Tuesday, May 29, 2012
Abril 2016
Algumas memórias de Leonora Carrara
Quando aceitei a idéia de Stefan Salvatore para fazer um concurso onde as pessoas usariam o azeite da minha fábrica, eu não pensei muito no trabalho que teria, pois o concurso se tornou um sucesso, fazendo com que a marca de azeite criada por meu avô há mais de 70 anos, voltasse a ser reconhecida como uma das melhores tanto em sabor quanto versatilidade e isso possibilitou que a fábrica voltasse a ser rentável, evitando que George Ivashkov tivesse algum motivo para vendê-la, demitindo todos os trabalhadores. Quando a final do concurso chegou, convidei meus amigos para irem comigo para a Itália e claro, que foi uma ótima idéia, pois precisávamos de um tempo para nós, sem nossos namorados. E nos divertimos muito com os irmãos Salvatore, e por incrível que pareça Stefan, era um cara legal, quando deixava de bancar o santinho. Retornamos para a escola mais animados do que nunca e voltamos para a nossa rotina de estudar para as provas dos NIEM’S, com cada aluno do sétimo ano se descabelando para ser aprovado e ter uma carreira. Quer dizer nem todos, pois até Robbie, já sabia que queria seguir os passos da professora Yelchin, enquanto eu ainda tinha dúvidas sobre o que fazer, e muitas vezes eu me pegava com inveja ao ouvir Parvati e Lenneth, comentando sobre suas carreiras e sonhos para o futuro.
Após o sucesso do concurso continuei a sentir vontade de aprender mais sobre administração, então sempre conversava com tio Klaus, pai de Robbie, e ele me dava dicas de livros que eu poderia ler para aprender mais sobre negócios, e por isso nas reuniões de Conselho, eu não ficava mais com cara de boba quando se falava em produção industrial, marketing ou mesmo sobre o mercado de ações. Eu já sabia o básico, e a cada dia me interessava mais pelo assunto, porém não comentava nada com meus amigos, afinal não tinha mesmo certeza se isso seria o certo para mim, ainda havia muitas coisas sobre mim que eu ainda precisava saber e resolver. A principal delas: quem eram os meus pais?Só pedia aos céus que eles não estivessem presos, seria castigo demais.
Quando descobri que não era uma Ivashkov, chamei o senhor Greywolf, para fazer uma investigação detalhada sobre meu nascimento, meus possíveis pais, e porquê do hospital não descobrir a farsa de Christine. Na mesma reunião conversei com meu advogado, doutor Jerrod, sobre as implicações disso em minha herança, pois por mais abalada que eu esteja, eu costumo ser uma pessoa prática e eu tinha que garantir que ao final daquela investigação o patrimônio de vovó não iria para as mãos de sua filha. Isso soa como vingança? Sim, é, mas eu prefiro o termo reparação de danos, é muito mais apropriado ao meu caso.
-o-o-o-o-
O meu namoro com Mitchell estava cada dia melhor, e seus pais me tratavam bem. Com isso resolvido, passei a frequentar a casa de sua família, conheci seus tios e primos que moravam em Sofia, e seus pais começaram a me incluir em seus eventos em sua casa, e sempre que possível íamos a Manhattan. Claro, que senti os joelhos bambos quando fui à primeria vez ao enorme apartamento deles, no Upper East Side, e queria muito que Robbie e Parv estivessem comigo, iriam amar, só quem já leu Gossip Girl, sabe do que falo quando digo que me senti a própria Blair Waldorf no meio de todo aquele glamour, e claro a enorme falsidade rs.
Numa destas visitas, reencontrei Camille e ela estava acompanhando Cooper, irmão de Mitchell e eu me controlei o máximo que pude, para não voar no pescoço dela, quando me olhou com aquele ar superior, mas percebi que perto de Cooper ela se controlava para não me provocar, mas como nada é perfeito, acabei encontrando-a sozinha perto do bar e ela não se conteve:
- Ainda não cansou de ser o que não é, Leonora? Sabe que isso não vai durar, eles são da nobreza e você finge ser da classe operária.- disse enquanto pegava um drink de uma bandeja apontando com o queixo para o meu namorado que conversava com o irmão.
