Sunday, December 16, 2012


Por Lenneth Aesir

- Lucian! Cheguei! – Eu falei abrindo a porta com rapidez e um largo sorriso no rosto. Era Domingo, no horário do almoço, e eu havia chegado mais cedo do que de costume, querendo fazer uma surpresa para Lucian.
Me espantei quando vi o quarto completamente vazio. Percebi então que a república toda estava vazia, pois ninguém tinha voltado ainda para a escola. Mesmo assim entrei no quarto e me deitei na cama de Lucian. Eu sentia um mau pressentimento, mas não sabia explicar o porque. Fiquei deitada olhando pro teto por algum tempo, até que decidi ir procurá-lo. Conhecendo-o bem como eu conhecia, sabia que ele deveria estar ou na Livraria da Ferania, ou no estoque da loja (o que eu iria adorar que estivesse) ou na Biblioteca da escola.
Fui direto para a livraria, mas encontrei apenas um dos primos de Ferania no local.
- Filius, você viu o Lucian? – Perguntei.
- Não, não o vejo desde ontem de tarde. Já olhou no depósito? – Ele respondeu.
- Ainda não, vou dar uma olhada, obrigada.
Sai correndo na direção do depósito da livraria, com um sentimento de preocupação crescente no peito. O depósito estava apagado, o que era uma má indicação, mas mesmo assim abri a porta com a chave reserva que Ferania havia me dado. Não havia ninguém ali e pelos restos de lenha na fogueira, ninguém estivera ali o final de semana inteiro.
Corri de volta para o castelo, mas não o encontrei nem na biblioteca, nem na sala de alquimia. Já estava quase ficando de noite e voltei correndo para a república, esperando encontrá-lo ali. O sentimento de preocupação havia virado quase um pavor, crescendo rapidamente.
Abri a porta do quarto dele às pressas, mas encontrei apenas Ozzy, Oleg e Alec, que haviam acabado de chegar. Para minha sorte, Lawfer e Eddie estavam com eles.
- Oi Lenneth, tá tudo bem? – Ozzy perguntou quando entrei sem fôlego no quarto.
- Lawfer, o Lucian foi pra casa esse final de semana? – Perguntei, rapidamente e quando ele me olhou confuso, senti um aperto enorme no peito.
- Ele não foi pra casa. Ele ficou na escola para estudar, por que? – Mal ele terminou de falar e eu comecei a chorar.
Oleg foi o primeiro a me fazer sentar, mas logo os cinco estavam ao meu redor, querendo me acalmar e saber o que houve.
- Eu não estou encontrando o Lucian! – Eu consegui falar depois de um tempo.
- Já procurou na livraria? – Alec perguntou.
- Procurei em todos os lugares! Ele não está em lugar algum! – Respondi, voltando a chorar.
- Calma, Lenneth, deve ter uma explicação. – Oleg falou, tentando me acalmar.
- Eu acho que ele foi sequestrado. E Reno e Ivanovich não estão na escola!– Eu consegui colocar minhas suspeitas para fora e vi quando todos ficaram preocupados.
- Oleg, que é aquilo perto da cama do Orion? – Ozzy perguntou e todos olhamos para a cama de Orion.
Parecia não ter nada a primeira vista, mas logo o nosso treinamento em alquimia nos mostrou que havia ocorrido uma transmutação ali. Oleg correu até o local e se ajoelhou, colocando a mão no chão. O chão ficou brilhante de imediato, indicando realmente de que houvera alquimia no lugar.
Alec e Oleg então deram as mãos e fecharam os olhos. Senti quando os dois usavam seus poderes para escanear o quarto e outros lugares começaram a brilhar. Ozzy se ajoelhou ao lado da cama de Oleg e tocou um dos pés da cama com a varinha, procurando desfazer o último feitiço feito ali. Imediatamente o pé quebrou e a cama caiu de lado.
- Houve uma luta aqui. – Lawfer falou assustado e vi a preocupação espalhando-se pelo rosto de todos.
- Precisamos falar com os aurores. – Oleg falou e assentimos. Consegui me recompor e saímos correndo juntos para o Castelo. Haviam sequestrado Lucian.

