Sunday, July 05, 2009

It's time to say goodbye...





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Terminar um Blog é sempre triste, principalmente quando foi um Blog que criamos de uma hora pra outra, e da mesma forma se tornou um dos nossos favoritos. Nossos personagens sofreram em nossas mãos, mas todos cresceram com tudo que passaram e terminam os estudos com futuros promissores. Daqui pra frente, cada um continuará suas histórias no seu próprio espaço e o Instituto Durmstrang ficará fechado.

Para sempre? Claro que não. Logo ele será ativado outra vez, com novos personagens e novas histórias sinistras para contar, mas ainda não temos previsão de quando eles darão as caras por aqui.

Então enquanto os novatos não vêm, ficamos acompanhando as doideiras que os nossos bons e velhos personagens irão inventar agora que já são adultos formados e cada um tem as responsabilidades da carreira que escolheu.

Agora é cada um no seu quadrado:

http://www.fairytales-in-reverse.blogspot.com/
http://www.close-ward.blogspot.com/
http://www.sweet-sinister.blogspot.com/
http://www.redemption-word.blogspot.com/
http://www.just-for-boys.blogspot.com/
http://www.alchemist-boy.blogspot.com/
http://www.os-renegados.blogspot.com/

Sendo assim, declaro encerradas as atividades no Instituto Durmstrang, ao menos até que nosso juízo entre de férias e novos personagens passem das nossas mentes férteis para o papel.

Malfeito Feito.
"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, ria, dance, chore e viva intensamente cada momento de sua vida, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."

Charles Chaplin



Depois da noite agitada de formatura, com a festa terminando mais de 2 horas da manha, havíamos combinado que ninguém podia dormir. Íamos passar nossa última noite em Durmstrang todos juntos, então depois que nossas famílias foram embora, nos reunimos na beira do lago. Vimos o dia amanhecer sentados na grama, encolhidos do frio e tentando nos aquecer com cobertores, enquanto falávamos bobagens, contávamos histórias e fazíamos planos para as férias. Havíamos todos passado a semana inteira adiando aquele momento, mas com o sol já iluminando os jardins, não podíamos mais deixar para depois: era hora de arrumar as malas.

Nos separamos dos meninos no caminho das repúblicas e antes mesmo de pisarmos na varanda da Avalon o clima já era de tristeza. Ao mesmo tempo que estávamos muito felizes pela formatura, estávamos tristes por isso significar ir embora para sempre. A república ainda estava silenciosa, a maioria das meninas dormia sem preocupação, apenas esperando a hora de tomar café e embarcar para as férias de verão, e subimos sem fazer barulho até o sótão.

Cada uma tratou logo de se ocupar com a sua cômoda e tentávamos não conversar, apenas se concentrar em dobrar as roupas e colocar na mala, para evitar que começássemos a chorar. Mas era como tentar evitar o inevitável. Não demorou muito e ouvi Milla fungar baixinho. Olhei para ela e mesmo estando de costas, sabia que estava segurando uma peça de roupa. Ao ouvir Milla ameaçar começar a chorar, Vina não agüentou e caiu em prantos, esfregando um cachecol no rosto. Abandonamos tudo e corremos até ela no mesmo instante.

‘O que foi, Vi?’ Nina perguntou segurando suas mãos.

‘Esse cachecol, ele... ele...’ Vina sacudiu o pedaço de pano e começou a chorar mais alto.

‘Vina, não estamos entendendo o que você está dizendo’ Falei tentando tirar o cachecol da mão dela, mas Vina o puxou com força e afundou o rosto nele.

‘Eu estava usando esse cachecol quando conheci o Victor e o Ricard!’ Vina falou com a voz abafada por ele e a abraçamos todas juntas ‘Eu não quero ir embora!’

‘Ai gente, é melhor arrumarmos essas malas logo, ou vamos inundar o quarto’ Annia se separou do abraço e voltou até sua cama.

Milla e Nina fizeram o mesmo, mas eu não sai do lugar. Minha atenção se desviou por alguns segundos para uma marca na parede atrás da porta. Caminhei até lá e sorri ao passar a mão nos rabiscos. Era onde marcávamos nossa altura, desde que nos mudamos para cá.

