Monday, July 25, 2011

Anotações de Leonora Carrara

Estava na república, fazendo as malas para voltar para casa para as férias de final de ano letivo, quando bateram na porta do meu quarto, e era uma segundanista me avisando que Finn estava na sala me esperando. Estranhei, pois não haviamos combinado de sair. Desci e eo encontrei sentado no sofá, segurando um embrulho.
- Oi Finn, aconteceu alguma coisa?- disse beijando-o nos lábios e ele disse aflito:
- Léo, você precisa me ajudar.
- Ok ajudo, mas o que aconteceu?- perguntei preocupada e ele me esticou o embrulho, que peguei num reflexo, e ele miou nervoso.
- Ai Mérlim isso é um gato? Vivo? - empurrei de volta, mas ele não pegou.
- Sim, é uma gata e ela ia ser sacrificada, porque ninguém queria ficar com ela. É lá da loja de animais, pedi para o dono que me desse, e a trouxe para você.
- Então você tem que leva-la para sua casa, oras.Eu não preciso de um gato.
- Não posso, sabe que meu pai tem alergia a animais, seria questão de tempo até ele ter uma crise de asma e descobrir a Condessa em casa. Por favor, Leo, fica com ela? Você ainda tem as coisas do outro gato, nem vai gastar nada...
- Condessa? Uma gata vira-lata com o nome de Condessa?- disse irônica e a gata resmungou me encarando, e eu olhei de volta para os olhos verdes dela.
- Mas você sabe que seres vivos e eu não combinam. É como usar tecido sintético na praia. - disse vendo a gatinha branca, se esticar, manhosa.
- Ela é limpinha, e é muito bonitinha, leve-a com você, por favor?- e ele tinha um jetio de me pedir favores, que me amoleciam.
- Ok, eu levo, mas se ela ousar arranhar algum dos meus sapatos, ou espalhar pêlo nas minhas roupas, eu a devolvo a você.- disse séria e Finn sorriu:
- Combinado, sabia que podia contar com você.- e me deu um beijo tão demorado, que esqueci completamente de onde eu estava.

o-o-o-o-o-o-o-

A semana na Itália com a minha avó estava chegando ao fim, e como semrpe nossas férias jutnas foram ótimas. Passeamos muito, fizemos compras, conversávamos bastante, e na última noite, iriamos jantar na villa dos Salvatori, já que eles eram muito amigos de minha avó.
Quando chegamos na casa do avô de Damon, o senhor Vincenzo veio nos receber e não demorou encontrei Damon, após cumprimentar todos os primos, e parentes e convidados, e começamos a conversar e ele estava todo animado contando sobre a sua entrada na Academia de Aurores de Londres, e queria saber sobre a minha vida; a noite ficou mais animada ainda, quando começaram a cantar músicas italianas em um karaokê, e eu não fiz feio, cantando uma das favoritas de minha avó, ‘Io che non vivo senza te’ , e ao final todos cantavam as músicas, típicas, e foi muito divertido.
Voltamos para Sofia, na véspera da viagem para Nova York, e após me despedir de minha avó e ouvir todas as suas recomendações, pegar os presentes que ela estava enviando para Parv e Robbie, nos abraçamos forte, e combinamos de nos reencontrar em uma semana. Fui dormir na casa de Parvati, pois ficaria mais fácil para nós sairmos todos juntos. Nós três mal conseguimos dormir, tamanha a animação.

