Sunday, August 14, 2011

No mesmo dia que voltei fui com Robbie e Finn, visitar Parv e quando chegamos na clínica ela estava dopada. O máximo que nos deixaram fazer foi vê-la dormindo por uma janelinha de vidro na porta, dali fiz questão de ir até a casa dos pais dela, e dar o meu apoio. Quando vi tia Karen, corri até ela e a abracei apertado. Acabamos chorando juntas por um tempo pois lembramos de nossos entes queridos que haviam morrido. O único que parecia mais controlado era tio Demetri, porém eu sabia que aquela calma, era uma fachada, pois por dentro ele devia estar despedaçado, mas com a mulher a filha precisando dele, alguém tinha que se manter firme. Quando nos acalmamos um pouco, tio Demetri ainda me contou que minha avó, já fazia tratamento para o coração fraco há vários anos, e que era uma questão de tempo, até ela sofrer algum ataque e não resistir. Agradeci a ele e a tia Karen por tudo o que fizeram por vovó, e meu respeito, admiração e carinho por eles cresceu mais ainda.
Eu e Robbie estávamos esperando a nossa vez de entrar no quarto da clinica onde Parvati estava internada. Depois da visita dos seus pais, fomos liberados para ir em frente, respiramos fundo e quando entramos, fiz o possivel para me controlar, pois aquela garota pálida, de olhos inchados, com cabelos sem brilho, lábios descorados e que horror, e sem gloss...
Não, aquela não era a Parvati Karev que eu conheci a vida toda...
- Oi Parv, como você está hoje?- quis saber Robbie e ela demorou alguns segundos focando os olhos nele, e esboçou um leve sorriso e respondeu excessivamente calma:
- Vou indo bem.- aproximei-me e toquei sua mão e ela ficou alguns segundos olhando a minha mão e levantou o rosto para mim, dizendo com um sorriso cansado:
- Você demorou... Mas está bonita.- engoli o soluço que se formou e disse com uma falsa animação:
- Precisei me esconder e dar um jeito em mim, agora estou aqui para cuidar de você. Vamos pentear os cabelos? Trouxe um batom novo que é a sua cara e mais coisas que vão te deixar incrível.
‘Ah Parv, você precisa sair desta e voltar para casa. Seus pais precisam de você...Eu e Robbie precisamos de você, muito. E o branco ovo deste camisolão sem formas não combina com o tom da sua pele’. - era o que eu pensava enquanto eu e Robbie penteávamos os cabelos dela, e ela encarava o nada.

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Desde a minha volta, todo o tempo que eu tinha ou estava no hospital, ou estava em reuniões nas empresas que havia herdado. Meu pai estava se movimentando de forma a tentar bloquear as minhas ações através do Conselho, usando o argumento de que se eu não havia sequer terminado a escola, como poderia administrar todo aquele patrimônio? Então por causa destas manobras, eu sempre era convocad a dar explicações aos acionistas sobre os meus planos para as empresas, e até mesmo opinar em pequenas coisas. Embora, eu não tivesse um curso de administração, eu passei anos acompanhando minha avó e vendo as suas decisões nos mais diversos assuntos, e quando ela não entendia algo, ela procurava ajuda especializada, e foi o que fiz. Outra de suas lições, era sempre pedir ajuda de quem eu confiasse, então procurei o pai de Robbie, pois gostava muito de sua familia e vovó o respeitava muito como empresário. Marcava reuniões com tio Klaus, e ele me ajudava dando orientações sobre assuntos que eu não entendia, com isso sobrava pouco tempo para pensar em Finn. E o pior nesta situação , era que eu não sentia falta dele como namorado, mas sim como amigo.
Fui até a casa dos meus pais, buscar minhas coisas que estavam lá, pois iria mudar para a casa que herdei de vovó, e levei minha gata Condessa, que insistia em me seguir a todo lugar desde a minha volta. Enquanto ela havia ido explorar a casa, estava no meu antigo quarto separando os sapatos que iria levar nas malas, quando ouvi um miado esganiçado e uns xingamentos. Corri ao corredor e Camille, segurava minha gata pelo cangote de forma violenta e a jogou longe, acertando-a na parede.
- Este bicho pulguento destruiu o meu vestido da festa de hoje à noite.- quando vi aquilo não pensei muito e avancei sobre Camille lhe dando alguns bons tapas na cara, e graças aos ensinamentos de Apolo, deixei-a com um dos olhos roxo, antes que os empregados nos separassem. Mandei que me soltassem, fui até minha gatinha e a peguei no colo cuidadosamente e após verificar que ela estava bem, a levei embora, mas enquanto acariciava seu pêlo branco, lhe prometia uns mimos por ter destruído o vestido da idiota da Camille.
Quando cheguei em casa, Finn estava me eperando. Contei a ele o que havia acontecido e ele prontamente me ajudou a cuidar da minha gatinha e ficamos um tempo junto conversando e rindo como sempre fizemos, em certo momento ele começou a me beijar e ficou empolgado, até comecei a corresponder, mas de repente me veio à mente, ele sendo acossado pela minha irmã no funeral da minha avó e não sabendo ou querendo se livrar dela. Eu o afastei.
-Não estou com cabeça para isso agora.Acho que na realidade, devemos ser apenas amigos Finn, estou com muitos problemas e não quero me distrair.
- Distração? É isso o que sou agora?
- Desculpe, não quis ofender, mas também acho que você tem maturidade o suficiente para perceber que no momento a vida da minha melhor amiga, está uma bagunça e ela é minha prioridade agora.
- Sim, claro, Parvati precisa de toda ajuda possivel, ela também é minha amiga.
- E você tem estado ocupado fazendo testes para alguns times não é?Não haveria tempo apra um namoro ‘a sério’.
- Estou esperando a resposta daquele time italiano que fui na semana passada fazer os testes.O técnico gostou muito da minha forma de jogar e ia estudar uma boa proposta. Então você acha que é melhor darmos um tempo? - ele quis saber visivelmente triste.
- Não, quem dá tempo é juiz de futebol, o melhor é terminarmos. E quem sabe um dia, a gente possa retomar de onde paramos.- disse direta e objetiva demais e ele franziu os olhos:
- Você não está terminando por causa do Callahan não é?
- Se estivesse terminando com você por causa dele, eu te diria Finn, nunca houve segredos entre nós e não começaria agora não é? Afinal sei que você me conta tudo.- disse olhando-o nos olhos e percebi sua expressão culpada.Ali eu soube que havia acontecido alguma coisa entre ele e Camille.
- Er..Sim, claro. Mas saiba que você pode contar comigo para tudo, sempre ok?- assenti com um sorriso nos lábios e nos abraçamos. Não sentia raiva dele por não me contar, sentia tristeza por perceber algo que sempre me recusei a ver: Finn era um fraco.