‘Lembram de quando começamos a marcar isso aqui?’ Falei apontando para a parede e todas pararam de arrumar as malas outra vez ‘Não consigo me lembrar o motivo’

‘Foi porque vocês falaram que eu ia ficar anã, pois não tinha crescido nada no verão’ Nina falou fazendo uma careta.

‘Ah é verdade, foi logo que começamos o segundo ano’ Milla parou do meu lado na parede e riu ‘Nina quis provar que estava crescendo e acabamos todas marcando a parede no começo de todo ano’

‘Uma pena que as novas moradoras vão acabar apagando isso’ Vina comentou dando um longo suspiro ‘Vou sentir tanta saudade desse quarto... Lembram como viemos parar aqui?’

‘Claro, como vamos esquecer?’ Annia riu ‘Fomos banidas aqui por matar o Bolhinha da mamãe’ Disse imitando a voz da Olga, a veterana que presidia a republica no nosso primeiro ano e rimos.

‘Aquela garota tinha sérios problemas’ Comentei voltando para minha cama e elas concordaram ‘Por causa daquele peixe idiota, tivemos um primeiro ano difícil’

‘É, ela não facilitou as coisas mesmo, mas a gente se divertiu muito aqui rindo pelas costas dela’ Milla completou e rimos.

‘Meninas?’ Ouvimos uma batida na porta e o rosto de Georgia apareceu pela fresta ‘Posso falar com vocês um minuto?’

‘Claro, Georgia, entre’ Nina respondeu e ela sorriu, entrando no quarto.

‘Não vou demorar muito, sei que estão ocupadas, só queria dizer algumas coisas’ Georgia respirou fundo, como se estivesse tomando coragem, e nos encarou uma a uma ‘Sei que fui uma vaca durante seis anos aqui e nunca ajudei vocês em nada, sempre arrumava um jeito de dificultar as coisas e hoje admito que fazia isso por inveja. Sempre tive inveja da amizade entre vocês, sempre tão unidas. Mas acho que nesse ultimo ano eu mudei e pude até conhecer vocês melhor, o que me permitiu descobrir que perdi seis anos onde poderia ter tido ótimas amigas. Enfim, só queria agradecer por terem me dado esse voto de confiança e dizer que, graças a vocês, hoje posso dizer que tenho amigos de verdade’

Georgia parou de falar e continuou nos encarando, mas logo abaixou os olhos. O primeiro contato que fiz foi com Vina, que deu de ombros parecendo um pouco perdida, então fomos olhando uma para as outras e abrimos um sorriso, indo todas juntas para cima de Georgia e a abraçando ao mesmo tempo, fazendo bagunça. Georgia acabou relaxando e riu.

‘Bom, eu acho que falo por todas aqui quando digo que, contrariando todas as expectativas, hoje também podemos chamar você de amiga’ Falei sorrindo e as meninas concordaram.

‘Mas você foi mesmo uma vaca’ Milla completou e Georgia riu ‘Muito vaca. De verdade’

‘Ok, acho que ela já entendeu, Milla’ Nina falou olhando séria para Milla e rimos.

‘Eu sei, e peço desculpas por qualquer transtorno que tenha causado a vocês’ Georgia falou sorrindo, mas se apressou em secar uma lágrima que queria escorrer ‘Obrigada por tudo que vocês fizeram por mim esse ano, meninas. Não se assustem muito, mas eu amo vocês, ok?’

‘Oohnn!’ Fizemos caras de tia apertando sobrinho fofo e abraçamos Georgia de novo, que acabou não conseguindo conter o choro. Quando nos afastamos ela tinha o rosto todo molhado e o abanava tentando não piorar a situação.

