Thursday, June 21, 2012

Mitchell

Após uma conversa com o psicólogo, resolvi procurar o professor Wade na sala que ele usava para nos dar aula do curso de Auror, e o encontrei conversando com Tyrone McGregor  e eles riam, deviam estar armando algum teste maluco para nós. Quando ele me viu, acenou para que eu entrasse.

- Hey, Callahan, o que houve?- disse o professor e eu estiquei o papel em branco decidido:

- Vim devolver o formulário. Não vou me inscrever para nenhuma Academia, senhor.

- Eu já esperava por isso, ser auror nunca foi sua primeira opção não é?

- O curso me fez aprender muita coisa não ssobre ser auror, mas sobre mim também. Eu ficaria satisfeito em ser seu colega e quem sabe, um dia, fazer parte do grupo tático, mas eu gosto muito mais de jogar quadribol, me sinto feliz. – vi quando ele passou uma moeda ao senhor McGregor, enquanto dizia:

- Você ganhou , Ty. Droga, odeio quando perco um dos bons. – e o McGregor riu:         

- Ele é um jogador bom demais para ficar indo atrás de bandidos, Micah. – e o professor Wade disse:

- O curso tem o objetivo de ajuda-los a decidir quem vai continuar conosco ou não. Você se sairia muito bem na Academia, mas sei que vai se sair melhor  rebatendo balaços. Qualquer coisa que precisar, me procure ok?

- Obrigado por tudo, senhor.- fui dispensado e quando comecei a sair, me lembrei de algo e quis saber:

- Professor me explica uma coisa...O crime de sequestro de uma criança prescreve? Mesmo que não tenha sido notificado?- e ambos ficaram em alerta, mas o professor Wade respondeu:

- Não, sequestro é um crime que não prescreve.E a notificação pode ser feita a qualquer momento.- fiquei olhando para os dois, assenti, e comecei a sair, quando o senhor McGregor me chamou novamente.

- Mitchell, há algo que você queira nos contar? Você sabe que Micah é do FBI e eu faço parte da Interpol, talvez possamos te ajudar alguma maneira...- pensei no que Oleg havia me contado sobre a família Ivashkov  e pensei que a melhor forma de proteger Leonora, seria ter ajuda das autoridades, mesmo que indiretamente. Fechei a porta e contei a eles tudo o que a minha namorada havia descoberto .


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Leonora, sexta feira à noite...


Quando acabei de ler os diários de minha avó, comecei a entender muita coisa. Não devia perder mais tempo em procurar Sasha e contar a ela a verdade  sobre nós duas. Olhei no relógio e vi que Mitchell iria demorar para voltar do treino, e como sabia que aquele era o horário que Sasha, costumava estar em casa, resolvi ir até lá e conversar com ela. Ele ficaria chateado comigo por eu não esperar por ele, mas eu teria que fazer isso sozinha.

Fui até a casa dela e quando estava chegando, vi que um homem saía pela porta da frente, e ficaram conversando de cabeças juntas por uns segundos, depois disso, ele segurou o rosto dela e lhe deu um beijo na testa e foi embora. Tudo estaria bem, se eu não o reconhecesse como um ex jogador de quadribol casado e com filhos pequenos. Não pude evitar de me sentir decepcionada.Ok, eu não tinha nada a ver com a vida dela, mas poxa, ela é minha mãe e estava agindo errado. Comecei a ir embora, quando ouvi meu nome ser chamado, me virei e vi Apolo vindo em minha direção.

- Olá, senhorita Leonora, como vai? Veio nos visitar?

- Sasha, deve estar ocupada, não deveria vir sem ligar antes...

- Não há problemas, amigos sempre são bem vindos. Venha, fará bem à patroa receber a sua visita, ela gosta muito de você e eu quero te mostrar os novos aparelhos da sala de ginástica, renovei tudo. - Eu adorava  Apolo,  e comecei a rir pela sua empolgação, que me lembrava muito de Robbie. Quando entramos na casa de Sasha, ela veio me receber toda animada e nós três começamos a conversar, e eu coloquei de lado por um tempo, o motivo real de eu estar ali, enquanto contava a ela sobre tudo que estava acontecendo na escola, os estudos, meus amigos, quando  Apolo comentou:

- E nosso amigo, deu alguma noticias sobre o tal detetive?          

- Não, TJ ainda não descobriu quem ele é, mas vai descobrir.

- TJ é o homem que saiu daqui agora há pouco,  quando  estavamos chegando? Achei que o reconhecia de algum lugar.

- Sim, é TJ McGregor. Rory e ele virão aqui amanhã, Apolo, é a sua vez de cozinhar.- vi o segurança assentir e não me contive:

- Este, TJ não  é casado?- e me arrependi, porque Sasha me olhou tensa, porém foi direta em sua resposta:

- Tenho consideração por você e só por isso vou esclarecer as coisas: Ele foi um cliente e depois se tornou meu amigo.  Rory é a esposa dele, e ela sabe tudo sobre a nossa amizade e não nos julga por isso. E amanhã, eles virão aqui, porque é dia de poker e desta vez, eu serei a anfitriã. - senti meu rosto esquentar.

