Wednesday, May 27, 2009

Corpo de aluna desaparecida é encontrado.
Homem é preso tentando remover o cadáver.

Josef Parvanov, 41, foi preso em flagrante enquanto tentava remover o corpo da estudante Tatiana Petrov, 17, do local onde havia enterrado. Condenado a 30 anos de prisão, Josef Parvanov tentou resistir à abordagem dos aurores, mas acabou sendo mobilizado.

Em um julgamento que durou cerca de três horas, o estudante Maxmillian Parvanov, 17, foi absolvido e declarado inocente pela morte de Tatiana. O advogado de defesa do réu, Nikolai Stanislav, disse à imprensa que seu cliente não teve culpa na morte de Tatiana e que havia provas suficientes para encerrar o caso. Nikolai também pediu ao juiz que a guarda de seu cliente fosse retirada do pai e passada ao avô do réu, Andrei Stanislav. Devido ao histórico do réu, ele deverá ficar sob a custódia do avô até completar 21 anos.

A família de Tatiana não quis comentar a morte da filha, mas informou ao jornal que o enterro será dia 28 de Maio, às 15h no cemitério de Sofia, Bulgária. Veja detalhes do julgamento na página 12.


Dobrei o jornal e o deixei em cima da mesa, encarando Micah. Já havia passado uma semana desde que Dario apareceu apavorado na república, contando que Tatiana havia morrido. E até aquela manha, tudo que os alunos de Durmstrang sabiam era que ela estava desaparecida. A notícia de sua morte chocou a todos e aquele era o único assunto ouvido por todos os cantos do castelo. O fato de sua morte ter ocorrido dentro dos terrenos da escola e ter tido a presença de dois alunos piorava a situação. Dario, e principalmente Max atraiam olhares curiosos por onde passavam e alguns mais abusados os abordavam querendo detalhes, mas ambos estavam instruídos pelo meu tio Nikolai a não darem nenhum tipo de declaração sobre o assunto a ninguém.

Era véspera do meu aniversário, mas pela primeira vez não tinha planos para comemorar. Tinha tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo ao meu redor que acabei esquecendo e agora com o anuncio da morte de Tatiana, não tinha clima. Faltava só um mês para a nossa formatura, poderia comemorar depois que saísse da escola e deixasse pra trás toda a atmosfera pesada que ela carregava ultimamente.

Durante todo o dia, não conseguia deixar de observar Max. Afastado de Luka, sentou sozinho durante as primeiras aulas do dia e se ocupou em copiar tudo que os professores passavam, sem interromper com alguma gracinha ou conversar com ninguém. Notei que as pessoas evitavam se aproximar dele, talvez temessem ter o mesmo fim que Tatiana, e por mais que aquilo fosse horrível, não podia deixar de pensar que era culpa dele. Se não tivesse feito tanta bobagem, hoje não estaria recebendo aqueles olhares acusadores.

‘Bem feito’ Micah falou baixo do meu lado, vendo que eu olhava para Max do outro lado da sala ‘Ele procurou por isso, não sinto pena’

‘Eu sei que é culpa dele, mas sinto pena sim’ Respondi voltando minha atenção a ele ‘Apesar de tudo, ele é meu irmão’

‘Sei disso e não vou dizer o que deve ou não fazer, você não é mais criança’ Micah respondeu ‘Mas tome cuidado para não se magoar de novo’

‘Não se preocupe’ Sorri agradecida ‘E pode deixar que não vou exigir que se bem com Max por minha causa. Só não quero que fiquem trocando ofensas de graça’

‘Da minha parte isso não vai acontecer’ Ele garantiu, apontando para o quadro ‘Mas agora sugiro que comece a prestar atenção na revisão de Feitiços, nossos N.I.E.M.s começam em menos de duas semanas’

Depois da “bronca”, parei de prestar atenção ao que Max fazia e passei a prestar atenção ao que o professor Lênin dizia. Tínhamos pouco mais de uma semana de aulas antes das duas semanas onde aconteceriam os exames de N.O.M.s e N.I.E.M.s e o clima entre os alunos do quinto e do sétimo ano era de tensão. Alguns alunos, como Griffon, comerciavam entre os alunos produtos para auxiliar a concentração e melhorar a agilidade mental. Algumas vezes eu e as meninas ficamos tentadas em comprar uma das porcarias que Griff oferecia, principalmente a garrafa de Elixir de Cérebro de Baruffio, mas Ty nos advertiu que nem todos funcionavam, então desistimos.

Depois da aula de Trato de Criaturas Mágicas tínhamos Educação Física, mas como estava grávida, o treinador havia me liberado das aulas e me delegado a tarefa de fazer todas as anotações que ele solicitava, então passei a aula inteira sentada na arquibancada com uma prancheta na mão, observando a turma correr de um lado para o outro atirando bolas uns nos outros em uma acirrada disputa de queimada, dessa vez com cinco bolas mais pesadas em campo. Milla agora estava mais calma, mas ainda assim Volkov se certificou de escolhê-la para o seu time. Max ficou por último e Micah se viu forçado a chamar seu nome para completar o time que comandava. A brincadeira seguia amistosa, até que um dos amigos de Max atirou uma bola com violência para cima dele, acertando seu rosto. Uma segunda bola voou na direção de Chris, partindo de outro amigo de Max, e também o acertou no rosto. O apito do treinador soou na hora.