‘Agora preciso ir, ainda quero passar no teatro uma última vez e me despedir do professor Ivo’ Ela sorriu secando o restante das lágrimas e abriu a porta ‘Nos vemos no trem’

Georgia saiu do quarto e depois de nos recuperarmos do choque, demos um tempo nas recordações e voltamos a arrumar nossas malas. Já estávamos acostumadas com o processo de desfazer nossa bagunça nas gavetas e amontoar tudo em uma única mala, mas sempre sem preocupação caso ficasse alguma coisa pra trás, afinal, íamos voltar dentro de dois meses. Agora era diferente, não podíamos esquecer de nada e só de pensar que o motivo era porque não voltaríamos nunca mais, dava até um aperto no coração. Mas cada uma seguiu com a sua arrumação em silencio, controlando a vontade de chorar, e uma hora depois nossas malas já estavam fechadas em cima das camas e as gaiolas com gatos e corujas encostadas no canto perto da porta.

‘É, acho que terminamos’ Nina falou olhando ao redor do quarto ‘Não faltou nada, empacotamos tudo’

‘Mas então porque estou com a sensação de que está faltando alguma coisa?’ Vina suspirou, sentando na beirada de sua cama.

‘Podíamos deixar um registro nosso... O que acham?’ Milla sugeriu.

‘Claro, vamos pixar uma propriedade particular, papai vai adorar’ Annia falou com sarcasmo e rimos.

‘Mas já riscamos a parede, que mal vai fazer mais um pouco de tinta?’ Nina falou dando de ombros ‘E o que pode acontecer? Sermos expulsas?’ E rimos.

‘Se Nina Olenova está dizendo que devemos fazer isso, então é porque não é ilegal’ Falei já animada, puxando uma pena da bolsa ‘E esse quarto foi nosso primeiro, ninguém esteve aqui antes, é nosso direito’

‘Certo, tudo bem!’ Annia se convenceu ‘Mas o que vamos fazer? Só deixar nossos nomes?’

‘Que tal deixar um recado pras próximas gerações de isoladas que morarem aqui?’ Sugeri com um sorriso no rosto e entreguei a pena a Vina ‘Sua letra é mais bonita, você escreve’

‘Escrevo o que e aonde?’ Vina pegou a pena e perguntou.

‘Aqui atrás, assim não fica visível e na primeira arrumação do quarto, elas encontram’ Milla arrastou a cômoda que ficava encostada na parede da janela para o lado, liberando um espaço limpo.

Nos ajoelhamos perto da parede e perdemos um tempo decidindo o que poderíamos escrever, mas logo já sabíamos exatamente o que fazer. Vina molhou a pena no tinteiro e encostou a ponta na parede, começando a desenhar as palavras.

“Atenção, novatas,

Vocês agora são donas de um quarto mágico, e com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades. Ele não é um quarto qualquer. Aqui, fortes laços de amizades foram construídos. E devemos tudo a esse quarto isolado do resto da república, que permitiu que nos conhecêssemos melhor. Aqui nós crescemos, amadurecemos, regredimos, choramos, rimos, rimos uma das outras, brigamos, fizemos as pazes, nos apoiamos, nos consolamos, sofremos, nos magoamos, juramos odiar garotos, percebemos que não vivemos sem eles, bolamos planos que nunca foram para frente, perdemos pessoas queridas, acolhemos novos amigos, ficamos sem chão, encontramos uma mão que nos puxasse de volta, dividimos momentos bons e ruins, superamos obstáculos, enfim, aqui fomos muito felizes. E esperamos que todas as gerações de meninas que dividam esse quarto daqui pra frente, possam passar por tudo que passamos e tenham uma à outra para se apoiar e chegar ao fim dos sete anos de estudo com a certeza de que fizeram amizades para a vida inteira. Porque nós fizemos.

Boa sorte.

Evie Stanislav, Milla Kovac, Vina Durigan, Annia Ivanovich e Nina Olenova. As meninas da Avalon.”

Vina terminou de escrever e assinamos nossos nomes, arrastando o móvel de volta para o lugar. Ficamos de pé e enfeitiçamos nossas malas e gaiolas para descerem sozinhas, enquanto olhávamos uma última vez para aquele cantinho que nos proporcionou tantos momentos inesquecíveis. Não dava mais para enrolar, era a hora de deixar as lembranças para trás e seguir em frente. Nina sacudiu a varinha fechando as cortinas e nos abraçamos, saindo juntas do quarto enquanto eu fechava a porta com o pé, sem olhar mais para trás.


The End.

