma barra de chocolate ao leite da Dedosdemel. Acho que mataria hoje por um sapo de chocolate e se for o de meio kilo mato com as mãos mesmo. Robbie e Parv estão um pouco receosos de falar comigo.

Sétimo dia de dieta: Fui ao castelo e a enfermeira me pesou. Emagreci 250 gramas. Tá de sacanagem! A semana toda comendo mato. Só faltando mugir e perdi 250gramas! Ela explicou que isso é normal. Mulher demora mais para emagrecer, ainda mais na minha idade, pois sou novinha. Acho que ela me chamou de criança gorda!
Anotação: Procurar outra enfermeira, ela tem jeito de psicopata e cheira a baunilha. Será que a dieta vai me fazer mudar de time?

Oitavo dia de dieta: Fui acordada hoje por um frango assado. Juro! Ele estava na beirada da cama, dançando can-can.
Anotação: O pessoal do grêmio ficou me olhando esquisito hoje, Ozzy diz que é porque estou parecendo o Jack do “Iluminado”.
Anotação: Não falar com Ozzy segurando tesouras, mesmo se for sem ponta.

Nono dia de dieta: Não fui à aula hoje. Acho que ando tendo delírios. O frango assado voltou a me acordar, dançando a dança-do-ventre dessa vez. Passei o dia no sofá vendo tv. Acho que existe um complô contra mim. Todos os canais passavam receita culinária. Ensinaram a fazer Torta de morangos, salpicão e sanduíche de rocambole.
Anotação: Comprar outro controle remoto, num acesso de fúria, o joguei pela janela e por conta disso terei que pagar o conserto da janela também.

Décimo dia de dieta: Eu odeio Heidi Klum e seu eterno ar de felicidade. Acorda garota, você dorme com o Seal.

Décimo-primeiro dia de dieta: Se há inferno na terra eu o conheço. Hoje gritei com uma garota do terceiro ano enquanto ela comia um sanduiche no corredor do teatro e a fiz chorar. A professora Yelchin viu e me puxou num canto, dizendo que eu não poderia ser gorda e malvada. Que gordos são alegres por uma razão. A gordura repele as pessoas, mas alegria as atrai.
Que todos ririam das minhas piadas, mas ninguém me convidaria para o baile, (sei, até parece) Ou eu seria gorda e alegre ou uma vadia magrela. Para eu decidir, mas bem longe da aula dela. Saí do teatro batendo a porta, para não bater na professora e ser expulsa, ainda me resta alguma sanidade.Minhas mãos começaram a tremer, deve ser stress.

Décimo-segundo dia de dieta: Sopa.
Anotação: Nunca mais jogo pôquer com o frango assado. Ele rouba.E não gosta do Robbie ou da Parv. E quem não gosta dos meus amigos, não me interessa, por mais que cheire gostoso.Acho que vou pedir desculpas ao frango.

Décimo-terceiro dia de dieta: A balança não se moveu. Ela não se moveu! Não perdi um mísero grama! Comecei a gargalhar. Assustada, a enfermeira, sugeriu um psicólogo. Acho que chegou a falar em psiquiatra, quando me viu tomando a poção calmante como se fosse milkshake de chocolate e pedi pra repetir a dose e ela se recusou. Será que é porque eu a ameacei com um bisturi por me regular uma simples poção calmante que tinha cor de chocolate?
Anotação: Não volto mais naquela enfermeira do castelo, o frango acha que ela é uma charlatã e é mesquinha também.

Décimo-quarto dia de dieta: O frango me apresentou uns amigos. Os filés são super gente boa, e a torta de morango, embora meio enfezada, é um doce.Robbie e Parv tentaram falar comigo, mas como eles estavam segurando um prato com frutas, eu os ignorei. Não posso sabotar a dieta.

