Wednesday, July 27, 2011

- Acalme ele, Jules. E quando ele estiver raciocinando outra vez, vamos conversar – Jack apontou para Ozzy com um olhar sério e saiu atrás de Parvati.
- Essa garota vai me pagar, Julie – ele cuspia as palavras, ainda nervoso – Isso não vai ficar assim, ela não pode destruir a vida das pessoas desse jeito e sair impune! Era o sonho da minha vida! Sabe o quanto eu queria isso?
- Sim, eu sei – ela sentou ao seu lado e passou a mão em suas costas – O que ela fez foi cruel e garanto que vai pagar por isso, mas não vai ser você que vai fazer justiça. Vou contar a minha tia e ela mesma vai se encarregar de puni-la.
- Queria que ela fosse um garoto, porque minha vontade quando entrei aqui era arrebentar ela toda.
- Sei que não é o momento, mas lembra ano passado, quando você estava colocando talco no secador de cabelo dela e eu disse para não fazer isso, porque minha prima não tinha limites e não ia parar até machucá-lo de verdade?
- Tem razão – ele apoiou a cabeça nas mãos – Não é hora pra isso.
- Ozzy! – a porta tornou a abrir e Oleg e Alec entraram esbaforidos.
- Chegaram um pouco tarde, Hardy Boys – Julie os olhou zangada – O estrago já foi feito.
- Ah cara, o que você fez? – Alec andava de um lado para o outro, preocupado.
- Gritou meia dúzia de verdades na cara dela e a xingou de tudo que vocês possam imaginar – Julie respondeu pelo amigo.
- Não conseguimos segurá-lo – Oleg explicou – Quando Lucian ligou pra contar o que tinha acontecido, ele já tinha saído furioso de casa. Viemos pra cá porque sabíamos que ele ia atrás dela arrumar confusão.
- Melhor vocês levarem ele pra festa da cidade, pra espairecer um pouco.
- Não, não quero mais ir pra festa nenhuma – Ozzy levantou do sofá – Meu dia já foi estragado.
- Vai pra festa sim, ficar em casa só vai fazer você se irritar mais – Julie falou em um tom mandão – Vá pra festa, se distraia e fique longe da Parvati.
- Você não vai? – Alec perguntou vendo que a amiga ainda não estava arrumada.
- Não ando nessas motos de vocês – eles riram – E tenho que esperar a Nina. Mantenham-no longe de confusão até eu chegar, acham que podem fazer isso?
- Sim mestre Yoda – Oleg fez uma reverencia e Julie riu – Vamos Anakin. Temos que tirar a raiva de dentro de você antes que seja seduzido pelo lado negro da força.

Alec e Oleg escoltaram Ozzy para fora da casa e voltaram às motos estacionadas no jardim. O caminho até o centro de Sofia não era longo, mas a mansão dos Karev ficava em uma região afastada e para sair dela eram obrigados a passar por uma rodovia longe da civilização. Os gêmeos iam ladeando Ozzy, sempre atentos a qualquer movimento, mas a escolta foi interrompida quando passaram por um caminhão parado na beira da estrada. Ele estava com a frente da carreta completamente destruída e o motorista pendurado no vidro quebrado do painel.

- Está morto? – Alec perguntou ao irmão, que se aproximou do caminhão.
- Sim – confirmou, voltando para junto dos outros – No que ele bateu?
- Ali – Ozzy apontou para outro veiculo. Tinha capotado e rolado da ribanceira - Aquele não é o carro do Jack?

Os três se olharam apavorados e desceram a ribanceira correndo. Era o carro de Jack, eles já tinham certeza disso, mas não havia ninguém dentro dele. Oleg e Ozzy agacharam para ver se o amigo estava preso nos bancos, mas o grito de Alec entregou a localização do corpo. Corpos. Quando os dois viraram para onde o garoto estava, viram o corpo de Jack estirado ao seu pé, uma menina loira que eles reconheceram como a namorada de Edgar perto dele e um pouco mais a frente, Parvati. Os três estavam mortos.