Os exames foram como estavam previstos que seriam: uma loucura. Tentávamos manter a sanidade entre uma maratona de estudos e outra, mas cheguei a duvidar que tivéssemos êxito caso eles se prolongassem muito mais.
Felizmente, como todas as outras semanas estavam sendo, eles terminaram e nos deixaram um gosto ainda mais amargo na boca: o da despedida. Agora faltava pouco menos de uma semana para irmos embora de Durmstrang e tudo parecia ter adquirido um toque nostálgico entre os formandos.

- Vou sentir saudades daqui. Foi minha casa durante todos esses anos. Não sei como vai ser em Julliard e se vou conseguir me adaptar...

Geórgia comentou cabisbaixa enquanto caminhávamos de mãos dadas entre as fileiras do teatro – que já havia sido preparado para a nossa apresentação de “Rent” àquela noite. Nos sentamos em duas cadeiras da primeira fileira e não nos encarávamos, pois ambos tinham os pensamentos distantes agora. Vários minutos se passaram dessa maneira.

- O que vamos fazer? – ela perguntou com a voz baixa virando a cabeça para o meu lado e a encarei.
- Em relação a...?
- A nós dois. O que vamos fazer depois que nos formarmos? Eu vou estar em Nova York e você vai continuar aqui, trabalhando para o Ministério. Quase não vamos ter tempo e vamos estar longe um do outro.

Eu estava preparado para aquela pergunta. Durante os últimos dias, ela vinha me assombrando e, agora que ela pairava no ar como uma barreira invisível entre nós, eu só conseguia ficar calado. Sem tirar os olhos dela, respirei fundo antes de responder.

- Acho que a pergunta certa não é essa, porque para distância e tempo eu posso propor várias soluções. A pergunta é: você quer continuar comigo depois que nos formarmos? Mesmo com todos esses problemas?
- Você quer? – ela era realmente engraçada quando se sentia encurralada por alguma coisa. Devolveu a pergunta de imediato para mim e parecia incerta agora. Ri e ela acabou relaxando e rindo também.
- Bem... Durante todos esses anos em Durmstrang, eu sempre fui uma espécie de cupido e espectador dos casais que meus amigos formavam. Nessas posições, era muito fácil dizer para eles que “se gostassem realmente, tudo seria muito fácil de resolver”. E tudo isso sempre fez sentido para mim, até conhecer você. – a encarava com firmeza e pude ver seus olhos vacilarem um pouco, mas ela disfarçou.
- Então, gostar realmente não foi o suficiente comigo? Não vai ser, quer dizer. Eu sei, eu te entendo. Além de tudo, serão outras circunstâncias e virão outras pessoas... Não podemos prever nada. – ela disparou a falar e segurei seu rosto com firmeza para fazê-la parar por uns instantes.
- Você, como sempre, precipitada em conclusões. – ela sorriu e colocou as duas mãos sobre as minhas ainda em seu rosto. – De fato, todas as teorias perderam o sentido com você porque você, dentre todas as outras até hoje, foi a única que me fez entender todos os meus amigos, quando se viam em crises tempestuosas por problemas aparentemente minúsculos.
- Se eu sou muito precipitada, você poderia ser menos redundante agora? Estou ficando um pouco perdida no meio de tantas conclusões.
- Ok. Rápido e direto, então. Você me perguntou se eu quero continuar com você depois da formatura, certo?! Então a minha resposta é: sim. Sim, Geórgia Yelchin. Eu definitivamente quero continuar com você, mesmo que tenha que começar a praticar mais minhas aparatações para longas distâncias e... eu REALMENTE gosto de você. – finalizei de uma vez e o brilho em seus olhos se intensificou à medida que abria um largo sorriso.
- Eu também quero continuar com você, ou pelo menos tentar. E eu também gosto muito de você, Ricard. Mais do que imaginei que fosse gostar no começo. Somos tão previsíveis, não acha? – rimos.

