Sunday, November 30, 2008

Lembranças de Renomaru G. Kollontai

- E o campeão de Durmstrang é....Renomaru Goldensun Kollontai!!

O Diretor falou com entusiasmo o meu nome, e uma alegria enorme surgiu em meu peito, tomando todo o meu corpo. Com orgulho eu me levantei da cadeira, ainda não acreditando que havia sido escolhido como campeão. Apesar de eu saber que estava preparado, o nervosismo não deixava de surgir, e aumentar enquanto eu caminhava para a sala atrás da mesa dos professores, onde o Diretor segurava a porta para mim, com um sorriso. A escola gritava entusiasmada, me dando o apoio deles, mas não os ouvia mais quando o professor fechou a porta.

- Parabéns, Kollontai! – O Diretor Ivanovich falou quando passei por ele, entusiasmado.

- Obrigado, professor.

- Bem já que todos os campeões estão decididos podemos dar início ao Torneio! – Madame Madame Maxime falava com seu sotaque e sua voz fortes. Gabriel estava ao seu lado, e pareciam lhe faltar palavras, e cor...Mcgonogal, a Diretora de Hogwarts, também estava animada e ao seu lado, Gina parecia não querer abrir a boca para evitar algum grito, de alegria ou não.

- Parabéns a vocês três, o Cálice os considerou aptos a participarem do Torneio e os elegeram como representantes de suas escolas. É uma honra poder representar alguma das três maiores escolas da Europa – Mcgonogall falou, enérgica, mas com uma espécie de sorriso no rosto, o que parecia não lhe combinar muito, e pelo pouco que eu a conhecia era verdade.

- Essa reunião é apenas para informa-los um pouco. O Torneio será difícil e até mesmo perigoso, mas fiquem tranqüilos, há vários bruxos do Ministério que irão estar presentes para ajuda-los caso a situação sai do controle. A primeira prova acontecerá no dia 24 de Novembro, na parte da tarde. Nessa prova vocês não poderão levar nada além de suas varinhas e iremos testar as habilidades de vocês em improviso e conhecimento de magia sob pressão. Não, Kollontai, apenas as varinhas. – Ivanovich repetiu me dirigindo um olhar significativo. Merda! Estava pensando em levar meus aparatos de alquimia para me ajudarem, mas não vou poder...Droga!! – Muito bem, por agora estão dispensados, no dia da prova receberão mais informações. Boa sorte a todos e boa noite.

Os Diretores, assim como os funcionários do Ministério presentes, cumprimentaram todos os campeões com alegria e encorajamentos. Eles saíram primeiro, deixando-nos um pouco a sós, e enquanto saiam pude ouvir a gritaria das escolas.

- Bem é isso, ainda não acredito que fui selecionada, mas vamos ver como nos saímos. Boa sorte aos dois. – Gina falou, enquanto nos sorria e saia, pude ouvir a gritaria ficar mais forte onde Hogwarts estava reunida, aguardando-a.

- É Reno, estamos encrencados não acha? – Gabriel falou rindo. – Boa sorte também, já vi que sua escola também vai querer quase arrancar um pedaço de você de lembrança.

- Nem todos, tenho certeza que muitos não gostam de mim. Bem, boa sorte, porém não fique em meu caminho, a taça é minha. – Gabriel riu do desafio e saímos juntos. Assim que apareci no salão, Annia pulou em meu pescoço gritando e dando os parabéns, e logo me vi cercado por diversos alunos. Realmente Durmstrang e Beauxbatons só faltavam arrancar pedaços de nós...

Dia seguinte.

Eu acordei com dor de cabeça. Ainda bem que era fim de semana, pois estava cansado e sonolento. Durmstrang inteira pareceu se reunir na Chronos para comemorar, e só fomos dormir quando os professores vieram brigar conosco, dizendo que já era demais, pois já era quase 5 da manhã. A escola me dava apoio em peso, e até mesmo aqueles que não gostavam muito de mim, engoliam as adversidades para me dar os parabéns, pois sabiam que eu o melhor para conseguir a taça. Eu devia ter bebido menos na festa, pois a dor de cabeça estava me matando. Assim que levantei da cama, peguei um frasco de meu armário e o virei de um só gole, rapidamente o efeito da bebida sumiu de meu organismo e pude pensar com mais clareza. Só agora eu me dava conta: CAMPEÃO DE DURMSTRANG! Cheguei a ficar sem ar, mas o sorriso era enorme e eu estava feliz, muito feliz.

Bram ainda dormia, e apenas para não perder o hábito o empurrei da cama, fazendo-o cair no chão. Ele me xingou, mas voltou a dormir, enquanto eu caia na gargalhada. Sai da república e vi que ainda estava relativamente cedo, e poucos alunos estavam acordados, a maioria de Durmstrang, que novamente me davam os parabéns. A maioria ainda estaria caído nas camas ou chão das repúblicas se recuperando da bebedeira, os mesmo para os demais alunos das outras escolas. Rumei para a escola, já sabendo para onde queria ir.

Eu sabia que minha mãe estaria em seu gabinete, preparando aulas ou fazendo novas experiências e rumei para lá, indo visitá-la. Ontem não tive como falar com ela quando fui escolhido como campeão, mas trocamos um olhar e vi o orgulho em seus olhos. Isso havia me feito sentir-me ainda mais feliz, e vi que havia emoção em seus olhos. Quando cheguei a porta de seu gabinete, dei uma batida de leve, e ouvi sua voz respondendo:

- Entre, Reno.

- Bom dia, mãe. Estou atrapalhando?

- Nunca me atrapalha, ainda mais agora que se tornou o campeão de Durmstrang! Venha aqui querido. – Ela falou com um sorriso largo em seu rosto e me puxou para um forte abraço, que eu retribui com felicidade. Como éramos aluno e professora na maior parte do tempo, não podíamos demonstrar afeto, então quando estávamos sozinhos aproveitávamos o tempo perdido. – Meus parabéns, Reno! Quando ouvi Igor dizendo seu nome eu quase pulei da cadeira para gritar com os demais. Estou orgulhosa!

