Thursday, June 07, 2007

As últimas semanas estavam sendo difíceis para todos com a aproximação das provas e a frente fria, que parecia não querer sair nunca mais da Bulgária, não ajudava a aumentar a disposição dos alunos. No dia mais quente da semana, a temperatura máxima havia sido 3 graus.

- Não sei como você consegue lidar com tudo isso ao mesmo tempo, Nina. Eu mal terminei os três rolos de pergaminho de poções...- resmungou Milla, enquanto tentava puxar os livros sem acordar Vina, que havia dormido sobre eles.
- E quem disse que eu terminei? Estava terminando de escrever um artigo para o Clube – disse Nina, com um sorriso satisfeito no rosto, jogando um pergaminho de lado – Ahá! Terminei transfiguração! Agora só mais 1 pergaminho de poções e estou livre.

Todas as garotas da República pareciam estar concentradas em seus trabalhos. Até Vina, que estava usando uma pilha de livros de adivinhação como travesseiro, acordou assustada e estava hipnotizada encarando um texto de herbologia...de cabeça para baixo. A única que parecia estar absorta em seu próprio mundo onde as provas eram uma realidade distante, era Evie.

- Evangeline, tem um trasgo montanhês atrás de você – gritou Milla, tentando arrancar uma reação da menina, que meramente disparou um raio de luz vermelha por cima da poltrona. – É assim que ela pretendia se livrar de um trasgo montanhês?
- Acho que ela está assim por causa das eleições ainda. A legalmente loira não parece estar com vontade de deixar que a gente esqueça de que ela foi a vencedora. O que você acha, Vina? – perguntou Nina para a amiga que continuava encarando o pergaminho de herbologia.
- Vina? Vina?? – Milla sacudiu as mãos freneticamente na frente do rosto da amiga, que nem sequer piscou – Ou ela está realmente concentrada ou dormiu de olhos abertos. Eu voto pela segunda opção!
- Voto? SERÁ QUE VOCÊS NÃO SABEM FALAR DE OUTRA COISA?!!! – explodiu Evie, saindo da poltrona e batendo a porta do quarto.
- Ok...o que foi aquilo?! – murmurou Milla, ainda assustada com a reação da amiga – Eu acho que as eleições não são o problema, mas aquela carta que o Josh mandou...ela ficou realmente aborrecida. E também o fato de estar um pouco atrasada na matéria por causa da suspensão. Nada colabora! Devemos conversar com ela?
- A não ser que você queira que ela te mostre como realmente atacaria um trasgo, eu diria que não! – riu Nina, fechando o livro de poções e guardando o pergaminho dentro – Terminei! Quer tomar sorvete?
- Uhnn...eu ainda tenho que terminar herbologia e poções e deve estar uns 2 graus lá fora...claro que eu quero tomar sorvete! Quer ir, Vina? – disse, cutucando o braço da amiga, sem obter nenhuma resposta. – Novas opções: ou ela está dormindo de olhos abertos ou morreu!
- Com a quantidade de remédios que ela toma? Impossível! O sistema imunológico dela deve ser imune até ao Avada Kedavra. E a Evie?
- Se você quiser bater na porta do quarto, fique à vontade... – brincou Milla

Os arredores da cidade pareciam estar completamente desertos e Nina se sentiu extremamente relapsa por estar indo tomar sorvete enquanto os outros estudavam.

- Ah, claro, você realmente acha que eles estão estudando?? Todos devem estar perto da lareira tomando uísque de fogo, você já notou o frio que está fazendo? – disse Milla, apertando o cachecol em torno do pescoço quando o filho de Karkaroff apareceu correndo.
- Hey, Lud! Olá, Olenova. – cumprimentou o menino, ruborizando, aparentemente porque havia corrido demais – Estava...passando por aqui quando vi vocês duas e resolvi dar um olá!
- Sei...passando...aposto que você estava dentro da República quando notou que nós passamos pela janela! – disse Milla, abraçando o menino que corou mais ainda. – Quer tomar sorvete?
- Hey, eu não vou ficar no meio dos dois! Pode ir com o Karkaroff, Milla, eu vou tomar meu sorvete! – respondeu Nina, empurrando a menina na direção de Iago.
- Você não se importa, Nina?
- Claro que não! Daqui a pouco eu já vou voltar para a República para tentar acordar a Vina ou acalmar a Evie.
- Boa sorte, então!! – riu Milla, andando com Iago para a direção oposta.

Nina fechou o casaco com força e se enrolou no cachecol, já duvidando que tomar sorvete havia sido uma boa idéia. Pensou em voltar para a República e terminar de estudar com Liz, mas lembrou que a garota havia saído com os amigos da Mannaz. Os trigêmeos, cada um a sua maneira, pareciam estar se adaptando muito bem a Durmstrang. Izzie já era uma das garotas mais populares, em poucas semanas. Michael, apesar de não desgrudar de Nina, parecia radiante e estava tirando notas ótimas, sendo um dos favoritos dos professores. E Chris...bom, Chris exercia um fascínio estranho sobre as garotas. Seu jeito anti-social e mal humorado fazia com que grupos de patricinhas se amontoassem e começassem com risadinhas histéricas toda vez que ele passava pelo corredor. Ao mesmo tempo em que ele parecia achar tudo aquilo extremamente entediante, estava se divertindo bastante com a situação, já que fazia questão de bagunçar os cabelos displicentemente toda vez que encontrava uma delas.