Por Lucian Valesti

Senti uma dor forte na nuca e minha cabeça começou a doer. Tentei me mexer, mas vi que estava com os pés e braços amarrados a uma cadeira.
Estava recobrando a consciência, mas acho que era melhor ter continuado desacordado. Minha cabeça latejava e girava, de modo que eu não conseguia abrir os olhos ou mexe-la demais. Ouvi então vozes perto de mim, de duas pessoas discutindo e abri os olhos devagar.
Eu estava preso em uma sala oval e muito grande, iluminada por tochas que brilhavam em vermelho, azul e verde. Podia ouvir gotas caindo do teto e percebi que devia estar no subterrâneo.
Eu estava preso em um dos lados da sala e no lado oposto haviam dois homens que eu não conhecia, presos pelas mãos e pés do mesmo modo que eu. Orion e Patrick discutiam no meio do sala, com Orion andando de um lado para o outro, enquanto Patrick gesticulava e apontava para os dois homens. Fingi estar desacordado, mas tentei prestar atenção na conversa deles.
- Eles são aurores, Goulard, aurores! – Patrick falava, visivelmente nervoso.
- Já mandei me chamar de Mordred aqui! – Orion falou enfurecido, mas Patrick o ignorou.
- Você acha que já não sabem do sumiço deles? – Ele falou apontando para os homens e para mim. – É loucura!
- Calado. – Orion falou com raiva e apontou a varinha para a garganta de Patrick e notei que o último tremia. – O que queria que eu fizesse? Largasse eles onde estavam?
- Eles estavam se passando por alunos! Deveríamos ter largado eles no vilarejo, ou em qualquer lugar.
- Chega. Cansei de ouvir sua voz idiota, saia daqui. – Orion ordenou e vi que Patrick estava enfurecido, mas calou-se e saiu. A porta do salão foi batida com força e Orion berrou de raiva, chutando a cadeira de um dos homens. A cadeira caiu no chão com um baque surdo, mas o homem nem se mexeu, completamente apagado. Notei que os dois usavam roupas de alunos e percebi que deviam ser Gary e o outro garoto, que na verdade eram aurores disfarçados.
Fechei os olhos novamente, antes que Orion percebesse que eu estava acordado, mas o ouvi andando até mim. Então senti um puxão forte no cabelo e minha cabeça foi puxada para trás.
- Eu sei que está acordado, seu verme. – Ele falou, perto do meu ouvido. Eu abri então os olhos e dei uma cabeçada nele. Isso doeu tanto em mim quanto nele, mas eu estava amarrado e ele não. Ele me deu um soco forte na barriga e eu tossi, sem fôlego. – Isso é por mexer nas minhas coisas. E isso. – Ele falou, me dando mais um soco na barriga, me fazendo gemer. – É pelo soco de ontem.
- Você é um idiota. – Eu consegui falar apesar da dor e cuspi em seu rosto, me preparando para levar outro soco, mas então a porta se abriu e Orion virou-se para ela.
Três figuras encapuzadas de preto entraram e pela altura suspeitei que eram alunos. Eles se ajoelharam diante de Orion e retiraram os capuzes. Reconheci os outros dois alunos do dia seguinte, e o terceiro era um aluno do 6º ano.
- Mordred. – O aluno mais velho falou e eu fiquei imaginando que tipo de problemas eles tinham de ficar usando um nome diferente do nome de Orion. – Os aurores encontraram outra câmara nas masmorras de Durmstrang.
- Droga. – Orion praguejou. – Devem ter traidores entre nós.
- Nós sempre soubemos que há traidores entre nós, antigos membros que não mais nos respeitam. – O outro garoto falou e vi como os quatro pareciam irritados com esse fato.
- Mas eles vão nos respeitar e aprender com quem estão lidando. – Orion falou e me olhou de forma cruel. Ele se aproximou de mim e eu usei o máximo de controle que eu tinha para não tremer. – Crucio.