- Eu pulei da cadeira, não acreditava que era verdade...O Ivanovich também estava animado.

- Claro que ele estaria, você é um ótimo aluno, há fortes chances de Durmstrang ganhar o Torneio, fora que ele gosta de você, ele estava realmente animado.

- Então é de família, achei que a Annia ia me matar enforcado ontem.

- Olha, se eu for ganhar uma nora, eu quero saber.

- Já falei que é só amizade, mãe. A Annia é maravilhosa, uma garota única, muito bonita, mas é só amizade...

- Pelo menos por enquanto, certo? Bem se algo um dia acontecer eu ficaria feliz.

- Mãe...Bem deixa pra lá. Fiquei muito feliz em ver que você estava tão feliz quanto eu.

- Estava radiante! E então, preparado para a primeira prova?

- Estaria mais se pudesse levar meus aparatos de alquimia...Só vou poder usar minha varinha, e estava pensando que poderia usar alquimia...

- Você pode tentar usar a alquimia com o que tiver no local de prova, não vai ter o mesmo efeito sem seus catalisadores, mas pode ajudar você um pouco. E eu confio em suas habilidades, querido!

- Obrigado mãe...Eu vou treinar mais alquimia sem catalisadores e alguns outros feitiços.

- Sim, é uma boa idéia. Quero lhe dar algo, estava esperando você ficar adulto ou se formar, mas isso é uma ótima oportunidade.

Enquanto dizia isso, ela se afastou e foi vasculhar seus armários. De lá, ela tirou uma caixa de madeira com um círculo dourado na tampa. Reconheci um selo alquímico e fiquei intrigado sobre o que estaria na caixa para que fosse lacrado dessa forma. Mamãe fez um pequeno corte no dedo e colocou a mão sob o círculo, imediatamente ouvi um som e a caixa se abriu. Mamãe retirou um cordão com uma pequena pedra vermelho vivo. Eu arregalei os olhos, e soltei ar dos pulmões sem notar.

- Isso era de seu pai. Eu dei a ele quando nos casamos...Foi seu bisavô que me deu.

- Isso...é um fragmento de uma Pedra!

- Como eu disse, foi seu bisavô que me deu. Antes de seu pai morrer, ele conseguiu esconder esse fragmento e quando encontramos seu corpo...A pedra estava em suas mãos. – Mamãe tremia enquanto contava... – Ele havia gasto toda a energia que ele tinha para escondê-la, transmutando-a em uma pedra comum, para que ela só voltasse ao normal em minha presença ou da sua... Desde então você sabe que para protege-lo, eu reneguei o nome de minha família, e escondi as evidências, aguardando que o mundo melhorasse e você ficava mais velho para poder carregar esse fardo. Agora sei que está pronto. Mas deve me prometer que não irá usar essa pedra, inclusive nas tarefas do Torneio. É uma lembrança de seu pai e de seu bisavô.

- E sua também, mãe. Eu prometo que não irei usa-la. Obrigado pelo presente. – Eu falei emocionado, e sentia lagrimas em meus olhos. – Queria que papai estivesse aqui.

- Seja lá onde ele estiver, ele está orgulhoso e feliz, você se tornou um homem maravilhoso, como ele. Estou realmente orgulhosa.

Nos abraçamos novamente, e ficamos calados por um tempo. Depois ela prendeu a pedra em meu pescoço e eu a transmutei, modificando sua cor e aparência, para a de uma pedra mais comum, uma safira ou algo do tipo. Mamãe passou a mão a pedra e sorriu enquanto me dava um beijo no rosto.

- Já chega de fugir. Nossa família sofreu muito por tempo demais, estou cansada de esconder. Quando terminar o torneio, iremos admitir nossa linhagem Flamel.

- Estou de acordo mãe.

Véspera da Primeira Tarefa

Os dias haviam passado rapidamente. Eles mal pareciam ter alguns minutos, o que dirá horas. Já era véspera da primeira tarefa e todos haviam ido dormir cedo, animados com o dia seguinte. Eu, porém, estava sem sono...E por nervosismo sai da república, esgueirando-me até o castelo, procurando a varanda secreta que eu usava quando queria pensar ou fazer experimentos sem que outros soubessem. A varanda era no topo do castelo, iluminada pela luz da lua, e era meu lugar favorito para pensar, ou para não fazer nada. Para chegar lá, eu precisava usar uma passagem secreta em uma gárgula dos jardins, que me levava a uma longa escadaria. Fiquei sentado lá, olhando a lua, enquanto pensava no dia de amanhã, quando ouvi um barulho.

Alguém PULAVA pelo parapeito da varanda, o que era impossível, pois estávamos algumas centenas de metros acima do chão. Fiquei quieto, com uma mão na varinha e a outra em meus frascos. A figura parou no parapeito, abaixada, me encarando na escuridão, como se soubesse que eu estava ali.

- Boa noite, Kollontai, sei que é você. – A voz falou com um tom de riso e reconheci na hora quem era. O único em toda a escola capaz de escalar centenas de metros: Seth Chronos.

- Ah, é você, Chronos. O que faz aqui? – falei, relaxando um pouco, mas sem largar a varinha.

- Pode largar a varinha, Reno, não vou fazer mal. Eu que pergunto, o que faz aqui? Se importa se eu chamá-lo de Reno?

- Pode, Seth. Estou apenas pensando, achei que só eu conhecia esse lugar.

- Provavelmente só você conhece em Durmstrang, mas eu tenho aptidão em achar lugares assim...E você acha realmente que eu já não vaguei pela escola inteira? Gostei mais daqui, então venho de vez em quando a noite.

- Sabia que você é proibido de vagar pela escola não? Principalmente a noite. Posso denunciá-lo.

- Você também não pode, então nós dois estamos errados. – Ele sorriu, e apesar de seus dentes pontiagudos, o sorriso me transmitiu serenidade e calma. Odeio admitir, mas eu gosto do Seth. – Fora que todos estão dormindo, tirando alguns alunos acordados.

