- Ela acabou de chegar, Robbie...Sim, eu digo, desculpe incomodar
vocês..Até breve, cara. Aonde você foi? Fiquei preocupado.- disse se
aproximando de mim e eu o abracei. Ele tentou se soltar mas eu o segurei um
pouco mais,afundando a cabeça em seu peito.
- Você foi ver a sua mãe biológica?- ele perguntou e eu fiz que
sim, sem levantar a cabeça.- ficamos abraçados por um tempo e quando eu estava
pronta, me soltei:
- Fui ver Sasha, contei a ela que ela é minha mãe, mas ela não
acreditou em mim, acha que posso estar fazendo isso para provocar os meus
pais...
- Mas você tem pistas sólidas,o diário de sua avó é detalhista, e
só bastaria um exame de DNA para confirmar tudo...- ele disse exasperado e eu
respondi:
- Sabe, eu acho que ela escolheu não acreditar, e sinceramente?
Não posso culpa-la. – ele abriu a boca para protestar, mas eu o calei dizendo:
- Coloque-se no lugar dela: você teve uma criança sozinha e ela morreu
de mal súbito, coisa que é comum em
bebês, segundo o hospitlal. Passam-se dezoito anos, você refez a sua vida e
então surge alguém dizendo que você é aquela criança, e que seu bebê foi
roubado por alguém como Christine. É doloroso demais, eu também entraria em
negação.
- Não, Leonora você não faria isso. Eu a conheço e se isso tivesse
acontecido com você, você iria ter cinco minutos de surto e depois iria atrás
da verdade, mesmo que não desse em nada. Não fique triste, amor, quando ela se
acalmar, virá até você, dê um tempo a ela. – assenti e ele disse:
- Vamos sair para dançar, espantar o clima pesado. – até pensei em
dizer não, mas me lembrei que havia me prometido sempre aproveitar os bons
momentos. Dali algumas horas teria uma reunião com George.
-o-o-o-o-o-o-
Ficamos até tarde numa na boate da família do Ozzy, e acabamos
encontrando alguns amigos do time do Mitchell e a noite foi muito divertida.
Mesmo chegando tarde, não sentiamos sono, quando Mitchell foi encontrar Oleg
para leva-lo a um treino dos Abutres e eu fui para a sede das empresas para uma
reunião com o conselho de acionistas da Vésper. A pasta azul estava comigo e eu
ainda pensava se faria uso dela ou não. Em minha bolsa, também levava os
diários de minha avó, caso eu resolvesse contar toda a verdade a ele.
Estranhei quando fui informada pela secretaria toda
afobada que não teriamos nenhuma reunião, pois George, havia mandado avisar aos
acionistas que estava indisposto, e cancelado o encontro, e ela achava que ele
havia me avisado. Resolvi, ir conversar com ele e quando cheguei em sua sala,
vi que a porta de entrada estava um pouco aberta e vozes alteradas saiam de lá
de dentro.
- Não tem sentido você ficar aqui, George. As pessoas vão começar
a falar....
- Estou me divorciando de você, Christine, cedo ou tarde as
pessoas vão saber.E ninguém até hoje estranhou eu ter roupas aqui no
escritório.
- Mamãe, vamos embora por favor, mais tarde vocês dois conversam
com calma...
-Não há o que conversar, pois não vai haver divórcio, George. Eu
me recuso. Sua filha precisa do pai em casa, tem noção do trauma que suas
atitudes podem causar? Podemos fazer terapia... - dizia Christine enfática e
George disse tenso:
- Nossas filhas são adultas, e sabem que não vivemos um casamento
há muito tempo.- e nesta hora eu bati na porta e fui entrando:
- Olá! Parece que cheguei num momento importante .O que está
acontecendo?- disse e Christine uivou:
- O que você faz aqui? Não foi convidada.
