Por Lenneth Aesir
- Lucian! Cheguei! – Eu falei abrindo a porta com rapidez e
um largo sorriso no rosto. Era Domingo, no horário do almoço, e eu havia
chegado mais cedo do que de costume, querendo fazer uma surpresa para Lucian.
Me espantei quando vi o quarto completamente vazio. Percebi então que a república toda estava vazia, pois ninguém tinha voltado ainda para a escola. Mesmo assim entrei no quarto e me deitei na cama de Lucian. Eu sentia um mau pressentimento, mas não sabia explicar o porque. Fiquei deitada olhando pro teto por algum tempo, até que decidi ir procurá-lo. Conhecendo-o bem como eu conhecia, sabia que ele deveria estar ou na Livraria da Ferania, ou no estoque da loja (o que eu iria adorar que estivesse) ou na Biblioteca da escola.
Me espantei quando vi o quarto completamente vazio. Percebi então que a república toda estava vazia, pois ninguém tinha voltado ainda para a escola. Mesmo assim entrei no quarto e me deitei na cama de Lucian. Eu sentia um mau pressentimento, mas não sabia explicar o porque. Fiquei deitada olhando pro teto por algum tempo, até que decidi ir procurá-lo. Conhecendo-o bem como eu conhecia, sabia que ele deveria estar ou na Livraria da Ferania, ou no estoque da loja (o que eu iria adorar que estivesse) ou na Biblioteca da escola.
Fui direto para a livraria, mas encontrei apenas um dos
primos de Ferania no local.
- Filius, você viu o Lucian? – Perguntei.
- Não, não o vejo desde ontem de tarde. Já olhou no
depósito? – Ele respondeu.
- Ainda não, vou dar uma olhada, obrigada.
Sai correndo na direção do depósito da livraria, com um
sentimento de preocupação crescente no peito. O depósito estava apagado, o que
era uma má indicação, mas mesmo assim abri a porta com a chave reserva que
Ferania havia me dado. Não havia ninguém ali e pelos restos de lenha na
fogueira, ninguém estivera ali o final de semana inteiro.
Corri de volta para o castelo, mas não o encontrei nem na
biblioteca, nem na sala de alquimia. Já estava quase ficando de noite e voltei
correndo para a república, esperando encontrá-lo ali. O sentimento de
preocupação havia virado quase um pavor, crescendo rapidamente.
Abri a porta do quarto dele às pressas, mas encontrei apenas
Ozzy, Oleg e Alec, que haviam acabado de chegar. Para minha sorte, Lawfer e
Eddie estavam com eles.
- Oi Lenneth, tá tudo bem? – Ozzy perguntou quando entrei
sem fôlego no quarto.
- Lawfer, o Lucian foi pra casa esse final de semana? –
Perguntei, rapidamente e quando ele me olhou confuso, senti um aperto enorme no
peito.
- Ele não foi pra casa. Ele ficou na escola para estudar,
por que? – Mal ele terminou de falar e eu comecei a chorar.
Oleg foi o primeiro a me fazer sentar, mas logo os cinco
estavam ao meu redor, querendo me acalmar e saber o que houve.
- Eu não estou encontrando o Lucian! – Eu consegui falar
depois de um tempo.
- Já procurou na livraria? – Alec perguntou.
- Procurei em todos os lugares! Ele não está em lugar algum!
– Respondi, voltando a chorar.
- Calma, Lenneth, deve ter uma explicação. – Oleg falou,
tentando me acalmar.
- Eu acho que ele foi sequestrado. E Reno e Ivanovich não
estão na escola!– Eu consegui colocar minhas suspeitas para fora e vi quando
todos ficaram preocupados.
- Oleg, que é aquilo perto da cama do Orion? – Ozzy
perguntou e todos olhamos para a cama de Orion.
Parecia não ter nada a primeira vista, mas logo o nosso
treinamento em alquimia nos mostrou que havia ocorrido uma transmutação ali.
Oleg correu até o local e se ajoelhou, colocando a mão no chão. O chão ficou
brilhante de imediato, indicando realmente de que houvera alquimia no lugar.
Alec e Oleg então deram as mãos e fecharam os olhos. Senti
quando os dois usavam seus poderes para escanear o quarto e outros lugares
começaram a brilhar. Ozzy se ajoelhou ao lado da cama de Oleg e tocou um dos
pés da cama com a varinha, procurando desfazer o último feitiço feito ali.
Imediatamente o pé quebrou e a cama caiu de lado.
