O Hall estava cheio e em silêncio, com todos os alunos da
escola reunidos, do primeiro ao último ano.
O Hall era reservado para festas da Escola e para receber os
novos alunos, antes de serem alocados em alguma das repúblicas. Na verdade,
depois que você entrava para uma república, você só voltava para o Castelo para
aulas, clubes, ou quando tinha que falar com algum professor, já que os quartos
deles ficavam localizados no Castelo.
Ah, o Hall também era usado para avisos importantes do Diretor.
Mas hoje o Hall estava lotado e a raiva de Ivanovich era
visível, motivo pelo qual o ar estava tenso e ninguém falava nada.
Todos os professores estavam ali, com exceção do Reno, assim
como todos os alunos e funcionários, desde enfermeiros a bibliotecários. Haviam
outros três homens com Ivanovich, que olhavam para os alunos atentamente e
pareciam decorar o rosto de cada um.
- Vocês sabem o que é isso? – Ivanovich falou, balançando no
ar um pergaminho. Eu já sabia do que se tratava, pois estava em sua sala quando
ele recebera aquela carta.
- Vocês estão bem? –
Reno falou preocupado assim que abriu a porta da sala do diretor, onde eu,
Lenneth, Ozzy, Alec e Oleg esperávamos sentados, acompanhados por Ivana e Ferania.
- Ele está Reno, mas
eles estão passando dos limites. – Ivanovich falou, entregando o papel para
Reno. Enquanto ele lia, seu olhar ficou arregalado e ele olhou de mim para o
Diretor, e ao final da ameaça não foi preciso perguntar como aquilo tinha
chegado até mim.
- Lucian resolveu
investigar, sozinho, ele descobriu o padrão por trás do jornal clandestino e
viu uma das reuniões. – Ferania explicou e Reno me olhou irritado.
- Eu te avisei para
ficar longe disso, Lucian. – Ele falou, mas eu o encarei.
- Não podia ficar
fugindo, eles estão mexendo diretamente comigo.
- Basta. – Ivanovich
falou sério e todos ficaram calados. – O que o Lucian fez já não é importante,
por mais que eu concorde que foi errado, mas está feito. Quero um fim nisso,
quero descobrir quem está envolvido e acabar de vez com essas reuniões.
- E eu o apoio. – Reno
falou e Ivanovich assentiu. – Já comecei a investigar os membros que consegui
identificar, pedi ajuda a alguns amigos aurores e estamos seguindo os
principais membros.
- Inclusive o Laercus?
- O pai do Orion? –
Ozzy perguntou surpreso.
- Ele é o líder da
Kings and Shadows. – Reno falou e a surpresa se espalhou pelo rosto de todos,
já que apenas eu sabia disso. – Mas não temos certeza se Orion está envolvido.
- Quero-o investigado
também. Quero acabar logo com isso. Ivana.
- Sim, Diretor? – A
professora Ivana falou, também muito séria.
- Quero que peça para
os professores vigiarem Orion Goulard a todo momento, assim como pessoas que
ele mantenha contato frequente. Ferania, quero que tente manter uma vigilância
também no vilarejo. Mas senhores, mantenham isso em segredo, não quero que mais
ninguém...
Ele vou interrompido
por uma batida na janela que nos fez sobressaltar. Havia uma coruja cinza
pousada no parapeito e ela trazia uma carta lacrada. Ivana foi até a janela e a
abriu, deixando espaço para a coruja entrar. A coruja porém, ficou parada e
após Ivana pegar a carta, levantou voo imediatamente.
- Igor, é do
Ministério. – Ela falou e vi o semblante nervoso de Ivanovich ficar ainda mais
profundo. Ele pegou a carta e leu rapidamente. Seus olhos brilharam de raiva e
ele entregou a carta para os professores lerem.
- De novo, não... –
Reno falou, ao terminar de ler a carta.
- O que houve? –
Lenneth perguntou.
- Reno, contate Tyrone
e os Chronos, eles vão nos conseguir mais tempo e se conseguirmos que eles
mandem aurores, o Ministério não vai ousar interferir.
- O que aconteceu? –
Oleg perguntou preocupado e Ivanovich suspirou antes de responder.
- Isso é uma carta do Ministério da Magia, informando que
pretendem enviar aurores para a escola! – Ele falou, sua voz séria e cortante.