A surpresa com a maldição foi grande, mas extremamente rápida, dando lugar a uma dor como eu nunca senti. Segurei o grito por alguns segundos, sem querer dar esse prazer a Orion, mas pouco depois comecei a gritar de dor. Parecia que meu sangue fervia dentro de mim e minha cabeça parecia que ia explodir. Me debatia na cadeira e com o movimento cai no chão, me contorcendo de dor. Com os olhos semi cerrados, pude ver o brilho louco nos olhos de Orion e seus comparsas. Senti muito medo, pois pareciam que eles estavam dispostos a me matar.
- Goulard! – Ouvi Patrick gritar, entrando na sala novamente. Consegui perceber quando ele derrubou Orion e o contato do feitiço acabou e eu conseguir respirar, com dificuldade. – Você ficou maluco? – Patrick gritou para Orion, enquanto os outros três jovens o seguravam.
- Crucio! – Orion gritou apontando para Patrick e ele também começou a se contorcer. Orion aplicou o feitiço por pouco tempo e quando terminou Patrick arfava. – Não te torturo mais por ser de nossa ordem, mas se ousar me tocar e interromper novamente, acabo com você.
- Você perdeu todo o juízo?! – Patrick falou, conseguindo se recuperar. Ele se soltou dos outros alunos e empurrou um com o ombro, saindo pela porta apressado. Orion indicou com a cabeça e dois dos alunos o seguiram.
- Ainda não entendo como esse inútil entrou para nossa irmandade. – Orion falou e o outro aluno concordou. – Onde estávamos?
Ele apontou a varinha para mim novamente e falou “Crucio”. Senti mais uma forte onda de dor pelo corpo e não sei quanto tempo durou, mas acabei perdendo a consciência.
Acordei algum tempo depois com um cheiro forte debaixo de meu nariz e tossi, vendo que era Orion que segurava um pano perto do meu nariz, para me acordar.
- Por que? – Eu consegui perguntar e ele riu. O outro jovem estava verificando os aurores presos.
- Porque eu quis. – Ele falou, mas vi sua narina dilatando.
- Você é louco...
- Não, sou ambicioso. – Ele corrigiu sorrindo. – Quero tudo para mim e do melhor, e não meço esforços para tal.
- Por que eu? Por que roubar meu trabalho e me perseguir tanto? Não tem capacidade e tem que copiar os outros? – Eu gritei e vi seu rosto ficar sério.
- Crucio! – Ele falou e eu voltei a gritar, mas pouco depois ele parou e se aproximou de mim. – Você tem tudo, e sempre com tanta facilidade. Sempre as melhores notas, o queridinho dos professores, queridinho das garotas, cheio de criatividade e amigos, sempre apoiado por todos. Sempre os locais de destaque em jogos, em festas. Enquanto eu estou sempre esquecido, em segundo plano. Crucio! – Ele voltou a me torturar após falar, sentindo prazer nisso. – E sua família sequer é puro-sangue! Eu deveria ter isso tudo!
- Você é doente! – Eu falei, quando ele parou de me torturar novamente. – E a culpa é sua se você é um inútil e ninguém gosta de você! – Falei com raiva e vi o brilho nos olhos de Orion. Não me arrependi do que disse, mas senti medo, pois ele estava fora de si e poderia fazer qualquer coisa. Ele apontou a varinha mais uma vez para mim.

Por Lenneth Aesir

Com Ivanovich e Reno fora da escola, precisávamos procurar outra pessoa de confiança para contarmos do sumiço de Orion, alguém que nos levaria a sério. Fomos direto para o Castelo, na esperança de encontrar um dos professores o mais rápido possível. Tivemos mais sorte do que eu esperava.
Em nossa direção vinham duas pessoas conversando e eu as reconheci de imediato. Um deles era um famoso jogador de Quadribol e ex-aluno de Durmstrang. O outro fora aluno de Beauxbatons e ganhara fama como sócio de uma das maiores lojas de jogos bruxos do mundo, além do trabalho como auror. E o melhor: os dois eram membros do Clã Chronos.
- Senhores! – Eu gritei, correndo na direção deles e seguida pelos meus amigos.
- Ei, ei, calma! Não precisam ter pressa, o Ty dá autógrafos para todos! – O homem loiro falou sorrindo, mas vi que os dois estavam conversando seriamente.