- Desculpe-me , Mariska...Sasha.- me corrigi e ela me olhou séria:

- Não me lembro de haver lhe dito meu nome de batismo.-  percebi quando ela e Apolo trocaram olhares desconfiados e eu vi que devia esclarecer logo as coisas.

- É verdade, você não disse, foi o meu detetive que descobriu o seu nome e me contou.

- Porque você contratou um detetive para me investigar, Leonora? O que está acontecendo? É o homem que TJ está procurando?

- Sim, é. E não foi para investigar você especificamente, mas mulheres que tiveram bebês  em 31 de outubro de 1997, o dia em que eu nasci. Então ele descobriu que você havia sido mãe de uma menina nesta data, foi uma coincidência nós já nos conhecermos. – fiquei pasma quando vi seus olhos se encheram de lágrimas, mas ela as segurou, Apolo disse tenso:

- Porque está fazendo isso, garota? Não vê que a machuca?- e  Sasha o acalmou dizendo:

- Não se preocupe, meu amigo. Já passou muito tempo, dói menos. Sim, eu tive um bebê neste dia, mas  minha filha morreu, antes mesmo que eu pudesse segura-la...Morte súbita, é comum em bebês, foi o que me disseram.

- Quem é o pai da sua filha?- perguntei enfática e ela se esquivou:

- O bebê era meu, e de mais ninguém. Porque isso é importante para você?- e eu respondi:

- A filha de Christine Ivashkov morreu naquele dia.  -  vi que ela arregalou os olhos e olhou para Apolo, confesso que pensei que estava num filme da Disney e que ela milagrosamente ligaria os pontos, olharia para mim com reconhecimento e começariamos a cantar felizes, mas ela não o fez.

- Que absurdo! Você é filha deles, e está bem viva na minha frente, não sei porque quer saber da minha vida pessoal, acho que seria bom você ir embora, não estou gostando desta situação.- vi Apolo, se levantar com cara de poucos amigos, para me tirar dali, me aproximei dela, a olhei nos olhos e disse:

- Escute por favor: naquele dia, a filha de Christine morreu no berço, e ela não queria que George soubesse, então ela se aproveitou que uma mãe, estava muito dopada no leito de hospital e trocou as crianças. Você não entende? A  criança trocada naquele hospital era eu. Eu sou a sua filha.

- O que é que você está dizendo? Isso é surreal demais...- ela dizia me encarando, porém sem se deixar tocar.Embora, fosse dificil para mim, eu disse:

-Sasha, eu sei que é dificil de acreditar, mas poderiamos fazer um exame de DNA e ai tudo seria esclarecido, eu poderia inclusive saber sobre o meu pai... – ela começou a levantar a mão para me tocar, mas parou séria:

- Não! Isso não pode ser verdade, eu saberia se a minha filha tivesse sido tirada de mim. Você deve estar querendo irritar a sua mãe e o seu pai, e quer me usar para isso.  – eu ri sem humor algum.

- Eu poderia dizer a Christine que ela é um ogro e ela nunca iria ligar, porque não temos a menor afinidade, e George? Ele me despreza, porque sabe que não sou filha dele, acha que sou filha de um amante da Christine. Não nasci dela, nasci de você, e sinto muito que você não consiga acreditar. Eu acredito nisso, porque li os diários de minha avó e lá ela conta toda a situação, inclusive sobre a herança que ela fez chegar às mãos da minha mãe biológica. E eu sei que você recebeu uma herança alguns meses depois que eu nasci...- e ela me cortou:

- Sim, recebi uma herança de um parente e não de sua avó. Gostaria muito que esta história fosse verdade, Leonora, você é uma menina incrível, mas eu não sou a sua mãe, não poderia ser. Esqueça isso, e siga a sua vida, será melhor para todos.  – nos olhamos por alguns segundos  e eu me rendi, pois percebi que ela falava a sério:

- Peço desculpas pelo inconveniente, não queria aborrece-la. Adeus. – sai da casa dela e não olhei para trás. Eu só queria voltar para casa e dormir muito para esquecer este dia.


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A porta mal se fechou atrás de Leonora, e Sasha se atirou no peito do amigo, chorando. Apolo, a segurou com carinho e quis saber:
- Mariska, porque você fez isso? Aquela menina pode ser sua, porque não dar crédito a ela?
- Eu não queria acreditar quando ela começou a contar a sua história, mas quando ela falou sobre a herança, eu me convenci de que ela é minha.Céus, minha filha está viva, Apolo, e é linda, estou tão feliz por isso, é mais do que mereço.- recomeçou a chorar, e o homem a abraçou dizendo:
- Então porque você não disse que ela estava certa? Você chora até hoje pela sua menininha...
- Porque quando eu recebi aquele dinheiro, uma das condições fosse de que eu nunc a mais me aproximasse de George ou da sua família, e eu concordei sem nenhum remorso, estava magoada com ele, e havia perdido o que mais amava no mundo. Sim, eu sabia que era dinheiro da velha Leonora. Achei que era uma mãe  defendendo o casamento da filha e hoje percebo que não era isso. – como ele a olhasse confuso, ela explicou:
- Você não entende? Sem saber eu vendi a minha filha.


Continua....