Sunday, November 30, 2008

Lembranças de Renomaru G. Kollontai

- E o campeão de Durmstrang é....Renomaru Goldensun Kollontai!!

O Diretor falou com entusiasmo o meu nome, e uma alegria enorme surgiu em meu peito, tomando todo o meu corpo. Com orgulho eu me levantei da cadeira, ainda não acreditando que havia sido escolhido como campeão. Apesar de eu saber que estava preparado, o nervosismo não deixava de surgir, e aumentar enquanto eu caminhava para a sala atrás da mesa dos professores, onde o Diretor segurava a porta para mim, com um sorriso. A escola gritava entusiasmada, me dando o apoio deles, mas não os ouvia mais quando o professor fechou a porta.

- Parabéns, Kollontai! – O Diretor Ivanovich falou quando passei por ele, entusiasmado.

- Obrigado, professor.

- Bem já que todos os campeões estão decididos podemos dar início ao Torneio! – Madame Madame Maxime falava com seu sotaque e sua voz fortes. Gabriel estava ao seu lado, e pareciam lhe faltar palavras, e cor...Mcgonogal, a Diretora de Hogwarts, também estava animada e ao seu lado, Gina parecia não querer abrir a boca para evitar algum grito, de alegria ou não.

- Parabéns a vocês três, o Cálice os considerou aptos a participarem do Torneio e os elegeram como representantes de suas escolas. É uma honra poder representar alguma das três maiores escolas da Europa – Mcgonogall falou, enérgica, mas com uma espécie de sorriso no rosto, o que parecia não lhe combinar muito, e pelo pouco que eu a conhecia era verdade.

- Essa reunião é apenas para informa-los um pouco. O Torneio será difícil e até mesmo perigoso, mas fiquem tranqüilos, há vários bruxos do Ministério que irão estar presentes para ajuda-los caso a situação sai do controle. A primeira prova acontecerá no dia 24 de Novembro, na parte da tarde. Nessa prova vocês não poderão levar nada além de suas varinhas e iremos testar as habilidades de vocês em improviso e conhecimento de magia sob pressão. Não, Kollontai, apenas as varinhas. – Ivanovich repetiu me dirigindo um olhar significativo. Merda! Estava pensando em levar meus aparatos de alquimia para me ajudarem, mas não vou poder...Droga!! – Muito bem, por agora estão dispensados, no dia da prova receberão mais informações. Boa sorte a todos e boa noite.

Os Diretores, assim como os funcionários do Ministério presentes, cumprimentaram todos os campeões com alegria e encorajamentos. Eles saíram primeiro, deixando-nos um pouco a sós, e enquanto saiam pude ouvir a gritaria das escolas.

- Bem é isso, ainda não acredito que fui selecionada, mas vamos ver como nos saímos. Boa sorte aos dois. – Gina falou, enquanto nos sorria e saia, pude ouvir a gritaria ficar mais forte onde Hogwarts estava reunida, aguardando-a.

- É Reno, estamos encrencados não acha? – Gabriel falou rindo. – Boa sorte também, já vi que sua escola também vai querer quase arrancar um pedaço de você de lembrança.

- Nem todos, tenho certeza que muitos não gostam de mim. Bem, boa sorte, porém não fique em meu caminho, a taça é minha. – Gabriel riu do desafio e saímos juntos. Assim que apareci no salão, Annia pulou em meu pescoço gritando e dando os parabéns, e logo me vi cercado por diversos alunos. Realmente Durmstrang e Beauxbatons só faltavam arrancar pedaços de nós...

Dia seguinte.