Décimo-quinto dia de dieta: Matei a Heidi Klum! Cortei ela em pedacinhos e todas as fotos de modelos magérrimas que tinha no quarto. Seal teve morte dolorosa porque parece uma barra de chocolate amargo. Puro cacau.Tentador demais!
Anotação: O frango e seus amigos estão chateados comigo. Comi um pedaço do Sr. Pão. Mas foi em legítima defesa. Ele me ameaçou com um pedaço de salame.

Décimo sexto dia: Não estou mais de dieta. Aborrecida com o frango, ataquei a geladeira da república e comi tudo o que tinha lá, inclusive uma embalagem com comida chinesa de duas noites atrás. Não terei dor de barriga, porque o que não mata te fortalece. Arrematei uma torta de chocolate sozinha.Ela realmente era um doce…Robbie e Parv agora que viram que voltei ao normal, conversam comigo sem medo de eu voar nos pescoços deles como uma vampira. E Finn está mais tranquilo, não o chamei mais de imbecil, pelo menos não na sua frente e já olho para Mitchell sem pensar nele como um filé suculento. Embora ele seja tão gostoso quanto.

Anotação: Quando inventar de fazer dieta, já combinei com Robbie e Parv e eles vão me internar numa clinica de sono. Será mais fácil para conversar com meu amigo frango assado e sua gangue.

N.Autora: adaptação de um texto de internet de nome 'diário de uma dieta'

Friday, March 04, 2011

Lembranças de Lucian P. Valesti

- Como estão os ensaios? – Ferania perguntou, quando tivemos um pequeno intervalo perto do final da tarde. Era sexta-feira e Ferania tinha dado de folga para seus primos então só tínhamos nós dois na livraria e conversávamos enquanto abríamos novas caixas de livros. Os dias marcados pela professora Yelchin para as apresentações estavam chegando e nosso nervosismo aumentava.
- Estão ótimos! Vamos cantar aquela música mesmo.
- Tem certeza? A Liseria pode não gostar, assim como o namorado da Lenneth. – Ela comentou algo que eu e a Lenneth tínhamos discutido muito.
- Eu sei, já pensamos nisso. Mas decidimos apresentar assim mesmo. Queremos deixar claro que somos só amigos e essa música é uma forma de dizer isso.
- Vocês formam um bonito par e estão cantando bem. Será difícil para a Georgia decidir o ganhador, têm muitas pessoas talentosas na turma. Mas, Lucian, tem algo que eu queria falar com você.
- Pode falar. – Eu falei curioso, retirando um exemplar de “Flores florescentes da Bretanha” de uma caixa.
- Tem certeza que a Lenneth está feliz nesse namoro? Quero dizer, não acho que seja a pessoa certa, na verdade, nem acho que é a pessoa que ela queria.
- Está sim. Mas não entendo sua pergunta, eu acho que ela está feliz sim. Ela não namoraria com o Patrick se não gostasse dele.
- Não estou dizendo que ela não gosta, só acho que não é quem ela realmente gosta... Sinceramente? Acho que ela estaria feliz com você como namorado.
- Você também? Você é a segunda que me diz isso, o Reno também falou. Eu acho que não, Fer, ela é minha melhor amiga, é como você e nós dois nunca nem pensamos em namorar! – Eu falei rindo e ela sorriu. – Apesar de que algum tempo da minha infância tive amor platônico por você.
- Eu lembro dessa época. Você vivia atrás de mim. Mas, Lucian, sério acho que a Lenneth não está completamente feliz com esse namoro... – Ela falou, me olhando de forma curiosa. Eu acabei não respondendo, me perguntando porque ela e o Reno falaram a mesma coisa. Nesse momento um cliente chegou e acabamos não falando mais no assunto.