- Sou dona de grande parte desta empresa, não preciso de convite,
senhor!- respondi enquanto acenava com a cabeça para George que estava com aparência abatida, sentado em sua
mesa, que ficava próxima da lareira, que vivia acesa. Olhei para Camille, e
trocamos nossos costumeiros olhares de desgosto. George, acabou dizendo:
- Leonora, por favor feche a porta e sente-se , quero conversar
com você e Camille.
- George...Não temos nada para conversar com esta bastarda, ela
não faz parte de nossa família...
- Quer você goste ou não, Leonora tem o meu sobrenome, portanto
faz parte da família. E ela deve ser informada de que estamos nos divorciando. –
olhei para Camille e vi seu queixo tremer, enquanto Christine me olhava com ódio
e eu empinei o queixo dizendo:
- Não acho que este tipo de assunto deva ser discutido comigo ou
com Camille, o casamento de vocês diz respeito só a vocês dois..- Christine se
levantou nervosa:
- Note o tom de felicidade que ela usa, George. Isso é culpa dela,
que deve ter choramingado para aquele holandês imbecil, como sente falta de seu
papai, e ele ficou enchendo a sua cabeça contra mim... – não me contive:
- Alooww! Tenho vida própria..Ou melhor vida e dinheiro muito
dinheiro, enfim tenho o que fazer. E não ouse chamar tio Klaus de imbecil, ele
não é da sua laia. – ela bufou:
- Que menina arrogante...Maldita a hora em que eu...- se calou
ofegante e eu a instiguei:
- Que você o quê? Diga em alto e bom som o que você quer dizer, tenha
coragem de assumir os seus erros, pelo menos uma vez na sua vida.- e George nos
olhava sério:
- Divorciar-me de você é uma decisão minha, Christine, ajo e penso
por mim mesmo. Leonora, agora não é hora
de você ser grosseira com a sua mãe.- e eu o olhei irritada:
- Ela não é minha mãe, assim como você não é o meu pai, sabia
disso? Ah sim, você não sabia sobre a parte dela não ser minha mãe, ops,
lembrei que você me chamando de bastarda após o funeral de minha avó, mostra
que pelo menos desta parte você sabia.- disse vendo o espanto nos olhos dele e
continuei:
- Descobri isso há algum tempo, e vim para contar-lhe em uma conversa civilizada,
mas como não é possivel, vamos lavar a roupa suja. Sabia que ela me trocou na
maternidade? – e Camille arregalou os olhos:
- Mamãe roubou você? Como? Porque? Isso é crime, pode dar
cadeia...- e eu respondi com asco:
- Parabéns, gênio, você conseguiu somar dois e dois. Já começa a
abrir espaço na agenda pra visitar sua mamãe na cadeia. - respondi irônica para
Camille que olhava assustada de mim para sua mãe. George ainda estava
descrente:
- Leonora, por mais que você nos odeie, isso é uma história muito
perigosa para ser inventada...- tirei os diários da bolsa e os coloquei em cima
da mesa enquanto falava:
- Não inventei nada, tenho provas, minha avó me deixou os diários
dela e ela conta tudo sobre o meu nascimento, disse que sua filha com Christine
morreu no berço da maternidade, e como ela queria te manter no casamento com um
filho recém nascido, roubou-me de minha mãe, que estava muito dopada para saber
o que acontecia, está tudo detalhado e são provas aceitas em qualquer tribunal.
Inclusive há coisas interessantes sobre
Camille também....
- CALA A BOCA! EU TE MATO!– disse Christine histérica e veio para
cima de mim, tentando me agredir, mas de repente a porta da sala se abriu com
um barulhão e uma voz de mulher gritou:
- Não toque na minha filha, sua vaca!- e foi a minha vez de
arregalar os olhos, enquanto Camille gritava assustada, ao vermos Sasha
atacando Christine para me defender. Atrás dela vinha Mitchell, TJ McGregor e o
professor Wade, do curso de auror, e quando eles as separaram, Christine exibia um rosto com marcas de tapas
e a roupa amarrotada. Mitchell me abraçou, verificando se eu estava bem. Notei
que ele estava tenso e parecia tremer...Não, não era ele quem tremia , e sim
eu, que tive que respirar fundo, algumas vezes para não bater o queixo pelo
nervoso:
- George, exijo que você chame a segurança e ponha esta gente
daqui para fora. Sou sua esposa e fui agredida por uma desclassificada. – e Wade
usava de força para conter uma Sasha irada. George, olhava de olhos arregalados
para todos mas se dirigiu a Mitchell:
- Callahan, você pode me dizer, do que se trata esta invasão? – e
meu namorado após me acalmar, respondeu: Vim trazer a mãe da Leonora para que
juntas pudessem lhe dizer a verdade, George, mas vejo que você já foi informado.