‘Eu disse que era uma brincadeira amistosa!’ Esbravejou enquanto entrava em campo, retendo as bolas ‘Max, Chris, para o banco. Ivan, Klaus, 10 voltas no campo. Os outros podem continuar o jogo’ E devolveu as bolas

Max e Chris caminharam na direção onde eu estava e abri a bolsa térmica que estava do meu lado, pegando gelo. O rosto dos dois estava bem vermelho, a marca das linhas da bola bem evidentes. Chris sentou do meu lado, mas Max pegou o gelo da minha mão e desceu alguns degraus, mantendo distancia.

‘E ai? Vai comemorar o aniversário aonde?’ Chris perguntou sorrindo, mesmo com uma bolsa de gelo no rosto.

‘Não vou comemorar, não tem muito clima’ Respondi desanimada.

‘Ah não, nada disso!’ Exclamou indignado e ri ‘Você está completando 18 anos e está esperando um bebê! Não pode passar em branco!’

‘Não inventem nada exagerado, por favor’ Quase supliquei ‘Não tem o menor clima pra bagunça, os alunos acabaram de saber da morte da Tatiana’

‘Pode deixar, vai ser simples’ Ele jogou a bolsa em cima do banco e levantou ‘Vou jogar mais um pouco’

Chris desceu as arquibancadas correndo e voltou para o jogo, mas Max não saiu do lugar. Sei que ele estava ouvindo nossa conversa, embora não se movesse e fizesse parecer que não estava prestando atenção a nenhum barulho ao seu redor. Queria falar com ele, não negava. Mas ainda não conseguia reunir coragem para isso. Max havia me magoado demais, não sabia quando poderia perdoar tudo que fez e passar uma borracha no passado. Mas para minha surpresa e alivio, foi ele quem deu o primeiro passo. Meu irmão levantou de onde estava e veio até mim.

‘Não precisa falar comigo, tudo bem’ Falou de repente, me pegando desprevenida ‘Só quero que saiba que Tatiana me contou antes de morrer que você está grávida e eu não contei ao nosso pai. No que depender de mim, ele jamais vai saber’ Ele terminou de falar e me devolveu a bolsa, virando de costas.

‘Max!’ Chamei-o de volta e ele se virou ‘Feliz aniversário’

‘Feliz aniversário pra você também’ Ele deu um sorriso discreto e sorri de volta. Ainda não estava pronta para conversar com ele, mas era um começo.

Ele voltou ao jogo e continuei sentada assistindo. Depois da aula me dei folga dos clubes daquela noite e Georgia, como presente de aniversário, me liberou da reunião com clima de velório que teria no jornal. Já era quase meia noite quando saímos da aula de Adivinhação e quando cheguei a Avalon, Georgia, Dario, Victor, Ricard, Ty, Gabriel, Miyako, Griff, Gina, Shannon, Luna, Seth, Reno e as gêmeas já nos esperavam e tinham decorado toda a sala com balões. Cada um usava um chapeuzinho de festa colorido e colocaram um cor de rosa na minha cabeça.

‘Ainda restam 10 minutos do seu aniversário, dá tempo de assoprar as velas e fazer um pedido’ Ty disse enquanto ajeitava o chapéu na minha cabeça.

‘Vocês fizeram um bolo?’ Perguntei surpresa.

‘Não é bolo, é muffin’ Nina saiu da cozinha com uma bandeja com 18 dos bolinhos feitos por Milla, cada um contendo uma vela acessa ‘Sabe como é, ninguém consegue comer 300 desses em uma semana, então congelamos alguns pro seu aniversário’

‘Vamos, faça um pedido antes de assoprar as velas!’ Milla disse animada, batendo palmas.

‘Calma, estou pensando!’ Falei rindo, enquanto eles se aglomeravam em volta de mim.

‘Depressa, só tem 8 minutos’ Vina consultou o relógio.

‘Se passar de meia noite não vale mais’ Micah falou.

‘Ok, já sei!’ Falei animada e eles comemoraram pela demora.

Aproximei-me das 18 velas, mas antes de assoprar olhei para cada um deles ali na sala. Estavam todos rindo, usando aqueles chapeuzinhos cônicos, assoprando cornetas e batendo palmas, alheios a tudo de ruim que já havíamos passado naquele ano. Guardei aquela imagem na memória e antes de assoprar as velas, desejei ter aquelas pessoas do meu lado pelo resto da minha vida, permitindo que momentos assim se repetissem muitas e muitas vezes.

Monday, May 25, 2009

Por Dario Stanislav

"É nos momentos de decisão que o seu destino é traçado."

Anthony Robbins


Evie e Micah deixaram o escritório de meu avô e ele me deixou sentado no sofá tomando um copo com água e açúcar enquanto mexia em alguns papéis em sua mesa e ouvi quando ele chamou o diretor através de um espelho de duas vias. Não demorou nem cinco minutos para Igor Ivanovich aparecer e vovô começou a relatar tudo que eu havia contado a ele. O diretor apenas balançava a cabeça, incrédulo, e juntos tomavam decisões sobre o que fariam em seguida. Vez ou outra o diretor pedia que eu confirmasse algo que vovô dizia, mas eu só conseguia balançar a cabeça sem dizer nenhuma palavra.

‘Andrei, não podemos deixar isso passar’ O diretor falou se mexendo desconfortável na poltrona ‘Uma aluna morreu nos terrenos da escola! Daqui a pouco os alunos vão sentir a falta dela!’