- Houve uma luta aqui. – Lawfer falou assustado e vi a
preocupação espalhando-se pelo rosto de todos.
- Precisamos falar com os aurores. – Oleg falou e
assentimos. Consegui me recompor e saímos correndo juntos para o Castelo.
Haviam sequestrado Lucian.
Por Lucian Valesti
Senti uma dor forte na nuca e minha cabeça começou a doer.
Tentei me mexer, mas vi que estava com os pés e braços amarrados a uma cadeira.
Estava recobrando a consciência, mas acho que era melhor ter
continuado desacordado. Minha cabeça latejava e girava, de modo que eu não
conseguia abrir os olhos ou mexe-la demais. Ouvi então vozes perto de mim, de
duas pessoas discutindo e abri os olhos devagar.
Eu estava preso em uma sala oval e muito grande, iluminada
por tochas que brilhavam em vermelho, azul e verde. Podia ouvir gotas caindo do
teto e percebi que devia estar no subterrâneo.
Eu estava preso em um dos lados da sala e no lado oposto
haviam dois homens que eu não conhecia, presos pelas mãos e pés do mesmo modo
que eu. Orion e Patrick discutiam no meio do sala, com Orion andando de um lado
para o outro, enquanto Patrick gesticulava e apontava para os dois homens.
Fingi estar desacordado, mas tentei prestar atenção na conversa deles.
- Eles são aurores, Goulard, aurores! – Patrick falava,
visivelmente nervoso.
- Já mandei me chamar de Mordred aqui! – Orion falou
enfurecido, mas Patrick o ignorou.
- Você acha que já não sabem do sumiço deles? – Ele falou
apontando para os homens e para mim. – É loucura!
- Calado. – Orion falou com raiva e apontou a varinha para a
garganta de Patrick e notei que o último tremia. – O que queria que eu fizesse?
Largasse eles onde estavam?
- Eles estavam se passando por alunos! Deveríamos ter
largado eles no vilarejo, ou em qualquer lugar.
- Chega. Cansei de ouvir sua voz idiota, saia daqui. – Orion
ordenou e vi que Patrick estava enfurecido, mas calou-se e saiu. A porta do
salão foi batida com força e Orion berrou de raiva, chutando a cadeira de um
dos homens. A cadeira caiu no chão com um baque surdo, mas o homem nem se
mexeu, completamente apagado. Notei que os dois usavam roupas de alunos e
percebi que deviam ser Gary e o outro garoto, que na verdade eram aurores disfarçados.
Fechei os olhos novamente, antes que Orion percebesse que eu
estava acordado, mas o ouvi andando até mim. Então senti um puxão forte no
cabelo e minha cabeça foi puxada para trás.
- Eu sei que está acordado, seu verme. – Ele falou, perto do
meu ouvido. Eu abri então os olhos e dei uma cabeçada nele. Isso doeu tanto em
mim quanto nele, mas eu estava amarrado e ele não. Ele me deu um soco forte na
barriga e eu tossi, sem fôlego. – Isso é por mexer nas minhas coisas. E isso. –
Ele falou, me dando mais um soco na barriga, me fazendo gemer. – É pelo soco de
ontem.
- Você é um idiota. – Eu consegui falar apesar da dor e
cuspi em seu rosto, me preparando para levar outro soco, mas então a porta se
abriu e Orion virou-se para ela.
Três figuras encapuzadas de preto entraram e pela altura
suspeitei que eram alunos. Eles se ajoelharam diante de Orion e retiraram os
capuzes. Reconheci os outros dois alunos do dia seguinte, e o terceiro era um
aluno do 6º ano.
- Mordred. – O aluno mais velho falou e eu fiquei imaginando
que tipo de problemas eles tinham de ficar usando um nome diferente do nome de
Orion. – Os aurores encontraram outra câmara nas masmorras de Durmstrang.
- Droga. – Orion praguejou. – Devem ter traidores entre nós.
- Nós sempre soubemos que há traidores entre nós, antigos
membros que não mais nos respeitam. – O outro garoto falou e vi como os quatro
pareciam irritados com esse fato.
- Mas eles vão nos respeitar e aprender com quem estão
lidando. – Orion falou e me olhou de forma cruel. Ele se aproximou de mim e eu
usei o máximo de controle que eu tinha para não tremer. – Crucio.