Este assunto agora está nas mãos das autoridades. – e
Christine disse tentando ir embora:
- Não vou aceitar ficar no mesmo local que esta rameira, ouvindo
insanidades.Vou para nossa casa, querido...-e TJ McGregor a barrou no caminho:
- Sou McGregor, investigador da Interpol e este é Wade, do FBI, nós recebemos a
denúncia de um sequestro cometido pela senhora em 31 de outubro de 1997, e
viemos investigar, sugiro que a senhora nos acompanhe voluntariamente até a
delegacia...
- Não vou a lugar algum com você. Sabe quem eu sou?- ele a ignorou
continuando a falar:
-...ou terei que algema-la, e acredite, não costumo ser gentil com
quem rouba filhos dos outros.- houve um a movimentação rápida na sala e Camille
pegou os diários e os jogou na lareira para queima-los, nem tive tempo de
reagir enquanto ela dizia:
- Não há prova alguma, que ligue minha mãe a este crime do qual
vocês a acusam, soltem-na, ou nossos advogados vão massacrar vocês por abuso de
poder. – vi quando os dois homens trocaram olhares entre si, e o professor Wade disse:
- Garota, você também irá nos acompanhar pois está obstruindo a
justiça. O senhor poderá enviar seu advogado encontra-las na delegacia local. –
e ambos saíram praticamente arrastando Camille e Christine muito revoltadas com
as algemas.- virei-me preocupada para Mitchell:
- Ela queimou os diários da vovó, não tenho mais provas...- e ele estava
tranquilo:
- Não se preocupe, os diários queimados eram cópias que eu fiz, os
originais estão seguros.- sorri agradecida e me virei para Sasha, que estava
mais calma e disse:
- Desculpe não dizer a você, que você estava certa, peço que me
perdoe e me dê uma oportunidade de esclarecer as coisas.- sorri:
- Você está aqui, é isso que importa.Teremos tempo para conversar
depois. - George se aproximou de nós e não parava de encarar a Sasha:
- Leonora, há coisas que ainda precisam ser explicadas...- me
virei para ele:
- Você já sabe do sequestro, então quero que conheça minha mãe
biológica, Mariska Dobrev. Ela sabe muitos detalhes e pode ir te contando,
George, agora preciso ir até a delegacia. – antes de sair com Mitchell, vi a
troca de olhares entre eles, e o quanto Sasha parecia emocionada, sacudi a
cabeça afastando as suspeitas de minha mente. Eu tinha que ir até a delegacia e
terminar o que sem querer havia começado.
Sasha e George Ivashkov, ficaram se
olhando por alguns longos minutos, depois que a porta se fechou atrás de Leonora
e Mitchell. Ele levantou o braço indicando uma poltrona, para que ela se
sentasse, e ela o fez. Colocou as mãos no colo pois não sabia o que fazer com
elas. Ele se sentou de frente a ela e após algum tempo disse:
- Porque você não me procurou quando
soube que estava grávida, Mariska? Eu estava deixando Christine, poderíamos
ficar juntos...
- Eu queria que você ficasse comigo por
amor e não por dever, então fiz tudo o que pude para proteger o meu bebê, pena
que não foi o bastante.- ele a olhou sério:
- Ela é minha, não é?
- Se você precisa ouvir o que é
óbvio...- ele explodiu:
- Maldita seja, mulher. Tenho o direito
de ouvir a verdade.- e ela também se inflamou:
- Sim, Leonora é a sua filha, ela quer
um exame de DNA, e espero que você colabore, já que nunca facilitou a vida da
menina.