– Que pretendem interferir diretamente na escola, já que, nas palavras deles,
sou “incapaz de lidar com uma situação dessas e coloco em risco a integridade
física dos alunos”! Agora me digam: alguns de vocês já pararam para saber um
pouco da história de Durmstrang? Quantas vezes o Ministério interviu na escola
e como isso terminou? – Ninguém respondeu, e Ivanovich ficou um tempo calado
encarando os alunos. – Na última, quase causou uma rebelião de alunos! Alunos
sendo vigiados e seguidos, professores controlados! É isso que vocês querem
novamente? – Ivanovich falou, a voz mais alteada no momento. O salão permaneceu
em silêncio e ninguém tinham coragem de sequer soltar a respiração. – É isso
que eles querem fazer e vão fazer. Isto porque há entre vocês um mimado,
covarde, que não tem coragem de se mostrar e falar diretamente. Mas tem muita
coragem para roubar arquivos pessoais, inventar mentiras, e atacar professores
em um jornal fajuto e clandestino. Mas isso vai acabar aqui.
- Esses são aurores britânicos, enviados para investigar o
jornal clandestino. – Ivanovich falou e indicou os homens de pé. – Eu os chamei
para evitar uma intervenção direta do Ministério, pois eles ao menos, irão
respeitar vocês e a nós de certa forma. Mas vamos investigar o jornal e,
marquem o que digo, vamos descobrir os responsáveis e serão punidos. Não pensem
que será apenas uma repreensão ou uma detenção. No mínimo, os responsáveis
serão expulsos e farei tudo ao meu alcance para levá-los a corte! Por isso dou
apenas essa chance a vocês: quem tiver informações sobre o jornal deve dá-las
até amanhã. Podem me procurar em meu gabinete, ou um dos aurores, e isso será
levado em consideração, para reduzir a sua punição. – Os alunos continuaram
calados, mas vi como muitos ficaram pálidos, principalmente os calouros, que
faziam um esforço para não tremer. Os discursos de Ivanovich eram famosos, mas
nenhum dos alunos tinha visto-o daquela forma. – Estão dispensados.
Foi necessário todo o controle de muitos dos alunos, e
também dos monitores e professores, para evitar uma debandada. Estavam todos
assustados e todo lugar que se olhava, haviam grupos de pessoas conversando
sobre a ameaça de Ivanovich. Muitos se questionavam o que tinha causado isso,
mas logo vi pessoas me olhando de lado e soube que a notícia de que eu havia
sido ameaçado pelo Antaris era conhecida por todos. Mas eu não me importava,
queria tanto quanto o Ivanovich pegá-los.
A ameaça de Ivanovich surgiu algum efeito.
Vários alunos se entregaram para ele, assumindo que enviaram
matérias para o jornal clandestino. Segundo Ferania, eles foram interrogados
levemente pelos aurores, o que, segundo o Ozzy, ainda era muito ruim, e ficou
claro que nenhum deles tinha informações importantes do jornal ou dos
responsáveis por ele. Todos seguiam o padrão sugerido em cada edição por
Antaris para o envio de matérias e ninguém sabia quem as reunia e publicava.
Apesar dessas confissões, o clima em Durmstrang ficou
pesado. Haviam aurores dos Chronos por toda a parte, vigiando todos os alunos, sem
exceção. Ivanovich declarou um toque de recolher e as trilhas de Durmstrang
eram patrulhados por professores e aurores. No vilarejo vizinho, não era muito
diferente, pois os aurores iniciaram buscas lá, começando pela câmara que eu
encontrei. Os moradores os ajudavam nessas buscas e foi descoberta uma passagem
subterrânea que ligavam mais três câmaras como a primeira.
Um ano do 6º ano foi pego pelos aurores tentando queimar um
monte de pergaminhos já na primeira noite da intervenção. Os pergaminhos
continham rascunhos de dezenas de matérias antigas, e algumas novas, que ele
confessou que pretendia publicar no jornal clandestino. Como ele não havia se
entregado quando teve chance, Ivanovich o suspendeu por duas semanas, até ter
uma idéia melhor do que fazer.
Eu e os meus amigos tentávamos levar nossas vidas
normalmente, mas era difícil. Como estávamos em perigo, recebemos uma pequena
escolta que nos vigiava sempre que estávamos no Castelo. Até mesmo meu irmão e
o do Ozzy receberam proteção, fortalecida por alguns seguranças do tio Oscar.
E claro, havia ainda a atenção dos alunos. Como tudo naquela
escola, a notícia de que eu fora ameaçado por Antaris espalhara-se mais rápido
do que fogos de artifício e eu recebia atenção indesejada. Alguns eram para me
dar apoio, me incentivando e elogiando o fato de eu não ter me rendido à
Antaris. Mas outros me culpavam pela ira de Ivanovich e pelos aurores, me
encarando longamente nos corredores.