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Nós havíamos ensaiado muito e estávamos animados com a apresentação. Ensaiávamos todos os dias, e quando o teatro estava sendo usado, ensaiávamos na livraria mesmo, pois Ferania adorava nos ver cantar e até nos dava dicas. Eu havia mudado um pouco a coreografia, pois achava que faltava mais proximidade naquela música. Lenneth gostou da idéia, pois assim como eu, ela queria que a música mostrasse a nossa amizade e isso era importante para nós. Ela também vinha enfrentando dificuldades com o Patrick, mas bem menores que a Liseria, pois ele é mais calmo e tranqüilo que minha querida namorada histérica.

- Pronta? – Eu perguntei, quando nos preparávamos para a apresentação. A professora Yelchin nos escolheu pra começar e Liseria e Patrick seriam logo em seguida.
- Um pouco nervosa, e você? – Ela perguntou. Eu me aproximei dela e a abracei antes de responder.
- Também, mas estou feliz de cantar com você, Lenneth! Seremos ótimos!
- Seremos ótimos! – Ela sorriu e batemos nossa mão no ar. A conversa com Reno e com Ferania me vinha à cabeça e não pude deixar de notar como Lenneth estava mais bonita, sendo que sempre foi. Mas balancei a cabeça, pensando em como eu estava sendo um amigo coruja. Eu dei sinal para que a orquestra começasse a tocar e entramos no palco, de lados opostos. Eu comecei a cantar, com a voz alegre.

Do you hear me talking to you
Across the water across the deep blue ocean
Under the open sky oh my, baby I'm trying
Lenneth respondeu, aproximando-se de mim e sorrindo.
Boy I hear you in my dreams
I feel you whisper across the sea
I keep you with me in my heart
You make it easier when life gets hard


Cantávamos enquanto realizávamos nossa coreografia, que consistia em nos aproximarmos lentamente um do outro e cantarmos bem próximos o refrão. De mãos dadas, eu a rodopiava, enquanto cantávamos o final da música e terminávamos abraçados, quando eu a puxava e ela vinha rodopiando até meus braços. Nos encaramos com um sorriso, os rostos próximos um do outro, os dois sem fôlego enquanto nos olhávamos. Ouvimos a platéia bater palmas acaloradas e nos separamos, ficando de mãos dadas e agradecendo à platéia. De relance eu vi Liseria e vi que ela estava muito irritada. Patrick também parecia incomodado, mas menos do que ela.

I'm lucky I'm in love with my best friend
Lucky to have been where I have been
Lucky to be coming home again
I'm lucky we're in love every way
Lucky to have stayed where we have stayed
Lucky to be coming home someday


Eu e Lenneth descemos do palco e nos sentamos na arquibancada. Patrick e Liseria já tinha ido para os bastidores. Ouvimos várias pessoas nos parabenizando, dizendo que fazíamos um belo par e que o dueto fora ótimo.
Logo depois, Liseria e Patrick subiram ao palco.
A orquestra começou a tocar uma música lenta, mas bonita e Liseria começou cantando, enquanto apertava as mãos diante do corpo.

Picture perfect memories,
Scattered all around the floor.
Reaching for the phone 'cause
I can't fight it anymore.
And I wonder if I ever cross your mind
For me it happens all the time.

Patrick respondeu em seguida, aproximand
o-se dela. Ele a pegou pela mão, enquanto cantava.

Another shot of whisky,
can't stop looking at the door.
Wishing you'd come sweeping
in the way you did before.
And I wonder if I ever cross your mind.
For me it happens all the time.


Os dois então cantavam o refrão juntos, cantando com força para a platéia e apontando os dedos para a mesma.

It's a quarter after one,
I'm all alone and I need you now.
Said I wouldn't call
but I lost all control and I need you now.
And I don't know how I can do without,
I just need you now.


Senti que eles escolheram aquela música de propósito, talvez querendo implicar conosco ou algo assim. Soube também que foi uma escolha da Liseria e observei os dois terminarem de cantar. A platéia bateu palmas também animados, mas percebi os olhares de todos em nós quatro, pois havia um clima estranho no teatro.