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A peça havia sido um absoluto sucesso. Mais uma vez, Geórgia tinha razão sobre a maravilhosa sensação que era estar em cima de um palco. Enquanto realizávamos nossas performances musicais, via os vultos negros na platéia se movimentarem agitados conosco e, quando ela terminou, todos estavam de pé e aplaudiam freneticamente.
As cortinas finalmente se fecharam na nossa frente e todos começavam a entrar para os camarins. Do outro lado, a platéia ainda estava barulhenta e eu soube que era só uma questão de tempo até que todos nossos amigos invadissem os bastidores... Geórgia e eu ainda estávamos no meio do palco nos encarando. Me aproximei dela e sorrimos maliciosamente. Ouvi vários passos pesados subindo as escadas.

- Vamos ver o que eles vão achar disso.

Dizendo isso, puxei Geórgia ao meu encontro e a beijei longamente, entrelaçando minhas mãos em seus cabelos. As cortinas se abriram e, imediatamente, ouvimos vários sons de assovios e aplausos ao redor, mas não demos importância. Mais do que tudo e todos, estávamos selando um compromisso. Ou, melhor dizendo: estávamos lançando nossa sorte no ar e, dali para frente, tudo seria como deveria ser.

ººººº

Lavínia estava sentada sozinha nos fundos da Avalon e quando me aproximei ela nem virou o rosto para mim. Continuou calada observando a noite escura enquanto me sentava ao seu lado.

- Nós precisamos conversar. – disse com simplicidade, mas ela não se moveu.
- Estou escutando.
- Não, Vina. – respondi com um pouco mais de firmeza puxando seu braço. Ela me olhou assustada pela atitude, mas logo abaixou os olhos para o chão, irredutível como sempre. – Dessa vez, não estou aqui para dizer que você está errada; e não quero falar comigo mesmo enquanto você finge me ignorar. Eu quero que você fale comigo também, como um diálogo.
- O que você quer que eu diga Ricard? Durante todo esse ano você vem agindo como se não fosse a mesma pessoa. Saindo com pessoas estranhas para se auto-afirmar e me afastando de você sempre que eu fazia uma tentativa. Então... o que exatamente você quer que eu diga agora? Que eu sempre sou a errada e que não sei de nada do que é melhor pra você? Ótimo. Sou. Satisfeito agora? – seu rosto adquiriu tons salpicados de vermelho.
- Sim. Por incrível que pareça, estou satisfeito. E vou te dizer o motivo: você não mudou nada. Continua agindo exatamente como uma mãe super protetora que, só porque o filho não contou sobre a nova namorada, decidiu que a melhor coisa a se fazer é um bico. – ela abriu a boca para responder, mas a cortei. – Não precisa ficar brava por ter que admitir quem você é, Vina, porque você esteve certa o tempo todo. Durante todo esse tempo, eu quis forçar alguém que eu não era com pessoas que não tinham nada a ver comigo. E te afastei sim, mas não porque você não sabe o que é melhor pra mim e sim porque você sabe exatamente. Eu não queria continuar escutando todas aquelas verdades de você e continuar fingindo que eram calúnias e escândalos imbecis que você fazia para chamar minha atenção. Enfim. Você é a certa e eu sou o idiota.

Enquanto eu falava, notei que sua expressão ia mudando drasticamente. Passou pela raiva, pela mágoa, pela surpresa, e agora estava estagnada em uma espécie de piedade. Eu sorri.

- Você é minha melhor amiga, e é insubstituível, entende isso agora? Você é chata, intransigente, mandona, orgulhosa, teimosa... Lavínia. E eu não quero me formar com esse clima estranho entre nós. Nunca me perdoaria por isso. Então, por favor, me perdoa? – perguntei em tom suplicante e ela sorriu finalmente, aliviada.
- Eu pensei que fosse morrer se tivesse que passar toda a nossa formatura te ignorando e tratando como um estranho. E você sabe que eu ia conseguir. Sou sim teimosa, mas você é um ignorante e sem noção! Não faça mais isso, ok? Nunca mais. – ela deu socos leves no meu peito e me abraçou com força em seguida. – Senti saudades das suas ironias.
- E eu senti saudades dos seus palpites... Aliás... O que achou da Geórgia?
- Você não poderia ter escolhido uma pior. Parabéns. Mas, eu acho que posso me acostumar com isso. – ela respondeu em tom de brincadeira e rimos, enquanto colocávamos toda a conversa em dia.