- Você é o Griffon Chronos, não é? E você Tyrone MCgregor? – Eu perguntei apressada e eles assentiram.
- Algum problema? – Tyrone perguntou e então vi o rosto de Griffon se iluminar.
- Você não é Lenneth? – Ele perguntou e quando fiz que sim ele sorriu. – Ty, você está ficando velho se esqueceu o rosto de uma jovem tão linda. Ela é amiga da Arte!
- É verdade, tem fotos das duas no quarto dela. – Tyrone falou sorrindo e eu balancei a cabeça apressada.
- Sim, sou eu, mas não temos tempo pra isso! Meu namorado foi sequestrado!
- Calma, isso é uma acusação séria. – Tyrone falou, ficando mais sério. – Tem certeza disso? Qual o nome do seu namorado?
- Lucian Valesti. – Assim que falei os dois se entreolharam e soube que eles entenderam a minha preocupação.
- Você sabe onde ele foi visto pela última fez? – Griffon perguntou e Oleg respondeu.
- Não sabemos. Todos nós não estávamos na escola e quando voltamos vimos sinal de luta no quarto dele. Venham com a gente.
- Esperem! – Griffon falou antes que começássemos a correr. – Killi e Thain estavam protegendo-o. – Griffon comentou e ignorou nossos olhares curiosos. Ele chamou outros bruxos perto de nós e deu uma série de ordens e logo os aurores corriam na direção do Castelo ou do vilarejo. – Ty, temos que avisar os outros. Vou pedir que Seth ou Uthred venham pra cá, precisamos das habilidades deles.
- Vou entrar em contato com Reno e Ivanovich. E vou emitir uma ordem de vigia e se necessário captura para todos os membros que conhecemos da K&S. – Tyrone comentou e Griffon concordou. – Vocês. – Ele falou olhando sério para gente. – Quero que voltem para o Castelo e fiquem lá até encontrarmos o Lucian.
- Nem pensar! – Todos nós falamos juntos e Tyrone ficou sério, começando a falar para nos convencer. – Ele é nosso amigo!
- Ty, olha para eles. – Griffon nos interrompeu, com um sorriso no rosto. – Dá para entender porque são amigos da Arte e companhia. Se tentarmos impedi-los, aí que eles vão fazer de tudo para encontrar o amigo sozinhos.
- Você quer deixar eles caçarem a K&S? – Tyrone falou meio receoso.
- Qual é, Ty! Nós fizemos exatamente a mesma coisa quando tínhamos a idade deles!
- Tudo bem. – Tyrone riu. – Mas quero que fiquem perto de nós e nos obedeçam! – Nós concordamos e ele sorriu quando viu que Ozzy ia perguntar mais alguma coisa. – Deixa adivinhar, sua tropa de elite tem mais membros, não tem?
Quando Ozzy concordou, Tyrone disse mandou que ele e Oleg o seguissem, pois iria com eles para chamar o resto dos nossos amigos. Griffon então pediu que eu, Alec, Lawfer e Eddie mostrássemos o quarto, enquanto ia perguntando sobre várias coisas como: se sabíamos quando ele tinha sido sequestrado, se alguém tinha visto algo etc.
- Não se preocupe, Lenneth, vamos encontrar o Lucian. – Ele falou, querendo me animar. – Se eu não conseguir, tenho certeza que a Arte me mata. E eu tenho medo dela! – Ele falou rindo e sua jovialidade e calma foram capazes de aliviar minha tensão.

Não encontramos nada a mais no quarto e Griffon disse que iria nos levar para investigar o subsolo do vilarejo, para ver se descobríamos algo. Estávamos saindo naquela direção quando Patrick veio correndo até mim.
- Lenneth, espera! – Ele falou, tentando se aproximar de mim. Mas Robbie, que disse que não combinava como ele participar de buscas e apreensões, mas iria nos ajudar a tentar encontrar alguma pista nova, foi o primeiro a lhe barrar o caminho e fechar a cara para ele.
- Saia Patrick, já temos problemas demais sem você para nos atrapalhar. – Falei fria e virei as costas.
- Lenneth, é importante! – Ele falou, tentando passar pelos garotos, mas eles logo o empurraram. – Eu sei onde Lucian está!
