Sunday, July 31, 2011

Ele não é meu pai...
Será que minha avó sabia disso?
Tudo o que ele sempre quis, agora é meu... Ah vovó porque você fez isso?


Depois de andar bastante,comecei a correr sem rumo e nem percebi que minhas lágrimas caiam, quando esbarrei em alguém saindo de uma loja. Quase derrubei a mulher, mas ela era ágil, se aprumou e ainda me segurou:
- Leonora? O que foi que houve? Porque está chorando?- olhei e era Sasha,a dona da boate Luxury, atrás dela estava o seu segurança, Apolo. Ele era enorme, todo músculos e muito sério.Mas me encarou de forma gentil.
- Está com algum problema? Quer que chamemos aos seus pais?
- Eles me odeiam...eles me disseram...- respondi com a voz embargada e ela ficou em duvida:
- Os pais não odeiam aos filhos, Leonora, às vezes numa discussão falam coisas ruins, mas não quer dizer que são verdadeiras.
- O que você sabe da minha vida? Nada, então por favor não queria explicar a minha familia.- disse grosseira.
- Desculpe, não devia ter dito nada, sinto que com a morte de sua avó, tudo deva estar confuso na sua cabeça, e espero que tudo se resolva. Vamos embora Apolo.
- Não, não vá...Perdoe-me Sasha...Você não tem culpa de nada.
- Gostaria de tomar um café? Quem sabe um chá, você parece precisar.- ela disse eu respondi amargurada:
-Quero sumir do mundo, para poder ter tempo de saber o que vou fazer com a minha vida e... não quero perturbar meus amigos, eles estão de férias.
- E você vai ficar andando de um lado a outro assim? – dei de ombros e ela após olhar para o segurança disse:
- Se quiser você pode ficar um tempo em minha casa para se acalmar.
- Na boate? Não é o que eu chamaria de o lugar mais isolado do mundo. - E ela riu:
- Eu não misturo o meu trabalho com minha vida pessoal.Tenho uma casa, como todo mundo.
- Sim, claro não quis ofendê-la.- disse sem graça, enxugando o rosto e ela sorriu:
- Garanto que seria o último lugar do mundo em que alguém iria procurá-la. Você poderá ficar no quarto de hóspedes e somente eu, Apolo e os empregados da casa, saberiam de sua presença, e todos são de confiança e muito discretos. E acho que você deveria avisar a algum adulto onde você está, afinal não é seguro, ir para a casa de estranhos. - e eu respondi:
- Não sei porque, mas confio em você, e sei que ficarei bem.- segui Sasha e Apolo para um carro e após rodarmos algum tempo, paramos numa casa de 2 andares, de arquitetura tradicional, num bairro de classe média alta, afastado do centro de Sofia, e era uma casa de extremo bom gosto e cheia de conforto. Havia inclusive piscina aquecida e uma academia nos fundos. Por incrível que pareça, eu tive a sensação de entrar em um lar.

o-o-o-o-o-

Ela já estava naquela casa, há mais de dois dias e havia trocado poucas palavras com a sua anfitriã, pois quando anoitecia a mulher saía para administrar o seu negócio. Mas as poucas conversas eram divertidas, e haviam descobertos muitos gostos em comum.E durante as manhãs, Sasha dormia. O único que tinha alguma energia pela manhã, embora trabalhasse á noite, era o guarda costas, Apolo. E numa destas manhãs, ele ensinou a garota a como usar a esteira para correr, a usar os punhos e descarregar as frustrações num saco de areia ou mesmo que braçadas na piscina, faziam milagres para quem tem a cabeça cheia de problemas, e para quem sempre havia demonstrado aversão aos esportes, a garota passou a ser uma praticante assídua.
Observando por uma porta de vidro, Sasha, observava enquanto a garota corria na esteira, ouvindo música alta. Sorriu consigo, enquanto o guarda costas se aproximava e sem se virar, disse:
- Ainda acha que fiz mal em trazê-la para cá?
- A garota é maluquinha, mas gente boa. Mas ainda acho perigoso, você se tornar amiga dela.
- Já não preciso ter medo de nada e de ninguém, meu caro.Eu sei me defender.
- Sim, sabe, pois eu a ensinei bem, mas dizendo o óbvio: ela não é a sua filha, Mariska.
- Por favor, um assunto de cada vez. E deixe-me ter a ilusão de como seria ter a minha filha crescida andando por esta casa.