‘Não vai passar, Igor, não se preocupe’ Vovô falou confiante ‘Mas o importante agora é não divulgar que essa menina está morta. Mande uma nota ao jornal notificando o desaparecimento dela, apenas isso. Josef verá que ela está sendo procurada, isso já vai fazê-lo recuar alguns passos. E até que ele venha a escola atrás do meu neto, já terei tudo sob controle’

‘Espero que saiba o que está fazendo, Andrei’ O diretor não parecia muito à vontade com a idéia do meu avô, mas não viu outra saída senão aceitar ‘Enfim, vou enviar uma carta ao Profeta Diário, quero isso publicado na edição de amanha’

‘Com licença, Andrei’ Alguém bateu na porta e o professor de poções entrou ‘Trouxe a poção que me pediu. O que está acontecendo?’

‘Acompanhe-me até minha sala, eu explico no caminho’ O diretor levantou da poltrona e saiu da sala, empurrando o professor Klasnic para fora ‘Boa noite, professor’

‘Tome, beba isso e se acomode no sofá, voce vai dormir aqui hoje’ Vovô falou me entregando uma caneca com a poção que o professor trouxe ‘Amanha de manha vamos resolver essa história. Boa noite’

O cheiro da poção era horrível e a aparência não ajudava muito, mas bebi o conteúdo de uma vez só e nem tive tempo de me aconchegar no sofá, pois apaguei no mesmo instante. Acordei com a claridade entrando pela janela e vi meu avô sentado em sua mesa escrevendo em um pergaminho. Ele notou que estava acordado e sorriu gentil, enrolando o pergaminho e amarrando na pata de uma coruja antes de despachá-la pela janela aberta.

‘Sonhei com corujas a noite toda’ Falei levantando e caminhando até ele ‘Podia ouvi-las tão bem que era como se estivessem aqui’

‘Não foi sonho, passei boa parte da madrugada despachando corujas para algumas pessoas que podem ajudar’ Vovô respondeu achando graça e me estendeu uma xícara de café ‘Beba, vamos sair em 5 minutos’

‘Aonde vamos?’ Perguntei experimentando um pouco do café forte que ele fazia.

‘Pôr um fim definitivo nessa história’


*****

‘Qual é o quarto dele?’ Vovô perguntou quando entramos na Chronos, a nova casa de Max.

‘Quinto andar, a última porta do corredor’ Reno respondeu ‘Ele ainda não saiu’

‘Obrigado, Sr. Kollontai. Dario, venha comigo’

Mesmo a contragosto, segui vovô pelas escadas até o quarto onde Max dormia. A porta estava entreaberta e ele nem mesmo bateu antes de entrar, pegando Max e Luka de surpresa. Luka ainda estava de pijama, mas Max já estava com o uniforme quase completo.

‘Vovô?’ Ele se espantou ‘O que faz aqui?’

Mas vovô não respondeu. Caminhou até a cama de Max e sem ele esperar, agarrou sua orelha com a mão e o ergueu com um puxão rápido. Max gritou de dor e Luka reagiu, mas foi puro impulso, pois não saiu do lugar, ele não teria coragem de enfrentar um professor de graça. Fiquei parado na porta perplexo e abri caminho quando vovô passou arrastando Max pela orelha escada abaixo, seguindo os dois sem reação. Passamos por Reno na sala e ele sufocou uma risada, o que acabou me fazendo rir também. Mas bastou um olhar severo do meu avô para o sorriso evaporar do meu rosto e os segui pelo resto do caminho em silencio.

‘Vovô, pare!’ Max protestava, sem sucesso. As poucas pessoas que já circulavam cedo pela escola presenciavam a cena e davam risada ‘Está me envergonhando na frente de todo mundo!’

‘Você quer falar de vergonha, Maximillian?’ Vovô falou ríspido, quando entramos no castelo e o corredor estava vazio ‘Que tal a vergonha que você me faz sentir em ser seu avô? Que tal a vergonha que está prestes a fazer nossa família passar?’

‘Do que está falando?’ Max tentou se desvencilhar mais uma vez, mas tropeçou nas escadas e desistiu.

Vovô não respondeu outra vez e continuou o arrastando escada acima, até que chegamos ao seu escritório. Ele destrancou a porta com a varinha e empurrou Max para cima do sofá, trancando quando entrei. Max se sentou revoltado, mas assim que abriu a boca para falar, vovô foi mais rápido.

‘Tatiana Petrov’ Vovô falou de cara e a expressão no rosto de Max era de puro pavor ‘Já sei de tudo que aconteceu, Dario estava lá e viu quando ela caiu do palco e morreu. Viu também o seu desespero e quando Josef chegou, dando sumiço ao corpo dela’

‘Vovô, eu não tive culpa! Foi um acidente!’ Max disse desesperado ‘Se ele estava lá, pode confirmar!’

‘Dario disse que a culpa não foi sua, mas essa mentira não pode ter continuidade’ Vovô foi enfático ‘O que acha que vai acontecer quando encontrarem o corpo dessa menina, Maximillian? Acha que vão acreditar na história que seu pai irá plantar? Podem acreditar de inicio, mas a verdade sempre vem à tona!’

‘Eu não pedi que ele sumisse com ela, só entrei em pânico e não sabia quem chamar!’ Ele se defendeu.

‘Não importa quais foram as suas intenção, essa farsa tem que acabar. Você vai se entregar a Suprema Corte dos Bruxos e contar o que aconteceu’

‘Com todo respeito, vovô, mas o senhor está louco?’ Max se espantou com o que ele sugeriu ‘Não posso me entregar, serei preso!’

‘Se você se entregar, não será preso’ Falei pela primeira vez ‘Eu vou ser sua testemunha de defesa, eles vão usar a minha memória em uma penseira para ver que você não teve culpa’

‘É sua única alternativa, Maximillian’ Vovô tornou a falar e seu tom de voz era irredutível ‘Se não se entregar, eu o farei. E não permitirei que Dario testemunhe ao seu favor, será condenado como cúmplice de Josef por encobrir um crime’

‘O senhor vai me entregar?’ Max parecia chocado.