- Como tem certeza?

- Eu sei. Posso escuta-los, ouvir suas batidas de coração e seus cheiros, e reconhece-los dessa forma. Cada ser humano tem um cheiro e uma batida de coração única, e já decorei todos desta escola. Biel e Gina estão acordados, deitados em suas camas, pensando em amanhã também. Tem um casal namorando, mas eles vão ser pegos em breve por um monitor. E Luna está dormindo. – Ele falou enquanto gesticulava para a cidade e depois pulou para meu lado sentando-se ao meu lado.

- Impressionante...Como o cálice não o escolheu? E você consegue reconhece-los assim de tão longe...

- Eu não me inscrevi no Cálice, não quis. Eu convivo com eles há tempo suficiente para praticamente poder vê-los apenas escutando seus corações e sentindo seus cheiros. Luna principalmente, ela é única, no cheiro, no coração, na presença. É maravilhoso.

- Você realmente ama essa garota hein? – Falei rindo, e ele riu também. – Vocês fazem um bonito casal, felicidades. E eu como eu cheiro?

- Você fede. Tem cheiro de enxofre e de amônia. – Ele falou, caindo na gargalhada, e não pude evitar um sorriso.

- Muito obrigado, mas você também não é muito cheiroso. – Falei dando-lhe um soco no ombro de brincadeira e rindo. Conjurei duas garrafas e dei uma para ele, ele cheirou e tocou com a varinha, trocando o whisky por cerveja-amanteigada, me fazendo revirar os olhos. Ficamos um tempo calados, apenas olhando a lua. A presença dele me acalmava e vi que era puramente birra minha não querer ser amigo dele.

- Vi que você e sua mãe decidiram assumir o ramo Flamel de vocês. Reconheci o pingente. – ele falou como se fosse a coisa mais normal do mundo e quase engasguei, como ele sabia?!

- Quer parar de usar leglimência em mim?!

- Não usei leglimência. Nossas famílias se conhecem há anos, e em uma das memórias de meus pais, seu pai usava esse pingente, porém em sua forma verdadeira, e o reconheci, mesmo modificado. Esquecesse que nossas famílias são amigas há anos?

- É havia me esquecido...Tudo bem, mas por enquanto não comente nada, eu e minha mãe decidimos que vamos assumir a linhagem Flamel após o Torneio.

- Não preciso reafirmar que têm o apoio dos Chronos certo? Qualquer necessidade basta falar conosco.

- Obrigado, mas não acho que vá ser necessário. Acho que vou tentar ir dormir, preciso ter forças amanhã.

- É verdade...Não se preocupe, pode ir para sua república sem medo, não há monitores naquela região.

- Não preciso que me diga isso, sei me virar.

- E amanhã, não precisa ficar com medo, baixinho, caso algo saia errado vão ter vários bruxos para ajuda-lo. Basta gritar por socorro. – Ele ria enquanto falava e eu acabei rindo também, segurando a raiva.

- Não me chame de baixinho, sanguessuga.

- Tudo bem, baixinho. – Ele falou já de pé no parapeito. – Boa sorte amanhã.

- Obrigado. Seth, amanhã não precisamos que os outros saibam de nossa nova amizade. Mas tenho que admitir, você é legal, obrigado.

- Ok, baixinho. Você também é legal, apesar do mau cheiro.

Ele falou rindo baixinho, enquanto se jogava para o vazio. Por curiosidade corri para o parapeito e o vi cair com leveza no chão, em seguida correndo na direção dos dormitórios femininos, ele devia ir ver a Luna antes de dormir. Eu me virei para a passagem secreta e desci ainda rindo do encontro inusitado.

Wednesday, November 26, 2008

‘Agora cada um deve pegar um fio de cabelo da pessoa em que querem se transformar, adicionar à poção e está pronta para beber. Vamos ver como se saíram!’

O professor Klasnic parou de frente pra turma outra vez e nos observou. Puxei um fio de cabelo da Milla e ela puxou um meu. Adicionamos nas nossas poções, respiramos fundo e bebemos. Foi uma sensação muito esquisita. Sentia meu rosto e corpo como se fosse uma gelatina e segundos depois tinha me transformado na Milla e ela em mim. Durante uma hora, toda a turma permaneceu invertida. Micah e Ty se transformaram um no outro, Victor teve que usar os óculos de Ricard pra enxergar, Vina trocou de lugar com Annia e achou estranho não precisar de óculos, Chris trocou de corpo com o primo Gabriel, Griff trocou de lugar com o irmão gêmeo e não gostou do cabelo comprido e Nina havia trocado de lugar com a Miyako.

Quando o efeito passou e voltamos às nossas formas normais, o professor pediu que fizéssemos algumas anotações e liberou a turma. Demorei mais que o necessário para guardar meu material e assim que ele saiu da sala, peguei um frasco vazio e enchi com a poção que sobrou no meu caldeirão. Guardei com cuidado no bolso e corri para fora da sala.

‘Peguei’ Avisei à Milla, que me esperava do lado de fora ‘Avise às meninas que hoje à noite vamos ter uma festinha na república’

Descemos as escadas de braços dados e rindo alto. Hoje pegaríamos nosso quarto de volta, então era melhor começar a arrumar logo as malas.

~*~*~*~*~*~

Toda quarta-feira à noite era dia da lendária ‘Noite das Garotas’ na Avalon. Cada semana inventávamos um tema diferente e nos juntávamos todas na sala para beber e conversar. E o tema dessa semana era Cassino. Recentemente havíamos descoberto que Martina era uma crupiê nata e, devidamente caracterizada com gravata borboleta e viseira, havia assumido a mesa para as partidas de Black Jack. Montamos também uma mesa para jogarmos Poker e Georgia, agora sob o constante efeito de remédios, havia exagerado na quantidade de bebida para a festa da semana, o que acabou nos favorecendo. Havíamos bolado todo um esquema para reavermos nosso quarto e ele envolvia, principalmente, whisky de fogo.