- Você o que? – Eu falei, me virando para ele. Todos o encaravam sério e ele fixou o olhar em mim.
- Foi o Orion, ele sequestrou o Lucian.
- Como você sabe? – Griffon perguntou e Patrick baixou a cabeça.
- Porque eu o ajudei.
- Você fez o que?! – Ozzy perguntou com raiva e ninguém conseguiu segurá-lo, enquanto ele dava um soco no rosto de Patrick. Ele fez a mesma coisa que eu queria fazer, só que foi mais rápido.
- Eu sei que errei! – Patrick falou na defensiva. – Por isso vim avisar vocês! Vocês tem que ir rápido, Orion está maluco! Ele usou a Crucio no Lucian!
- Onde eles estão? – Griffon falou sério e Patrick contou rapidamente como chegar onde estavam.
Julie apertou minha mão e me olhou preocupado, pois eu havia ficado pálida quando ouvi da Crucio. Meus olhos ficaram cheios de lágrimas, pois tive muito medo de Orion usar outra Maldição, uma muito pior.


Por Lucian Valesti

Senti que Orion iria me torturar mais uma vez e que agora colocaria toda a sua raiva nisso, mais do que já tinha colocado. Mas então a porta se abriu rapidamente e Orion se virou para encarar a pessoa que entrava.
Eu fiquei de boca aberta, pois quem entrava era a versão mais velha de Orion. O mesmo cabelo loiro, um pouco grisalho apenas, o mesmo nariz em pé e feições como se estivesse sentindo um cheiro ruim embaixo do nariz o tempo todo. Ele vestia-se com uma capa negra e pelo modo de andar percebi que ele estava acostumado a ser obedecido.
Imaginei que fosse o pai de Orion, mas achei estranho a expressão dele ficar sombria ao ver o pai, enquanto ele e o outro aluno se ajoelhavam.
- Saia. – O homem falou e o outro aluno lançou um olhar rápido para Orion, mas o homem falou novamente. – Eu não vou falar uma segunda vez.
O tom de ameaça foi suficiente para o jovem sair correndo e fechar a porta as suas costas. O homem, lembrei que o nome era Laercus, olhou rapidamente para mim e para os aurores e depois fixou o olhar no filho. Vi que Orion ficou incomodado, ainda mais pelo fato de ainda estar ajoelhado. Laercus se aproximou lentamente de Orion e ficou próximo a ele, olhando-o de cima.
- Levante-se. – Laercus finalmente falou e Orion se levantou.
- Pai.
- Cale-se! – Laercus falou com autoridade e até mesmo raiva. – Você perdeu todo o juízo? Quer estragar o que venho coinstruindo ao longo dos anos?
- Mas você não entende! – Orion começou a falar, mas Laercus lhe deu um tapa forte no rosto e ele se calou, reprimindo a raiva.
- Eu mandei você ficar calado! – Ele falou, com a voz fria. – Começo a pensar que foi um erro dar a você o título de Mordred. Mordred era um homem ambicioso, às vezes cruel, mas acima de tudo astuto e inteligente! Você não passa de mimado e incapaz!
Eu ouvia aquilo tudo chocado, sem conseguir acreditar que estava vendo um pai e um filho “conversando”. Comecei a me indagar se sempre fora assim, pois explicava muita coisa sobre Orion. Vi então que Orion ficou com raiva, tanto por eu estar ouvindo, quanto pelo teor da discussão.
- Você que é incapaz! – Ele gritou e acho que o pai dele só não o bateu por ficar chocado. – Você diz que levou anos para construir algo, mas não fez nada! Foi graças a mim que a Kings & Shadows está voltando ao topo!
- Você acha que é muito ter um simples jornal clandestino? Que isso ajuda em algo para nossa irmandade? E você estraga tudo com erros imbecis! – Laercus esbravejou, apontando para os aurores.
- Você atacou e sequestrou aurores. Não apenas aurores, mas membros do Clã Chronos! E além disso, sequestra um queridinho da escola, do Clã, do maldito Kollontai! Você sabia que a namorada dele é amiga de uma das líderes do clã? Enquanto você passou anos tornando-se esse incapaz e mimado, ela cresceu caçando e agora enfrenta vampiros. Você acha que tem alguma chance contra ela ou qualquer um do Clã? Ah vejo, que não sabia de nada disso.