- Antes da classe operária, do que uma sanguessuga. E você, querida, não cansa de tentar fisgar um marido? Cooper é muito inteligente, não pense que o engana, e Deus sabe o quanto ele tem se sacrificado para aguentar você pelos negócios.- respondi cínica.
- Ora sua...- ela disse irritada, mas foi cortada antes que começassemos a brigar, pela senhora Callahan, dizendo que havia adorado o meu vestido, e que devia ir com ela para conhecer alguns de seus amigos e acabei longe de minha irmã o resto da noite, o que me deixava grata.
Não ia me enganar achando que me tornaria a nora favorita de Cecily, a mãe de Mitchell, mas como entramos em trégua não verbal, nos dávamos bem, e eu até a achava divertida. Já, Angus era diferente, me tratava muito bem, e muitas vezes se mostrava protetor, volta e meia o filho precisava dizer a ele, que estava tudo bem conosco, pois ele se mostrava preocupado se me visse calada. Ele me aprova? É provável, mas não sou tola, os negócios entre a Vésper e a Galway, estão indo bem, por isso tanta preocupação.
Mais tarde, antes de dormir, comentava a noite com Mitchell, na penumbra de nosso quarto no hotel:
-... e Camille disse que vocês são da nobreza, ela é tão ridícula com a necessidade de chamar a atenção que inventa coisas.Nobreza, até parece... - ri e ele ficou calado. Levantei minha cabeça do seu ombro e o olhei:
- Desculpe, não quis zombar dizendo que sua familia não pode ser da nobreza, mas soa tão patético vindo dela...Peraí, tem alguma verdade nisso? – quis saber e ele suspirou:
- Os Callahan são um ramo da família de Robert de Bruce. Ele foi um guardião do reino, isso equivalia a ser da nobreza naquela época, mas isso não é importante hoje em dia.
- Robert de Bruce, aquele de ‘ Coração Valente’ que traiu Mel Gibson para se salvar? Ele era tão lindo..- eu disse me sentando indignada e ele sorriu:
- Robert de Bruce, aquele que ‘no filme’ achou melhor sacrificar alguns pela paz da Escócia...Ok, ele salvou sua própria pele antes. Mas Wallace foi traído por um cavaleiro, cujo nome não é citado nos livros, então não falamos muito nisso, é passado.- ficamos nos olhando e comecei a sorrir e ele ficou curioso e expliquei:
- Imaginei você com o rosto pintado de azul e usando kilts...Muito atraente.- e ele riu entrando na brincadeira. Levantou rápido e com seu peso me prendeu na cama dizendo:
- Considere-se o meu espólio de guerra, milady.
-o-o-o-o-o-o
Maio passou rápido demais o que fez com que tivessemos muitas coisas para fazer e pouco tempo para tudo: professores exigentes com as matérias, revisões insanas para os NIEM’S, o jornal, o grêmio, a comissão de formatura e para ajudar, Parvati descobriu que os Karev não são sua família biológica, que sempre teve sangue imortal, e que foi trocada na maternidade. Era muita coisa para digerir e isso nos deixou apavorados com a idéia de que ela pirasse novamente e tivesse que usar a camisa branca de lacinhos cafona.*eca*
Acho que troca de bebês na maternidade deve ter sido moda nos anos 90, então Robbie como era paranóico começou a achar que tivesse sido trocado também, tivemos que lembra-lo de que aquele cabelo lindo e o rosto perfeito, não tinha como ser fabricado, é genético e foi herdado de tio Klaus, então ele se acalmou. Este drama todo me distraiu por tempo suficiente para que não pensar na demora do meu detetive em descobrir o meu passado.Perto do fim de semana, recebi uma mensagem do detetive, pedindo para encontra-lo e que era importante ir sozinha. Como Mitchell teria que ir para Sofia, após o almoço na sexta para treinos com o time, eu disse que ficaria na escola porque ainda tinha lições para terminar. Ele me olhou sério por alguns segundos e eu o encarei de volta firme. Acho que ele sabia que eu estava mentindo, mas não me pressionou.
