Após uma conversa com o
psicólogo, resolvi procurar o professor Wade na sala que ele usava para nos dar
aula do curso de Auror, e o encontrei conversando com Tyrone McGregor e
eles riam, deviam estar armando algum teste maluco para nós. Quando ele me viu,
acenou para que eu entrasse.
- Hey, Callahan, o que houve?-
disse o professor e eu estiquei o papel em branco decidido:
- Vim devolver o formulário.
Não vou me inscrever para nenhuma Academia, senhor.
- Eu já esperava por isso, ser
auror nunca foi sua primeira opção não é?
- O curso me fez aprender muita
coisa não ssobre ser auror, mas sobre mim também. Eu ficaria satisfeito em ser
seu colega e quem sabe, um dia, fazer parte do grupo tático, mas eu gosto muito
mais de jogar quadribol, me sinto feliz. – vi quando ele passou uma moeda ao
senhor McGregor, enquanto dizia:
- Você ganhou , Ty. Droga,
odeio quando perco um dos bons. – e o McGregor
riu:
- Ele é um jogador bom demais
para ficar indo atrás de bandidos, Micah. – e o professor Wade disse:
- O curso tem o objetivo de
ajuda-los a decidir quem vai continuar conosco ou não. Você se sairia muito bem
na Academia, mas sei que vai se sair melhor rebatendo balaços. Qualquer
coisa que precisar, me procure ok?
- Obrigado por tudo, senhor.-
fui dispensado e quando comecei a sair, me lembrei de algo e quis saber:
- Professor me explica uma
coisa...O crime de sequestro de uma criança prescreve? Mesmo que não tenha sido
notificado?- e ambos ficaram em alerta, mas o professor Wade respondeu:
- Não, sequestro é um crime que
não prescreve.E a notificação pode ser feita a qualquer momento.- fiquei
olhando para os dois, assenti, e comecei a sair, quando o senhor McGregor me
chamou novamente.
- Mitchell, há algo que você
queira nos contar? Você sabe que Micah é do FBI e eu faço parte da Interpol,
talvez possamos te ajudar alguma maneira...- pensei no que Oleg havia me
contado sobre a família Ivashkov e pensei que a melhor forma de proteger
Leonora, seria ter ajuda das autoridades, mesmo que indiretamente. Fechei a porta
e contei a eles tudo o que a minha namorada havia descoberto .
o-o-o-o-o-o-o-o
Quando acabei de ler os diários
de minha avó, comecei a entender muita coisa. Não devia perder mais tempo em
procurar Sasha e contar a ela a verdade sobre nós duas. Olhei no relógio
e vi que Mitchell iria demorar para voltar do treino, e como sabia que aquele
era o horário que Sasha, costumava estar em casa, resolvi ir até lá e conversar
com ela. Ele ficaria chateado comigo por eu não esperar por ele, mas eu teria
que fazer isso sozinha.
Fui até a casa dela e quando
estava chegando, vi que um homem saía pela porta da frente, e ficaram
conversando de cabeças juntas por uns segundos, depois disso, ele segurou o
rosto dela e lhe deu um beijo na testa e foi embora. Tudo estaria bem, se eu
não o reconhecesse como um ex jogador de quadribol casado e com filhos
pequenos. Não pude evitar de me sentir decepcionada.Ok, eu não tinha nada a ver
com a vida dela, mas poxa, ela é minha mãe e estava agindo errado. Comecei a ir
embora, quando ouvi meu nome ser chamado, me virei e vi Apolo vindo em minha
direção.
- Olá, senhorita Leonora, como
vai? Veio nos visitar?
- Sasha, deve estar ocupada,
não deveria vir sem ligar antes...
- Não há problemas, amigos sempre
são bem vindos. Venha, fará bem à patroa receber a sua visita, ela gosta muito
de você e eu quero te mostrar os novos aparelhos da sala de ginástica, renovei
tudo. - Eu adorava Apolo, e comecei a rir pela sua empolgação, que
me lembrava muito de Robbie. Quando entramos na casa de Sasha, ela veio me
receber toda animada e nós três começamos a conversar, e eu coloquei de lado
por um tempo, o motivo real de eu estar ali, enquanto contava a ela sobre tudo
que estava acontecendo na escola, os estudos, meus amigos, quando Apolo
comentou:
- E nosso amigo, deu alguma
noticias sobre o tal
detetive?
- Não, TJ ainda não descobriu
quem ele é, mas vai descobrir.
- TJ é o homem que saiu daqui
agora há pouco, quando estavamos chegando? Achei que o reconhecia
de algum lugar.
- Sim, é TJ McGregor. Rory e
ele virão aqui amanhã, Apolo, é a sua vez de cozinhar.- vi o segurança assentir
e não me contive:
- Este, TJ não é casado?-
e me arrependi, porque Sasha me olhou tensa, porém foi direta em sua resposta:
- Tenho consideração por você e
só por isso vou esclarecer as coisas: Ele foi um cliente e depois se tornou meu
amigo. Rory é a esposa dele, e ela sabe tudo sobre a nossa amizade e não
nos julga por isso. E amanhã, eles virão aqui, porque é dia de poker e desta
vez, eu serei a anfitriã. - senti meu rosto esquentar.