Laercus falou com um sorriso cínico e deu as costas para Orion, andando até os aurores.
- Mais uma prova de que não é capaz de criar uma rede de informações, de vigiar seus subordinados e fazer nada direito. Acredito que não sabia que um dos seus está indo dedurar você.
- Ninguém faria isso.
- Ah, faria. Você não sabe escolher nem seus seguidores, vai saber escolher inimigos? Se tivesse se envolvido com aurores do Ministério, talvez fosse possível sair ileso disso. Mas os aurores dos Chronos são incorruptíveis e eles têm livre ação em qualquer território que assinou o Tratado de Alderan.
- O que podemos fazer então? – Orion perguntou e notei que ele começava a ficar preocupado, finalmente percebendo tudo que fizera.
- Nós? – Laercus riu. – Eu não vou fazer nada. Você cavou a própria cova e você deve sair dela do seu jeito!
- Você não faria isso comigo.
- Faria e vou fazer. – Laercus falou irritado. – Vou lhe ajudar o mínimo possível depois que for capturado, pelo nome de nossa família. Mas antes, não farei nada por você. – Ele falou e virou as costas.
- Espere! – Orion começou a ir atrás dele, mas nesse momento a porta se abriu e várias pessoas encapuzadas entraram.
- O que aconteceu? – Laercus perguntou, olhando-os sérios.
- Os Chronos estão invadindo esse local, precisamos tirá-lo daqui, Artur. – Um dos homens mais velho falou e Laercus ficou pálido. Ele então olhou com raiva para Orion.
- Vamos. Mordred acabou para você.
- Para vocês todos, Laercus! – Ouvi uma voz gritar quando a parede no meio da sala explodiu.
Os homens encapuzados começaram a lançar feitiços e Laercus correu para o meio deles, enquanto um grupo de pessoas entravam correndo pelo buraco aberto pela explosão. O primeiro que entrou, e quem havia gritado com Laercus, era um homem loiro que eu não conhecia, mas lançava feitiços com habilidade.
Fiquei surpreso quando vi todos os meus amigos aparecendo também e ao mesmo tempo feliz e irritado quando vi que Lenneth era a primeira deles. Eles correram até mim e me cercaram, pois viram que Orion corria na minha direção com alguns outros jovens encapuzados.
Lenneth me beijou, enquanto Eddie me desamarrava e o restante dos meus amigos faziam um círculo para nos proteger. Lenneth olhou meus ferimentos com surpresa, mas logo vi seu semblante se tornar de raiva, enquanto ela apontava sua varinha para Orion.
Eu estava sem varinha e não podia fazer muita coisa, mas me lembrei que ainda estava com as luvas de Reno e as usei para proteger meus amigos quando algum feitiço poderia atingi-los. Os homens encapuzados estavam sendo subjulgados pelos aurores e mais de um estava caído inconsciente no chão.
A batalha foi rápida e os aurores logo subjulgaram todos, mas então percebemos que Laercus e Orion haviam fugido. Alguns aurores correram na direção da outra porta para seguí-los, mas ouvimos barulho de duelos e pouco depois o grupo voltou com Orion e Laercus presos. Reno e Ivanovich os seguiam e vi o rosto do diretor brilhando com a vitória.
Lenneth me abraçou e começamos a chorar. Nossos amigos nos davam tapinhas nas costas e mais de um brigou comigo por ter feito tudo sozinho. Como se isso a fizesse lembrar de algo, Lenneth me derrubou por cima dela e me jogou no chão, colocando seu joelho em meu peito, enquanto brigava comigo entre lágrimas.
- Se sumir de perto de mim de novo, eu juro que eu te mato! – Ela falou e eu sorri.
Mas a adrenalina começou a diminuir e meus ferimentos voltaram a doer. Fiquei deitado no chão, sem conseguir me levantar, e Lenneth deitou minha cabeça em seu colo, enquanto alguns aurores tratavam de meus ferimentos e meus amigos me contavam o que tinha acontecido.