A surpresa com a maldição foi grande, mas extremamente
rápida, dando lugar a uma dor como eu nunca senti. Segurei o grito por alguns
segundos, sem querer dar esse prazer a Orion, mas pouco depois comecei a gritar
de dor. Parecia que meu sangue fervia dentro de mim e minha cabeça parecia que
ia explodir. Me debatia na cadeira e com o movimento cai no chão, me
contorcendo de dor. Com os olhos semi cerrados, pude ver o brilho louco nos
olhos de Orion e seus comparsas. Senti muito medo, pois pareciam que eles
estavam dispostos a me matar.
- Goulard! – Ouvi Patrick gritar, entrando na sala
novamente. Consegui perceber quando ele derrubou Orion e o contato do feitiço
acabou e eu conseguir respirar, com dificuldade. – Você ficou maluco? – Patrick
gritou para Orion, enquanto os outros três jovens o seguravam.
- Crucio! – Orion gritou apontando para Patrick e ele também
começou a se contorcer. Orion aplicou o feitiço por pouco tempo e quando
terminou Patrick arfava. – Não te torturo mais por ser de nossa ordem, mas se
ousar me tocar e interromper novamente, acabo com você.
- Você perdeu todo o juízo?! – Patrick falou, conseguindo se
recuperar. Ele se soltou dos outros alunos e empurrou um com o ombro, saindo
pela porta apressado. Orion indicou com a cabeça e dois dos alunos o seguiram.
- Ainda não entendo como esse inútil entrou para nossa
irmandade. – Orion falou e o outro aluno concordou. – Onde estávamos?
Ele apontou a varinha para mim novamente e falou “Crucio”. Senti mais uma forte onda de dor pelo corpo e não sei quanto tempo durou, mas acabei perdendo a consciência.
Ele apontou a varinha para mim novamente e falou “Crucio”. Senti mais uma forte onda de dor pelo corpo e não sei quanto tempo durou, mas acabei perdendo a consciência.
Acordei algum tempo depois com um cheiro forte debaixo de
meu nariz e tossi, vendo que era Orion que segurava um pano perto do meu nariz,
para me acordar.
- Por que? – Eu consegui perguntar e ele riu. O outro jovem
estava verificando os aurores presos.
- Porque eu quis. – Ele falou, mas vi sua narina dilatando.
- Você é louco...
- Não, sou ambicioso. – Ele corrigiu sorrindo. – Quero tudo
para mim e do melhor, e não meço esforços para tal.
- Por que eu? Por que roubar meu trabalho e me perseguir
tanto? Não tem capacidade e tem que copiar os outros? – Eu gritei e vi seu
rosto ficar sério.
- Crucio! – Ele falou e eu voltei a gritar, mas pouco depois
ele parou e se aproximou de mim. – Você tem tudo, e sempre com tanta
facilidade. Sempre as melhores notas, o queridinho dos professores, queridinho
das garotas, cheio de criatividade e amigos, sempre apoiado por todos. Sempre
os locais de destaque em jogos, em festas. Enquanto eu estou sempre esquecido,
em segundo plano. Crucio! – Ele voltou a me torturar após falar, sentindo
prazer nisso. – E sua família sequer é puro-sangue! Eu deveria ter isso tudo!
- Você é doente! – Eu falei, quando ele parou de me torturar
novamente. – E a culpa é sua se você é um inútil e ninguém gosta de você! –
Falei com raiva e vi o brilho nos olhos de Orion. Não me arrependi do que
disse, mas senti medo, pois ele estava fora de si e poderia fazer qualquer
coisa. Ele apontou a varinha mais uma vez para mim.
Por Lenneth Aesir
Com Ivanovich e Reno fora da escola, precisávamos procurar
outra pessoa de confiança para contarmos do sumiço de Orion, alguém que nos
levaria a sério. Fomos direto para o Castelo, na esperança de encontrar um dos
professores o mais rápido possível. Tivemos mais sorte do que eu esperava.
Em nossa direção vinham duas pessoas conversando e eu as
reconheci de imediato. Um deles era um famoso jogador de Quadribol e ex-aluno
de Durmstrang. O outro fora aluno de Beauxbatons e ganhara fama como sócio de
uma das maiores lojas de jogos bruxos do mundo, além do trabalho como auror. E
o melhor: os dois eram membros do Clã Chronos.
- Senhores! – Eu gritei, correndo na direção deles e seguida
pelos meus amigos.
- Ei, ei, calma! Não precisam ter pressa, o Ty dá autógrafos
para todos! – O homem loiro falou sorrindo, mas vi que os dois estavam
conversando seriamente.