Eu acordei com dor de cabeça. Ainda bem que era fim de semana, pois estava cansado e sonolento. Durmstrang inteira pareceu se reunir na Chronos para comemorar, e só fomos dormir quando os professores vieram brigar conosco, dizendo que já era demais, pois já era quase 5 da manhã. A escola me dava apoio em peso, e até mesmo aqueles que não gostavam muito de mim, engoliam as adversidades para me dar os parabéns, pois sabiam que eu o melhor para conseguir a taça. Eu devia ter bebido menos na festa, pois a dor de cabeça estava me matando. Assim que levantei da cama, peguei um frasco de meu armário e o virei de um só gole, rapidamente o efeito da bebida sumiu de meu organismo e pude pensar com mais clareza. Só agora eu me dava conta: CAMPEÃO DE DURMSTRANG! Cheguei a ficar sem ar, mas o sorriso era enorme e eu estava feliz, muito feliz.

Bram ainda dormia, e apenas para não perder o hábito o empurrei da cama, fazendo-o cair no chão. Ele me xingou, mas voltou a dormir, enquanto eu caia na gargalhada. Sai da república e vi que ainda estava relativamente cedo, e poucos alunos estavam acordados, a maioria de Durmstrang, que novamente me davam os parabéns. A maioria ainda estaria caído nas camas ou chão das repúblicas se recuperando da bebedeira, os mesmo para os demais alunos das outras escolas. Rumei para a escola, já sabendo para onde queria ir.

Eu sabia que minha mãe estaria em seu gabinete, preparando aulas ou fazendo novas experiências e rumei para lá, indo visitá-la. Ontem não tive como falar com ela quando fui escolhido como campeão, mas trocamos um olhar e vi o orgulho em seus olhos. Isso havia me feito sentir-me ainda mais feliz, e vi que havia emoção em seus olhos. Quando cheguei a porta de seu gabinete, dei uma batida de leve, e ouvi sua voz respondendo:

- Entre, Reno.

- Bom dia, mãe. Estou atrapalhando?

- Nunca me atrapalha, ainda mais agora que se tornou o campeão de Durmstrang! Venha aqui querido. – Ela falou com um sorriso largo em seu rosto e me puxou para um forte abraço, que eu retribui com felicidade. Como éramos aluno e professora na maior parte do tempo, não podíamos demonstrar afeto, então quando estávamos sozinhos aproveitávamos o tempo perdido. – Meus parabéns, Reno! Quando ouvi Igor dizendo seu nome eu quase pulei da cadeira para gritar com os demais. Estou orgulhosa!

- Eu pulei da cadeira, não acreditava que era verdade...O Ivanovich também estava animado.

- Claro que ele estaria, você é um ótimo aluno, há fortes chances de Durmstrang ganhar o Torneio, fora que ele gosta de você, ele estava realmente animado.

- Então é de família, achei que a Annia ia me matar enforcado ontem.

- Olha, se eu for ganhar uma nora, eu quero saber.

- Já falei que é só amizade, mãe. A Annia é maravilhosa, uma garota única, muito bonita, mas é só amizade...

- Pelo menos por enquanto, certo? Bem se algo um dia acontecer eu ficaria feliz.

- Mãe...Bem deixa pra lá. Fiquei muito feliz em ver que você estava tão feliz quanto eu.

- Estava radiante! E então, preparado para a primeira prova?

- Estaria mais se pudesse levar meus aparatos de alquimia...Só vou poder usar minha varinha, e estava pensando que poderia usar alquimia...

- Você pode tentar usar a alquimia com o que tiver no local de prova, não vai ter o mesmo efeito sem seus catalisadores, mas pode ajudar você um pouco. E eu confio em suas habilidades, querido!

- Obrigado mãe...Eu vou treinar mais alquimia sem catalisadores e alguns outros feitiços.

- Sim, é uma boa idéia. Quero lhe dar algo, estava esperando você ficar adulto ou se formar, mas isso é uma ótima oportunidade.

Enquanto dizia isso, ela se afastou e foi vasculhar seus armários. De lá, ela tirou uma caixa de madeira com um círculo dourado na tampa. Reconheci um selo alquímico e fiquei intrigado sobre o que estaria na caixa para que fosse lacrado dessa forma. Mamãe fez um pequeno corte no dedo e colocou a mão sob o círculo, imediatamente ouvi um som e a caixa se abriu. Mamãe retirou um cordão com uma pequena pedra vermelho vivo. Eu arregalei os olhos, e soltei ar dos pulmões sem notar.