Quanto a Orion, ele pareceu preferir ignorar que era seguido
pelos aurores e procurou cooperar em toda a investigação que fizeram em suas
coisas. Porém, vi que ele me olhava de um modo diferente. Orion odiava ter sua
privacidade invadida, logo, acho que me culpava por tudo que estava
acontecendo. Mas eu o encarava sério e ele era sempre o primeiro a desviar o
olhar. Depois de tanta coisa que eu soubera sobre ele, e seu pai, não tinha
como tratá-lo da mesma forma.
- Bom dia, Lucian. – Gary, um aluno do 5º ano da minha
república, falou quando apareci na porta de entrada. Eram 7 da manhã de uma
sexta-feira e a república já estava bem agitada. Com a confusão de aurores e
tudo mais, Ivanovich tinha adiantado o horário de início das aulas, para que o
toque de recolher não atrasasse as aulas.
- Bom dia, Gary. Alguma novidade?
- Apenas o de sempre. – Ele deu de ombros, indicando com a
cabeça os aurores patrulhando a área. – O professor Kollontai o estava
procurando, como falei que estava dormindo, ele pediu que o procurasse na sala
dele. Pediu para levar Lenneth também.
- Obrigado. – Eu falei e Gary me acompanhou até Avalon, onde
encontrei Lenneth e fomos juntos para o gabinete do Reno. Gary se despediu de
nós na entrada do Castelo, enquanto íamos para o gabinete do Reno, no segundo
andar.
- Tem uma coisa boa dessa intervenção. – Lenneth falou, de
mãos dadas comigo.
- O que? Mal podemos nos ver a noite. – Eu falei e ela riu.
- Seu bobo... Não teve uma edição do jornal ainda. – Ela
comentou e eu assenti.
- Eles não seriam loucos a esse ponto. – Comentei, mas como
tínhamos chegado no gabinete de Reno, bati na porta e ele a abriu com um largo
sorriso. Ele parecia feliz, preocupado e apressado, tudo ao mesmo tempo. Ele
nos abraçou e sua alegria nos contagiou e começamos a sorrir, mesmo sem saber
do que se tratava ainda.
- O que houve? Viu o pomorim dourado? – Lenneth perguntou e
ele sorriu.
- Não, uma andorinha prateada! Julie entrou em trabalho de
parto! – Ele falou sorrindo e vimos uma pequena mala arrumada em cima de uma
das cadeiras. – Ela me mandou avisar com o patrono e vou aparatar direto para
Paris.
- Que maravilha, Reno! – Lenneth falou feliz e lhe demos os
parabéns. – Como ela está?
- Ela está bem, bem tranquila agora. A irmã e Archer estão com ela. Eu preciso mesmo ir, mas queria falar com vocês antes, para dar a boa notícia e um aviso. – Ele falou, ficando mais sério e olhando direto para mim. – Não façam nenhuma besteira. Eu e Igor - Ele comentou e eu lembrei que Ivanovich era padrasto de Julie. - Estaremos longe e não poderemos ajudá-los e esse seria o momento ideal para que a K&S tente algo. Não se metem em mais perigosos do que já estão.
- Ela está bem, bem tranquila agora. A irmã e Archer estão com ela. Eu preciso mesmo ir, mas queria falar com vocês antes, para dar a boa notícia e um aviso. – Ele falou, ficando mais sério e olhando direto para mim. – Não façam nenhuma besteira. Eu e Igor - Ele comentou e eu lembrei que Ivanovich era padrasto de Julie. - Estaremos longe e não poderemos ajudá-los e esse seria o momento ideal para que a K&S tente algo. Não se metem em mais perigosos do que já estão.
- Não vamos, Reno, não se preocupe. – Lenneth falou,
apertando minha mão e engoli em seco, diante do olhar pesado e acusador dos
dois.
- Muito bem. Haverão outras pessoas cuidando de vocês, mas
um pouco de precaução nunca é demais. – Ele abriu uma das gavetas de sua mesa e
tirou dois pares de luvas brancas com inscrições em vermelho e nos entregou. As
inscrições formavam círculos alquímicos e haviam vários símbolos usados na
alquimia. – Mandei preparar essas luvas especiais para vocês. Elas já possuem
círculos alquímicos em sua formação, então podem fazer alquimia sem precisar
desenhar seu próprio círculo. Cuidado mais uma vez.