- Você é o Griffon Chronos, não é? E você Tyrone MCgregor? –
Eu perguntei apressada e eles assentiram.
- Algum problema? – Tyrone perguntou e então vi o rosto de
Griffon se iluminar.
- Você não é Lenneth? – Ele perguntou e quando fiz que sim
ele sorriu. – Ty, você está ficando velho se esqueceu o rosto de uma jovem tão
linda. Ela é amiga da Arte!
- É verdade, tem fotos das duas no quarto dela. – Tyrone
falou sorrindo e eu balancei a cabeça apressada.
- Sim, sou eu, mas não temos tempo pra isso! Meu namorado
foi sequestrado!
- Calma, isso é uma acusação séria. – Tyrone falou, ficando
mais sério. – Tem certeza disso? Qual o nome do seu namorado?
- Lucian Valesti. – Assim que falei os dois se entreolharam
e soube que eles entenderam a minha preocupação.
- Você sabe onde ele foi visto pela última fez? – Griffon
perguntou e Oleg respondeu.
- Não sabemos. Todos nós não estávamos na escola e quando
voltamos vimos sinal de luta no quarto dele. Venham com a gente.
- Esperem! – Griffon falou antes que começássemos a correr.
– Killi e Thain estavam protegendo-o. – Griffon comentou e ignorou nossos
olhares curiosos. Ele chamou outros bruxos perto de nós e deu uma série de
ordens e logo os aurores corriam na direção do Castelo ou do vilarejo. – Ty, temos
que avisar os outros. Vou pedir que Seth ou Uthred venham pra cá, precisamos
das habilidades deles.
- Vou entrar em contato com Reno e Ivanovich. E vou emitir
uma ordem de vigia e se necessário captura para todos os membros que conhecemos
da K&S. – Tyrone comentou e Griffon concordou. – Vocês. – Ele falou olhando
sério para gente. – Quero que voltem para o Castelo e fiquem lá até
encontrarmos o Lucian.
- Nem pensar! – Todos nós falamos juntos e Tyrone ficou
sério, começando a falar para nos convencer. – Ele é nosso amigo!
- Ty, olha para eles. – Griffon nos interrompeu, com um
sorriso no rosto. – Dá para entender porque são amigos da Arte e companhia. Se
tentarmos impedi-los, aí que eles vão fazer de tudo para encontrar o amigo
sozinhos.
- Você quer deixar eles caçarem a K&S? – Tyrone falou
meio receoso.
- Qual é, Ty! Nós fizemos exatamente a mesma coisa quando
tínhamos a idade deles!
- Tudo bem. – Tyrone riu. – Mas quero que fiquem perto de nós
e nos obedeçam! – Nós concordamos e ele sorriu quando viu que Ozzy ia perguntar
mais alguma coisa. – Deixa adivinhar, sua tropa de elite tem mais membros, não
tem?
Quando Ozzy concordou, Tyrone disse mandou que ele e Oleg o
seguissem, pois iria com eles para chamar o resto dos nossos amigos. Griffon
então pediu que eu, Alec, Lawfer e Eddie mostrássemos o quarto, enquanto ia
perguntando sobre várias coisas como: se sabíamos quando ele tinha sido
sequestrado, se alguém tinha visto algo etc.
- Não se preocupe, Lenneth, vamos encontrar o Lucian. – Ele
falou, querendo me animar. – Se eu não conseguir, tenho certeza que a Arte me
mata. E eu tenho medo dela! – Ele falou rindo e sua jovialidade e calma foram
capazes de aliviar minha tensão.
Não encontramos nada a mais no quarto e Griffon disse que
iria nos levar para investigar o subsolo do vilarejo, para ver se descobríamos
algo. Estávamos saindo naquela direção quando Patrick veio correndo até mim.
- Lenneth, espera! – Ele falou, tentando se aproximar de
mim. Mas Robbie, que disse que não combinava como ele participar de buscas e
apreensões, mas iria nos ajudar a tentar encontrar alguma pista nova, foi o
primeiro a lhe barrar o caminho e fechar a cara para ele.
- Saia Patrick, já temos problemas demais sem você para nos
atrapalhar. – Falei fria e virei as costas.
- Lenneth, é importante! – Ele falou, tentando passar pelos
garotos, mas eles logo o empurraram. – Eu sei onde Lucian está!
- Você o que? – Eu falei, me virando para ele. Todos o
encaravam sério e ele fixou o olhar em mim.