A base do plano era simples: embebedar Inês. E não foi difícil. Descobrimos depressa que ela ficava absurdamente sociável quando estava ocupada jogando cartas e apenas nos certificamos de nunca deixar seu copo esvaziar. Já passava da meia noite quando percebemos que ela estava quase atingindo o ponto em que não se lembraria de nada quando acordasse. E era exatamente esse o ponto ideal. Corri até o quarto e um minuto depois estava de volta à sala. Kay veio de encontro a mim e passei um frasco para sua mão, sem ninguém perceber. Era a deixa para Martina sair da mesa.

‘Ei, Nina!’ Gritou com a mão erguida e Nina foi até ela ‘Assume a mesa um pouco, vou descansar’

‘Opa, deixa comigo!’ Nina disse animada, pegando o baralho de sua mão

Martina saiu de trás da bancada e Inês levantou segundos depois. Esperamos até que ela se afastasse da mesa e a seguimos.

‘Ei!’ Milla deu um esbarrão forte nela e seu relógio ficou preso nos seus cabelos ‘Meu cabelo, está arrancando tudo!’

‘Calma, calma, tem que tirar devagar!’ Martina se adiantou pra ajudar e puxou o cabelo de Inês do relógio, arrancando alguns fios no processo ‘Pronto’

‘Toma mais cuidado, garota’ Inês reclamou e Milla olhou atravessado para ela ‘Ai!’

Sem esperar, Inês levou um empurrão violento meu e da Annia e foi atirada pra dentro do banheiro. Trancamos a porta e a música alta impedia as pessoas de ouvirem os gritos dela pedindo para a soltarem. Kay abriu a porta da cozinha.

‘Vamos logo com isso, não podem manter ela ai por uma hora’

Assentimos com a cabeça e Martina entrou na cozinha, seguida por Vina. Demoraram cerca de cinco minutos e voltaram para o corredor. Vina escondeu a câmera na bolsa.

‘Vamos subir com a Kay escondida e você mantenha a Inês ocupada aqui embaixo, não deixe ela subir sob hipótese alguma por pelo menos uma hora!’ Disse apressada, saindo da porta do banheiro

‘E se certifique que ela continue bebendo’ Milla disse quando formamos uma parede para cobrir Kay ‘Precisamos de um black-out total amanhã’

‘Não se preocupem, ela vai subir carregada hoje’ Martina riu e parou do lado da porta

Subimos rápido com Kay escondida entre a gente e fechamos a porta do quarto. A maioria das nossas coisas já estava arrumada, então recolhemos só o que usamos antes da festa e subimos com tudo para o nosso antigo quarto. Juntamos as coisas de Inês sem nenhuma delicadeza e atiramos tudo em caixas de papelão, emboladas, e descemos outra vez. Em pouco mais de uma hora, tudo que restava naquele quarto pequeno era uma cama desmontada, um colchão no chão e muitas caixas espalhadas. Já estávamos prontas para descer quando a porta abriu com estrondo e Martina com Inês escorada no ombro.

‘Ela vai entrar em coma alcoólico de beber mais um dedo de whisky de fogo’ Comunicou rindo, enquanto Inês sorria debilmente para a gente

‘Ótimo! Se esse coma durar até Julho, pegou mais um copo agora mesmo!’ Milla falou batendo palmas e rimos

‘Legal essa decoração’ Inês comentou vaga, olhando pras paredes vazias. Ela andava se escorando na gente, mal conseguia se manter de pé ‘Bem clean, não é?’

Ficamos observando ela caminhar tropeçando nas caixas e se segurando na gente pra não cair de cara no chão. De repente ela sentou em uma das caixas e com os olhos arregalados, levou a mão à boca. Corri com Annia para cima dela e agarramos seus braços, a arrastando para a janela. Empurramos sua cabeça pro lado de fora bem a tempo. Inês começou a vomitar todo o whisky de fogo que bebeu essa noite e viramos o rosto para não ver, pois era impossível não ouvir. Seguramos a cabeça dela pro lado de fora por quase dez minutos e quando ela parecia não ter mais o que botar pra fora, apagou. Colocamos Inês deitada de bruços no colchão, pro caso de vomitar não se engasgar, e antes de sairmos Vina conjurou um balde e deixou do lado da cama. Aquela com certeza ia ser a pior ressaca da vida dela.

~*~*~*~*~*~

O despertador tocou às 7 da manhã para nos acordar e apesar de termos ficado acordadas bebendo até quase 3 da manhã, levantamos no maior bom humor. Pela primeira vez em quase dois meses pudemos sair da cama sem pisarmos uma nas outras ou tropeçar em caixas espalhadas pelo chão. Abri a janela do quarto e sentir aquela brisa fria que entrava por ser o quarto mais alto da república foi revigorante. Tomamos banho sem pressa e quando já estávamos prontas, esperamos. Só mais cinco minutos e o show ia começar.

‘QUEM AUTORIZOU A TROCA DOS QUARTOS?’ Inês abriu a porta na hora exata. Ela estava com a mesma roupa de ontem, seus cabelos estavam uma bagunça e tinha olheiras que a deixavam parecida com um guaxinim

‘Bom dia pra você também, Inês’ Milla respondeu cínica

‘Saiam do meu quarto. Agora’ Disse apontando para a porta

‘Não’ Respondi calmamente, levantando ‘Sai você do nosso quarto’

‘Desculpe? “Nosso quarto?” Desde quando?’ Disse rindo debochada

‘Desde que a filha do Ministro da Magia não quer aparecer na 1ª página do Profeta Diário envolvida em um escândalo’ Annia levantou também e cruzou os braços

‘Vamos explicar melhor, você ainda está um pouco confusa depois da bebedeira’ Vina levantou e entregou uma foto a ela ‘Suponho que essa seja você, não? Beijando uma garota?’

O quarto caiu em silêncio por longos segundos. Inês olhava incrédula para a foto de si mesma beijando Martina e parecia sem palavras. Só soltava o ar sem conseguir formar uma palavra inteira.

