Anotações de Leonora Carrara
Estava na república, fazendo as malas para voltar para casa para as férias de final de ano letivo, quando bateram na porta do meu quarto, e era uma segundanista me avisando que Finn estava na sala me esperando. Estranhei, pois não haviamos combinado de sair. Desci e eo encontrei sentado no sofá, segurando um embrulho.
- Oi Finn, aconteceu alguma coisa?- disse beijando-o nos lábios e ele disse aflito:
- Léo, você precisa me ajudar.
- Ok ajudo, mas o que aconteceu?- perguntei preocupada e ele me esticou o embrulho, que peguei num reflexo, e ele miou nervoso.
- Ai Mérlim isso é um gato? Vivo? - empurrei de volta, mas ele não pegou.
- Sim, é uma gata e ela ia ser sacrificada, porque ninguém queria ficar com ela. É lá da loja de animais, pedi para o dono que me desse, e a trouxe para você.
- Então você tem que leva-la para sua casa, oras.Eu não preciso de um gato.
- Não posso, sabe que meu pai tem alergia a animais, seria questão de tempo até ele ter uma crise de asma e descobrir a Condessa em casa. Por favor, Leo, fica com ela? Você ainda tem as coisas do outro gato, nem vai gastar nada...
- Condessa? Uma gata vira-lata com o nome de Condessa?- disse irônica e a gata resmungou me encarando, e eu olhei de volta para os olhos verdes dela.
- Mas você sabe que seres vivos e eu não combinam. É como usar tecido sintético na praia. - disse vendo a gatinha branca, se esticar, manhosa.
- Ela é limpinha, e é muito bonitinha, leve-a com você, por favor?- e ele tinha um jetio de me pedir favores, que me amoleciam.
- Ok, eu levo, mas se ela ousar arranhar algum dos meus sapatos, ou espalhar pêlo nas minhas roupas, eu a devolvo a você.- disse séria e Finn sorriu:
- Combinado, sabia que podia contar com você.- e me deu um beijo tão demorado, que esqueci completamente de onde eu estava.
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A semana na Itália com a minha avó estava chegando ao fim, e como semrpe nossas férias jutnas foram ótimas. Passeamos muito, fizemos compras, conversávamos bastante, e na última noite, iriamos jantar na villa dos Salvatori, já que eles eram muito amigos de minha avó.
Quando chegamos na casa do avô de Damon, o senhor Vincenzo veio nos receber e não demorou encontrei Damon, após cumprimentar todos os primos, e parentes e convidados, e começamos a conversar e ele estava todo animado contando sobre a sua entrada na Academia de Aurores de Londres, e queria saber sobre a minha vida; a noite ficou mais animada ainda, quando começaram a cantar músicas italianas em um karaokê, e eu não fiz feio, cantando uma das favoritas de minha avó, ‘Io che non vivo senza te’ , e ao final todos cantavam as músicas, típicas, e foi muito divertido.
Voltamos para Sofia, na véspera da viagem para Nova York, e após me despedir de minha avó e ouvir todas as suas recomendações, pegar os presentes que ela estava enviando para Parv e Robbie, nos abraçamos forte, e combinamos de nos reencontrar em uma semana. Fui dormir na casa de Parvati, pois ficaria mais fácil para nós sairmos todos juntos. Nós três mal conseguimos dormir, tamanha a animação.
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Já estavamos no quarto dia de viagem, e nosso dia havia começado cedo, com Robbie nos tirando da cama antes das seis da manhã para um autêntico café a ‘la bonequinha de luxo’. Era engraçado ver a nós três parados em frente à Tiffany's, tomando café e comendo bagel, enquanto a cidade que nunca pára, parecia estar em camera lenta.
E depois fomos até a Brodway, onde conseguimos entrar no teatro onde era encenado Wicked, e o zelador até nos pegou, mas quando soube que éramos da Bulgária nos deixou cantar uma música naquele palco, e não nos fizemos de rogados. Olhamos para Robbie e como haviamos visto Wicked duas vezes naquela semana, cantamos “Defying Gravity’. Voltamos para o hotel, animados e mal haviamos tirado os sapatos, bateram na porta. Achamos que fosse o serviço de quarto, e quando Robbie abriu a porta, vimos tia Karen, a mãe de Parv entrar. Olhei para Parvati e nossa reação foi instantânea:
- Nós não fizemos nada de errado.- dissemos juntas e tia Karen sorriu tensa:
- Eu sei que não. Não foi por isto que vim.