Certas coisas nunca mudariam.

ººººº

- Durigan, Lavínia.

Me levantei da cadeira tremendo, enquanto Ricard acabava de voltar e agora se unia à chuva de aplausos que meus amigos puxavam.
Durante anos, havia sonhado com aquele momento. Durante anos eu soube exatamente o que iria querer fazer, depois que estivesse formada.

Você é mesmo uma contradição, Lavínia”, dizia para mim mesma enquanto apertava meu diploma entre a mão.

Agora que aquele momento de “ser quem eu sempre quis ser” finalmente havia passado, eu percebia a fraude por trás de tudo. Eu não queria me formar, nem tampouco ser adulta. Não queria ter que deixar o único lugar onde fora feliz de verdade, para sempre. E, definitivamente, não queria ter que encarar a realidade de todos esses fatos. Mas, enquanto caminhava de volta à minha cadeira, encontrei o olhar de Vlade – que, nesta noite, estava junto da família de Victor e sorria triunfante abraçado à Christine e aquela cena me fez rir.

Sete anos haviam se passado e, por mais relutante que estivesse para admitir naquele momento, eu mal podia esperar pelos próximos anos que estavam por vir.

ººººº

Depois que Gina, Milla e Ty terminaram seus discursos, os diretores começaram a chamar nossos nomes para recebermos o diploma. Ao meu lado, Ricard e Vina já comemoravam suas formaturas com os diplomas na mão. Eu, pelo contrário, me sentia anestesiado. Ainda não conseguia acreditar que aquela seria minha última noite no castelo.

- Neitchez, Victor.

Acordei dos devaneios quando uma zorra se instaurou ao meu redor e Ricard me cutucou com violência para que me levantasse. Após receber o canudo e agradecer todos os professores, me parei um instante até encontrar minha família. Não foi difícil; grande e pouquíssimo discretos como era sempre, se destacaram entre os outros e sorriam orgulhosos para mim, que retribui. Assim que me sentei novamente, Vina me puxou para um beijo extasiado e, quando nos afastamos, nos encaramos por breves segundos – que foram o suficiente para mim.

Eu tinha ao meu lado tudo o que precisava para ser feliz, e devia tudo ao Instituto Durmstrang.

It's time to change;
throw out the books and start again.
Break all the rules,
fall on your face, don't be ashamed.
You can't waste more time,
'cause you've been gone for far too long;
Trapped in his arms, safe without harm,
Follow your heart, don't be afraid.

Don't hideaway,
'Cause I know that you've got what it takes;
I believe you can be what you wanna be.

Let yourself go, don't you worry about a thing;
Breaking the chains, so hard to begin,
Follow your heart, don't be afraid.

Hideaway – The Corrs

FIM.

N.A.: Essas três letras aqui em cima estão me assustando. Muito. Juro que ainda consigo lembrar, com detalhes, do dia em que decidimos criar a Durmstrang. E de como os perfis foram surgindo na minha cabeça de imediato...

Terminar mais uma etapa é uma conquista indescritível e, como sempre, só tenho a agradecer essas três pessoas que continuaram aqui, comigo, dividindo as loucuras. Óbvio que esse “fim” é só simbólico, afinal, as histórias vão continuar, mas... And, Ju, Renan... com vocês, “formar” perfis de personagens até eles se “formarem” é uma diversão constante. OBRIGADA!!!

Para demais leitores e personagens... Até mais.

Tandi.

Wednesday, July 01, 2009

‘Hoje meus amigos, nossas vidas começam. E eu pelo menos, não vejo a hora de começar minha nova vida. Parabéns aos formandos da turma do ano 2000’

Ty encerrou seu discurso e ficamos todos de pé, aplaudindo entusiasmados. Ele voltou para a cadeira ao lado de Miyako e o diretor deu inicio a entrega dos diplomas, começando por Hogwarts. Depois foi a vez dos alunos de Beauxbatons e os de Durmstrang encerraram a cerimônia. Ivanovich ia nos chamando um por um e entregava pessoalmente os diplomas. Ouvi meu nome ser chamado e levantei depressa, caminhando até o palco. Ele me cumprimentou, apertando minha mão com entusiasmo, e quando ia descer troquei um olhar rápido com Michael e Andrea, que sorriam orgulhosos. Connor estava de pé na cadeira e se dividia entre fazer sinal de positivo com as mãos e aplaudir.