- NÃO! JACK! – Alec se jogou aos pés do amigo, chorando.
- Não, não. Não pode – Ozzy correu até ele, também chorando – Jack, não.
- Jack e Alexis já fizeram a travessia – Oleg falou com uma voz sem emoção. Ele ainda estava parado perto do carro, em choque. – Parvati ainda está aqui.
- Como você sabe? – Ozzy perguntou secando as lágrimas.
- Posso ver suas almas. Jack acenou e disse que estava bem. Estava de mãos dadas com Alexis.
- Não! Jack, volte! – Ozzy começou a gritar desesperado – Podemos salvar você!
- Pare Ozzy – Alec segurou sua mão, mas ainda chorava muito – Não podemos fazer nada.
- Parvati! – Ozzy correu até o corpo da garota – Ela ainda está aqui? – Oleg confirmou com a cabeça – Podemos salvá-la.
- Não, não podemos. Não sabemos fazer isso e é contra as regras. – Alec sentou no chão, sem sair do lado de Jack e Alexis.
- Eu sei como – Oleg falou ainda sem emoção na voz – Vovô me ensinou. Disse que não devia fazer até ser um ancião, mas sei como funciona.
- Então faça! – Ozzy segurou a mão da garota que até alguns minutos estava amaldiçoando – Salve-a!
- Ozzy, pare com isso! – Alec ficou de pé, assustado com a reação do amigo – Eles morreram, não podemos fazer nada.
- Nós devemos isso ao Jack. Eu devo isso a ele.
- Você não deve nada, isso não foi culpa sua.
- Foi sim! Disse a ela para bater com o carro! – Ozzy agora estava em pânico – Eu a hipnotizei!
- Pare agora mesmo! – Alec o enfrentou – Você não fez nada, foi uma fatalidade.
- Posso fazer – Oleg agora se aproximou dos corpos – Mas não consigo sozinho, preciso que me ajudem. Não sou forte o bastante.
- Eu ajudo! – Ozzy ficou de pé e afastou Alec com as mãos – Vamos logo, antes que ela faça a travessia.
- Vocês não podem fazer isso, estarão quebrando umas 50 regras.
- Ninguém precisa saber, só vamos salvar sua vida – Oleg ajoelhou ao lado do corpo de Parvati.
- Está louco? – Alec agora gritava – Como ninguém vai saber? Ela vai voltar diferente, vai ser como nós! Quem vai explicar a ela sobre isso? Não contem comigo!
- Ela vai estar viva, não importa quem vai contar – Ozzy o encarou com um olhar suplicante – Por favor, Alec. Não vamos conseguir sem você. Só quero salvar a vida dela.

Alec tentou resistir, mas acabou cedendo ao apelo do amigo e se juntou a ele e ao irmão. Os três de ajoelharam em volta do corpo sem vida de Parvati e Oleg mandou que Ozzy colocasse um dos dedos em um ponto do corpo dela para ser usado como fio de ligação, mas não explicou o motivo. Ozzy obedeceu, pressionando o polegar direito em um ponto qualquer da sua cintura. Os outros dois juntaram as mãos e Oleg começou a entoar uma canção que nem Alec nem Ozzy compreendiam, mas reconheceram como sendo a canção usada pelos anciões nos rituais.

Oleg repetia as palavras cada vez mais depressa, acelerando a canção. Alec e Ozzy apenas observavam sem interromper e viram quando Oleg olhou para o lado e assentiu com a cabeça, mas eles não viam ninguém. No instante seguinte Ozzy sentiu como se algo tivesse mergulhado para dentro do corpo. Oleg olhou para o corpo e uma expressão de alivio tomou conta de seu rosto, misturado a algumas lágrimas que caíram durante a canção. Ozzy então entendeu que a canção estava chamando a alma de Parvati de volta a seu corpo e ela obedeceu ao comando.

- Está feito – Oleg quebrou o contato com o irmão e ficou de pé, secando as lágrimas com as mãos e olhando para o corpo do amigo próximo a eles - Desculpa Jack, queria ter feito isso por você.
- Ela está respirando – Ozzy encostou o ouvido no peito dela – Está muito fraco, mas está respirando.
- Então vamos embora – Alec ficou de pé também – Chamei a ambulância quando Oleg foi checar de o caminhoneiro estava vivo, eles já devem estar chegando e não quero ter que explicar como ela sobreviveu.
- Ela vai ficar bem? – Ozzy levantou, mas ainda estava inseguro – Mal está respirando e está muito machucada.
- Ela agora é uma Imortal, vai sobreviver – Alec o puxou pela manga da camisa – Já fizemos tudo que estava ao nosso alcance, o resto é com os paramédicos.

Ozzy ainda relutou em deixar o local, mas Oleg ajudou o irmão a puxá-lo para longe e os três subiram a ribanceira de volta para a estrada. Deram uma última olhada nos três corpos estirados na grama e ainda com lágrimas cobrindo seus rostos, subiram nas motos e partiram ao ouvirem o som da sirene da ambulância.