- Foi o Orion, ele sequestrou o Lucian.
- Como você sabe? – Griffon perguntou e Patrick baixou a
cabeça.
- Porque eu o ajudei.
- Você fez o que?! – Ozzy perguntou com raiva e ninguém
conseguiu segurá-lo, enquanto ele dava um soco no rosto de Patrick. Ele fez a
mesma coisa que eu queria fazer, só que foi mais rápido.
- Eu sei que errei! – Patrick falou na defensiva. – Por isso
vim avisar vocês! Vocês tem que ir rápido, Orion está maluco! Ele usou a Crucio
no Lucian!
- Onde eles estão? – Griffon falou sério e Patrick contou
rapidamente como chegar onde estavam.
Julie apertou minha mão e me olhou preocupado, pois eu havia
ficado pálida quando ouvi da Crucio. Meus olhos ficaram cheios de lágrimas,
pois tive muito medo de Orion usar outra Maldição, uma muito pior.
Por Lucian Valesti
Senti que Orion iria me torturar mais uma vez e que agora
colocaria toda a sua raiva nisso, mais do que já tinha colocado. Mas então a
porta se abriu rapidamente e Orion se virou para encarar a pessoa que entrava.
Eu fiquei de boca aberta, pois quem entrava era a versão
mais velha de Orion. O mesmo cabelo loiro, um pouco grisalho apenas, o mesmo
nariz em pé e feições como se estivesse sentindo um cheiro ruim embaixo do
nariz o tempo todo. Ele vestia-se com uma capa negra e pelo modo de andar
percebi que ele estava acostumado a ser obedecido.
Imaginei que fosse o pai de Orion, mas achei estranho a expressão dele ficar sombria ao ver o pai, enquanto ele e o outro aluno se ajoelhavam.
Imaginei que fosse o pai de Orion, mas achei estranho a expressão dele ficar sombria ao ver o pai, enquanto ele e o outro aluno se ajoelhavam.
- Saia. – O homem falou e o outro aluno lançou um olhar
rápido para Orion, mas o homem falou novamente. – Eu não vou falar uma segunda
vez.
O tom de ameaça foi suficiente para o jovem sair correndo e
fechar a porta as suas costas. O homem, lembrei que o nome era Laercus, olhou
rapidamente para mim e para os aurores e depois fixou o olhar no filho. Vi que
Orion ficou incomodado, ainda mais pelo fato de ainda estar ajoelhado. Laercus
se aproximou lentamente de Orion e ficou próximo a ele, olhando-o de cima.
- Levante-se. – Laercus finalmente falou e Orion se
levantou.
- Pai.
- Cale-se! – Laercus falou com autoridade e até mesmo raiva.
– Você perdeu todo o juízo? Quer estragar o que venho coinstruindo ao longo dos
anos?
- Mas você não entende! – Orion começou a falar, mas Laercus
lhe deu um tapa forte no rosto e ele se calou, reprimindo a raiva.
- Eu mandei você ficar calado! – Ele falou, com a voz fria. –
Começo a pensar que foi um erro dar a você o título de Mordred. Mordred era um
homem ambicioso, às vezes cruel, mas acima de tudo astuto e inteligente! Você
não passa de mimado e incapaz!
Eu ouvia aquilo tudo chocado, sem conseguir acreditar que
estava vendo um pai e um filho “conversando”. Comecei a me indagar se sempre
fora assim, pois explicava muita coisa sobre Orion. Vi então que Orion ficou
com raiva, tanto por eu estar ouvindo, quanto pelo teor da discussão.
- Você que é incapaz! – Ele gritou e acho que o pai dele só
não o bateu por ficar chocado. – Você diz que levou anos para construir algo,
mas não fez nada! Foi graças a mim que a Kings & Shadows está voltando ao
topo!
- Você acha que é muito ter um simples jornal clandestino?
Que isso ajuda em algo para nossa irmandade? E você estraga tudo com erros
imbecis! – Laercus esbravejou, apontando para os aurores.
- Você atacou e sequestrou aurores. Não apenas aurores, mas
membros do Clã Chronos! E além disso, sequestra um queridinho da escola, do
Clã, do maldito Kollontai! Você sabia que a namorada dele é amiga de uma das
líderes do clã? Enquanto você passou anos tornando-se esse incapaz e mimado,
ela cresceu caçando e agora enfrenta vampiros. Você acha que tem alguma chance
contra ela ou qualquer um do Clã? Ah vejo, que não sabia de nada disso.