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- Vamos logo Finn...
Dois garotos, um loiro e um moreno, com a aprência de jovens em férias, andavam pela rua de um bairro de classe alta, de Sofia e pareciam discutir:
- Já viemos aqui ontem, Rob e a Leo não voltou, e os empregados se recusam a nos dar alguma informação. Não acha que é melhor, procurarmos as autoridades?- disse o loiro.
- Ah sim, procuramos a polícia e dizemos que nossa amiga, a herdeira de um conglomerado de empresas multimilionário desapareceu por conta própria e que queremos saber aonde ela está, para trocarmos receitas de bolo. Afinal, ela nos deve sartisfações, e nem preciso acrescentar que só isso, já bastaria para o pai dela pedir para o conselho que tire tudo que vovó deu para a Leo. - e o garoto de cabelos escuros, deu um leve empurrão no garoto loiro.
- Dããã! Vamos continuar procurando por ela, agora mais que nunca. – caminhavam em direção a casa,quando encontraram um garoto conhecido voltando pela mesma calçada.
- Robert, Finnegan. – disse o rapaz como cumprimento e o moreno disse dramático:
- Mitch, por favor diga que você está vindo da casa da Léo e que tem alguma noticia dela?
- Estou vindo da casa de meu tio, acabei de voltar de um mochilão pela Europa, e não tenho notícias da Leonora. E só pra constar: É Mitchell. O que aconteceu com ela?- e o garoto loiro disse:
- Acho que não devemos incomoda-lo com isso, afinal você e Léo não têm mais nada em comum.- e tentou passar pelo garoto e Mitchell o segurou pelo braço dizendo:
- Ela e eu terminamos, mas eu me importo com ela, quer você goste ou não, o que houve? – quis saber Mitchell e Finn respondeu provocador:
- Acontece que ela é a minha namorada, e isso é assunto meu...
- Você não está fazendo um bom trabalho se não sabe aonde ela está. Quero saber o que aconteceu. Agora!- ficaram se encarando a ponto de começar uma briga, quando ouviram:
- Parem de bancar os machos disputando território. Isso nem é tão excitante quando passa no Animal Planet. Leonora, sumiu desde o funeral da avó e não disse a ninguém aonde ia. E eu preciso dela, Parvati pirou. Você pode nos ajudar a procura-la?
- E os pais dela? Devem saber aonde a filha está...- quis saber Mitchell, depois de soltar o braço de Finnegan.
- Curtindo férias em Aspen. Eles não se dão muito bem, acho que deu para notar isso no funeral da vovó.- Von Hoult explicou e o garoto chamado Mitch após pensar alguns segundos, pegou um celular e depois de discar, começou a falar em um idioma diferente.
- O que foi isso, Mitch? Porque o seu inglês soava diferente?- quis saber Robert depois que Mitchell desligou:
- Falei escocês.(ante o olhar intrigado, respondeu) - Uma longa história e não tão interessante.- antes que falasse mais alguma coisa, duas enormes Land Rovers de cor preta, chegaram derrapando pela rua e quando parou perto deles, as portas se abriram e de cada uma saltaram quatro homens de ternos e usando óculos escuros, todos pareciam seguranças.
- Algum problema senhor Callahan?- quis saber o mais forte deles e de cabeça raspada.
- Quero que me explique Gunther, como se eu fosse um menino de cinco anos, porque eu não fui comunicado do desaparecimento de Leonora Ivashkov?- quis saber Mitchell tenso.
- Paramos de protege-la quando o seu namoro terminou, senhor. Já acionei nossos contatos e todos estão em alerta procurando a senhorita Ivashkov.- e um som de mensagem recebida no celular, fez o careca desviar o olhar e depois voltou a encarar Callahan.
- Não há nenhum corpo nem no necrotério e nem no hospital com as características da senhorita Ivashkov, ela deve estar escondida na casa de algum amigo, já estamos rastreando os seus passos.- e Mitchell, respondeu sério, enquanto se dirigia a um dos carros:
- Encontre-a! - e se virando para os dois rapazes que o olhavam espantados.
- Vamos até a casa de meu tio, ficaremos mais confortáveis enquanto esperamos, já está quase na hora do jantar. Gunther...- e o segurança o olhou tenso:
- Não preciso dizer, que você tem o tempo do jantar para nos trazer alguma noticia.