‘Não tenho alternativa. Não irei acobertar essa mentira, estamos falando de uma vida que foi tirada de uma menina de 17 anos, dentro dos terrenos de uma escola. Prefiro ver meu neto preso do que solto e sendo levado a seguir uma vida como a que seu pai leva’

‘Se eu me entregar, vou acabar denunciando meu pai’

‘Está na hora de você escolher de que lado está, Maximillian’ Vovô caminhou até ele e apertou seu ombro ‘Seu pai cometeu atos monstruosos e já tirei Evangeline de seu poder, mas para que tire você também, terá que querer. Se decidir ficar do lado dele, não contará mais com o nosso apoio e estará por conta própria, sabe disso’ Max balançou a cabeça em concordância e a abaixou em seguida ‘Está em suas mãos decidir o que fazer. Tome a decisão mais sábia’

Vovô soltou seu ombro e Max continuou de cabeça baixa, sem coragem de nos encarar. Pela primeira vez, vi meu primo abaixar a guarda e pude ouvir o barulho de um choro contido e ao mesmo tempo desesperado. Um choro de quem tinha apenas alguns segundos para definir o rumo de uma vida toda. Decidir se continuava leal a quem sempre foi ou salvava a si mesmo e abandonava o próprio pai.

Saturday, May 23, 2009

Estava na Spartacus com Micah e ele me ajudava a procurar Dario. Não tinha noticias do meu primo desde a noite anterior. Primeiro Milla havia tido um surto psicótico e passado toda a madrugada fazendo faxina e cozinhando, depois Dario não aparecia para nenhuma aula. Estava preocupada com seu sumiço e já não restava mais ninguém da casa para interrogar quando ele surgiu do nada, parando na porta da sala. Estava despenteado, uma aparência abatida e olheiras enormes, de quem não dormia há horas.

‘Dario!’ Dei um salto do sofá ‘Onde se meteu? Procuramos você por toda a escola? Por que não foi às aulas de hoje?’

‘Calma Evie, deixa-o respirar’ Micah levantou também e segurou meu braço ‘Está tudo bem, cara? Estávamos preocupados’

‘Estava na torre de astronomia’ Respondeu sem esboçar reação alguma, olhando pra nós dois meio atônito.

‘O dia todo?’ Falei espantada ‘O professor Ivo pirou porque você perdeu o ensaio. Alias, hoje foi o dia dos sumiços, porque também não vi Max pelas aulas e nem Tatiana. Georgia está furiosa, marcou uma reunião de emergência com a equipe do jornal e ela não apareceu, disse que vai demiti-la. Tomara que faça isso, não agüento mais a garota-prozac’

‘Ela morreu’ Dario falou ainda naquele estado catatônico e olhei para Micah.

‘Quem morreu, Dario?’ Ele perguntou com cautela.

‘Tatiana. Eu vi. Ontem de madrugada, na masmorra. Max estava lá, foi um acidente, ela caiu’ Ele respondeu pausadamente, olhando para um ponto fixo que ia além de nós dois. Sentei outra vez no sofá, em choque.

‘Vem aqui, Dario, senta no sofá e explica isso direito’ Micah foi até ele e o rebocou até o sofá, o forçando a sentar ‘Que história é essa?’

‘Ele levou ela embora enrolada num lençol, sumiu com o corpo!’ Dario não falava coisa com coisa e tentávamos entender.

‘Quem levou ela? Max?’ Perguntei com a voz rouca por causa do susto.

‘Tio Josef. Max o chamou e ele o mandou embora, disse que ia cuidar de tudo. Ele a levou embora’

‘Evie, se ele não estiver alucinando, isso é grave’ Micah me encarou preocupado e concordei com a cabeça ‘Acho que devemos levá-lo até seu avô’

‘Também acho melhor’ Levantei do sofá e segurei o braço direito do meu primo, enquanto Micah segurava o outro ‘Vamos Dario, vamos conversar com o vovô, ele vai saber o que fazer’

Levantamos ele sofá e Dario estava em um estado tão disperso que não resistiu e deixou que o guiássemos até a sala do nosso avô. Ele ia ficando cada vez mais mole no caminho e repetindo que Tatiana havia morrido e que Max não tinha culpa, que tinham que encontrar o corpo dela e saber a verdade. Eu ia tentando acalma-lo, mas ele parecia não ouvir nada do que eu dizia.

‘Evie?’ Vovô abriu a porta surpreso ‘O que faz aqui a essa hora? Marcamos algum chá?’

‘Não vovô, é o Dario’ Apontei para o meio do corredor, onde Micah o carregava apoiado nos ombros ‘Acho que temos um problema’

Vovô se apressou em ajudá-lo a colocar Dario sentado no sofá e conjurou uma xícara de água com açúcar, o forçando a beber. Dario ainda repetia o que vinha dizendo desde que saímos da república e vovô olha dele para nós dois de olhos arregalados.

‘O que ele está dizendo?’ Perguntou confuso ‘Isso é verdade?’

‘Não sabemos, ele apareceu dizendo isso agora pouco, depois de sumir o dia inteiro’ Micah respondeu ‘Mas pelo estado dele, senhor, é verdade. Sei o que é ficar em estado de choque por presenciar algo desse tipo’

‘Dario, olhe para mim’ Vovô se agachou de frente para ele e Dario o focou, embora ainda parecesse um pouco disperso ‘Está me ouvindo? Entende o que estou dizendo?’ Ele confirmou com a cabeça, olhando fixamente para vovô ‘Quero que me diga, do começo, o que você viu ontem. Conte a história desde o inicio, sem pular nenhum detalhe. Você viu Tatiana Petrov morrer?’