Liseria e Patrick agradeceram à platéia, e Liseria me perfurava com os olhos e eu a encarava com mesma energia. Eles desceram o palco e Liseria passou direto por mim, saindo do teatro. Eu fui atrás dela, pois não queria discutir dentro do teatro. Olhei para Lenneth antes de sair e ela me lançou um olhar preocupado, mas encorajador. Patrick sentou-se ao lado dela e os dois trocaram um olhar também, mas deixaram para falar depois.

- Liseria! – Eu chamei, mas ela não ouviu.

Por sorte eu sabia onde Liseria estaria e corri para a sala de fotografias do jornal. Ela adorava ficar ali, principalmente quando estava irritada ou chateada. Acertei em cheio.

- Lis.
- Não chegue perto de mim, Lucian! Como ousou cantar aquela música?! “Lucky I’m in Love with my Best friend”?
- Lis, você está levando para o lado errado.
- Não, Lucian, não estou! Essa música mostra muito pra mim!! – Ela falou. Eu sabia que não adiantava eu tentar me aproximar, mas me aproximei mesmo assim. Ela me empurrou e se afastou. – Não acredito que você cantou essa música com ela! Você sabe como foi humilhante pra mim?. – Ela falou e eu fiquei irritado.
- Liseria, pára com isso! Eu e a Lenneth nos amamos sim, pode ter certeza, mas como amigos!! Você tem que aprender isso e parar com esse sue ciúme, está ficando doentio!
- Doentio? Seria doentio se eu não tivesse razão, mas meu namorado estava cantando uma música toda melosa com a “amiga” dele. – Ela falou, fazendo aspas com as mãos. – E abraçados no teatro?! Eu não sou idiota! Todos estavam comentando como formam um lindo casal!
- Está sendo muito idiota sim! Olha, eu já te avisei: você tem que entender que somos apenas amigos, somos irmãos! – Eu falei novamente, a voz meio alterada pela discussão. Liseria começava a chorar e eu tentei chegar perto dela, mas ela me afastou novamente. – Ok, Liseria, você passou dos limites. Não confia em mim? Então tudo bem. Por que se importar com o que os outros dizem? Não era para o que eu digo importar? Mas se você não acredita em mim, se não confia em mim, não temos porque ficar juntos.

Eu sai dali na mesma hora sem olhar para trás. Liseria não veio atrás de mim, talvez chocada pelo que falei. Eu não voltei para o teatro, pois estava irritado e chateado. A primeira coisa que pensei em fazer foi procurar a Lenneth ou o Ozzy, mas não quis piorar as coisas para ela e atrapalhar o Ozzy. Fui então para a sala da Fer, pois queria muito conversar com ela e sabia que ele me ajudaria e eu me sentiria melhor.

Músicas: Lucky (feat. Jason Mraz), Colbie Caillat e Need you Know, Lady Antebellum.

Wednesday, March 02, 2011

- Vocês não querem vir comigo? Eu não tenho noção do que fazer lá...
- Como não tem noção? Você vai ver uns caras voando em vassouras, atirando o puck de um lado a outro. E fará a mesma coisa que fazemos nos jogos dos Ducks.- disse Parvati.
- É goles, Parv. O batedor, o seu Mitchel no caso, rebate os balaços que voam descontroladamente e livra os artilheiros de uma pancada dolorosa, enquanto tentam fazer gols com a goles, e não boceje como costuma fazer nos jogos dos Ducks ok?.- disse Robbie com seu jeito de sabe tudo e continuou, após prender uma echarpe em tons de verde e prata ao redor de meu pescoço.
- Eu sei que é goles, era só pra ouvir você dando aulinha, Miss Robbinson.- Parv mostrou a língua e rimos.
- Eu só bocejo nos jogos dos Ducks, quando as ‘rainhas do gelo’ pulam nos pescoços deles. Porque você está me dando esta echarpe? Veio de alguma liquidação?- provoquei e Robbie, estremeceu ante a minha pergunta:
- Será de bom tom, você usar as cores do time do Callahan, o ‘Green Warriors’ eles são os líderes da temporada. Ah e por favor, meu bem, quando houver um gol, não grite ‘GO Ducks’! É morte certa.
– e Robbie ainda citou um monte de regras sobre quadribol que eu fingia ouvir, mas estava preocupada demais com as letras das músicas para ouvir tantos detalhes de um esporte que eu não iria voltar a assistir tão cedo.