Cheguei ao Raimbow Room, perto da hora do jantar e ele já me aguardava.Estava mais sério do que o normal, mas sorriu assim que me viu:
- Senhorita Carrara, boa noite, desculpe entrar em contto assim de forma tão abrupta, mas achei que iria gostar das novidades. O de sempre?- assenti e ele pediu ao garçom uma água de gilly para mim.
-Espero que as notícias sejam boas, senhor Greywolf, tive uma semana complicada. – me sentei e ele logo me entregou uma pasta azul. Abri e quando li o seu conteúdo, não me contive:
- Impressionante. Confesso que não achei que fosse possível...
-Agora é tudo seu, basta tomar posse. Costumo cumprir minhas missões. - ele disse e nesta hora, o encarei, e percebi que ele tinha uma marca arroxeada no lado direito do rosto. Ele percebeu e ficou sério, limpou a garganta e disse:
- Algumas vezes, meu trabalho pode ficar um pouco violento. Descobri tudo o que você queria saber sobre o seu nascimento. – abri minha boca, mas me calei quando ele continuou:
- Investiguei o hospital, e consegui os nomes das mulheres que naquele dia tiveram bebês do sexo feminino. Foram cinco mulheres e eu investiguei cada uma delas. Duas delas se mudaram, uma para Lovech e outra para Vratsa, e suas filhas têm características da família, consegui cópias de suas fichas escolares. – abri a pasta e pude ver as duas garotas morenas e também cópias dos documentos dos pais delas.- separei as folhas e olhei a próxima:
- Esta jovem foi gerada por inseminação artificial e vive em Sofia, com os tios, os pais morreram, há três anos em um acidente de avião, o pai era diplomata. Eu a investiguei e ela é quem diz ser.- peguei a ficha e vi a garota ruiva, muito parecida com o pai. - ele deu uma pausa e eu quis saber:
- Então só restam mi...Christine e a outra mulher. Você sabe quem ela é?
- Sim, eu a investiguei. Seu nome é Mariska Dobrev, mãe solteira, teve uma única filha que morreu horas depois de nascida. O pai é desconhecido, unca se casou. Tornou-se empresária, alguns meses após a morte da filha, pois recebeu uma herança.Vocês duas possuem o mesmo tipo sanguíneo: O negativo. - e ele parou de falar, parecia tenso.- olhei para ele que continuou:
- Você a conhece.
- Ah é? Quem? AIMEUPAI, minha mãe é tia Karen?? Diga que sim! - disse toda esganiçada com os olhos brilhando e ele se espantou com o meu delírio, mas se recuperou.
- Não, o nome dela não é Karen, sua mãe biológica é a dona da Luxury.
- O clube de strip tease? Você se enganou, Greywolf, a dona da Luxury, chama-se Sasha, e eu a conheço. E ela não pode ser a minha mãe, aliás não a vejo como mãe de ninguém, é tão jovem. – comecei a sorrir mas parei quando ele me olhou e disse baixo:
- Senhorita Carrara...Sasha, é o nome artístico de Mariska Dobrev.
Monday, May 21, 2012
"Aceite com sabedoria o fato de que o
caminho está cheio de contradições. Há momentos de alegria e desespero,
confiança e falta de fé, mas vale à pena seguir adiante."
Paulo
Coelho
Depois que Ozzy contou a Parvati sobre sua
verdadeira origem, a noticia se espalhou como rastilho de pólvora. Leo correu
até a Kratos para contar a Robbie e em questão de minutos a sala da Atena já
estava ocupada por Lucian, Finn, Lenneth, Julie, Mitchell e um Alec e um Oleg
apavorados. Todos queriam saber o que
Parvati faria, mas quando Ozzy desceu ao encontro dos amigos uma hora depois,
não estava acompanhado.
- Então? – Lucian perguntou ansioso – Como ela
está?
- Mal. Conseguiu falar alguma coisa depois de um
tempo, mas só repete o quanto a vida é injusta.
- Já chega – Julie levantou do sofá irritada – É
minha vez de falar com ela.
- O que vai fazer? – Leo perguntou alarmada,
conhecia Julie o suficiente para saber que ela talvez não fosse a pessoa mais
adequada para lidar com a situação.
- Conversar com ela, já devia ter feito isso
antes.