Nós pegamos as luvas agradecidos e Reno abraçou cada um de
nós sorrindo. Então ouvimos uma batida na porta e Ivanovich apareceu, tão feliz e ansioso quanto Reno. Nós os parabenizamos também e ele nos deu o mesmo aviso que Reno, antes dos dois saírem correndo.
- Essas luvas são demais! – Eu falei olhando para elas.
Lenneth colocou a sua e para nossa surpresa a luva dela ficou invisível.
- Uau, ele pensou em tudo! – Ela falou admirada e eu
concordei. – Fico tão feliz pelo Reno. A perda do outro filho foi um baque
forte para ele e para a esposa.
- É verdade, mas os dois são fortes, e veja só, já vão ser
pais novamente.
- Reno deve ser um pai muito coruja. – Lenneth falou rindo.
– Olha a hora! Vamos chegar atrasados para a aula!
A sexta-feira passou rápido e logo os alunos começaram a
seguir para o vilarejo, onde iriam pegar o trem para Sofia.
Em geral, eu e Lenneth passávamos os finais de semana
juntos, fossem voltando para casa ou ficando juntos na escola. Mas esse final
de semana ela precisava ir para Sofia para alguns testes da escola de música e
eu ficaria na escola, pois precisava rever algumas matérias do jornal. Meu
irmão também voltaria para casa, assim como todos os meus amigos. Logo eu teria
o quarto da república inteiro só pra mim!
Pelo menos foi o que achei.
Abri a porta do quarto e dei de cara com Patrick e Orion. Os dois pareciam discutir, mas assim que me viram ficaram calados. Trocamos olhares tensos e os ignorei, pegando meu notebook e sai. Ainda faltavam umas 3 horas antes do toque de recolher e decidi ir para a livraria de Ferania, apesar de hoje ser meu dia de folga.
Pelo menos foi o que achei.
Abri a porta do quarto e dei de cara com Patrick e Orion. Os dois pareciam discutir, mas assim que me viram ficaram calados. Trocamos olhares tensos e os ignorei, pegando meu notebook e sai. Ainda faltavam umas 3 horas antes do toque de recolher e decidi ir para a livraria de Ferania, apesar de hoje ser meu dia de folga.
No caminho, encontrei Gary e ele me falou que também ficaria
na escola esse final de semana, pois precisava estudar alquimia. Eu prometi a
ele que poderia ajudá-lo no sábado de manhã e nos despedimos.
Passei a manhã de sábado inteira estudando alquimia com
Gary, na biblioteca, e vi que ele tinha aptidão para a matéria, aprendendo
rápido. Depois ficamos conversando sobre livros e me peguei contando toda a
história da Terra-Média, o que tomou todo o nosso almoço. Logo após o almoço,
nos despedimos, pois eu tinha que ir trabalhar na livraria da Fer.
Voltei para a república um pouco antes do toque de recolher,
mas ela já estava bem silenciosa, com os poucos alunos que ainda estavam na
escola em seus quartos. Abri a porta do quarto que dividia com os garotos e
fiquei aliviado ao ver que estava vazio.
Tinha acabado de ligar o notebook novamente e trocar de
roupa quando percebi um envelope em cima da minha cama. O olhei curioso e até
receoso, mas reconheci a letra de Robbie e o abri.
“Lucian, estive te procurando agora a tarde, mas não o
encontrei. Surgiu um imprevisto e precisei ir para Sofia, mas precisava te
entregar isto. Chegou hoje de manhã, mas não consegui encontrá-lo para te
entregar em mãos. Dentro do envelope está o resultado do teste no sangue que
encontrei em seu armário há algumas semanas. Não adianta me perguntar como
consegui os materiais para comparação, é segredo jornalístico! Enfim, acho que
você deveria ser o primeiro a ver o resultado. Nos vemos amanhã!
Robbie.”
Eu senti meu coração acelerando e minhas mãos suando e abri
o envelope rapidamente, ele continha uma lista pequena de nomes, seguida pelo
resultado.
“Patrick
Lokmov – NEGATIVO
Claus Netherfor – NEGATIVO
Christian Fornost – NEGATIVO
Orion Goulard – POSITIVO”
Claus Netherfor – NEGATIVO
Christian Fornost – NEGATIVO
Orion Goulard – POSITIVO”
Quando eu li o resultado para Orion fiquei paralisado,
encarando-o. Então fora Orion que arrombara meu armário... Mas por que?!
Isso não significaria, com certeza, que ele era Antaris, mas levantava fortes suspeitas sobre ele.