Dario fez que sim com a cabeça e começou a narrar, com uma voz mórbida que beirava o tédio, tudo que aconteceu desde o momento onde levantou da cama sem sono e foi até as masmorras onde aconteciam as reuniões da Reis & Sombras. Meu queixo foi caindo enquanto ouvia-o narrar o acidente que levou a morte de Tatiana e quando meu pai limpou todas as evidências, desaparecendo com o corpo dela. Ele terminou a narração contando que saiu da masmorra quando amanheceu e, sem coragem de voltar para a república e encarar a todos o perguntando por que estava com aquela cara de pânico, se escondeu na torre de astronomia até decidir o que fazer.

‘Vovô, isso é horrível!’ Falei com os olhos cheios de lágrima. Não suportava Tatiana, mas nunca desejei aquilo para ela ‘O que vamos fazer?’

‘Vocês não farão nada, já estão comprometidos demais com as histórias de Josef’ Vovô falou em tom autoritário, daqueles que não dão margem para argumentação ‘Eu vou cuidar disso. Dessa vez Josef não tem como sair impune. Voltem para as repúblicas e não dêem um pio sobre esse assunto com ninguém, entenderam? Alertem apenas aqueles que estão cientes de todas as medidas que foram tomadas até agora para manter Josef afastado e peçam sigilo. Se a morte dessa menina ainda não saiu nos jornais, então significa que seu corpo não foi encontrado. Não vamos fazer alarde quanto a isso por enquanto, não ao menos até que eu tenho tudo sob controle’

‘E quanto ao Dario?’ Perguntei vendo meu primo beber o resto da água com açúcar, começando a tremer.

‘Deixem que eu cuido dele’ Vovô descansou a mão sobre seu ombro e apertou ‘Ele vai ficar bem, não se preocupem’

Ainda hesitei um pouco, mas Micah me puxou pelo braço para fora da sala e deixamos Dario sob os cuidados do vovô. Não sabia o que ele ia fazer, mas tinha certeza que o que quer que fosse, ia ser para nossa segurança. Voltamos para a república depressa e reunimos nossos amigos, explicando o que tinha acontecido. Todos ficaram horrorizados ao saberem da forma com que Tatiana morreu, mas todos concordaram em não deixar que a notícia se espalhasse até que vovô tivesse tomado todas as providências, então a única coisa que podíamos fazer naquele momento era esperar.

Thursday, May 21, 2009

[Memórias de Ricard Dragash]

Após chegar de Paris com Gabriel, Ty e Wes, eu só pensava em cair na cama e dormir várias horas seguidas mas, mal tinha pisado em Durmstrang, fui barrado por uma Geórgia bastante carrancuda, na porta da Spartacus.

- Você não me disse que ia para Paris. – ela acusou e a encarei sem entender.
- Eu não sabia que iria. Decidimos de última hora. Aconteceu alguma coisa? Porque está aqui?

Ao perceber meu assombro na voz por causa de toda aquela situação peculiar, ela relaxou, abaixando os ombros e aliviando o brilho de irritação dos olhos.

- Não. Não é nada demais. Só vim te trazer isso. – ela estendeu um livro de capa vermelha e lustrosa. – É aquele livro sobre musicais que ia te emprestar...
- Ah! Ok. Obrigado. – recebi o livro e esbocei um meio sorriso. Ela me encarava de maneira distante, como se estivesse me vendo, mas não enxergando. Alguns segundos depois, balançou um pouco a cabeça e seus olhos me focalizaram, sua expressão muito séria. Deu alguns passos na minha direção e agora estávamos bem perto. Eu não me mexi. Esperei ela me dizer o que estava acontecendo.
- Fique parado, está bem? Por favor.
- O que está acontecendo? - ela continuava a se aproximar e senti minhas mãos ficarem geladas e imóveis quando ela as entrelaçou com as dela. Eu já podia contar os riscos dos seus olhos.
- Só quero tentar uma coisa. - ela sussurrou a poucos centímetros de mim. - Tudo bem?

Como continuava imóvel e sem resposta, ela deu um último passo pra frente e colou seus lábios nos meus. Nossos olhos se encontraram nesse instante e ela parecia, agora, tão assustada quanto eu. Por uns segundos, continuamos assim: lábios colados, olhares assustados. Estávamos nos beijando – se é que “aquilo” poderia ser considerado como um beijo! Antes que chegasse a alguma conclusão, porém, ela se afastou. Não o suficiente para não continuarmos nos encarando. Mas agora tudo estava diferente. Apesar de demonstrarmos espanto com o que tinha acontecido, parecia certo...

Decidi, por nós dois, que não precisava estender demais aquele momento que já estava se tornando maçante. Medindo cada movimento, estiquei meu braço em direção ao seu rosto e o segurei de leve, sorrindo. Ela sorriu também e pareceu aliviada. Adiantou-se novamente, jogando os dois braços ao redor do meu pescoço e colando novamente nossos lábios. Envolvi sua cintura, puxando-a para mais perto, e correspondi ao beijo.