- Aconteceu alguma coisa, mamãe?- Parv disse se aroximando da mãe e ela fez que sim e me encarou:
- Leonora, eu vim conversar com você, sobre a sua avó.
- Vovó? O que aconteceu com ela? Ficou doente? - perguntei preocupada e já comecei a procurar a minha bolsa, e tia Karen se aproximou de mim e me segurou pelos ombros, me fazendo parar e olhar para ela:
- Leonora, foi o coração dela. Ela morreu dormindo.- tudo o que fiz foi olhar para tia Karen negando com a cabeça, mas os seus olhos cheios de lágrimas, me confirmavam a triste verdade. Senti que um buraco negro se abriu e eu caí nele.
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A fila de cumprimentos estava enorme, as pessoas cumprimentavam rapidamente meus pais e minha irmã, e se demoravam mais comigo, e no caso de alguns amigos de minha avó, como o avô de Damon, eu o consolei ao invés de ser consolada, pois ele estava devastado. Notei o olhar preocupado de Damon, e quando ele me abraçou, ele disse:
- Estou com você Leonora Marie, para o que precisar, sempre.- dei um meio sorriso e assenti. Finn estava o tempo todo ao meu lado, mas eu não o procurava. Parv e Robbie seguravam as minhas mãos, mas eu não segurava de volta. Não conseguia retribuir o carinho, eu só conseguia pensar no que eu faria sem a minha avó. Ouvi ele bufar e prestei atenção.
Era Mitchell que vinha em minha direção e não estava sozinho. Havia uma linda oriental com ele e ela segurava o seu braço.Devia ser a nova namorada dele.
- A Lucy Liu é bonita.- Robbie comentou e Finn disse:
- Foi ela que vi com ele...
- Leonora, sinto muito eu gostava muito de sua avó.- disse Mitchell segurando a minha mão, assenti com a cabeça e a garota se aproximou, e me puxou de surpresa para um abraço:
- Sinto muito pela sua perda, meu irmão me contou o quanto sua avó era maravilhosa. – fiquei sem reação e só assenti. Tornei a olhar para Mitchell e ele hesitava em sair de minha frente, mas se decidiu quando Finn passou o braço por meus ombros de forma possessiva.
Quando o serviço terminou, as pessoas mais próximas, se reuniram na casa de minha avó para comer alguma coisa. Minha mãe e minha irmã, quiseram bancar as donas da casa, e eu não estava disposta a discutir com elas. Porém, a cada ordem delas, os empregados me procuravam e só obedeciam após o meu assentimento. Subi ao meu quarto para pegar um agasalho, e quando voltei, ouvi uma movimentação na biblioteca, a porta estava semi aberta e vi Finn, encostado na mesa e minha irmã Camille, colada a ele:
- ...Não faça isso, eu namoro a Leo...
- Como você tem estômago para namorar aquela baleia?
- ...Gosto dela...
- Mas gosta de mim também, eu vejo o jeito que você me olha...- e ele ficou vermelho. Para mim aquilo foi a gota d’água. Voltei para a sala, não podia deixar os amigos de minha avó sozinhos.Ela não gostaria disso.
Quando a última pessoa foi embora, Robbie, Finn e Parv queriam ficar comigo, mas eu assegurei a eles que estava bem. Robbie e Parv me abraçaram e Finn tentou me beijar, mas eu virei o rosto, alegando estar com um cisco no olho. Depois que ele saíram, subi para o meu quarto e não demorou muito, comecei a ouvir barulhos estranhos pela casa. Fui verificar e eram minha mãe e minha irmã, revirando a casa.
- O que pensam que estão fazendo?- eu quis saber e minha mãe respondeu:
- Vou ver o que pode ser aproveitado e o que não, tudo o que há nesta casa, agora é meu.- e os empregados de minha avó as olhavam assustados.
