Saturday, June 02, 2007

One minute forever
A sinner regreting
My vulgar misery ends
(And I) ride the winds of a brand new day
High where mountain's stand
Found my hope and pride again
Rebirth of a man
Time to fly...

(música: Rebirth – Angra)

Maio/1998

Lua nova...
Tudo estava escuro, mas era uma noite de Iniciação e ele teria que ir até as masmorras. Nos últimos tempos ele estava odiando ter que ir até lá, chegava ao ponto de às vezes não conseguir se olhar no espelho. Mas reprimiu sua rebeldia, e foi em frente.
Olhou para os novatos. Sentiu um pouco de pena pelo estado de embriaguez em que eles se encontravam, mas fazer o que? Tudo fazia parte da Iniciação, de repente Arthur falou:
- Obrigado Breunor' Artur parou diante dos calouros e abriu a urna que Breunor trouxera 'É chegada à hora do desafio final. Somente cinco de vocês poderão entrar para a Irmandade, e quem determinará isso serão vocês mesmos' os meninos se entreolharam curiosos e Artur deixou escapar uma risada rouca 'Cador irá separar vocês em duplas e duelarão pela vaga. Os cinco que se mantiverem de pé serão merecedores de se tornarem Reis e Sombras'. Arthur afastou-se e os meninos puderam ver espadas dentro da urna. Todas brilhavam muito e aparentavam ser pesadas.
Arthur notou sua falta de entusiasmo e perguntou:
- Qual o problema Ivain?
- Eles estão muito bêbados. Podem se machucar seriamente.
- Mas aí está a graça da coisa: Sangue! - respondeu Accolon e os outros riram, Arthur continuou:
- Cada um de vocês irá duelar por seu lugar em nosso mundo. Os vencedores farão parte da Irmandade, e os perdedores... Bem, ser chamado de perdedor já diz tudo. Que comecem os duelos.
Cador empurrou os calouros para que ficassem de pé e os dividiu em cinco duplas, ordenando que cada um apanhasse uma espada. O barulho de um tiro ecoou pela sala e logo o lugar se encheu com o som das espadas se chocando uma com as outras.
Não demorou muito e o cheiro acre de sangue começou a impregnar o ar. Ao final havia cinco vitoriosos, eram os que exibiam menos cortes e se mantinham de pé, já os cinco perdedores sangravam bastante.
- Ivain quero que leve estes garotos e os largue na praça. São indignos de estar em nossa presença. Quero que lidere isso pessoalmente, como seu pai fazia no passado. - ele sentiu uma raiva surda. Ele odiava lembrar que o pai havia cruzado aquelas masmorras antes dele.
- Não farei isso. Vou levá-los ao médico, estão muito machucados. Não achei que fosse deixar eles quase se matarem, Arthur. - ele respondeu revoltado enquanto abaixava para levantar um dos feridos. Olhou em volta e alguns exibiam o mesmo ar de preocupação que ele, mas estavam parados.
- Você ousa não cumprir uma ordem minha? Seu pai não agiria assim. - Arthur disse ríspido.
- Eu não sou o meu pai. Não apóio machucar alguém apenas por prazer. Eles ainda são garotos.
- Foi escolha deles, entrar pra a Irmandade, e isto requer sacrifícios. Ou você não se lembra como foram os seus? Vejo que você está mudando suas prioridades...
- Lembro muito bem, e começo a achar que meus sacrifícios não valeram à pena. Minhas prioridades dizem respeito apenas a mim. - e todos o olharam com espanto.
Ninguém nunca havia enfrentado o seu líder antes.
- Está arrependido Ivain?- o líder perguntou venenoso.
- Sim, estou.
- E o que vai fazer a respeito?- provocou Arthur.
- Cansei-me das ordens insanas, das crueldades gratuitas, de tudo... Eu estou saindo da Irmandade.
- Ninguém abandona a Irmandade. Não se quer se manter vivo. – ameaçou Accolon.
- Posso e vou. – ele respondeu e colocou a mão em sua varinha, disposto a tudo.
- Calma senhores. Para que você deixe a Irmandade há um preço, está disposto a pagá-lo?- perguntou o líder.
- Qual é o preço?- e sentiu seu estomago dar um salto.
- Haverá um duelo, igual ao dos trouxas. E se você vencer partirá. Viraremos as costas a você, e não conte conosco para nada. Agora se você perder... Permanecerá conosco e será regiamente castigado. Ah, meu jovem, você verá que as dores destes infelizes, não serão nada comparadas às suas. Quem quer enfrentar o desertor?
- Eu! Sempre soube que você não compartilhava de nossos ideais. - disse Galahad entre dentes.
- Não quando eles perderam o rumo Galahad. - respondeu.
O duelo seria com pistolas. Ficariam de costas um para o outro, contariam 10 passos virariam e disparariam. O primeiro a sangrar perderia.
Tudo foi feito como mandado, na hora dos tiros, o que se chamava Galahad recebeu um tiro de raspão no braço e Ivain foi ágil ou sortudo o bastante para apenas ouvir a bala passar zunindo pela sua orelha esquerda.
Soltou o ar preso nos pulmões: Ele havia vencido.
Estava livre para partir.
O líder virou-lhe as costas e riscou seu nome do livro de membros.
- Você deixou de existir para nós Ivain, Cavaleiro do Leão. – sentenciou o líder e ele acenou afirmativamente com a cabeça. Enquanto ele ajudava um dos meninos machucados a se levantar, olhou em volta e viu Galahad ser atendido por Boors. Tudo ficaria bem.

Caminhava devagar, pois os garotos não tinham muita força para andar e ainda estavam sob os efeitos do álcool. Não sabia quanto tempo havia passado, quando escutou passos as suas costas e se preparou para duelar com a varinha. Viu quando Galahad e Gauvain se aproximaram e o ajudaram com os garotos, sem falar nada. Caminharam silenciosos até a sua república e ele colocou os garotos lá dentro, virou-se para agradecer aos dois que ele considerava como amigos, mas eles o olharam friamente, dava para sentir o desprezo que sentiam por ele. Sentiu-se um pouco chateado, mas a sensação de liberdade logo o confortou.
Gemidos de dor o lembraram que havia muito a fazer, antes que a noite terminasse. Ouviu passos na escada e viu que teria ajuda para cuidar dos rejeitados.
- O que você fez Ivain?- perguntou um jovem.
- Não sou mais bem vindo entre eles, Kay.
- Não me chame assim, não fui digno de manter o nome de meu pai. – respondeu o jovem e após olhar para os garotos disse:
- Pelo menos eles vão ficar vivos. Devíamos ter formado nossa própria irmandade.
- Já a temos. Sempre o vi como meu irmão, Kay. – eles trocaram um sorriso e começam a fazer os curativos nos feridos. Infelizmente alguns deles, levariam as cicatrizes daquela noite pelo resto da vida.