- Acho que não é uma boa ideia, deixe que nós
cuidamos disso – Ozzy sugeriu e ela lhe lançou um olhar atravessado.
- Ninguém aqui tem o direito de decidir quando e
como eu devo falar com ela. Lembre-se que vocês são amigos e namorado, mas família
só eu.
- Bom, tecnicamente... – Robbie começou, mas
parou no meio – Vou ficar calado.
- Foi a decisão mais sábia de toda a sua vida –
Julie respondeu atravessado e foi em direção às escadas – Ninguém sobe,
entendeu?
Ela não precisou olhar pra trás para saber que
ninguém ia segui-la. Parvati estava encolhida na cama quando ela entrou e moveu
apenas a cabeça para ver quem tinha chegado ao quarto. Resmungou algo que Julie
não entendeu e cobriu a cabeça com o cobertor para ignorar sua presença. Julie
fechou a porta e caminhou até a cama, montando em cima dela e começando a lhe
bater.
- Ai, para, o que está fazendo? – Parvati já
estava sem a coberta e tentava se defender dos tapas da prima, mas choramingava
mais do que se protegia.
- Eu sou a vida e estou lhe dando uma surra! –
Julie acertou um tapa em sua cabeça e o arco que ela usava voou pelo quarto – O
que vai fazer a respeito? Lutar comigo ou choramingar feito um bebê?
- Você é maluca! Sai de cima de mim! – Parvati
empurrou a prima, mas continuou apanhando.
- Anda, reage! Vai deixar a vida lhe dar uma
surra sem nem ao menos tentar vencê-la? – um soco acertou seu braço com força –
Você é assim tão inútil e fraca?
- Para com isso! – Parvati conseguiu acertar um
tapa no rosto de Julie, fazendo-a recuar – Desculpa!
- Foi assim tão difícil?
- Você é maluca.
- Funcionou, você reagiu.
- Já está sabendo então?
- Sim, e se falar outra vez que a vida é injusta
vou voltar a lhe bater.
- Não foi você quem foi trocada na maternidade, é
muito fácil dizer que estou exagerando.
- Parvati, por Merlin! Você foi trocada na
maternidade, ok, isso não é legal, mas me diz onde está a injustiça da vida? É
porque você foi criada por uma família horrível que a maltratava e deixava você
trancada por dias sem comida em um porão ou porque de repente sua verdadeira
família é ainda mais maravilhosa que a que lhe criou e você poderia ter
crescido ainda mais mimada?
- Falando assim fico parecendo idiota...
- Se soa idiota é porque é idiota. Olha, eu
entendo que não é uma noticia para se comemorar com fogos de artificio, mas
você pesou a mão no drama. Você não perdeu uma família, você ganhou outra.
- Karen vai ficar devastada.
- Não, não faça isso! – Julie disse severa – Não
comece a chamá-la de Karen, ela é sua mãe, não importa o que o seu sangue diga.
E tio Demetri é seu pai, assim como eu sou e sempre vou ser sua prima.
- Muita coisa faz sentido agora, como mamãe
sempre dizendo que eu não parecia com nenhum dos meus primos porque era única.
Todos vocês se parecem, eu sempre fui a única que não lembrava ninguém.
- É, eu costumava achar que você era tão pentelha
que ninguém queria se parecer com você.
- Engraçadinha – Julie riu - Tive que descobrir
que não somos realmente parentes pra nos entendermos?
- É, gostamos de dificultar as coisas – Parvati
deu um sorriso fraco e Julie puxou algo do bolso, estendendo a ela – Já devia
ter devolvido isso a você.
- Seu colar. Você está usando a pulseira – disse
apontando para o pulso direito da prima.
- Seu colar, não meu. Nós duas esquecemos a promessa,
mas eu fiz pior quando o tirei. Não vou mais fazer isso e espero que continue a
usar o seu. Agora, mais do que nunca, não podemos esquecer o que eles
significam.
- Família – Parvati colocou o colar de volta no
pescoço e estendeu a mão a Julie.
- Família – ela respondeu a segurando e as duas
sorriram.
Agora elas sabiam que a promessa que fizeram
quando tinham sete anos nunca mais seria quebrada.