‘Não sou eu’ Devolveu a foto pra Vina

‘Ah eu acho que é você sim’ Annia falou se aproximando dela

‘Não sou eu, eu não sou lésbica’ Inês estava claramente nervosa, mas tentava disfarçar ‘Eu nem conheço essa garota’

‘Claro que você conhece, é a Martina’ Milla pegou a foto da mão da Vina e mostrou a ela ‘Vocês se deram tão bem ontem, não lembra? Era ela que estava no comando da mesa de Black Jack. Vocês estavam quase íntimas já, todo mundo viu. Como pode dizer que não a conhece?’

‘Você não se lembra de ter beijado ela, não é? Bebeu tanto que nem sabia mais o que estava fazendo’ Nina perguntou debochada ‘Pois quando ela passou as cartas pra eu tomar conta da mesa, disse que estava indo encontrar você na cozinha’

‘Não, eu não fiquei com essa menina, eu teria me lembrado!’ Inês insistiu, desesperada

‘Você nem sabia que estava dormindo em um quarto diferente, como pode dizer que teria se lembrado de beijar a Martina?’ Coloquei-a contra a parede ‘Vai ver foi a própria que levou você pra lá, e quem sabe até dormiu com você. Seu cabelo está bem selvagem hoje, os movimentos nele ontem devem ter sido bruscos’

‘Vocês armaram isso!’ Nos acusou, com as mãos trêmulas ‘Não sei como, mas vocês armaram isso pra mim!’

‘Se nós armamos ou não, não vem ao caso’ Milla falou ‘O fato é que é você nessas fotos e não tem como negar’

‘E a menos que você queira que as fotos caiam na mão daqueles repórteres sem escrúpulos do Profeta Diário, e aqui no jornal da escola, é bom entrar na linha’ Falei em tom ameaçador e ela recuou alguns passos ‘Você vai ficar com aquele quarto e quando a Georgia perguntar, vai dizer que o perdeu em uma aposta no Black Jack ontem. E a partir de agora, seja muito boazinha. Quando passar pela gente, vai dar bom dia com um sorriso simpático no rosto; quando mandarmos fazer alguma coisa como o resto da calouras, vai fazer com toda a boa vontade do mundo; quando não vir ocupadas, vai perguntar se pode ajudar em alguma coisa; e quando tiver festas aqui na Avalon, vai trabalhar nelas como todas as outras novatas. Não se esqueça que temos suas fotos muito bem guardadas e que qualquer deslize seu, elas podem, sem querer, sair voando por ai’

‘Ouvi dizer que Rita Skeeter está louca por um furo de reportagem, e você sabe que ela está rondando por Durmstrang por causa do Torneio Tribruxo’ Nina ameaçou

‘E também não adianta ir correndo falar com o papai, porque você ia dizer o que? “Papai, eu beijei uma garota e estou sendo vítima de chantagem”. Acho que não vai ser bom pra sua reputação se boa menina’ Annia disse e rimos da imitação da voz dela

‘Agora pode sair’ Milla abriu a porta ‘Você não pode se atrasar para a aula e ainda precisa tirar esse ar de ressaca que contagia qualquer ambiente’

‘Ah, e antes de ir pra aula, peça pra alguém fazer um ponche da ressaca pra você’ Vina foi empurrando ela pra fora do quarto ‘Esse Ray-Ban desenhado na sua cara está horrível e temos uma reputação a zelar’ E bateu a porta

Assim que ela saiu, gritamos e nos jogamos nas camas caindo na gargalhada. Dava pra ouvir os passos furiosos de Inês descendo as escadas e descemos logo depois dela, felizes e satisfeitas. Saímos da república para as aulas do dia e os meninos já nos esperavam do lado de fora, olhando para as janelas da casa.

‘A festa ontem foi boa’ Micah me beijou e apontou pra janela do 2º andar, onde o rastro do vomito de Inês ainda estava estampado

‘Vocês não imaginam como, não é meninas?’ Falei olhando para elas e o abracei, rindo ‘A propósito, recuperamos nosso quarto ontem. Não é demais?’

As meninas riram mais ainda e eles ficaram com caras confusas, mas não explicamos. E a verdade era que eles não iam mesmo saber como a noite havia sido divertida. O que acontece na Avalon, fica na Avalon.


When the working day is done
Oh girls... they wanna have fun

Cindy Lauper - Girls Just Wanna Have Fun

Wednesday, November 19, 2008

- Milla, você está acordada?- perguntou Annia baixinho.
- Não, eu estou em sono profundo e você é um pesadelo. - respondi com voz abafada.
- Acorda Milla, preciso falar com você.
Suspirei alto e descobri a cabeça, para ver uma Annia toda vestida parada ao lado da cama.
- Aconteceu alguma coisa? Tem alguém morrendo? Diga que é a Inês.- resmunguei esperançosa e ela riu enquanto respondia:
- Ainda não pegaram a megerinha, sossega. Você vai sair da republica hoje?
- Não, porque?
- Você pode me emprestar aquele seu casaco com capuz todo peludo?
- Claro pode pegar...- respondi voltando a me deitar.
- Mas só vou devolvê-lo amanhã à noite, tudo bem?
- Aonde você vai??- a curiosidade me fazendo levantar e olhar bem para ela. Annia tinha um ar maroto no rosto.
- Er...Hum...Vou até a minha casa com John, buscar algumas roupas e...Como fica longe e está muito frio...Acho que vamos dormir lá...- disse as últimas palavras baixinho.
Abri um enorme sorriso:
- Claro! Pode levar o casaco e mais alguma coisa que precise...- e ela pegou o meu casaco e saiu o mais rápido possível do quarto. Com o frio que estava fazendo a melhor coisa era dormir bastante e esperar as outras voltarem para contar que Annia ia passar a noite fora com John e fazermos planos de como arrancar todos os detalhes dela quando voltasse, afinal trancadas na republica por causa do frio, precisaríamos de diversão. O empréstimo do meu casaco sairia caro rsrs.


