Monday, September 20, 2010

Sofia, Bulgária, Setembro de 2014

- Lu, você tem visitas! – Meu irmão gritou do primeiro andar, e respondi.

- Pede pra subir, diz que estou ocupado!

Eu estava digitando mais um dos meus vários textos. Ele estava incompleto ainda e como eu odiava deixar textos incompletos. O texto era uma pequena história, uma crônica se preferir, sobre um homem que desejava tanto o poder que era capaz de sacrificar os próprios amigos. Era algo triste, mas que refletia muito dos homens.

Quando digo digitar, alguns bruxos podem achar estranho, mas eu tenho um laptop, um aparato trouxa que os permite entre outras coisas escrever rapidamente, sem precisar gastar pilhas e pilhas de pergaminhos. Ele tinha outras vantagens também como a internet, que eu gosto de comparar com uma coruja super rápida, e permite assistir as fotos-em-movimento dos trouxas, que Ayala me ensinou serem chamados de vídeos.

- Até nas férias escrevendo? – Uma voz conhecida me chamou e virei sorrindo, a tempo de ver Lenneth me abraçando pelo pescoço. Phil veio logo atrás, sorrindo.

- Claro, nas férias é quando eu tenho mais tempo! – Eu falei, afagando seus cabelos com carinho. Eu me levantei e dei um abraço em Phil também.

- Mas hoje você vai parar um pouco. Ayala chega hoje e vamos sair para fazer alguma coisa. Já falei com o Ozzy e os garotos do time também.

- Ah finalmente o Ayala vai voltar! – Falei alegre também.

- Sim, ele conseguiu se livrar de algumas coisas da Faculdade e vai vir nos visitar. Ele vai ficar uma semana aqui conosco, na casa dos avós. E vamos comemorar o seu aniversário! Atrasados, mas vamos! – Lenneth falou com um largo sorriso. Eu havia feito aniversário um mês antes, mas como nem todos os meus amigos estariam presentes, deixamos para comemorar depois.

- Eu vou falar com a Liseria então, apesar de que ela estava na França.

- Diga pra ela vir imediatamente! – Phil falou.

Enquanto os dois iam descendo para falar com meus pais e meu irmão, já que eles os conheciam desde crianças, peguei meu celular e mandei uma mensagem para Liseria, pedindo que me ligasse. O celular era outro aparato trouxa que os permitia conversar e mandar cartas por longas distâncias, quase em tempo real, e nisso tenho que concordar às vezes eram mais eficientes que lareiras e corujas (ainda mais que eu ainda não sabia usar o patrono direito). Mas o celular foi idéia de Liseria, pois assim que ela os descobriu, comprou um para mim e para ela para que pudéssemos nos falar com mais facilidade quando não estivéssemos no Instituto.

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Fomos buscar Ayala no Aeroporto de Sofia por volta das 1 da tarde. Meus pais foram conosco no carro da família. Ayala era trouxa e estudava na Inglaterra, em Cambridge, porém costumava passar suas férias na casa dos avós, que eram meus vizinhos. Foi assim que nos conhecemos. Ele costumava freqüentar a livraria de minha família e desde jovem foi muito inteligente. Ele cresceu comigo, com Phil e com Lenneth. Nós quatro éramos grandes amigos e eu os considerava como meus irmãos, sendo que eles me consideravam como o irmão mais velho, apesar de ter a mesma idade que Phil e Ayala.

- Bem vindo de volta! – Eu falei, quando o avistamos saindo do terminal de chegada dos vôos internacionais do aeroporto. Ayala veio sorrindo e nos abraçou.

- Feliz Aniversário, Lucian! Finalmente posso desejar pessoalmente. E ai, como estão as coisas? – Ele perguntou, já entregando duas malas para eu e Phil levarmos.

- Continua abusado não é? – Phil falou, dando um soco de leve em seu ombro. Ayala deu de ombros, enquanto apertava a mão de meus pais e de meu irmão.

- Vamos logo, uma grande festa nos espera hoje! – Lenneth falou, e Ayala sorriu para ela.

Almoçamos todos em minha casa, inclusive os avós de Ayala, que eram amigos de meus pais. Foi um almoço agitado, cheio de gargalhadas e risadas. Ayala contava novidades da faculdade, enquanto contávamos das coisas que aprendemos durante o ano letivo. Ele era trouxa, mas sabia e muito do mundo bruxo, e o fato dele ser trouxa nunca foi problema para nós quatro.

Enquanto almoçávamos, a campainha tocou e fui abrir a porta. Quase fui derrubado no chão por Ozzy, Alec, Oleg e Jack, enquanto Julie esperava na porta sorrindo. Eu cai na gargalhada, enquanto Ozzy já corria para a sala, cumprimentando a todos.

- Chegamos na hora! – Alec falou, enquanto cumprimentava a todos.

- Vocês não tem educação? – Julie falou, balançando a cabeça. Oleg e Ozzy deram de ombros. – Boa tarde a todos.

- Viemos chamá-los, vamos começar a festa agora. Vamos dar uma passeada pela cidade, Ayala tem que ficar a par de todas as notícias! – Oleg explicou, enquanto cumprimentava Ayala.

- Vocês iam sem mim? – Ouvimos alguém na porta, e me levantei sorrindo, abraçando-a com força. Liseria sorria, enquanto beijava meu rosto. – Olá, querido.

- Não sabia se tinha recebido a mensagem. Como chegou tão rápido? – Perguntei, enquanto ela cumprimentava a todos. Àquela altura meu pai já havia conjurado cadeiras extras, enquanto mamãe distribuía alguns bombons.

- Pedi que minha mãe me aparatasse, não perderia seu aniversário de jeito algum.