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Uma de minhas novas atribuições, era frequentar alguns eventos sociais, e depois de verificar que Condessa estava bem instalada, a deixei em casa, se esbaldando com uma lata de atum, e fui para uma festa da Associação Empresarial de Sofia. Fui cumprimentada por várias pessoas que me conheciam e de muitos recebi os pêsames por minha avó. Depois da entrega de alguns prêmios, começou o coquetel e eu olhava com suspeita para um canapé de salmão quando ouvi uma voz conhecida:
- O salmão passou do ponto. Melhor pegar o de lagosta.- e me virei para Mitchell que estava todo elegante. Não pude evitar um olhar avaliador, quando o olhei nos olhos, ele sorriu:
- Olá Leonora, você está linda.
- Obrigada, você também está muito bonito.- respondi e ele pegou dois drinks da bandeja de um garçon que estava perto e me ofereceu um.
- Nunca o vi nestes eventos.Aliás nem sabia que você é como diria vovó: ‘um partidão’.- comecei a conversa e ele riu:
- Ficou surpresa por eu não ser um pobretão ou por eu saber diferenciar salmão e lagosta?- revirei os olhos.
- Os dois, mas você não tem o perfil de quem gosta de vir a estes lugares.- comentei e ele respondeu:
- Estou fazendo um favor ao meu pai. Ele e meu irmão estão na China, e era importante que alguém da familia viesse aqui hoje. São os tais ‘contatos de negócios’.- ele respondeu e assenti, nesta hora senti o perfume enjoativo de Camille.
- Não acredito que você teve a ousadia de vir aqui depois do que me fez. Quer arruinar os negócios de papai?- eu a encarei firme:
- Quem vai arruinar algo para ele, é você. Você sempre foi péssima em feitiços de glamour. E sob esta luz o olho roxo que fiz em você no outro dia, continua aparecendo apesar deste monte de maquiagem. Mercadoria avariada não tem bom preço no mercado.- provoquei e quando ela avançou, Mitchell colocou um braço na frente, defensivo:
- Senhoritas: Escândalos não farão bem a ninguém. - ela olhou superior para Mitchell e quis saber:
- E você é?- antes que Mitchell respondesse, o meu pai, quer dizer, George Ivashkov se aproximou animado e disse:
- Camille, que bom que já conheceu Mitchell Callahan. Tenho certeza que serão ótimos amigos.- e ele me olhou superior e disse:
- Leonora.
- Senhor.- respondi no mesmo tom e Camille sorriu predadora para Mitchell e seu pai disse:
- Tenho certeza que a Vésper e a Galway farão ótimos negócios juntos...- olhei de George para Mitchell e comentei:
- Não sabia que iríamos fazer negócios com um grupo estrangeiro...
- Papai não tem que lhe dar satisfações dos negócios que faz. Já eu gostaria muito de saber sobre este assunto.- disse Camille jogando charme para Mitchell e ele sorriu enquanto olhava para George.
- Tenho certeza que tudo vai correr bem, e eu gostaria muito de explicar sobre isso à sua filha durante uma dança.- Camille levantou a mão e a ofereceu a Mitchell mas ele a ignorou e se virou para mim:
- Vamos dançar Leonora?- primeiro o olhei pasma e depois assenti. Ele tomou minha mão e fomos para a pista de dança.Quando ele me abraçou apertado, levantei o olhar para ele, e quis saber:
- Este é o seu jeito de falar de negócios?- e ele sorriu:
- Não, eu só acho gostoso abraçar você. E nunca dançamos juntos, depois vamos sair daqui e comer alguma coisa decente, estou morrendo de fome, e talvez falar de negócios.
Não esperamos a música terminar para sair dali e irmos até um restaurante fast food, nos empanturrar de hamburgueres e batatas fritas. Falamos sobre muitas coisas aquela noite, menos sobre negócios. Eles podiam esperar.