°°°°°°°°°°°
Nunca uma sessão de terapia com Martin Pace foi
tão aguardada por Parvati. Embora estivesse se sentindo melhor depois de
apanhar da prima e ouvir o que ninguém tinha coragem de dizer, ainda sentia-se
perdida e sem saber o que fazer a seguir. Sabia que precisava contar aos pais,
mas como começar aquela conversa? Eram tantas explicações para dar até chegar
àquela descoberta que ela se sentia mal só de pensar no assunto.
Alheio aos últimos acontecimentos em Durmstrang,
Martin ouviu atentamente à história que estava sendo contada por Parvati e
Ozzy. Ouvia com tanta atenção que, à primeira vez que o nome do suposto bebê
trocado por Parvati foi mencionado, não fez a ligação. Foi só quando Ozzy o
disse pela segunda vez que veio o estalo. Ele levantou com um salto do sofá e
correu até as pastas de alunos do curso de Auror em Hogwarts.
- Como é o nome da menina? – perguntou passando
as pastas em um ritmo frenético.
- Emma Blanchard... – Parvati repetiu olhando
curiosa para Ozzy – Por quê? Você a conhece?
- O nome soou familiar... Ah, achei! – ele
estendeu uma pasta aos dois – Emma Blanchard, 18 anos, aluna da Lufa-Lufa e
melhor da turma do curso de auror em Hogwarts.
- Merlin... É ela, não tenho a menor duvida –
Parvati não conseguiu impedir que uma lágrima escorresse pelo seu rosto
enquanto fitava a foto na ficha – Não precisa nem perder tempo fazendo um exame
de DNA.
- Como tem tanta certeza? – Martin perguntou.
- Porque ela é a Alexis, três anos mais velha –
Parvati entregou a foto a Ozzy.
- É, é ela mesma – ele confirmou.
- Merlin, tenho mesmo que contar à minha mãe? –
Parvati abaixou a cabeça – Não posso fingir que nada disso está acontecendo?
- Você não tem que fazer nada, Parvati – Martin
disse tranqüilo e Ozzy o encarou surpreso.
- Ela não precisa contar aos pais?
- Se ela não quiser, não. Você deve contar? Sim.
Você precisa? Não. Você tem que fazer o que achar certo, mas esse segredo virá à
tona mais cedo ou mais tarde. Cabe a você decidir se prefere deixar que eles
descubram através de outras pessoas ou por você.
- Eu quero contar, mas não sei como. Vou precisar
explicar tantas coisas até chegar a como descobri isso, eles vão me internar
naquele hospício outra vez, nunca vão acreditar.
- Você não precisa fazer isso sozinha, vou estar
com você – Ozzy apertou sua mão – E Katarina também, ela e seu pai são amigos
há anos, trabalham juntos. Quando ela confirmar sua história, eles vão
acreditar.
- Ouça o que Oscar está dizendo. Conte tudo a
eles e quando vocês estiverem preparados para entrar em contato com a outra
família, vou estar aqui para ajudar. Emma é minha paciente, ela confia em mim,
eu mesmo contarei a ela.
- Como... Como ela é? – Parvati não se conteve,
embora não tivesse certa de que queria ouvir a resposta.
- Quando me fizer essa pergunta sem hesitar, terá
sua resposta. Conversamos outra vez semana que vem.
Martin os dispensou sem deixar que ela
contestasse sua resposta e Parvati se deu por vencida. Ele tinha razão, ela não
estava pronta para saber detalhes de como era a verdadeira filha dos Karev. No
momento, tudo que precisava ocupar sua mente era o que seria a conversa mais
difícil que já teve com os pais em 18 anos. E quanto mais ela demorasse a
contar, mais doloroso seria, então ela já estava decidida: ia pra casa no
próximo fim de semana e contaria tudo, começando pelo dia em que sua irmã
morreu.
Monday, May 14, 2012
O tempo chuvoso, tão raro nessa época do ano em Sofia, me
pegou desprevenido quando aparatei de dentro da estação de trem para o portão
da minha casa. Elvis, um dos nossos elfos domésticos, cuidava de uma das muitas
plantas de minha mãe e sorriu animado quando me viu. Joe, o segurança da casa,
conversava com ele enquanto tentava proteger os dois da chuva com uma sombrinha
gigante.