- Isso era de seu pai. Eu dei a ele quando nos casamos...Foi seu bisavô que me deu.

- Isso...é um fragmento de uma Pedra!

- Como eu disse, foi seu bisavô que me deu. Antes de seu pai morrer, ele conseguiu esconder esse fragmento e quando encontramos seu corpo...A pedra estava em suas mãos. – Mamãe tremia enquanto contava... – Ele havia gasto toda a energia que ele tinha para escondê-la, transmutando-a em uma pedra comum, para que ela só voltasse ao normal em minha presença ou da sua... Desde então você sabe que para protege-lo, eu reneguei o nome de minha família, e escondi as evidências, aguardando que o mundo melhorasse e você ficava mais velho para poder carregar esse fardo. Agora sei que está pronto. Mas deve me prometer que não irá usar essa pedra, inclusive nas tarefas do Torneio. É uma lembrança de seu pai e de seu bisavô.

- E sua também, mãe. Eu prometo que não irei usa-la. Obrigado pelo presente. – Eu falei emocionado, e sentia lagrimas em meus olhos. – Queria que papai estivesse aqui.

- Seja lá onde ele estiver, ele está orgulhoso e feliz, você se tornou um homem maravilhoso, como ele. Estou realmente orgulhosa.

Nos abraçamos novamente, e ficamos calados por um tempo. Depois ela prendeu a pedra em meu pescoço e eu a transmutei, modificando sua cor e aparência, para a de uma pedra mais comum, uma safira ou algo do tipo. Mamãe passou a mão a pedra e sorriu enquanto me dava um beijo no rosto.

- Já chega de fugir. Nossa família sofreu muito por tempo demais, estou cansada de esconder. Quando terminar o torneio, iremos admitir nossa linhagem Flamel.

- Estou de acordo mãe.

Véspera da Primeira Tarefa

Os dias haviam passado rapidamente. Eles mal pareciam ter alguns minutos, o que dirá horas. Já era véspera da primeira tarefa e todos haviam ido dormir cedo, animados com o dia seguinte. Eu, porém, estava sem sono...E por nervosismo sai da república, esgueirando-me até o castelo, procurando a varanda secreta que eu usava quando queria pensar ou fazer experimentos sem que outros soubessem. A varanda era no topo do castelo, iluminada pela luz da lua, e era meu lugar favorito para pensar, ou para não fazer nada. Para chegar lá, eu precisava usar uma passagem secreta em uma gárgula dos jardins, que me levava a uma longa escadaria. Fiquei sentado lá, olhando a lua, enquanto pensava no dia de amanhã, quando ouvi um barulho.

Alguém PULAVA pelo parapeito da varanda, o que era impossível, pois estávamos algumas centenas de metros acima do chão. Fiquei quieto, com uma mão na varinha e a outra em meus frascos. A figura parou no parapeito, abaixada, me encarando na escuridão, como se soubesse que eu estava ali.

- Boa noite, Kollontai, sei que é você. – A voz falou com um tom de riso e reconheci na hora quem era. O único em toda a escola capaz de escalar centenas de metros: Seth Chronos.

- Ah, é você, Chronos. O que faz aqui? – falei, relaxando um pouco, mas sem largar a varinha.

- Pode largar a varinha, Reno, não vou fazer mal. Eu que pergunto, o que faz aqui? Se importa se eu chamá-lo de Reno?

- Pode, Seth. Estou apenas pensando, achei que só eu conhecia esse lugar.

- Provavelmente só você conhece em Durmstrang, mas eu tenho aptidão em achar lugares assim...E você acha realmente que eu já não vaguei pela escola inteira? Gostei mais daqui, então venho de vez em quando a noite.

- Sabia que você é proibido de vagar pela escola não? Principalmente a noite. Posso denunciá-lo.