-o-o-o-o-o-o

Já estavamos no quarto dia de viagem, e nosso dia havia começado cedo, com Robbie nos tirando da cama antes das seis da manhã para um autêntico café a ‘la bonequinha de luxo’. Era engraçado ver a nós três parados em frente à Tiffany's, tomando café e comendo bagel, enquanto a cidade que nunca pára, parecia estar em camera lenta.
E depois fomos até a Brodway, onde conseguimos entrar no teatro onde era encenado Wicked, e o zelador até nos pegou, mas quando soube que éramos da Bulgária nos deixou cantar uma música naquele palco, e não nos fizemos de rogados. Olhamos para Robbie e como haviamos visto Wicked duas vezes naquela semana, cantamos “Defying Gravity’. Voltamos para o hotel, animados e mal haviamos tirado os sapatos, bateram na porta. Achamos que fosse o serviço de quarto, e quando Robbie abriu a porta, vimos tia Karen, a mãe de Parv entrar. Olhei para Parvati e nossa reação foi instantânea:
- Nós não fizemos nada de errado.- dissemos juntas e tia Karen sorriu tensa:
- Eu sei que não. Não foi por isto que vim.
- Aconteceu alguma coisa, mamãe?- Parv disse se aroximando da mãe e ela fez que sim e me encarou:
- Leonora, eu vim conversar com você, sobre a sua avó.
- Vovó? O que aconteceu com ela? Ficou doente? - perguntei preocupada e já comecei a procurar a minha bolsa, e tia Karen se aproximou de mim e me segurou pelos ombros, me fazendo parar e olhar para ela:
- Leonora, foi o coração dela. Ela morreu dormindo.- tudo o que fiz foi olhar para tia Karen negando com a cabeça, mas os seus olhos cheios de lágrimas, me confirmavam a triste verdade. Senti que um buraco negro se abriu e eu caí nele.

o-o-o-o-o-o-o-o-o

A fila de cumprimentos estava enorme, as pessoas cumprimentavam rapidamente meus pais e minha irmã, e se demoravam mais comigo, e no caso de alguns amigos de minha avó, como o avô de Damon, eu o consolei ao invés de ser consolada, pois ele estava devastado. Notei o olhar preocupado de Damon, e quando ele me abraçou, ele disse:
- Estou com você Leonora Marie, para o que precisar, sempre.- dei um meio sorriso e assenti. Finn estava o tempo todo ao meu lado, mas eu não o procurava. Parv e Robbie seguravam as minhas mãos, mas eu não segurava de volta. Não conseguia retribuir o carinho, eu só conseguia pensar no que eu faria sem a minha avó. Ouvi ele bufar e prestei atenção.
Era Mitchell que vinha em minha direção e não estava sozinho. Havia uma linda oriental com ele e ela segurava o seu braço.Devia ser a nova namorada dele.
- A Lucy Liu é bonita.- Robbie comentou e Finn disse:
- Foi ela que vi com ele...
- Leonora, sinto muito eu gostava muito de sua avó.- disse Mitchell segurando a minha mão, assenti com a cabeça e a garota se aproximou, e me puxou de surpresa para um abraço:
- Sinto muito pela sua perda, meu irmão me contou o quanto sua avó era maravilhosa. – fiquei sem reação e só assenti. Tornei a olhar para Mitchell e ele hesitava em sair de minha frente, mas se decidiu quando Finn passou o braço por meus ombros de forma possessiva.

Quando o serviço terminou, as pessoas mais próximas, se reuniram na casa de minha avó para comer alguma coisa. Minha mãe e minha irmã, quiseram bancar as donas da casa, e eu não estava disposta a discutir com elas. Porém, a cada ordem delas, os empregados me procuravam e só obedeciam após o meu assentimento. Subi ao meu quarto para pegar um agasalho, e quando voltei, ouvi uma movimentação na biblioteca, a porta estava semi aberta e vi Finn, encostado na mesa e minha irmã Camille, colada a ele:

- ...Não faça isso, eu namoro a Leo...
- Como você tem estômago para namorar aquela baleia?
- ...Gosto dela...
- Mas gosta de mim também, eu vejo o jeito que você me olha...
- e ele ficou vermelho. Para mim aquilo foi a gota d’água. Voltei para a sala, não podia deixar os amigos de minha avó sozinhos.Ela não gostaria disso.