- Fui enganado, não tenho culpa...
- É fácil, se esconder atrás de
Christine agora, mas mesmo que ela não tivesse o seu sangue, merecia um pouco
de amor e compaixão enquanto crescia, pois era inocente. É tão simples amar uma
criança, mas você se tornou amargo e mesquinho, tão diferente do homem que eu
amava.- ela se levantou e o homem fez o mesmo, parecia perdido:
- O que faço agora? Depois de tudo o
que aconteceu, Leonora nunca vai me perdoar.
- Não sei o que você vai fazer, George.
Eu sei que da minha parte serei a mãe que ela precisar.- e saiu indo atrás de
sua filha, querendo recuperar o tempo perdido.
o-o-o-o-o-o-
Aquele sábado foi extremamente agitado. Ficamos um longo tempo na
delegacia, prestando depoimentos, Apolo apareceu junto com o advogado de Sasha
e me abraçou todo contente, dizendo a Michell que se ele não cuidasse bem de
mim, ele como meu novo ‘tio’ lhe daria uma lição, acabei rindo. Os pais de
Parvati e Robbie também foram até lá, e após verificarem que estava tudo bem
comigo, e com tudo sob controle, se despediram e ao encontrarem George,
trocaram algumas palavras.Tia Karen, foi especialmente severa, deixando-o
vermelho de vergonha. Já disse que amo esta mulher?
E Parv e Robbie que nao podiam
estar comigo, me ligavam várias vezes preocupados, e eu ia
atualizando-os. Lucian, Lenneth e Finn enviaram seus patronos com palavras de
conforto, até Ozzy ligou querendo saber podia ajudar em algo. Coitado, Parv
devia estar deixando-o maluco rs. Claro que em toda delegacia há jornalistas acabei
cercada por alguns, mas orientada pelo doutor Jarod, dei uma declaração resumida
do que havia acontecido e que o processo correria em segredo de justiça, e que
não poderia falar mais nada, assim logo fiquei livre deles.
- Uffa! Pensei que este dia não fosse acabar nunca.- comentei
exausta, me deitando na cama, sendo logo envolvida pelos Mitchell, que após me
beijar, disse:
- Quero que me desculpe, por ter colocado as autoridades no meio
da história, sei que você não tinha a intenção de denunciar a Christine
agora.Tudo o que queria era protegê-la com o respaldo da lei. - interrompi:
- Foi melhor assim, obrigada. Agora ela vai responder por seus
crimes, e eu poderei seguir em frente com a minha vida. E, Camille vai pensar
muito antes de se meter em encrencas. Viu, como ela chorou quando teve que tirar as digitais e segurar a placa
com o número da ficha? Fotos de cadeia, são cruéis.-rimos e Mitchell quis
saber:
- Você ia mesmo contar a George que Christine não é filha dele?
- Sim, eu iria, estava em modo barraqueira, jogando tudo no
ventilador, mas não precisei, o surto de
Christine já alertou não só a George mas também a Camille de que há mais coisas
escondidas e agora isso é assunto deles.- ele assentiu e continuamos a conversar:
- Agora que você conhece a sua mãe verdadeira, vai dar uma chance
a ela?
- Sim, claro. Gosto da Sasha...Quer dizer, Mariska. E ela sempre
foi legal comigo, mesmo sem saber da verdade, poderemos nos conhecer melhor e sermos amigas.
- E George? Agora que você sabe que ele é seu pai de verdade, vai perdoa-lo? – respondi
após pensar um pouco:
- Vou tentar conviver bem com George, não serei hipócrita e fingir que somos uma
familia feliz, preciso de tempo. E quem sabe um dia posso dar-lhe um cartão pelo
dia dos pais.- ele assentiu e finalizou a conversa me beijando daquele jeito dele,
que fazia minha mente ficar em branco, o que fez com o meu sábado terminasse
muito bem.