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- Você ficou assustado. Eu quase sai correndo quando você me olhou. – Geórgia comentou, a cabeça encostada no meu ombro.
- Sério? Porque será? – perguntei sarcástico. Ela se levantou, sentando reta.
- Eu queria te pedir um favor... Não me entenda mal...
- Pedir, claro. Se eu puder atender...
- Será que podemos esconder isso dos outros, por enquanto? Só até tudo ficar mais resolvido e calmo... entre nós... e no castelo também. – ela se justificou depressa e depois me olhou em dúvida. Ri.
- Andou lendo meus pensamentos?
- Por quê?
- Porque ia te pedir a mesma coisa. Não precisamos contar para ninguém por enquanto. Até termos certeza. Até tudo se acalmar. – repeti enfaticamente e ela concordou sorrindo e encostando a cabeça no meu ombro novamente.
- Vai ser legal quebrar mais um protocolo social.
- Vai. Quer dizer, já está sendo. – rimos.

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[Memórias de Victor Neitchez]

Feriado de Páscoa. Abril de 2000.

- Eu falei sério quando disse que não vejo problema em vocês irem passar a Páscoa lá. – insisti para Ricard e Vina, que estavam sentados na cama dele no nosso dormitório da Spartacus.

Ricard se escondia atrás de um livro de nome “Os melhores musicais dos últimos anos” e parecia nem estar ouvindo o que eu dizia, de tão vincada que sua testa estava acima da capa vermelha. Lavínia olhava dele (com desgosto e impaciência) para mim (abrindo um sorriso sempre que me escolhia como foco), e me observava arrumar algumas roupas dentro da mochila. Ao lado dela, a pasta de “Teodoro Schneider” e a foto de minha mãe, adolescente.

- E nós falamos sério quando repetimos pela quadragésima vez que preferimos ficar. – Ricard disse entediado sem alterar sua posição. Lavínia se mexeu desconfortável e virou-se zangada para ele.
- Será que dá para largar esse maldito livro por um minuto? Agora só quer saber disso e musicais, teatro, dança... Você está um chato! Passar tanto tempo com Geórgia não anda te fazendo bem. – ela disse um pouco exaltada e prendi a respiração esperando a reação de Ricard, sem necessidade. Tão calmo e entediado como antes, ele fechou o livro com suavidade e depositou-o sobre seu colo, encarando Lavínia serenamente, um sorriso falsamente meigo estampado em seu rosto. Ela, por sua vez, cruzou os braços e fechou a cara, mas sem tirar os olhos dele também. O clima de tensão era quase palpável no ar. Pigarreei.
- Mamãe ficaria feliz em tê-los lá, vocês sabem. Ela disse que vai experimentar uma nova receita de ovos de Páscoa esse ano... – a questão agora não era tentar convencê-los de novo a irem para casa comigo e sim, fazer com que desviassem os olhos um do outro antes que se engalfinhassem em uma briga. Deu certo. Um pouco mais calma, Lavínia relaxou os braços novamente e voltou seus olhos para mim, reabrindo o sorriso (embora parecesse um pouco desconfortável agora, pois podia sentir os olhos “serenos” de Ricard ainda encarando-a com atenção).
- É um assunto de família, Vi. Não nos sentiríamos à vontade se estivéssemos lá, por mais que você repita que “eles também são nossa família” e blah blah blah. Poupe-se. – Vina me cortou com a boca aberta para falar. Tornei a fechá-la, indignado, e ela riu. – Nós vamos ficar aqui, te esperando.

Fechei o zíper da mochila e joguei-a nas costas. Não muito longe dali, o trem começou a soltar baforadas de vapor. Quando peguei a pasta do meu avô na cama, hesitei, apreensivo, me lembrando o verdadeiro motivo de estar indo para casa. Eles – que já pareciam ter esquecido o “desentendimento” de alguns minutos antes – compartilhavam da mesma ansiedade. Podia sentir isso pela maneira com que passaram a me encarar.

- Desejem-me sorte. Vou precisar. Pela primeira vez, em dezoito anos de vida, a reação da minha mãe pode ser totalmente imprevisível... Mas eu preciso de respostas e só ela pode me dar. – eles concordaram com a cabeça, sérios. Vina saltou da cama envolvendo os dois braços ao meu redor e Ricard também se levantou, instantaneamente.
- Não vou me despedir como se você estivesse indo para a guerra. Não vamos barbarizar. É a sua família, sua casa, sua mãe. Não interessa o passado dela e nem nada disso... Ela continua sendo a mesma. Não vai “surtar” com você. – ele disse com um tom irônico e ri. Parou na porta. – Você ainda está me devendo um ovo de Páscoa com a nova receita. Não tente fugir das suas obrigações porque não vou aceitar desculpas se não trouxer. – levantou a sobrancelha estrategicamente.
- Não. Nem estava pensando nessa possibilidade. – respondi e rimos. Saiu do quarto em seguida e Vina bufou.
- Ele está tão diferente esse ano... Tão... “atrevido”. – ela disse entre dentes, ainda abraçada a mim e olhando a porta, onde Ricard tinha sumido segundos antes. Coloquei a mão sob seu queixo, levantando seu rosto para me olhar.
- Você prometeu, Vina. Deixa Ricard viver a vida dele, em paz. Ele está feliz, isso é perceptível. Por favor, ok?! Não briguem enquanto não estiver aqui. – a encarei suplicante e ela concordou com a cabeça, afundando seu rosto em meu peito.