Laercus falou com um sorriso cínico e deu as costas para
Orion, andando até os aurores.
- Mais uma prova de que não é capaz de criar uma rede de
informações, de vigiar seus subordinados e fazer nada direito. Acredito que não
sabia que um dos seus está indo dedurar você.
- Ninguém faria isso.
- Ah, faria. Você não sabe escolher nem seus seguidores, vai
saber escolher inimigos? Se tivesse se envolvido com aurores do Ministério,
talvez fosse possível sair ileso disso. Mas os aurores dos Chronos são
incorruptíveis e eles têm livre ação em qualquer território que assinou o
Tratado de Alderan.
- O que podemos fazer então? – Orion perguntou e notei que
ele começava a ficar preocupado, finalmente percebendo tudo que fizera.
- Nós? – Laercus riu. – Eu não vou fazer nada. Você cavou a
própria cova e você deve sair dela do seu jeito!
- Você não faria isso comigo.
- Faria e vou fazer. – Laercus falou irritado. – Vou lhe
ajudar o mínimo possível depois que for capturado, pelo nome de nossa família.
Mas antes, não farei nada por você. – Ele falou e virou as costas.
- Espere! – Orion começou a ir atrás dele, mas nesse momento
a porta se abriu e várias pessoas encapuzadas entraram.
- O que aconteceu? – Laercus perguntou, olhando-os sérios.
- Os Chronos estão invadindo esse local, precisamos tirá-lo
daqui, Artur. – Um dos homens mais velho falou e Laercus ficou pálido. Ele
então olhou com raiva para Orion.
- Vamos. Mordred acabou para você.
- Para vocês todos, Laercus! – Ouvi uma voz gritar quando a
parede no meio da sala explodiu.
Os homens encapuzados começaram a lançar feitiços e Laercus
correu para o meio deles, enquanto um grupo de pessoas entravam correndo pelo
buraco aberto pela explosão. O primeiro que entrou, e quem havia gritado com
Laercus, era um homem loiro que eu não conhecia, mas lançava feitiços com
habilidade.
Fiquei surpreso quando vi todos os meus amigos aparecendo
também e ao mesmo tempo feliz e irritado quando vi que Lenneth era a primeira
deles. Eles correram até mim e me cercaram, pois viram que Orion corria na
minha direção com alguns outros jovens encapuzados.
Lenneth me beijou, enquanto Eddie me desamarrava e o
restante dos meus amigos faziam um círculo para nos proteger. Lenneth olhou
meus ferimentos com surpresa, mas logo vi seu semblante se tornar de raiva,
enquanto ela apontava sua varinha para Orion.
Eu estava sem varinha e não podia fazer muita coisa, mas me
lembrei que ainda estava com as luvas de Reno e as usei para proteger meus
amigos quando algum feitiço poderia atingi-los. Os homens encapuzados estavam
sendo subjulgados pelos aurores e mais de um estava caído inconsciente no chão.
A batalha foi rápida e os aurores logo subjulgaram todos,
mas então percebemos que Laercus e Orion haviam fugido. Alguns aurores correram
na direção da outra porta para seguí-los, mas ouvimos barulho de duelos e pouco
depois o grupo voltou com Orion e Laercus presos. Reno e Ivanovich os seguiam e
vi o rosto do diretor brilhando com a vitória.
Lenneth me abraçou e começamos a chorar. Nossos amigos nos
davam tapinhas nas costas e mais de um brigou comigo por ter feito tudo
sozinho. Como se isso a fizesse lembrar de algo, Lenneth me derrubou por cima
dela e me jogou no chão, colocando seu joelho em meu peito, enquanto brigava
comigo entre lágrimas.
- Se sumir de perto de mim de novo, eu juro que eu te mato!
– Ela falou e eu sorri.
Mas a adrenalina começou a diminuir e meus ferimentos voltaram a doer. Fiquei deitado no chão, sem conseguir me levantar, e Lenneth deitou minha cabeça em seu colo, enquanto alguns aurores tratavam de meus ferimentos e meus amigos me contavam o que tinha acontecido.
Mas a adrenalina começou a diminuir e meus ferimentos voltaram a doer. Fiquei deitado no chão, sem conseguir me levantar, e Lenneth deitou minha cabeça em seu colo, enquanto alguns aurores tratavam de meus ferimentos e meus amigos me contavam o que tinha acontecido.