Quando cheguei ao campo de quadribol, fiquei pasma em ver as arquibancadas lotadas, me sentei perto dos torcedores que usavam verde e prata como eu, e os jogadores dos times quando deram uma volta de apresentação, Callahan acenou para mim e acenei de volta, afinal se para ele colaborar e concordar com as minhas escolhas musicais, eu faria o melhor possivel.
Ao final do jogo com a vitória do time do Mitchell, eu desci até o campo junto com outros torcedores e devo confessar que havia gostado do jogo. Depois de um tempo, ele me encontrou esperando perto dos vestiários. Havia tomado banho e se trocado.
- Estas cores ficam bem em você!- ele disse me analisando e eu me senti um pouco acalorada.
- Gestos de boa vontade são bem vistos não é?- ele sorriu e começamos a nos dirigir para o castelo, para o nosso ensaio. Depois que chegamos no castelo, fomos direto para o teatro e não havia ninguém. Claro que não haveria ninguém, as pessoas gostam de aproveitar o seu sábado para se divertir e não ficam fazendo as tarefas de escola.
Tirei as partituras da bolsa e comecei a mostrar as músicas que havia escolhido. Só de olhar, ele já demonstrou não gostar e começamos a discutir, após cinco músicas rejeitadas:
- Desculpe, mas eu não vou usar uma máscara branca, e cantar ‘ All I ask of you’ , detesto o ‘Fantasma da Ópera’. Aquele cara foi um fraco, que se deixou cegar pelo amor de uma garota egoísta e covarde...
- É uma musica linda, faz muito sucesso na Brodway e foi um dos primeiros musicais que a professora Yelchin participou. E ele não foi um fraco, temos que entender que ele sofreu muito, e amor não nos torna fracos, nos faz fortes e capazes de tudo. Por amor Christine abriu mão do homem que amava, ela sofreu a vida toda...- eu disse e ele começou a rir.
- Claro, ela abriu mão de ser a mulher de um psicopata deformado, para ‘sofrer’ na boa vida de viscondessa.E você não acredita realmente nestas besteiras não é? Não você.
-Porque não eu? Acha que eu não tenho sentimentos?
- Você faz uma coluna de fofocas, que destrói a vida das pessoas, não deve ser alguém que ‘sofra por amor’.E não vale amor platônico. – procovou.
- Para quem não gosta de ‘o fantasma da ópera’, você é muito dramático. Na minha coluna apenas faço comentários de coisas que vejo, não invento nada. Aliás, não me lembro de citar seu nome nela, não tem razão para estar me odiando assim.
- Você disse que Tiffany e um dos caras dos Ducks, estavam se ‘conhecendo melhor’. Claro que nosso namoro não resistiu à suspeita que você lançou.- lembrei que eu havia comentado isso sobre uma loirinha e um dos atacantes do time de hóquei.
- Tiffany? A garota do clube de Artes? - e ele assentiu e eu disse dando de ombros:
- Eu estava certa não é? Ela realmente estava com alguém do time de hóquei e vamos ser francos: não tenho culpa se ela nem gostava tanto assim de você.
- Mas com o tempo nos acertaríamos, já estavamos juntos há um bom tempo...
-Ah céus, você é um daqueles caras..
- Que caras?
- Daqueles que acham que basta amar demais uma garota e ela vai se sentir grata e retribuir o seu amor. Sinto dizer que isso só acontece nos filmes, garotão.
- É você deve saber bem disso, há anos corre atrás do Finnegan e até já ficou com ele, mas ele nunca te assume.- e foi como se eu tivesse levado um soco.
Meus olhos começaram a queimar, e comecei a piscar rápido, senti um nó na garganta e puxei o ar com força. Percebi que ele recuou enquanto me encarava, deve ter ficado com medo de que eu chorasse, mas eu não iria fazer isso.
- Muito bem, agora que já esclaremos as coisas, podemos decidir qual música vamos cantar? - eu disse.
- Eu sinto…
- Não temos que gostar um do outro, vamos apenas escolher uma música e seguir em frente ok? Sei que podemos fazer um bom trabalho, pois me lembro dos testes e você foi muito bem. – disse o mais fria possível e ele pareceu entender que eu não falaria mais nada e se resignou.
Começamos a sugerir músicas modernas e ironicamente acabamos nos decidindo em fazer um mash up, de ‘borderline & open your heart’ e mesmo rindo e cantando durante o ensaio, estávamos frios um com o outro.
Repetimos a coreografia, várias vezes e eu ja estava ficando cansada, e disse:
- Acho que não podemos fazer mais nada por hoje. Esta música vai ficar legal, e não creio que outros a usem. – comecei a arrumar as partituras para guardar e ele se aproximou:
- Leonora, eu fui um idiota...- me virei para ele, cortando-o:
- Aqui estão os dias que posso me encontrar com você para treinarmos nosso dueto. Caso você precise mudar, é só me avisar.- sai dali e só quando cheguei na república, foi que percebi que eu havia perdido a minha echarpe.