‘Georgia Eustace Yelchin!’ Ele chamou o último nome e Georgia foi até o palco, enquanto eu assobiava.

O diretor entregou seu diploma e ela o abraçou sem cerimônias, erguendo o canudo para a platéia quando ia descer e fazendo todo mundo aplaudir animado. O diretor parecia um pouco constrangido com o abraço inesperado, mas se recompôs e voltou ao microfone.

‘Senhoras e senhores, a classe de 2000!’ Ele anunciou animado.

Todas as três turmas ficaram de pé mais uma vez e, em um único gesto, atiramos os chapéus de feiticeiros para o alto, colorindo o ar de vermelho, azul e preto.

*****

A festa de formatura já havia começado há horas e depois da surpresa de ver a banda da Jolie no palco abrindo o show dos Duendeiros, nos divertíamos rindo uns dos outros com aquelas roupas malucas inspiradas nos anos 80. Evie e eu formávamos um par bem incomum, porque eu estava vestido de Michael Jackson e ela com uma roupa baseado no filme Flashdance. Shannon também não ficava de fora do Hall da Vergonha, usava uma roupa rosa choque inspirada na Madonna e Ty provava que não tinha vergonha nenhuma, vestido de Prince. O mais normal era Gabriel, que usava uma roupa inspirada no Cazuza.

Depois de algum tempo tocando, o vocalista chamou no palco o Ben O’Shea e as meninas foram ao delírio. Ele cantou algumas musicas antigas com eles e nós estávamos bem na frente do palco, cantando empolgados, quando eles fizeram uma pausa repentina e ele parou bem na nossa frente com o microfone na mão.

‘Pessoal, vou cantar uma música que é um ícone dos anos 80, é um sucesso que vai atravessar gerações e quem souber a coreografia pode fazê-la, vai ficar muito legal’ Ben O’Shea anunciou e apontou para mim ‘Você aí Michael Jackson, preparado?’ E uma luz forte iluminou o lugar onde eu estava.

Ty e Chris começaram a rir atrás de mim, mas agarrei a mão de Evie e a de Shannon e elas seguraram a mão deles antes que pudessem recuar.

‘Estamos sim’ Respondi alto e comecei a caminhar para o meio do salão com eles.

Ty e Chris vinham puxando Victor e Gabriel, que também se agarraram a alguém e a fila ia aumentando. Quando os Duendeiros começaram a tocar Thriller, o salão já estava lotado e todos organizados para a coreografia, que foi puxada por Shannon e eu.

Quando a música chegou ao fim todo mundo aplaudiu dando muitas risadas e eles voltaram a tocar outros sucessos dos anos 80, mantendo a pista animada. Vi Michael e Andrea saindo da pista ainda rindo e puxei Evie para fora dela um pouco, indo atrás deles.

‘Dançou bem, Michael!’ Falei me aproximando deles ‘Não sabia que tinha ritmo’

‘Está pensando o que, rapaz?’ Ele respondeu fingindo indignação ‘Isso ai embalou minha juventude, podia até ter puxado a coreografia!’

‘Ah, essa eu ia querer ver!’ Andrea falou rindo e me abraçou ‘Micah, nós não vamos demorar muito a ir embora, Connor já está dormindo na mesa’ E indicou meu irmão desmaiado nas cadeiras ‘Se não conseguir me despedir de você e seu irmão, nos vemos em casa’

‘Vou avisar ao Wes que vocês já estão indo, digam ao Connor que não me despedi dele para não acorda-lo’ Dei um beijo no rosto dela e apertei a mão de Michael, voltando para a pista com Evie depois que ela se despediu deles também.