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No dia seguinte pela manhã, os três rapazes estavam parados em frente, à antiga casa da avó de Leonora, quando uma limousine, preta e reluzente deslizou pela rua e parou. Quando o motorista, um negro alto e forte, abriu a porta, pernas bem torneadas, usando saltos altos e um vestido de griffe, deslizaram para fora, e uma garota de corpo bem feito e com cabelos bem penteados, usando maquiagem sutil, saltou. Ela os olhou e disse sorrindo:
- Uau! Um comitê de boas vindas.- dos rapazes o primeiro a sair do choque foi Robert, que chegou perto dela e a agarrou num abraço apertado e quando a soltou disse:
- Como você sumiu assim?
- Eu estava com.... Quer dizer, eu estava em um spa, e...Como souberam que eu votlava hoje?
- Spa? Você estava num spa? Como você sumiu assim? Tem noção da nossa preocupação?O segurança do Mitch, nos avisou que você estava voltando hoje.
- Desculpe Robbie, mas eu preecisava de um tempo para mim. Mitchell tem seguranças? Desde quando?
- Você foi uma vaca Leonora, o mundo aqui fora pegando fogo e você relaxando num spa? Claro que você está maravilhosa, amei as luzes, mas eu não a perdôo pela aflição que me fez passar, tem ideia de que perdi alguns anos de minha vida? Está vendo estas linhas aqui na minha testa? – disse apontando o indicador para o rosto.
- Não há linhas aí...
- Mas elas estão ai, eu sinto, é só eu relaxar.
- Sinto muito mesmo Robbie, prometo passar um longo tempo me desculpando, agora quero mostrar para Parv, o novo visual. Onde ela está?- e enquanto isso, o motorista levou a mala dela para dentro da casa e quando voltou ela disse:
- Obrigada Apolo, por tudo.
- Ao seu dispor senhorita, sempre que precisar.- e foi embora, enquanto
- Leo, você não soube?- quis saber Finnegan e só então ela olhou para ele. Lançou um olhar caloroso para Mitchell e após um breve cumprimento, ele se foi, e ela tornou a olhar para o namorado.
- Soube do quê? Quando fiquei no spa, não quis receber nenhuma noticia de fora.
- Leonora, uma semana depois que você sumiu, Alexis, Parv e Jack sofreram um acidente de carro.
- Ai que horror! Como eles estão? Vamos vê-los, trouxe presentes...
- Jack e Alexis....Eles morreram, Leo. E a Parvati depois que saiu do coma e soube, pirou pois se sente culpada.
- É claro que ela não tem culpa de nada. Eu sou uma imbecil, se eu não tivesse sido tão fraca, teria ficado e estaria aqui quando ela precisou.- eu disse chateada e Robbie me consolou:
- Você não tinha como adivinhar, e sim não devia ter sumido.Ela ficou frenética atrás de você, mas daí aconteceu o acidente e ela surtou. Agora ela está numa clinica, tipo um hospício, para ganhar carimbo de maluca só falta a camisa de força.Ela diz que pode ouvir o que as pessoas estão pensando.
- Ai céus, está esquizofrênica. Mas ela não pode ficar lá Robbie, daqui a pouco surgem os amigos imaginários que cultuam extra terrestres e daí não tem volta. - eu disse firme e ele me olhou descrente:
- Ah não? E o que você sugere? Que a gente sequestre a filha pirada da prefeita de Sofia? Eu já fiz visitas lá, e o lugar é seguro. Afinal, guarda ‘maluco’.- disse fazendo aspas com os dedos.
- Não nada de sequestro, por ora, nós só vamos estar lá para a Parv, mesmo que seja para limpar a baba dela.
- Ela vai te matar quandou souber que você a chamou de louca babona.- disse Robbie.
- Se com isso ela voltar ao normal, posso correr o risco. E se ela, em algum momento de lucidez ver que nós estamos ao lado dela, pode melhorar e nem vamos precisar fazer nada errado. E te garanto Robbie: se precisarmos tomar alguma medida drástica, sei quem pode nos ajudar.
- Santo Kurt Cobain, aonde você esteve e com quem, Leonora Marie? – e eu sorri marota enquanto cantava baixinho, só para Robbie ouvir:

I'm a bitch, I'm a bitch
Oh the bitch is back
Stone cold sober as a matter of fact
I can bitch, I can bitch
`Cause I'm better than you
It's the way that I move
The things that I do