-o-o-o-o-o-o

Something in your eyes
Is makin' such a fool of me
You're making me
You're making such a fool of me
I see you on the street and you walk on by
You are in the street
I see you and you walk on by
When you hold me in your arms
You love me till I just can't see

oh oh oh oh oh oh oh


- Isso está uma droga!- disse Mitchell interrompendo nosso ensaio. Já era véspera da apresentação e já tinhamos ensaiado repetidamente.
- Não temos tempo para mudar agora.- disse seca e ele se aproximou e ficou perto de mim:
- A música é ótima e nós conseguimos achar o tom certo...Mas não rola química, enquanto você estiver me tratando como se eu sofresse de peste.
- Se quiser, desistir, me apresento sozinha, sempre tenho um número extra preparado.- eu disse e ele me segurou pelos braços e me puxou para perto dele:
- Eu não vou desistir de nada. Quando você disse que ficaríamos bem juntos, eu aceitei e fiz o melhor, mas se não resolvermos o nosso problema, esta música não vai funcionar e vamos fracassar.Você está parecendo um robô.- ele criticou.
- Eu estou parecendo um robô? Você é que parece estar usando um colete ortopédico.Vamos ensaiar mais, quem sabe melhora a nossa ‘quimica’. - estávamos perto um do outro e ele disse:
- O meu método é mais rápido.- e me puxou para cima dele e me beijou, no começo de forma dura, e depois foi suavizando. De repente me soltou e deu um passo atrás, e para minha sorte eu estava perto do piano e me apoiei nele, tentando aparentar que nada daquilo havia me abalado.Ficamos nos encarando e ele disse:
- Não vou me desculpar.
- Não quero desculpas. Podemos voltar a ensaiar?- respondi no mesmo tom.
Voltamos a cantar e a dançar, mas o que antes parecia artificial, começou a ficar normal, e eu não me encolhia mais quando ele se aproximava demais. Ao final do ensaio, nós dois íamos nos encontrar com nossos amigos, e após uma troca de olhares nos separamos e acenamos um ao outro. Era nosso acordo não verbal sobre não tocar no assunto do beijo.

so you choose to look the other way
Well, I've got something to say
Open your heart to me, baby
I hold the lock and you hold the key
Open your heart to me, darlin'
I'll give you love if you, you turn the key


N.Autora: trecho de ‘Borderline & Open your heart’, Glee