Monday, May 30, 2011

Era uma terça-feira e o jantar já haviam terminado. A maioria dos alunos já começava a voltar para suas republicas para descansar, mas a movimentação no castelo ainda era grande. Parvati se despediu de Leo e Robbie, que não participavam de nenhum clube à noite, e começou a caminhar na direção das masmorras com alguns poucos alunos. Era sua primeira reunião no Clube de Alquimia Avançada. Depois de um longo período de avaliação, onde o professor Kollontai a observava com demasiada atenção em todas as aulas, ela havia sido finalmente aceita no seleto clube.

Foi uma das últimas a entrar e estava um pouco nervosa. Ela não costumava se sentir intimidada, mas aquele clube era um desafio. Estava cansada de ser diminuída pela prima e queria provar que era perfeitamente capaz de ocupar aquela vaga. As provocações e piadas sobre loiras iam acabar naquela noite. A turma conversava animada, mas todos se calaram no instante em que o professor Kollontai entrou. Ele analisou a turma em silencio e deu um sorriso, algo raro em suas aulas normais. Ele era diferente quando estava com seu seleto grupo de alunos.

- Boa noite a todos – Reno circulava pela masmorra, estranhamente animado – Como já devem ter notado, hoje temos dois novos membros. – e apontou para Parvati e Patrick, namorado de Lenneth – E para dar às boas vindas a Srta. Parvati Karev e ao Sr. Patrick Boris, vou trazer de volta uma tradição que ficou esquecida esse ano: o duelo alquímico.

O burburinho foi instantâneo. Já havia quase um ano desde que o duelo alquímico havia acontecido numa reunião do clube. O último, no final do ano anterior, não havia acabado muito bem. A turma rapidamente começou a se dividir em pares, mas Reno os deteve na mesma hora.

- Hoje sou eu quem vai decidir os duelos, não queremos acidentes como o do ano passado, não é mesmo? – e bateu no ombro de Oleg. Ele incendiara acidentalmente seu oponente da última vez – Hoje você duela com seu irmão, só ele controla sua empolgação.

Não demorou muito e toda a turma estava dividida em duplas. Dos combates mais interessantes, Lucian ia duelar com Patrick, Oleg e Alec, e Ozzy e Parvati iam medir forças. O último duelo rendeu algumas apostas lideradas por Oleg e apesar de Parvati ser novata, a turma ficou dividida. Reno afastou as mesas com um simples aceno de varinha e saiu pela masmorra desenhando círculos alquímicos, sempre um de frente pro outro e com cinco metros de distancia entre eles.

- A regra é simples: quem tirar o oponente de dentro do circulo, vence. Vocês não devem fazer mágica com as varinhas, e sim usar os elementos à sua volta no combate. Vocês têm a terra no meio das pedras dessa masmorra, tem o ar que circula aqui dentro, tem a água da fonte na parede dos fundos e o fogo dos lampiões. Usem esses elementos, controle-os. Vou supervisionar para que não haja nenhum acidente e não se esqueçam que usar magia demais esgota suas energias, então controlem isso também. Ocupem seus círculos, fiquem de frente para o seu oponente e podem começar.

As duplas começaram a testar seus conhecimentos com a manipulação dos elementos e enquanto a turma se aquecia para o combate, a briga entre Oleg e Alec já pegava fogo. Literalmente. Oleg lançara um jato de fogo pra cima do irmão, que bloqueava o ataque com uma parede d’água. Quando o fogo começou a perder a força, Oleg criou uma tempestade de areia que engoliu o irmão, mas Alec se manteve dentro do circulo e conseguiu dispersar o ataque com um mini tornado que espalhou a areia por toda a masmorra. Reno se divertia vendo os dois irmãos batendo de frente e não arriscava dizer quem sairia vitorioso.

Não demorou muito Lucian e Patrick começaram a se enfrentar de verdade. Patrick usava na maior parte do tempo pequenas bolas de bolos para tentar desestabilizar Lucian, mas não estava surtindo efeito. Depois de um tempo, em que Lucian o manteve ocupado se defendendo de uma enxurrada de bolas de neve, ele mandou uma onda de areia para cima de Patrick. A onda acertou o garoto em cheio, fazendo-o engasgar por ter sido pego desprevenido e o empurrando para fora do circulo, dando a vitoria a Lucian.

Metade dos duelos já haviam terminado e os alunos se dividiam entre as apostas de vencedor entre Oleg e Alec e Parvati e Ozzy. O duelo entre os irmãos terminou primeiro, com Oleg criando um terremoto na masmorra que desequilibrou toda a turma e, principalmente, seu irmão. Alec não conseguiu se manter em pé quando o chão sacudiu e foi atirado pra fora do circulo.