Teach me tiger i would kiss you.. wa wa wa wah
Show me tiger i´ll would kiss you.. wa wa wa wah
Take my lips, they belong to you..
But teach me first, teach me what to do..



O frio incomum para o verão na Bulgária, deixava o céu cheio de nuvens pesadas e ao final da tarde, o céu estava tão escuro que alguns lampiões na rua já estavam acesos para iluminar o caminho. Eu e John aparatamos no meio do quarteirão e fomos caminhando de mãos dadas, até a casa onde eu havia crescido. Sorríamos um para o outro e volta e meia durante o trajeto John me puxava e beijava de forma tão intensa que meus joelhos ficavam moles.
Abri a casa e antes mesmo de fechar a porta, ele já me puxava para mais um beijo, deixando-me sem fôlego. Ficamos trocando beijos e quando a temperatura aumentou e começamos a tirar os pesados casacos, ouvimos sons de risos e passos apressados, alguém estava correndo dentro de casa. Antes que pudéssemos nos recompor, vimos uma mulher loira com uma camisola azul descendo as escadas correndo enquanto fingia fugir de... Meu Pai!

- Pai!O que está acontecendo aqui? - perguntei chocada. John ao meu lado apenas olhava a cena.
- Annia! - e então ele se deu conta de que eu estava em casa e estava acompanhada.
Meu pai olhou sério para John enquanto apertava o roupão ao redor do corpo e a mulher loira olhou para nós três com ar travesso. Ficamos nos encarando por alguns segundos, quando perguntei irritada:
- O que você está fazendo aqui?
- Você não costuma estar em casa nos fins de semana. - papai respondeu
- Eu moro aqui. Posso ir e vir quando quiser. - respondi.
- Quero saber o que você faz aqui e com este rapaz que eu não conheço. Não devia estar na sua república? - ele perguntou carrancudo:
- Ele é John McKellen, meu namorado. Pronto! Você já sabe quem ele é. È mais do que eu posso dizer desta... Pessoa.- e a mulher não ficou intimidada com a minha forma de falar e nem em estar quase nua no meio da sala, e disse com evidente bom humor:
- Olá, sou Claire Sheridan, uma amiga do seu pai. E você é a filha do Igor. Ele fala muito bem de você. - e estendeu a mão cheia de anéis que eu ignorei. Meu pai me olhou feio e antes que falasse algo, ela colocou a mão sobre seu braço, o acalmando. Fervi de raiva. Ela olhou para John e disse:
- Acho que eu já o conheço de algum lugar...
- Sou primo da sua cunhada Alexandra, senhora Sheridan.- John respondeu e a mulher olhou para ele sorrindo e bateu palmas. Sabe aquele tipo de alegria irritante, lembrava uma líder de torcida. Rosnei.
-Jura? Oh! Então estamos em família, Igor. Vamos até a cozinha achar alguma coisa quente para bebermos, enquanto eles conversam, Johny querido? - e botou aquelas unhas pintadas no braço de John e o traidor foi com ela e me largou sozinha. Meu pai e eu nos encaramos e nos dirigimos para a biblioteca e a julgar pelas coisas que eu vi, nestes poucos momentos aqui, a situação iria piorar. Devo ter caído em algum tipo de purgatório e não fui avisada.