Assim que todos terminaram de tomar ao menos um copo de suco de abóbora e comer alguns doces, mamãe achou que estávamos alimentados e a turma inteira saiu. Passamos a tarde inteira andando pela cidade, conversando e nos divertindo. Ozzy e Oleg divertiam a todos contando todos os acontecimentos do Instituto, enquanto Ayala contava novidades do mundo trouxa. Liseria contou sobre sua viagem à França, e depois ficou conversando animada com Julie e Lenneth sobre diversos assuntos. Phil perguntou de Ferania, a irmã mais velha de nosso grupo, pois ele sempre teve uma queda por ela. Ferania, porém, apesar de ter aparatado na minha casa no dia do meu aniversário, disse que estaria muito ocupada para ir na festa, mas não quis me dizer o porquê. Ferania era mais velha do que nós, mas junto de Lenneth era uma de minhas amigas mais antigas e mais queridas.

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Eram 9 da noite quando a festa começou em si.

Os pais do Ozzy fecharam um dos andares da filial em Sofia para nós e Phil e Ozzy encarregaram-se das músicas, escolhendo principalmente minhas músicas favoritas, além de outras de seu próprio gosto.

Haviam muitas pessoas do Instituto. Todo o time de Hóquei estava na festa, assim como toda a equipe do jornal. Parvati jamais perderia uma festa e divertia-se observando a todos para o jornal, enquanto conversava com Leonora. Levantei uma sobrancelha para elas, mas elas fizeram-se de desentendidas. Yanic atraia a atenção de todos com seu jeito entusiasmado e alegre, e o cumprimentei feliz, por considerá-lo muito. Derek marcou presença também, porém notei como ele olhava para o palco, como se desejasse estar ali cantando. Finn e Orion chegaram na hora da festa e não estiveram conosco durante o dia, mas logo estavam conversando com todos. Apesar de que Ayala não falava muito com Orion, o que sempre acontecia, pois Ayala não vai muito com a cara do Orion, e eu não sei bem o porquê até hoje.

- Ele tem um ar falso. O sorriso dele é meio falso. – Ayala sempre respondia, dando de ombros, quando eu perguntava o porquê da inimizade.

Eu estava muito feliz com a atenção e o carinho de todos, e não conseguia ficar parado um segundo, toda hora sendo chamado por alguém para fotos, conversas e danças. Agradecia também por Liseria e Lenneth estarem se dando bem, pois no ano passado elas tiveram algumas brigas. E como eu odiava ver duas garotas tão importantes para mim brigando.

Já era tarde da noite, quando Lenneth subiu ao palco e pediu a palavra. Ela estava linda como sempre e eu sorri para minha querida irmãzinha adotada.

- Boa noite a todos! Gostando da festa? – Ela perguntou, fazendo todos gritarem. – Desculpem-me a intromissão, prometo ser rápida. Mas o motivo disto, é também o motivo da festa! Lucian, temos uma surpresa pra você!

Assim que ela terminou de falar, holofotes caíram em cima de mim e eu fiquei um pouco envergonhado, enquanto todos batiam palmas. Em seguida, a música mudou para uma de minhas favoritas, “Stairway to Heaven”, e o telão começou a mostrar diversas fotos minhas e de meus amigos, em uma homenagem feita por eles.

Eu senti lágrimas nos olhos e consegui apenas levantar um copo enquanto gritava agradecendo a todos. Todos gritaram juntos, e começaram a cantar “Happy Birthday to you”, com Lenneth no microfone.

Liseria me beijou, e depois me levou para a pista de dança, onde começou a tocar “Nothing Else Matters”. Os demais casais espalharam-se ao nosso redor, enquanto eu me deixava envolver pela melodia daquela bela música, sorrindo para Liseria.


- Você ainda gosta do Lucian, não gosta? – Phil perguntou, enquanto bebia um drink ao lado de Lenneth. Ela por sua vez olhava para Lucian e Liseria que dançavam uma música lenta, abraçados. Ela ficou um tempo em silêncio sem responder.

- Eu não sei, Phil, realmente não sei.

- Você tem que se decidir. Se demorar demais para decidir, vai perdê-lo para sempre.

- E você acha que eu ainda tenho chance? – Ela perguntou, suspirando, quando viu os dois se beijando. – Olhe pra eles, estão felizes. E ele me vê apenas como irmã.

- Porque você nunca se decidiu. Você até hoje não sabe se gosta ou não dele. Eu apoiaria o namoro de vocês, e daria muito certo.

- Não me incentive, Phil. Não vou acabar com a alegria dele.

- E por isso vai ficar se remoendo pelos cantos? Pense mais em si mesma, Val.

- É que eu não sei. Já fiquei com outros garotos, já gostei de outros garotos.

- Mas ainda é o Lucian que mexe com você, não é? Dá pra ver como você o olha.

- É tão na cara assim? – Lenneth falou, ficando sem jeito.

- Não, pior que não. Eu diria que apenas eu e Lucian notaríamos isso. Você esconde bem, apenas quem te conhece bem saberia ver isso. E ele não verá, pois não imagina isso.

- Prefiro que ele continue sem imaginar. Eu preciso dar a chance para outros tomarem o lugar dele.

- Tentar apagar não é a coisa certa... Mas, deixa de conversa séria, vem, hoje você dança comigo! – Phil falou, puxando sua melhor amiga pela mão, enquanto ela ria. Phil gostava de Lenneth como sua irmã, assim como de Lucian. Ele era o único que sempre notara que Lenneth poderia ser apaixonada pelo amigo, mas ela nunca sabia se era de verdade ou não. Para Phil, era seu dever dar apoio a ela e ele sempre faria isso.