Com o fim daquele embate, as atenções se voltaram para Parvati e Ozzy. E não parecia que um vencedor sairia tão cedo. Ambos estavam muito concentrados e Ozzy parecia surpreso por estar tendo tanto trabalho para derrubá-la, Parvati conhecia todo o tipo de ataque e defesa. Quando ele se defendeu de um ataque de fogo com um escudo de areia, ela logo começou a lançar jatos d’água para cima dele, transformando o escudo em lama. Quando ele tentou congelar o chão para ela escorregar, rapidamente ela o esquentou e se desfez do gelo. Ozzy começou a atacar com bolas de fogo, mas ela rebatia com muito vento, jogando todas para longe.

- Ok, 10 galeões que ela vai vencer isso – Alec falou pro irmão – Ozzy está ficando sem opções.
- Que isso, ele é muito bom, não tem como ela vencer – Lucian discordou – Ela só está se defendendo, não ataca.
- Isso não vai ter fim – Julie comentou bocejando.
- Ela não ataca? – Lenneth apontou para Parvati – Então o que ela está fazendo?

Todos olharam de volta para o duelo e viram Ozzy começar a ser envolvido por raízes. Eram galhos finos, mas cresciam muito depressa e já tomavam conta de metade de sua perna. Ele riu e cruzou os braços.

- Você deve me tirar do circulo, não me manter preso nele. Não vou me dar ao trabalho de tirá-las, acho que vão me ajudar, obrigada.
- Professor? – Jack parou ao lado de Reno, com uma expressão preocupada – Não acha melhor interferir?
- Ainda não... Quero ver o que ela vai fazer.

Jack olhou para a prima outra vez. Enquanto Ozzy ria das raízes que o prendiam fixamente dentro do circulo, Parvati tinha as mãos viradas para o chão, cabeça baixa e os olhos fechados. Estava tão concentrada que as lufadas de ar que Ozzy mandava em sua direção não a distraiam. Ela continuou daquele jeito por quase três minutos, então Ozzy gritou e todo mundo entendeu o que estava acontecendo. Parvati estava esquentando o chão dentro do circulo dele. E as raízes, que agora prendiam toda a sua perna, não o deixavam sair. Ele parou de atacar e começou a arrancar os galhos com as mãos, enquanto ela mantinha a temperatura do chão elevada. Aos poucos, o chão de pedra da masmorra começava a derreter.

- Ozzy, faz alguma coisa! – Lucian gritou do lado de fora – Congele o chão!
- Não consigo me concentrar! – ele arrancou os últimos galhos e caiu para trás, para fora do circulo. Seus sapatos estavam derretidos e a sola de seu pé cheia de bolhas.
- Eu ganhei? – Jack correu até a prima quando ela cambaleou. Chegou a tempo de segurar seu corpo quando ela desmaiou, esgotada.
- Alec, ajude Jack a levar Parvati para a enfermaria, ela esgotou todas as suas reservas de energia e vai precisar de algumas poções. Oleg, Lucian, carreguem Oscar até lá também. Acho que algumas ataduras serão necessárias.
- Não preciso que me carreguem, consigo andar! – Ozzy levantou irritado, mas não agüentou pisar no chão.
- Cale a boca e ao menos se apóie em nós dois – Oleg puxou o braço direito do amigo e o jogou em seus ombros.

Os seis saíram da masmorra para a enfermaria e o resto da turma continuou acompanhando os duelos que ainda não haviam terminado. A enfermeira estava de plantão quando eles chegaram e não pareceu surpresa de ver dois alunos sendo carregados até suas macas quase 21h da noite. Deu um longo suspiro enquanto Parvati e Ozzy eram acomodados e depois se aproximou.

- Vou pedir ao diretor que proíba essas reuniões de alquimia à noite – resmungou enquanto verificava o pulso de Parvati – Sempre chegam alunos machucados! Isso é um absurdo! O que você fez com ela, garoto? – e se virou para Ozzy.
- Melhor perguntar o que ela fez comigo! – Ozzy respondeu irritado, apontando para os pés – Ela morreu? Diz que sim, por favor.
- Boa sorte com eles – Jack falou rindo e começou a se afastar com os outros.
- Ei, aonde vocês vão? – Ozzy berrou da cama – Esperem por mim, não vou passar a noite aqui por causa de uma queimadura.
- Garoto, seus sapatos derreteram, você vai passar a noite aqui – a enfermeira o empurrou de volta na cama – Podem ir embora, voltem amanha para buscar o estressado.
- Boa noite, Ozzy – Alec falou rindo – Não se esquente demais, pode acabar como seu pé – e os outros riram, saindo da enfermaria.

Ozzy puxou a cortina da cama irritado e a enfermeira a abriu outra vez, carregando uma bandeja com curativos e ungüento para queimaduras. Ia ser uma longa noite, e ele teria tempo de sobra para pensar numa revanche.