Domingo de tarde e sem nada para fazer, começamos a jogar Twister na sala da república, para passar o tempo. Ty, Ricard e Nina, eram os últimos competidores, após duas rodadas animadas. Como tinha muita gente, precisamos dar uma acelerada no jogo, com direito a campainha de tempo, para mudar de posição, quem demorasse ia saindo e outro entrava no lugar. Micah, Evie, Chris, Vina, Miyako, Gabriel e eu já havíamos saído há algum tempo, e fazíamos bagunça para torcer e dar palpites durante a brincadeira, além de nos revesar para dar as coordenadas.
- Pé direito no verde...- disse Victor, depois de girar a seta.
- Brincou né? Assim não vai dar...Tô fora. - e Ricard se jogou no chão cansado.
- Oba! Nina vou ficar em cima de você muaháháhá...- e Ty ficou se equilibrando por cima da Nina.
- Sossega Ty, ou você só vai ter um filho nesta vida. - respondeu Nina e caímos na risada.
BAM!
A porta da república bateu tão forte que Ty se desequilibrou com o susto e caiu por cima da Nina. Que gritou eufórica:
-Eu ganhei! Eu ganhei!Eu ganhei!
Olhamos para a porta para ver o que tinha acontecido e Annia passou por nos feito um foguete. Não demorou muito e bateram na porta e era John, avisando ao primo que estava indo embora, e pela cara feia dele a coisa não estava boa. A nossa reação foi automática. Nunca um jogo foi recolhido tão depressa na história da humanidade. Ty e os rapazes saíram atrás de John e eu e as meninas, fomos atrás de Annia. Quando chegamos na porta do quarto ouvimos os estalos, parecia que havia uma guerra lá dentro.
- Pedra, papel tesoura??- perguntei e Vina contou baixinho até três e mostramos nossas mãos. Vina perdeu com sua tesoura para minha pedra e a de Evie. Abrimos a porta devagar e vimos quando uma bota voou perto da nossa cabeça. Annia parecia fumegar.
- Está com algum problema Annia? - perguntou Vina cautelosa.
- Tenho cara de quem tem problemas??? - Annia respondeu ríspida, e como a curiosidade era enorme, perguntei:
- Como foram as coisas na sua casa??
- Ah foram ótimas! (respondeu sarcástica). Muito agradável, pois meu pai estava lá...
- Ih! Fizemos enquanto Evie e torcia a cara e Annia resolveu despejar tudo de vez:
- E não estava sozinho, não mesmo. Tinha uma loira platinada, metida a cheerleader, correndo com ele pela casa, como dois adolescentes apaixonados.
- Hã? Como assim? Seu pai estava acompanhado?- perguntou Nina
- Sim, estava com a...’Namorada’ dele em casa. Um homem daquela idade...
Olhei para as garotas e ao entender a situação seguramos o riso e Evie disse:
- Mas seu pai não é tão velho assim... É até ‘boa pinta’.- meus olhos encheram de lágrimas, mas as segurei. Vina tossiu, enquanto Annia rosnava:
- Boa pinta? Deve ser isso que aquela loira siliconada vive dizendo a ele. - e começou a fazer uma voz afetada:
“Igor querido, não coma a pele do frango, faz mal para as artérias. Igor, vamos levantar pesos hoje. Annia seu pai é tão aplicado nos exercícios, que vai ganhar um prêmio. Barrinhas de proteína e beijinhos”, e fez barulho de beijos estalados, e fingiu vomitar. - eu tentei dizer algo mas ela continuou:
- E se não bastasse esta demonstração grotesca de que gente da terceira idade pode ser ridícula, ela transformou a biblioteca da casa da minha mãe numa sala de ginástica. Podem imaginar isso? Uma sala de ginástica. Com direito a espelhos nas paredes, esteira com televisão e pranchas para abdominal. Aquilo virou um antro de perdição, isso sim.
- Cof,cof drama queen cof,cof.- tossiu Evie e seguramos o riso, Annia pareceu não ouvir e continuou o seu monólogo:
- Ele está até pensando em se tornar vegetariano. Ele que adora ovos com bacon pela manhã, e goulash no almoço...
- Vegetarianos devem ser pessoas tristes...- comentou Evie e Vina respondeu:
- São sim, teve uma vez que eu até tentei isso para curar uma alergia...
- Hein, hein...O assunto aqui é o meu pai que perdeu a razão, podemos voltar a ele?- disse Annia nervosinha, porque já estávamos nos distraindo com outra coisa rsrs.
- Mas se exercitar faz bem....Meu pai faz caminhada com a minha mãe. - eu disse e Annia rosnou:
- Com a sua mãe, e não com a Barbie Malibu da geriatria. - então Vina fez a pergunta que não queria calar:
-Então se o seu pai estava lá... Você John não....? E Annia nos lançou olhares assassinos:
- De que jeito?? Primeiro tive que explicar quem era o John, aí quando a ‘vovózinha do piu-piu’ soube que ele era da ‘familia’, grudou nele e John era todo sorrisinhos para ela. Traidor. Afinal, ela é irmã do padrasto do Ty. É...Vocês agora estão percebendo de quem se trata? É a mãe de J&B.( e ela pareceu ter arrepios de verdade), rimos pelo drama, mas com a cara feia nos contemos, afinal ainda tinha coisas para sabermos, e Annia continuou:
- E meu pai fez questão de colocar o John num quarto no fim do corredor, onde ele demoraria pelo menos uns 15 minutos para conseguir se aproximar do meu. John até tentou, mas deu de cara com meu pai plantado no corredor, ele parecia adivinhar. E meu pai disse a ele que estava me preservando. Têm idéia de onde minha cara foi parar??? Preservando...Como se eu fosse algum artigo de museu. Humpft!- e nesta hora caímos na risada, depois de rirmos muito até as lágrimas escorrerem pelo nosso rosto, Evie sugeriu:
- Bom, nós não temos intenção de te guardar pra semente Annia, então se quiser, nós liberamos o nosso humilde quartinho para você e o John. É pequeno, mas de coração. - ela pôs as mãos cruzadas no peito e rimos quando Annia gritou:
-Evie!
- É de repente, você começa a ver o mundo um pouco mais cor de rosa...E pára de pegar no pé do seu pai. - disse Nina.
-É, muita coisa reprimida pode abalar os nervos... Tem gente que até mata...- disse Vina e continuamos a rir da cara revoltada de Annia, como já estava tarde e teríamos aula amanhã, olhei para as meninas e começamos a sair do quarto para nos trocar para dormir. Antes de sair perguntei séria:
- E ai Annia aceita o nosso quartinho? Podemos chamar o John para ele te jogar na parede e te chamar de lagartixa???
Fechei a porta rápido quando uma bota pesada veio em minha direção. Nos sentamos no corredor para dar risada. Quem disse que um quarto tão pequeno não pode ter suas ‘utilidades’ huahuahuahua.

N.Autora: trecho da música Teach me tiger, April Stevens

Sunday, November 16, 2008

Novembro chegou e o inverno já dava indícios de que seria o pior de todos. Era a primeira vez que os alunos de Durmstrang reclamavam do frio e poucos optavam por sair de debaixo das cobertas e do aconchego das republicas quentes nos fins de semana, principalmente os alunos das outras escolas. Mas decidida a não passar outro sábado presa naquele quarto minúsculo e ainda tendo que topar com a Inês pela Avalon, vesti meus casacos mais grossos e encarei o vento gelado da rua.

Pretendia ir ao vilarejo tomar um café e ver um pouco de movimento, mas antes passaria na Esparta para chamar Micah para me acompanhar e aproveitar para ter notícias de Dario e Filipe, pois não falava com eles há alguns dias. Estava em pé na varanda da republica pronta pra bater na porta quando ouvi a voz de Hanna. Recuei alguns passos e não dava para entender o que ela dizia, só que falava alto. A porta abriu com violência.

‘Você pode se arrepender depois, Dario’ Ouvi Hanna ameaçar o irmão

‘Já me arrependo de muitas coisas, Hanna. E deixar você entrar aqui hoje é uma delas. Sai, por favor’ E o rosto de Dario apareceu, seguido dela.

‘Olá Evie’ Disse com aquele nariz em pé, me mirando de cima a baixo

‘Oi Hanna’ Respondi no mesmo tom e revirei os olhos pra Dario quando ela passou

‘Entra Evie’ Ele disse já sorrindo e fechou a porta quando passei ‘Veio procurar o Micah? Ele está no quarto’

‘Vim procurar ele sim, mas também saber de você e do Lipe’ Tirei as luvas grossas e o capuz enquanto falava, sentindo o fogo da lareira esquentar meu rosto ‘Como está se virando por aqui? Sentindo muito frio?’