- Você também não pode, então nós dois estamos errados. – Ele sorriu, e apesar de seus dentes pontiagudos, o sorriso me transmitiu serenidade e calma. Odeio admitir, mas eu gosto do Seth. – Fora que todos estão dormindo, tirando alguns alunos acordados.

- Como tem certeza?

- Eu sei. Posso escuta-los, ouvir suas batidas de coração e seus cheiros, e reconhece-los dessa forma. Cada ser humano tem um cheiro e uma batida de coração única, e já decorei todos desta escola. Biel e Gina estão acordados, deitados em suas camas, pensando em amanhã também. Tem um casal namorando, mas eles vão ser pegos em breve por um monitor. E Luna está dormindo. – Ele falou enquanto gesticulava para a cidade e depois pulou para meu lado sentando-se ao meu lado.

- Impressionante...Como o cálice não o escolheu? E você consegue reconhece-los assim de tão longe...

- Eu não me inscrevi no Cálice, não quis. Eu convivo com eles há tempo suficiente para praticamente poder vê-los apenas escutando seus corações e sentindo seus cheiros. Luna principalmente, ela é única, no cheiro, no coração, na presença. É maravilhoso.

- Você realmente ama essa garota hein? – Falei rindo, e ele riu também. – Vocês fazem um bonito casal, felicidades. E eu como eu cheiro?

- Você fede. Tem cheiro de enxofre e de amônia. – Ele falou, caindo na gargalhada, e não pude evitar um sorriso.

- Muito obrigado, mas você também não é muito cheiroso. – Falei dando-lhe um soco no ombro de brincadeira e rindo. Conjurei duas garrafas e dei uma para ele, ele cheirou e tocou com a varinha, trocando o whisky por cerveja-amanteigada, me fazendo revirar os olhos. Ficamos um tempo calados, apenas olhando a lua. A presença dele me acalmava e vi que era puramente birra minha não querer ser amigo dele.

- Vi que você e sua mãe decidiram assumir o ramo Flamel de vocês. Reconheci o pingente. – ele falou como se fosse a coisa mais normal do mundo e quase engasguei, como ele sabia?!

- Quer parar de usar leglimência em mim?!

- Não usei leglimência. Nossas famílias se conhecem há anos, e em uma das memórias de meus pais, seu pai usava esse pingente, porém em sua forma verdadeira, e o reconheci, mesmo modificado. Esquecesse que nossas famílias são amigas há anos?

- É havia me esquecido...Tudo bem, mas por enquanto não comente nada, eu e minha mãe decidimos que vamos assumir a linhagem Flamel após o Torneio.

- Não preciso reafirmar que têm o apoio dos Chronos certo? Qualquer necessidade basta falar conosco.

- Obrigado, mas não acho que vá ser necessário. Acho que vou tentar ir dormir, preciso ter forças amanhã.

- É verdade...Não se preocupe, pode ir para sua república sem medo, não há monitores naquela região.

- Não preciso que me diga isso, sei me virar.

- E amanhã, não precisa ficar com medo, baixinho, caso algo saia errado vão ter vários bruxos para ajuda-lo. Basta gritar por socorro. – Ele ria enquanto falava e eu acabei rindo também, segurando a raiva.

- Não me chame de baixinho, sanguessuga.

- Tudo bem, baixinho. – Ele falou já de pé no parapeito. – Boa sorte amanhã.

- Obrigado. Seth, amanhã não precisamos que os outros saibam de nossa nova amizade. Mas tenho que admitir, você é legal, obrigado.

- Ok, baixinho. Você também é legal, apesar do mau cheiro.

Ele falou rindo baixinho, enquanto se jogava para o vazio. Por curiosidade corri para o parapeito e o vi cair com leveza no chão, em seguida correndo na direção dos dormitórios femininos, ele devia ir ver a Luna antes de dormir. Eu me virei para a passagem secreta e desci ainda rindo do encontro inusitado.