- Mestre Oscar, não o esperávamos em casa esse fim de semana
– Elvis disse surpreso e Joe assentiu.
- Mudança de planos de última hora – respondi sem muita
animação.
- Problemas com a namorada? – Joe perguntou e assenti –
Então nada melhor do que vir para o conforte da sua casa.
- Tem alguém em casa?
- Mestre Ilana chegou nesse instante – Elvis respondeu
animado como sempre.
- Obrigado.
Caminhei até a casa sem me importar com a chuva. Fui direto
até o quarto de minha mãe avisar que estava em casa e ela teve a mesma reação
de surpresa que Elvis e Joe, mas me abraçou animada. Era sempre bom vir pra
casa e ser mimado.
- Por que não avisou antes que viria? Quase não me encontrou
aqui. Ia para Paris com seu pai, mas ele precisou adiar por conta de um
problema e uma das boates.
- Decidi de ultima hora, Parvati e eu não estávamos nos
entendendo e achei melhor dar um espaço pra ela e aproveitar pra ver vocês.
- O que houve? Não é possível que já estejam brigando!
- Não é nada demais, ela só ficou braba porque defendi o
ponto de vista de Julie nessa briga idiota das duas. Nem ao menos fiquei ao
lado de Julie, só disse que entendia e ela ficou uma fera.
- Ela é sua namorada, é o seu dever defender o ponto de
vista dela, não da outra parte da confusão.
- Julie é minha melhor amiga! – disse indignado, mas ela só
riu e balançou a cabeça.
- Seu pai tem mais de 200 anos e também nunca me entendeu,
não sei por que ainda me surpreendo.
- O que quer dizer com isso? – olhei torto pra ela e mamãe
riu ainda mais, beijando minha testa.
- Não se preocupe, vocês vão se entender. Só evite tomar
partido de outras pessoas de agora em diante.
- Farei o possível para me lembrar disso.
Passei um dia agradável em casa. Com papai fora
cuidando dos problemas da empresa e nenhum dos meus irmãos por perto para me
atormentar, não precisei dividir a atenção da minha mãe com ninguém.
Conversamos sossegados como há muito tempo não fazíamos e à noite saímos para
jantar em seu restaurante favorito, mas como tudo que é bom dura pouco, quando
chegamos em casa encontramos Katarina esparramada no sofá. Mamãe logo se
apressou em abraçá-la, feliz por vê-la em casa.
- Pensei que o propósito de você casar era que não a veria
mais por aqui o tempo todo – disse meio azedo depois que mamãe subiu para
trocar de roupa.
- Também amo você, maninho.
- O que veio fazer aqui, afinal?
- Falar com você. Passei aqui para ver se tinha vindo para
casa antes de ter que ir até Durmstrang e Joe disse que tinha saído para jantar
com a mamãe.
- E não podia esperar até amanha? Está tarde.
- Por que está tão rabugento? O assunto é sério, é sobre a
sua namorada.
- O que houve? – notei o tom grave na voz dela e fiquei
preocupado.
- Vou contar a história desde o começo, assim você tira suas
próprias conclusões e quem sabe elas digam que eu estou errada. Merlin sabe o
quanto quero estar errada.
- Está me assustando.
- Deveria ficar mesmo. Lembra que achei curioso ela, uma
humana normal, ter sobrevivido ao ritual e voltado com poderes e tudo mais? –
assenti e ela continuou – Resolvi pesquisar, queria entender isso melhor e
encontrei um livro muito antigo na biblioteca pessoal do vovô que falava sobre
o assunto. Acontece que qualquer pessoa pode se tornar Imortal, porque o que
nos torna assim não é a nossa linhagem sangüínea, mas sim o encantamento. Por
isso é tão importante que somente poucas pessoas saibam como fazê-lo, por isso
o processo de escolha para os futuros Mestres é tão rigoroso. Se qualquer um
tivesse acesso a isso, teríamos um mundo cheio de pessoas que não podem morrer
e ia virar um caos.
- Ok, então você descobriu o que já sabíamos. Por que esse
pânico todo?