‘Não sei como vocês agüentam! Sério, eu saio daqui parecendo um pingüim de tão gordo por causa dos casacos e o frio parece que não passa’

‘Vocês ainda deram o azar de pegar um frio que nem a gente ta acostumado. E o Lipe? Já se adaptou?’

‘Você sabe como ele é, né? Claro que ta tentando se encaixar, mas não perde o jeito nerd’ Dario riu ‘Mas seu namorado está fazendo um excelente trabalho corrompendo ele. Ontem mesmo ele participou da conversa sobre um contra-ataque a Chronos e parecia empolgado’

‘Ótimo, Micah vai conseguir provocar a primeira detenção da vida do Lipe’ Revirei os olhos, mas não consegui deixar de rir. Vovô ia ter um troço.

‘Ah, pensei mesmo ter escutado a voz da garota da minha vida’ Ouvi Micah falando descendo as escadas. Parou do meu lado me abraçando e me beijou

‘Preciso sair um pouco’ Falei já tirando as luvas do bolso ‘Posso cometer um homicídio se ficar naquela republica hoje’

‘Ah, Inês’ Ele riu e quando não ri, me beijou ‘Vamos, minha Deusa. Vamos pra onde você quiser’

‘O café do vilarejo está de bom tamanho’ Ri ‘Quer ir, Dario?’

‘Sair nesse frio? Está louca!’ Falou como se tivesse convidado ele pra nadar no lago ‘Bom passeio pra vocês, mas vou hibernar esse fim de semana’

Deixamos Dario enrolado em um cobertor no sofá lendo um livro e encaramos o frio da rua. Quase ninguém circulava pelos jardins da escola, mas o café do vilarejo estava bem movimentado. A maioria das pessoas ocupando as mesas eram alunos. Conseguimos uma mesa perto da lareira e pedimos uma torta e um café expresso cada um.

Passamos quase a tarde toda no café. Era até engraçado como os assuntos nunca terminavam, era fácil demais conversar com o Micah. Diferente de como era com Josh, onde depois de meia hora eu começava a me entediar. Era estranho como ele parecia me conhecer até mesmo melhor do que eu. Era a primeira vez que sentia que podia falar qualquer coisa, que não seria julgada por isso. Sabia que podia contar a ele o que fosse, que ele não mudaria em nada comigo.

Já começava a escurecer e o café foi esvaziando. Micah já ia pedir a conta quando alguém derrubou um prato no chão e depois começou a rir alto. Reconheci a risada na mesma hora e olhei para trás. Georgia estava abaixada recolhendo os cacos de louça do chão e cutuquei Micah, indicando ela com a cabeça. Ele correu para ajudar e ela levantou ainda rindo, pedindo outro pedaço de torta. Depois veio sentar conosco.

‘Tudo bem, Georgia?’ Micah perguntou curioso ‘Sozinha aqui?’

‘Essa torta é divina, como não poderia estar bem?’ Falou pegando um pedaço enorme de torta e colocando na boca. Ela parecia um pouco fora do ar

‘Pensei que estava na Avalon. Não tem a festa com as diretoras pra organizar?’ Perguntei me divertindo com o jeito aéreo dela

‘Não posso pensar nisso agora’ Respondeu gesticulando com a colher e atirou uma cereja longe ‘Inês está me deixando louca! “Ora Georgia, seria muito bom para a sua presidência se me deixasse ajudar. Tenho contatos diretos, papai é Ministro da Magia e uma pessoa muito influente”. ARGH!’ Ela rosnou alto e nos assustamos ‘O único contato direto que ela vai fazer é com a palma da minha mão se não parar de me atormentar’

‘Sei que não é um bom momento, mas acho que é agora que entra a frase: eu avisei’ Ri e ela me olhou atravessado. Depois riu esquisito e olhou para a torta, decidindo que pedaço ia pegar

‘Não acredito que uma garota só vai vencer uma republica inteira’ Micah falou rindo ‘Vocês tem que ela pegar de algum jeito’

‘Ela tem que ter algum segredo!’ Bati a mão na mesa irritada e Micah a segurou para não fazer de novo ‘Não é possível que ela seja perfeita’

‘Claro que ela não é perfeita, mas vocês vão fazer o que? Contratar um detetive?’ Ele riu

‘Não é uma má idéia, sabem... Um detetive’ Georgia comentou distraída e sorriu quando a encaramos ‘Gente importante assim sempre tem algum podre’

‘É, aposto que ela tem os seus também!’ Falei empolgada e Micah balançou a cabeça. Ignorei ‘Mas aonde vamos achar um detetive profissional?’

‘Não precisa ser profissional, basta conhecer alguém que trabalhe em um jornal’ Georgia lambeu a colher da torta e observava o teto, curiosa ‘Tenho um contato no Profeta Diário, vou falar com ele. Se ela tiver algum segredo, ele vai descobrir’

‘Por que vocês não tomam uma medida mais rápida?’ Micah sugeriu ‘É mais eficiente revidarem logo’

‘Se tiver alguma solução imediata, pode compartilhar com a gente, porque não temos nada’ Falei irritada outra vez e ele tornou a apertar minha mão ‘O que eu queria mesmo era que ela fosse flagrada fazendo alguma coisa errada, a crista ia abaixar depressa’

‘Impossível ela ser pega em um escândalo, só se fosse alguém se passando por ela’ Georgia desviou a atenção do teto e agora fitava a taça vazia ‘Isso só seria possível com uma poção polissuco... Droga, acabou. Vou pegar mais’

‘Ela ta bem?’ Micah perguntou rindo, vendo Georgia andar meio desnorteada pelo café

‘Ela ta tomando uns remédios ai pra acalmar. A enfermeira da escola passou um monte de coisa pra ela, disse que ela tava a ponto de ter um colapso nervoso’ Respondi distraída, pois minha cabeça já estava em outro lugar. Inês precisava ser pega em um escândalo e para isso acontecer, só alguém se passando por ela. Micah tinha razão, precisamos revidar depressa. Acho que poderíamos providenciar isso enquanto o contato da Georgia não nos manda um relatório...