- Desculpe-me ,
Mariska...Sasha.- me corrigi e ela me olhou séria:
- Não me lembro de haver lhe
dito meu nome de batismo.- percebi quando ela e Apolo trocaram olhares
desconfiados e eu vi que devia esclarecer logo as coisas.
- É verdade, você não disse,
foi o meu detetive que descobriu o seu nome e me contou.
- Porque você contratou um
detetive para me investigar, Leonora? O que está acontecendo? É o homem que TJ
está procurando?
- Sim, é. E não foi para
investigar você especificamente, mas mulheres que tiveram bebês em 31 de
outubro de 1997, o dia em que eu nasci. Então ele descobriu que você havia sido
mãe de uma menina nesta data, foi uma coincidência nós já nos conhecermos. –
fiquei pasma quando vi seus olhos se encheram de lágrimas, mas ela as segurou,
Apolo disse tenso:
- Porque está fazendo isso,
garota? Não vê que a machuca?- e Sasha o acalmou dizendo:
- Não se preocupe, meu amigo.
Já passou muito tempo, dói menos. Sim, eu tive um bebê neste dia, mas
minha filha morreu, antes mesmo que eu pudesse segura-la...Morte súbita,
é comum em bebês, foi o que me disseram.
- Quem é o pai da sua filha?-
perguntei enfática e ela se esquivou:
- O bebê era meu, e de mais
ninguém. Porque isso é importante para você?- e eu respondi:
- A filha de Christine Ivashkov
morreu naquele dia. - vi que ela arregalou os olhos e olhou para
Apolo, confesso que pensei que estava num filme da Disney e que ela
milagrosamente ligaria os pontos, olharia para mim com reconhecimento e
começariamos a cantar felizes, mas ela não o fez.
- Que absurdo! Você é filha
deles, e está bem viva na minha frente, não sei porque quer saber da minha vida
pessoal, acho que seria bom você ir embora, não estou gostando desta situação.-
vi Apolo, se levantar com cara de poucos amigos, para me tirar dali, me
aproximei dela, a olhei nos olhos e disse:
- Escute por favor: naquele
dia, a filha de Christine morreu no berço, e ela não queria que George
soubesse, então ela se aproveitou que uma mãe, estava muito dopada no leito de
hospital e trocou as crianças. Você não entende? A criança trocada
naquele hospital era eu. Eu sou a sua filha.
- O que é que você está
dizendo? Isso é surreal demais...- ela dizia me encarando, porém sem se deixar
tocar.Embora, fosse dificil para mim, eu disse:
-Sasha, eu sei que é dificil de
acreditar, mas poderiamos fazer um exame de DNA e ai tudo seria esclarecido, eu
poderia inclusive saber sobre o meu pai... – ela começou a levantar a mão para
me tocar, mas parou séria:
- Não! Isso não pode ser
verdade, eu saberia se a minha filha tivesse sido tirada de mim. Você deve
estar querendo irritar a sua mãe e o seu pai, e quer me usar para isso. –
eu ri sem humor algum.
- Eu poderia dizer a Christine
que ela é um ogro e ela nunca iria ligar, porque não temos a menor afinidade, e
George? Ele me despreza, porque sabe que não sou filha dele, acha que sou filha
de um amante da Christine. Não nasci dela, nasci de você, e sinto muito que
você não consiga acreditar. Eu acredito nisso, porque li os diários de minha
avó e lá ela conta toda a situação, inclusive sobre a herança que ela fez
chegar às mãos da minha mãe biológica. E eu sei que você recebeu uma herança
alguns meses depois que eu nasci...- e ela me cortou:
- Sim, recebi uma herança de um
parente e não de sua avó. Gostaria muito que esta história fosse verdade,
Leonora, você é uma menina incrível, mas eu não sou a sua mãe, não poderia ser.
Esqueça isso, e siga a sua vida, será melhor para todos. – nos olhamos
por alguns segundos e eu me rendi, pois percebi que ela falava a sério:
- Peço desculpas pelo
inconveniente, não queria aborrece-la. Adeus. – sai da casa dela e não olhei
para trás. Eu só queria voltar para casa e dormir muito para esquecer este dia.
o-o-o-o-o-o-o-
A porta mal se fechou atrás de
Leonora, e Sasha se atirou no peito do amigo, chorando. Apolo, a segurou com
carinho e quis saber:
- Mariska, porque você fez
isso? Aquela menina pode ser sua, porque não dar crédito a ela?
- Eu não queria acreditar
quando ela começou a contar a sua história, mas quando ela falou sobre a
herança, eu me convenci de que ela é minha.Céus, minha filha está viva, Apolo,
e é linda, estou tão feliz por isso, é mais do que mereço.- recomeçou a chorar,
e o homem a abraçou dizendo:
- Então porque você não disse
que ela estava certa? Você chora até hoje pela sua menininha...
- Porque quando eu recebi
aquele dinheiro, uma das condições fosse de que eu nunc a mais me aproximasse
de George ou da sua família, e eu concordei sem nenhum remorso, estava magoada
com ele, e havia perdido o que mais amava no mundo. Sim, eu sabia que era
dinheiro da velha Leonora. Achei que era uma mãe defendendo o casamento
da filha e hoje percebo que não era isso. – como ele a olhasse confuso, ela
explicou:
- Você não entende? Sem saber
eu vendi a minha filha.
Continua....