Tentei me lembrar da época em que houve a tentativa de arrombarem meus armário e me lembrei que nessa época o jornal clandestino não publicou nenhum Conto de Antaris. Lembrei-me de que naquela época tinha pensado que os textos que ele roubara de mim teriam acabado e agora estava sem ter o que publicar. Lembrei também que, pouco tempo depois, Antaris voltou a publicar contos, mas de uma qualidade inferior, ainda usando meus personagens e criações. Isso explicaria porque de Orion tentar arrombar meu armário, se ele fosse mesmo o Antaris, pois poderia esperar encontrar algum texto novo ali.
Isso não significaria, com certeza, que ele era Antaris, mas levantava fortes suspeitas sobre ele.
Tentei me lembrar da época em que houve a tentativa de arrombarem meus armário e me lembrei que nessa época o jornal clandestino não publicou nenhum Conto de Antaris. Lembrei-me de que naquela época tinha pensado que os textos que ele roubara de mim teriam acabado e agora estava sem ter o que publicar. Lembrei também que, pouco tempo depois, Antaris voltou a publicar contos, mas de uma qualidade inferior, ainda usando meus personagens e criações. Isso explicaria porque de Orion tentar arrombar meu armário, se ele fosse mesmo o Antaris, pois poderia esperar encontrar algum texto novo ali.
Decidi então vasculhar as coisas de Orion, deixando de lado
qualquer ética ou respeito. Ele não teve respeito por mim ao tentar arrombar
meu armário, e menos ainda se foi ele quem roubou meus textos.
Larguei a carta de Robbie em cima da minha cama e comecei a
mexer nas coisas de Orion, sem qualquer cuidado. Virei duas de suas gavetas em
cima da cama, mas não encontrei nada. Já estava ficando desanimado e me
arrependendo do surto de raiva quando bati sem querer com o pé na parte de
baixo de sua cama. Percebi que a madeira fez um som oco e ergui uma
sobrancelha. Bati novamente e tive certeza que era oco. Fui até a cama ao lado,
do Ozzy, e bati embaixo dela também, mas a madeira era maciça. Com suspeitas
ainda maiores comecei a apertar a madeira em diversos lugares, mas sem nenhum
sucesso. Tentei bater com a varinha e murmurei “Alohomorra”, mas nada
aconteceu. Então lembrei das luvas de Reno e coloquei as duas mãos sobre a
madeira, fechando os olhos e me concentrando. Deixei minha energia fluir até
minhas mãos e me concentrei na madeira, em sua composição e forma. Imaginei um
puxador surgindo na madeira e ela cedendo. Quando abri os olhos, uma gaveta
estava diante de mim e dentro dela estavam vários papéis, alguns impressos e
outros com a letra de Orion. Haviam várias anotações e rabiscos em textos que
nunca vi, mas ao final da pilha vi todos os meus textos roubados. Me sentei na
cama de Orion olhando para os papéis, enquanto uma raiva me queimava por
dentro.
Então a porta se abriu e Orion entrou com um sorriso
irônico, falando alguma besteira sobre a república estar quieta, do jeito que
ele gostava. Mas seu sorriso morreu quando me viu com os papéis e sua gaveta
secreta aberta.
- Como você ousa? – Ele falou, a voz séria e fria.
- Foi você. – Foi só o que eu consegui falar antes de me
colocar de pé e disparar um feitiço contra ele com minha varinha.
Orion se protegeu rapidamente e meu feitiço atingiu a cama
de Oleg, quebrando um de seus pés. Ele revidou e um jato vermelho voou em minha
direção, mas usei as luvas de Reno para absorver a energia do feitiço e o
joguei de volta contra ele. Orion foi obrigado a saltar de lado e no momento
seguinte eu estava em cima dele e acertei um soco forte em seu rosto. Ele caiu
no chão e eu o segurei com o joelho direito, pronto para dar outro soco. Mas
então, fui jogado longe por um feitiço e quando olhei, Patrick entrava pela
porta acompanhado por mais dois alunos de outra república. Os três apontavam
suas varinhas para mim e me cercaram, enquanto Orion se levantava.
Ele cuspiu sangue no chão e me olhou com raiva, apontando
sua varinha também. Nessa hora, Gary surgiu na porta, acompanhado por mais um
aluno e os dois começaram a disparar feitiços contra os quatro.
- Gary! Saia daqui! – Eu gritei, mas ele me ignorou. Fiquei
surpreso com a habilidade com que ele e o outro lançavam feitiços e começamos a
revidar o ataque.
Me
aproximei de Orion e o soquei mais uma vez no rosto. Ia dar o segundo soco
quando senti uma pancada forte em minha cabeça e tudo ficou escuro. Apaguei
completamente.