- Parem com isso já! Ninguem vai tirar nada daqui.- eu disse tensa e minha irmã respondeu:
- Vovó não está esta mais aqui para ajudar você, Leonora. A casa é da mamãe, afinal era a filha dela.- e Martha, que trablhou por mais de 20 anos com minha avó disse:
- Ninguém deve mexer nas coisas da dona Marie, sem a leitura do testamento, foi o que o advogado disse.
- Nenhum advogado vai me dizer o que posso ou não fazer dentro do que é meu.- disse minha mãe e nesta hora saquei a varinha:
- Vovó acabou de morrer e ninguém vai mexer nas coisas dela. Não vou pensar duas vezes antes de atacar pra valer.E se isso não resolver, eu vou armar o maior escândalo, digno ds páginas policiais.Aliás, posso ligar agora para a prefeita Karev. - minha mãe, vendo que eu falava a sério, recuou:
- Aproveite seus ultimos momentos aqui.O advogado virá amanhã para ler o testamento e depois disso vou mandar derrubar esta casa e destruir tudo que tem aqui dentro, pois sei que isso é o que mais ofenderia a minha ‘querida mamãe’.
Não consegui dormir aquela noite, minha gata Condessa, subiu em meu colo e passou a noite em vigília comigo.
No dia seguinte pela manhã, o doutor Jarrod, advogado de minha avó, se apresentou e procedeu a leitura do testamento.
- ‘Eu Leonora Marie Altobello Carrara, comunico estou em pleno uso de minhas faculdades mentais, com atestado firmado em cartório, pelo doutor Demetri Karev deixo todo o meu patrimônio para minha neta e única herdeira, Leonora Marie Carrara Ivashkov, patrimônio este constituído de todas as propriedades em meu nome, das ações das empresas das quais sou sócia, e também de toda a carteira de ações das empresas do conglomerado Ivashkov. Para minha filha Christine, meu genro George e minha outra neta Camille, deixo 5 galões para cada um. É o máximo que vão receber de meu dinheiro. Esta é a minha vontade e se alguém tentar contestar este testamento, todo o meu patrimônio deverá ser revertido para entidades que cuidam de crianças doentes...’- e depois que ele leu tudo, meus pais e minha irmã começarm a esbravejar revoltados. O advogado os ignorou e se dirigiu a mim:
- Senhorita Ivashkov, eu era o advogado de sua avó e estou á sua disposição para passar toda a papelada para o advogado que você constituir.
- Gostaria de continuar contando com os seus serviços legais, doutor Jarrod.Minha avó o tinha em alta conta, e eu sei que preciso de pessoas de confiança ao meu lado. - e nos despedimos. Meus pais continuavam a discutir, os ignorei e comecei a sair da biblioteca, quando ouvi:
- Tem que haver um jeito de contestar isso. Aquela criatura não pode ter ficado com tudo.
- Onde se viu, uma bastarda tendo mais poderes do que eu nas empresas...
Quando ouvi aquilo,comecei a tremer, e me apoiei na cadeira para não cair. De todas as ofensas que eu já tinha ouvido, aquela era pior.
- Como é que é?
- Você não passa de uma bastarda, não pode ficar com tudo o que é nosso por direito.- gritou Camille e quando olhei para o homem que eu achava que era meu pai, ele me olhava com desprezo. Senti uma raiva tão grande daquelas pessoas e disse fria:
- Quero que vocês saiam de minha propriedade agora.
- Você não pode fazer isso...- disse Camille e eu respondi:
- Já estou fazendo. Martha, leve-os para fora e se eles se recusarem, chame a polícia por invasão de propriedade. - mandei os criados acompanharem meus pais e minha irmã, antes deles saírem da casa, eu disse alto:
- Áccio tudo o que me pertença...- e saíram algumas jóias dos bolsos de minha mãe e irmã, elas ficaram muito indignadas, mas foram embora antes que eu as acusasse de roubo.
Subi para meu quarto e me troquei, coloquei um tênis e agasalho e dentro do bolso dele havia algum dinheiro. Iria sair para caminhar um pouco, e pensar em tudo que havia ouvido.