Quando a última pessoa foi embora, Robbie, Finn e Parv queriam ficar comigo, mas eu assegurei a eles que estava bem. Robbie e Parv me abraçaram e Finn tentou me beijar, mas eu virei o rosto, alegando estar com um cisco no olho. Depois que ele saíram, subi para o meu quarto e não demorou muito, comecei a ouvir barulhos estranhos pela casa. Fui verificar e eram minha mãe e minha irmã, revirando a casa.
- O que pensam que estão fazendo?- eu quis saber e minha mãe respondeu:
- Vou ver o que pode ser aproveitado e o que não, tudo o que há nesta casa, agora é meu.- e os empregados de minha avó as olhavam assustados.
- Parem com isso já! Ninguem vai tirar nada daqui.- eu disse tensa e minha irmã respondeu:
- Vovó não está esta mais aqui para ajudar você, Leonora. A casa é da mamãe, afinal era a filha dela.- e Martha, que trablhou por mais de 20 anos com minha avó disse:
- Ninguém deve mexer nas coisas da dona Marie, sem a leitura do testamento, foi o que o advogado disse.
- Nenhum advogado vai me dizer o que posso ou não fazer dentro do que é meu.- disse minha mãe e nesta hora saquei a varinha:
- Vovó acabou de morrer e ninguém vai mexer nas coisas dela. Não vou pensar duas vezes antes de atacar pra valer.E se isso não resolver, eu vou armar o maior escândalo, digno ds páginas policiais.Aliás, posso ligar agora para a prefeita Karev. - minha mãe, vendo que eu falava a sério, recuou:
- Aproveite seus ultimos momentos aqui.O advogado virá amanhã para ler o testamento e depois disso vou mandar derrubar esta casa e destruir tudo que tem aqui dentro, pois sei que isso é o que mais ofenderia a minha ‘querida mamãe’.
Não consegui dormir aquela noite, minha gata Condessa, subiu em meu colo e passou a noite em vigília comigo.

No dia seguinte pela manhã, o doutor Jarrod, advogado de minha avó, se apresentou e procedeu a leitura do testamento.

- ‘Eu Leonora Marie Altobello Carrara, comunico estou em pleno uso de minhas faculdades mentais, com atestado firmado em cartório, pelo doutor Demetri Karev deixo todo o meu patrimônio para minha neta e única herdeira, Leonora Marie Carrara Ivashkov, patrimônio este constituído de todas as propriedades em meu nome, das ações das empresas das quais sou sócia, e também de toda a carteira de ações das empresas do conglomerado Ivashkov. Para minha filha Christine, meu genro George e minha outra neta Camille, deixo 5 galões para cada um. É o máximo que vão receber de meu dinheiro. Esta é a minha vontade e se alguém tentar contestar este testamento, todo o meu patrimônio deverá ser revertido para entidades que cuidam de crianças doentes...’- e depois que ele leu tudo, meus pais e minha irmã começarm a esbravejar revoltados. O advogado os ignorou e se dirigiu a mim:
- Senhorita Ivashkov, eu era o advogado de sua avó e estou á sua disposição para passar toda a papelada para o advogado que você constituir.
- Gostaria de continuar contando com os seus serviços legais, doutor Jarrod.Minha avó o tinha em alta conta, e eu sei que preciso de pessoas de confiança ao meu lado. - e nos despedimos. Meus pais continuavam a discutir, os ignorei e comecei a sair da biblioteca, quando ouvi:
- Tem que haver um jeito de contestar isso. Aquela criatura não pode ter ficado com tudo.
- Onde se viu, uma bastarda tendo mais poderes do que eu nas empresas...
Quando ouvi aquilo,comecei a tremer, e me apoiei na cadeira para não cair. De todas as ofensas que eu já tinha ouvido, aquela era pior.
- Como é que é?
- Você não passa de uma bastarda, não pode ficar com tudo o que é nosso por direito.- gritou Camille e quando olhei para o homem que eu achava que era meu pai, ele me olhava com desprezo. Senti uma raiva tão grande daquelas pessoas e disse fria:
- Quero que vocês saiam de minha propriedade agora.
- Você não pode fazer isso...- disse Camille e eu respondi:
- Já estou fazendo. Martha, leve-os para fora e se eles se recusarem, chame a polícia por invasão de propriedade. - mandei os criados acompanharem meus pais e minha irmã, antes deles saírem da casa, eu disse alto:
- Áccio tudo o que me pertença...- e saíram algumas jóias dos bolsos de minha mãe e irmã, elas ficaram muito indignadas, mas foram embora antes que eu as acusasse de roubo.
Subi para meu quarto e me troquei, coloquei um tênis e agasalho e dentro do bolso dele havia algum dinheiro. Iria sair para caminhar um pouco, e pensar em tudo que havia ouvido.