- O livro diz que pessoas que não descendem de famílias de
Imortais podem passar pelo ritual, mas não adquirem habilidades especiais. Isso
eu acertei, elas fazem parte da nossa linhagem sangüínea.
- Os Karev são Imortais? – perguntei confuso.
- Não. Procurei por eles em todos os livros de registro e
não tem nada.
- Então está querendo dizer que Parvati não é uma Karev? –
ela assentiu e me senti tonto – Acho que preciso sentar.
- Procurei outra explicação, qualquer coisa que pudesse
indicar que estou errada, mas não encontrei. E tem mais.
- O que mais? – minha voz já soava desesperada.
- Quando não encontrei outra possibilidade, procurei os
registros do nascimento dela no hospital. Olhei todas as fichas de crianças
nascidas no dia 8 de abril de 1998 e tem uma família de Imortais nelas. Os
Blanchards. Eles tiveram uma menina naquele dia, Emma.
- E onde eles estão? Não tem nenhuma Emma Blanchard em Durmstrang. Ela
estaria na nossa turma, eu saberia.
- Não sei onde estão também e não podia sair perguntando
pras pessoas sem um bom motivo ou iam desconfiar que estou escondendo alguma
coisa. Mas onde quer que eles estejam, tem uma família de Imortais muito
intrigada com a falta de habilidades da filha.
- Merlin... Como vou contar isso a ela?
- Não sei, mas mais cedo ou mais tarde nossa família vai
saber o que vocês fizeram e quando souberem que ela pode ler mentes, perguntas
vão começar a ser feitas. Uma hora ela vai descobrir, então melhor que seja
agora.
- É, acho que sim.
- Esse era o destino dela. Acho que o universo encontrou uma
maneira de consertar as coisas.
- E matou duas pessoas como dano colateral? Desde quando
você acredita nessas bobagens?
- Não importa no que acredito, tem que contar a verdade a
ela.
Conversamos mais um pouco e quando Katarina foi embora
fiquei sozinho na sala com o pensamento longe. Era tarde, não adiantava voltar a
Durmstrang e tirar o sono dela, o melhor era pegar o primeiro trem pela manhã. Não
consegui pregar o olho a noite inteira. Quando o dia amanheceu, me despedi de
minha mãe dizendo que queria me entender com Parvati logo e sai. Antes das 10h
já estava de volta à escola e fui direto para a Atena.
- O que você quer? – uma aluna do 3º ano perguntou hostil
quando abriu a porta.
- Falar com a minha namorada, por quê? Algum problema com
isso?
- Ela não quer falar com você e nos proibiu de deixá-lo
entrar até ela mandar.
- Olha, não estou com paciência pra discutir com pirralhos,
dá pra sair da frente?
- Você não tem autorização de entrar – outra garota apareceu
e de repente a sala estava cheia delas, todas bloqueando minha passagem, e
começamos a bater boca.
- O que está acontecendo? – Leo apareceu na escada atraída
pela discussão.
- Preciso falar com a Parv e não me deixam entram – respondi
olhando diretamente para ela – É importante.
- Deixem-no passar – Leo ordenou, percebendo o tom de
urgência na minha voz. Elas protestaram, mas obedeceram – O que houve? – ela
perguntou quando a alcancei na escada.
- Vocês são mais parecidas do que imaginam – respondi a
encarando sério – Ela não é uma Karev.
- Como é que é? – Leo engasgou.
- Longa história, mas preciso contar a ela primeiro –
alcançamos a porta do quarto e entrei sem bater.
- Ozzy, está cedo, agora não – Parv já falou sem paciência
quando me viu.
- Parv, é melhor ouvir o que ele tem a dizer.
O tom de voz de Leo, além do fato dela ter me apoiado, fez
com que Parvati abaixasse a guarda e me ouvisse. Calmamente contei a ela a
conversa que tive com Katarina e estava esperando que ela começasse a chorar ou
entrasse em desespero, mas a única reação que Parvati teve foi ficar parada no
meio do quarto, encarando o vazio como se Leo e eu não estivéssemos presentes.
Aproximei-me cauteloso e a abracei, mas ela não correspondeu ao abraço e
continuou imóvel, e foi então que compreendi. Parvati havia entrado em estado
de choque.
((Continua...))
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