Vina nunca concordaria com isso, mas ela estava muito mais diferente do que Ricard nos últimos meses. Mais paciente, mais carinhosa, e muito mais dependente de companhia. As amigas nunca a deixavam sozinha, mas, quando não estava com elas, estava comigo. O tempo todo. E não brigávamos mais, por coisa alguma. Não sei se o que estava causando tudo aquilo com ela eram as diversas situações tensas no castelo, ou talvez uma nostalgia antecipada pré-formatura; se estava apenas preocupada com os NIEM’s e o futuro, ou qualquer outro motivo que eu nunca seria capaz de entender (dos bilhões que mulheres costumam ter), mas o fato é que as peças estavam invertidas, pois agora quem mediava entre dois lados era eu e não Ricard (como sempre tinha sido), e ele tinha razão: era muito mais difícil do que parecia.

- Vou sentir saudades. Ficar entediada. – ela assumiu com a voz abafada e ri, dando um beijo em sua testa.
- É só uma semana. Aproveite as férias de mim e quando eu voltar recuperaremos o tempo perdido.
- Vou cobrar. – ela sorriu se estendendo um pouco sobre os pés para me dar um beijo lento. Quando nos afastamos, ela me olhava um pouco tensa e ansiosa. – Tente não se exaltar tanto também, ok? Deve ser difícil para Mag falar dessa história, então, não a pressione muito. Ela tem o direito de esconder, se quiser. Não acho que vá “surtar” e nem nada disso, mas... Bem, é a vida dela. Deixe-a contar a você somente aquilo que se sentir à vontade.
- Eu sei. Não vou pressioná-la. Mas agora que eu sei de quase tudo... realmente seria bom se ela respondesse algumas últimas perguntas. Não se preocupe. Nós vamos ficar bem. – ela concordou e a beijei novamente, levantando-a alguns centímetros do chão. O trem soltou novas baforadas. – Agora preciso ir ou me deixam para trás. Uma semana, ok?
- Ok. Vá logo antes que isso comece a ficar dramático demais. Pela primeira vez em vários meses, vou ter de concordar com o Ricard: você não está indo para uma guerra, afinal. – concordei rindo e lhe dei um último beijo apressado.

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A casa estava vazia quando cheguei e presumi que todos estivessem trabalhando. Como não tinha confirmado com ninguém que iria, fiquei satisfeito em perceber que ainda tinha algumas horas até que mamãe voltasse da livraria e até que a casa ficasse cheia, como o habitual.

Abri a pasta sobre a cama e espalhei os diversos documentos sobre ela, analisando cada um deles novamente (nos últimos dias eles tinham se tornado um tipo de obsessão e eu não me cansava de lê-los e relê-los como se esperasse que, em algum momento, todas as peças distorcidas se encaixassem em um perfeito quebra-cabeça). Mamãe nunca falara de sua família conosco e sempre evitava o assunto e agora eu podia entender o porquê (pelo menos a essência), mas enquanto olhava para sua foto de quando tinha a minha idade, não conseguia pensar em nenhum bom motivo para deixar tudo aquilo como sempre esteve: enterrado. Eu precisava saber por que ela saiu de casa, porque meu avô quis matar meu pai e, principalmente, qual era a relação de tudo aquilo com o pai de Evie e a avó de Micah.

“Me desculpe mãe, mas você é a única que pode me responder tudo isso.” – sussurrei defensivamente para sua foto, mas ela abriu o costumeiro sorriso despreocupado para mim.

"Loucura e inocência são tão parecidas, que a diferença, embora essencial, mal se percebe." (William Cowper)

- Alguém poderia me dizer um antídoto simples para quase todos os venenos das plantas que estudamos?
- Eu! Eu! Eu! - levantei a mão o mais alto que podia depois de empurrar o braço da Annia, e exibia um sorriso enorme quando o professor Kalashnikov, virou para o meu lado espantado pela minha euforia.
- Que bom, uma aluna diferente hoje. Pode falar senhorita Kovac.
- Bezoar...
- Muito bem, vou...
- É uma pedra retirada do estômago da cabra..- continuei empolgada.
- Sim, informação correta...- ele tentou novamente e eu interrompi, para espanto dos meus colegas.
- Ela parece um rim murcho....Mas eu nunca vi um rim estufado e saudável ao vivo, quanto mais um murcho, então não posso dizer com certeza, mas sei que se você for envenenado deve engolir uma, deve ter um gosto horrível, mas se é pra sobreviver, não dá para escolher o sabor não é? Gostaria de ver uma destas bem de perto...- disparei meus comentários e o professor limpou a garganta para falar:
- Sim, como disse antes, a informação está certa e eu vou mostrar algumas pedras para a turma, que foram cedidas pelo professor Klasnic, embora todos estejam se saindo bem nas minhas aulas, é muito bom saber como utilizar um antídoto numa situação de emergência com plantas venenosas. - então eu levantei a mão novamente e o professor me olhou com a sobrancelha levantada:
- O que foi agora Kovac?
- O senhor ainda não me deu a minha nota, pela pergunta respondida. - e ouvi alguns murmúrios de medo pela classe. O professor me olhou e depois de pensar um pouco disse finalmente:
- Dois pontos para a Ansuz, Kovac.
- Yes! - levantei o punho no ar e voltei a prestar atenção na aula.
O dia estava começando bem.