‘Por que não os chama de mãe e pai?’ Evie perguntou quando já estávamos mais afastados ‘Sei que eles não são seus pais de verdade, mas é tão estranho ver você os chamando pelo nome’

‘Eu já tentei, mas ainda não consigo’ Disse sincero ‘Me dê mais um tempo, eu chego lá’

Ela sorriu e apertou minha mão, me guiando para a mesa de sua família, que estava vazia. Todos os seus tios e primos estavam soltos no meio do salão, dançando empolgados, e aproveitamos o momento para ficar um pouco a sós. Da mesa podíamos ver os gêmeos Mario e Diego tirando as jaquetas e girando no ar como se fossem fazer um strip-tease, enquanto suas tias e primas gritavam agarrando os dois, provocando muitas risadas das pessoas em volta.

‘Sua família é louca’ Comentei com a cabeça deitada no colo dela, observando a bagunça.

'Está preparado para fazer parte dela?' Ela me perguntou, rindo.

'Não vai ser fácil, seus primos não vão pegar leve comigo, mas estou pronto para encarar a tropa' Levantei do colo dela e alisei seu rosto 'Quando decidi me transferir pra cá, não foi com a melhor das intenções. Vim com um pensamento ruim na cabeça, de vingança, mas não me arrependo de nada. Por mais que a idéia fosse estúpida, vir para cá na tentativa de ferir Josh permitiu que conhecesse você, a pessoa que hoje é a mais importante na minha vida. Se pudesse voltar no tempo, talvez mudasse algumas coisas, evitasse algumas brigas, mas faria tudo de novo para estar onde estou hoje'

'É, apesar dos acontecimentos que levaram a gente até aqui, também não me arrependo de nada e faria tudo de novo se fosse preciso' Ela segurou meu rosto também, sorrindo 'Obrigada por ser tão idiota a ponto de tramar um plano de vingança e vir para cá'

'Disponha' Sorri de volta e a beijei lentamente.

'Ei, pombinhos!' Ouvimos a voz de Ty e senti alguma coisa me atingir nas costas. Era um pedaço de pão 'Deixem isso pra depois da festa, estamos reunindo todo mundo na frente do palco para uma foto das turmas, vamos!'

Atirei o pedaço de pão de volta em cima dele e levantamos, o seguindo até a frente do palco. As três turmas já estavam lá, tentando se organizar por escolas. Demorou um tempo, mas conseguiram separar os alunos entre Hogwarts, Beauxbatons e Durmstrang e o fotógrafo começou a tirar as fotos. Depois ele mandou que nos misturássemos e foi a maior confusão. Era aluno correndo pra todo lado, procurando os amigos que haviam feito nas outras escolas e a sessão de fotos foi uma bagunça, com Ty pendurado em cima de mim enquanto eu tentava me jogar em cima de Gabriel. Victor encenava um beijo de cinema com Vina e as meninas se amontoaram em cima de Miyako, Beatrice, Gina e Shannon, em um montinho gigante. Ricard estava abraçado a Georgia, Chris, Wes, Dario e Griffon enforcavam um ao outro e Julianne estava pendurada nas costas de Reno, enquanto Seth carregava Luna no colo.

No meio da sessão de fotos malucas, parei um instante para olhar para aquelas pessoas rindo e brincando a minha volta. Percebi que aquela seria a última vez, por um bom tempo, que estaríamos todos juntos. O fotógrafo nos liberou e o nosso grupo se reuniu no canto do salão, enquanto Ty e Gabriel corriam até a mesa de bebidas, voltando com duas bandejas com taças de abóboras espumantes. Cada um pegou uma rapidamente e ergui minha mão primeiro, apertando a de Evie com a outra.

- Um brinde à melhor turma de formandos que já pisou nessa geleira, e que as amizades feitas aqui durem para a vida toda!

Todos ergueram as taças junto à minha para selar o brinde e viramos a bebida de uma só vez. Não sabíamos o que nos aguardava lá fora agora que estávamos formados e nos tornávamos, oficialmente, adultos. Não sabíamos também como seria não se encontrar todos os dias e estar sempre perto um do outro para as horas boas e ruins, mas de uma coisa todos tínhamos certeza. Sabíamos que as amizades feitas nesses últimos dois anos seriam para sempre. E agora era mais do que oficial: estávamos enfim, formados.