- Ninys!! – um ponto colorido parecia vir correndo na direção de Nina, despertando a menina de seus devaneios.
- Ah...oi, Michael. – Nina tentou parecer alegre com o sinal do amigo, mas realmente não estava com vontade de conversar com Mike – Como você está?
- Òtimo...bem melhor agora, aliás! – disse, abrindo um sorriso de orelha a orelha.

Tudo no garoto parecia aborrecer Nina. Sua dependência extrema, seu jeito saltitante, suas roupas arrumadinhas e cabelo metodicamente separado e fixado com gel. No entanto, não entendia porque se sentia tão incomodada, já que ele era absolutamente doce e considerado o amigo perfeito por 104% das pessoas de Durmstrang.

- Onde você está indo? – perguntou o menino, segurando a mão de Nina, como sempre insistia em fazer toda vez que a encontrava.
- Er... – enquanto tentava soltar os dedos gelados da mão de Michael, pensava no lugar mais chato que viesse a sua mente – fazer bonecos de neve! Hehe...está frio, né? É realmente uma péssima idéia!
- Claro que não! Eu adoro bonecos de neve! Quer que eu arrume uma cenoura para usar como nariz? Eu posso ir lá na República e volto rapidinh...
- Não!! Mudei de idéia...eu nem trouxe luvas...
- Eu te empresto as minhas! – disse o menino, arrancando as luvas da mão.
- Por Merlin, não! Obrigada, obrigada, mas eu não quero as suas luvas...está muito frio aqui fora, eu vou voltar para a República.
- Eu te acompanho, então. Uma menina não deve andar sozinha pelos arredores da cidade. – disse Michael, procurando os dedos da garota novamente, enquanto ela fazia questão de esconder a mão no bolso do casaco.
- E o que você vai fazer se o monstro do lago pular na nossa frente? Gritar mais alto? –retrucou Nina, rispidamente.

Antes que Michael pudesse ter tempo para responder, outro ponto colorido aparecia correndo em direção aos dois. Michael preparou sua varinha inutilmente, enquanto Nina balançava a cabeça tentando conter um muxoxo de desaprovação. Chris Parker vinha com uma coruja marrom no ombro, segurando duas cartas. Assim que o menino foi chegando mais perto, Nina teve o irresistível impulso de segurar a mão de Michael, embora não tenha parado para pensar o porquê.

- Michael. Olenova. – disse ele, sorrindo levemente e estendendo as mãos, cada uma com uma carta.
- Ei, Parker. – respondeu Nina, tentando parecer completamente indiferente e esmagando os dedos de Mike. – O que é isso?
- Se eu te contasse, você confirmaria que eu leio a sua correspondência.
- Ela está lacrada, você não poderia ter lido... – Nina parou quando encontrou o sorriso divertido de Chris ao ver o dilema da menina – Idiota. Você e Liz também receberam uma igual, certo?
- Como adivinhou, prodígio? – perguntou Chris, sem encarar Michael que parecia irritado com a situação, embora ainda apertasse a mão de Nina.
- Os remetentes são os mesmos e a sua está caindo do seu bolso – respondeu Nina, sorrindo e rasgando a carta para ler. – O QUÊ?! Nossos pais voltaram a trabalhar??? VOCÊ SÓ PODE ESTAR BRINCANDO!!
- Não é? Essa foi a minha reação! Quero dizer...eles estão um pouco velhos para vestir a capa e sair a procura dos infratores...
- ISSO É UM ABSURDO!! LOGO AGORA QUE ESTÃO DIZENDO QUE VOLDEMORT VOLTOU?! – Nina ainda não tinha parado de gritar. Michael arregalou os olhos, enquanto ainda lia a carta e Chris segurava o riso. – E não deram explicação nenhuma??? “Voltei ao trabalho” e PONTO FINAL?!
- Eu também achei isso muito estranho...eles foram convocados por alguma razão e não explicaram...
- É estranho mesmo, mas confio no meu pai e ele deve ter tomado a decisão certa – interrompeu Michael, dando um fim ao debate. – Você não ia voltar para a República? Vamos?
- Claro...vamos sim.
- Tchau, Olenova. – Chris gritou de longe, acenando, ainda com um tom de indiferença, mas com um olhar mais amistoso do que o normal.
- Ahh...até mais, Parker. – respondeu a menina, ainda sem conseguir fechar a boca devido à surpresa. Seu pai havia prometido que não voltaria a trabalhar de jeito nenhum. Aliás, sua mãe já havia dito que se ele ousasse sair da aposentadoria, pediria divórcio. O que tinha mudado? Enquanto andava de volta para a República, largou a mão de Michael, sem nem ao menos lembrar o que ela estava fazendo ali antes.