-o-o-o-o-o-o-

- Priiiiii!- apitou o professor Maddox, durante o jogo de Queimada, quando eu dei uma bolada no meio do peito num garoto derrubando-o e ele reclamou vindo para cima de mim:
- Quer me matar Kovac??É só uma brincadeira....
- Você é frouxo Volkov, o meu time tá ganhando, porque vou pegar leve com você? Tá com medinho, moça???- reagi encarando-o.
- Pessoal, vocês tão muito tensos, vamos acalmar...- disse Micah puxando o garoto junto com Ty, enquanto Victor e Wes, me seguravam do outro lado.
- Ela tá doida, é só uma brincadeira, mas ela parece que está disputando a copa de quadribol.- e eu provoquei mais:
- Ai coitadinho, como chora, nem parece um homem que tem barba na cara já.
- E você tá tão machona hoje, que deve ter nascido cabelo no peito. - ele respondeu e eu fui para cima:
- O que você falou?? Repete, se você for...
- Vamos parar com a briga já. Volkov, uma bolada no peito não mata, deixa de frescura...- Mostrei a língua pro garoto e ele me fuzilou com os olhos, e o professor se virou para mim:
- E Kovac, é uma brincadeira entre amigos, mas se o seu braço está tão forte assim e você está com muita energia para queimar, vou pedir pra você lavar os uniformes do time, você quer???
- Não senhor.
- Ótimo, vamos voltar ao jogo.
Voltamos a jogar e no final da aula me aproximei do Volkov, afinal ele era meu colega de time e nos dávamos bem em campo. Aproximei-me dele, pedi desculpas e ele depois de me olhar espantado, sorriu e disse umas gracinhas sobre como era triste eu já ter namorado, pois ele gostava de garota competitiva e eu respondi dizendo que ele chegou tarde, rimos e nos separamos. Voltei para perto dos meus amigos e eles me olhavam curiosos.
- Vamos comer alguma coisa? Estou faminta...Porque não trouxe um chocolate no bolso? - resmungava enquanto revirava as vestes.
- O que deu em você hoje? Foi abduzida?- perguntou Annia e eu dei de ombros.
- Nem durante os jogos de quadribol, você brigava em campo e hoje durante uma brincadeira, parecia que queria matar o garoto. - comentou Victor.
- Foi o calor do momento, já me desculpei com o Volkov, acredita que ele me cantou??
- Depois de você praticamente chamá-lo de maricas? Este deve gostar de umas palmadas. - zombou Ty e rimos, e antes de eu responder, Luka se aproximou:
- Milla, posso falar com você, um minuto?- e eu me atirei nos braços dele:
- Até por uma hora se quiser. - respondi enquanto ele me erguia no colo e me beijava rápido e dizia:
- Vem comigo, daqui a pouco voltamos para a ultima aula. - me despedi de maus amigos e fui jantar com ele e conversar um pouco. Era tão bom estar com ele que eu me sentia totalmente feliz.

o-o-o-o-o-oo-

Depois da aula de Adivinhação onde, eu estava agitada demais para conseguir relaxar e liberar a minha mente para poder fazer as leituras no Orbe, como o professor Vladmirovich, sempre pedia, eu voltei para a república com minhas amigas e como estávamos muito cansadas, nos deitamos para dormir, e logo as meninas ressonavam sossegadas, mas eu comecei a me revirar de um lado para o outro.
Levantei para tomar água, mas não adiantou, não estava com tanta sede assim. Talvez fosse fome....Comi alguns biscoitos, e me deitei novamente.. Afofei os travesseiros, contei carneirinhos, recitei as fórmulas de Alquimia....e novamente me levantei e fiquei sentada na cama olhando para o quarto escuro. Deitei novamente.... Mas voltei a me sentar na cama e fiquei batendo o pé no chão.
Como eu estava muito agitada, Vina resmungou:
- Vai dormir Milla, sossega.
- Estou sem sono...
- Fecha os olhos que o sono chega. - disse Nina.
- Estou muito agitada para dormir. Talvez conversar ajude...
- Então vai conversar com o espelho lá na sala, aqui nós vamos dormir. - disse Annia ranzinza, cobrindo a cabeça com um travesseiro.
- Vocês podiam ficar conversando comigo um pouco...- ainda tentei puxar assunto, mas tudo que ouvi foi a respiração suave delas. Acabei me levantando e desci para a sala.
Deitei-me no sofá da sala e fiquei por ali olhando as paredes, vendo os livros jogados no chão, esquecidos por alguma aluna, e sem que eu me desse conta comecei a juntar aqueles livros e a colocar no lugar. De repente percebi que a estante da sala estava com os livros fora da ordem alfabética, e comecei a colocar os livros em seus devidos lugares. Porém eu percebi que havia uma fina camada de poeira....Ora, passar um paninho não ia matar, então peguei uma flanela e um lustra móvel e comecei a ajeitar a estante, e depois arrematei varrendo o chão.
Logo ficou tudo arrumado, e fui devolver o pano e a vassoura para a área de serviço quando notei que algumas cadeiras estavam largadas de qualquer jeito na cozinha e havia umas migalhas no chão. Comecei a arrumá-las e eu me sentia tão bem que quando dei por mim, eu já estava passando um pano molhado na cozinha, mas não estava ficando do meu jeito. Resolvi que o melhor a fazer era lavar a cozinha e logo eu estava no meio de bolhas de sabão enquanto cantava animada uma música dos Duendeiros. Depois que terminei de limpar a cozinha, eu continuava sem sono, então comecei a olhar a despensa pra ver se precisava de alguma arrumação, e enquanto eu colocava os alimentos que iriam vencer na frente, para ser usado primeiro, eu vi um velho caderno de receitas, escondido num canto. Comecei a folheá-los e meu estomago começou a roncar, enquanto lia aquelas receitas e uma delas me chamou a atenção, parecia tão simples, que resolvi testar. Olhei ao redor e fui pegando os ingredientes, e depois de três horas de extrema dedicação, eu havia conseguido assar trezentos muffins de chocolate e foi muito divertido colocar coberturas coloridas neles.
- O que você pensa que está fazendo na nossa cozinha?? Tem noção da hora?
- