‘Não estou muito confiante que tenha conseguido um “O” em Poções...’
Um Chris desanimado se juntou ao grupo que já estava espalhado no pátio da escola. O ultimo exame dos N.O.M.s acabara de terminar e a turma do 5º ano começava a sentir o clima de liberdade no ar. Foram cinco longos e exaustivos dias de provas teóricas e práticas com examinadores velhos e rigorosos, e agora eles faziam uma avaliação de seus desempenhos.
‘Todo ano ele fala a mesma coisa, ai chega o relatório e estão lá estampadas as melhores notas da turma!’ Max riu bagunçando o cabelo do amigo
‘Não, mas é sério dessa vez!’ Chris era o único que não ria ‘O exame estava muito difícil, fiquei nervoso na parte prática, o examinador ficava cheirando minha poção e fazendo careta!’
‘Bom, mesmo que você não consiga um “O”, se conseguir um “EE” o professor Klasnic vai deixar você continuar com as aulas’ Evie tentou acalmar o amigo ‘Você faz parte do clube de poções avançadas e tem chances de ser indicado pelo professor para participar do “Caldeirão de Ouro Júnior”, não precisa se descabelar, ele nunca deixaria um aluno como você ficar de fora das aulas’
‘É Chris, relaxa’ Milla desenrolava e enrolava de volta o cachecol, indecisa entre o frio e o calor ‘Ninguém foi tão mal quanto eu em Alquimia, se tiver tirado um D, vou ficar feliz!’
‘Somos duas então!’ Nina falou rindo ‘Mas Alquimia é opcional, podemos desistir ano que vem’
‘Sem duvida fui mal também, mas se a professora Kollontai não me expulsar das aulas pela nota lamentável, não vou desistir’ Evie cruzou os braços revoltada ‘Acho um absurdo não conseguir transmutar nem uma pedrinha minúscula depois de 5 anos, vou aprender isso nem que seja a ultima coisa que eu faça!’
‘Alquimia é tão fácil, não sei porque vocês não conseguem fazer os exercícios bobos que a professora pede’ todos olharam feio para Annia e ela riu alto ‘Não adianta me olharem assim, é verdade!’
‘Eu fui o único que não lembrei o nome dos filósofos bruxos e inventei nomes ou mais alguém também se saiu mal em Literatura Mágica?’ Luka falou rindo e quase todos levantaram as mãos ‘É, bom, isso conforta um pouco... Mas a professora Mira é tão linda, espero que seja piedosa também e me deixe continuar com as aulas’
‘Argh, e Arte das Trevas?’ Vina bufou alto arrancando o cachecol do pescoço ‘Não sei como ainda temos essa matéria, é um absurdo ser avaliado em um N.O.M. e esperar ter se saído bem em como torturar e matar uma pessoa inocente! Espero sinceramente que seja reprovada nisso, e assim possa ser liberada das aulas no próximo ano’
‘Eu até que gosto das aulas’ todos olharam espantados para Max ‘Calma, não disse que acho legal sair por aí usando o que aprendemos, só acho que é bom, porque sabemos as armas do inimigo. Ou vai dizer que preferiam não ter qualquer noção do tipo de coisa que esses comensais fazem às pessoas?’
Ninguém respondeu de imediato, mas a troca de olhares deixava claro que todos concordavam com Max. Milla mudou o assunto lembrando do exame de Transfiguração, quando o grupo foi interrompido pela chegada do vice-diretor. Ivan Klasnic parou ao lado da roda e Shane, primo de Chris do 4º ano, estava ao seu lado.
‘Sr. O’Shea, pode me acompanhar, por favor’ disse sério, algo que não era comum
‘O que aconteceu?’ Chris congelou ao ver que o primo acompanhava o diretor, como se já esperasse ser chamado por ele
‘Por favor, acompanhe-me até meu escritório, preciso falar em particular com o senhor e o Sr. Foutley’
Chris olhou para Evie e Max antes de levantar e seguiu o diretor pelo corredor que levava até sua sala. Ninguém no grupo pareceu perceber que algo de errado estava acontecendo e o assunto sobre os exames continuou, mas Evie não participou mais da conversa. Ela sabia exatamente o que tanto afligia o amigo, e a idéia de que talvez as preocupações de Chris se concretizassem lhe causos calafrios.
A conversa entre o diretor e os dois primos durou cerca de 10 minutos, e logo Chris estava de volta ao pátio. Evie viu quando Shane atravessou o gramado apressado, e notou que ele tinha lágrimas no rosto. Max também notara isso, e encarou a irmã preocupado quando Chris parou em frente a eles com os olhos inchados que denunciavam que ele estivera chorando.
‘Está tudo bem, Chris?’ A pergunta era idiota, mas ainda assim inevitável
‘Minha madrinha, ela-’ ele engasgou sem conseguir terminar a frase, mas não era necessário
‘Como foi isso?’ Max ficou de pé e parou ao lado do amigo, apertando seu ombro
‘Um ataque em Hogwarts’ as palavras pareciam doer ao saírem, mas Chris continuou ‘Ela estava tirando Harry Potter do castelo quando um dos comensais lançou o avada kedavra nele’ Chris fez uma pausa, como se dizer aquilo fosse a coisa mais difícil que ele já fizera ‘Ela se atirou na frente para receber o feitiço e salvar sua vida’
‘Chris, eu sinto muito’ Evie estava de pé também e o abraçou. Chris não tentou mais reter as lágrimas e permitiu que elas caíssem
‘Meu pai está vindo nos buscar, vamos para casa hoje mesmo, o enterro é amanhã’
‘Evie e eu vamos com você’ Max falou decidido e teve o apoio da irmã
‘Não vamos deixar você sozinho, vamos ficar ao seu lado amanhã’ Evie sorriu de leve para o amigo e ele retribuiu ‘Megan sempre foi gentil conosco’
‘Obrigado, vou precisar de vocês dois lá’
‘Chris, se você precisar de alguma coisa, a gente vai estar aqui’ Milla o abraçou também, os olhos marejados
‘Fica bem, ok?’ Vina tentava segurar as lágrimas quando o abraçou
Chris se despediu dos amigos e caminhou até sua república para começar a juntar as coisas para voltar para casa. Seu pai, Kegan, já aguardava nos portões da escola com Shane quando ele chegou ao lado de Evie e Max. Seus amigos voltariam depois do enterro, mas ele ficaria em casa e só voltaria a ver o castelo em Setembro.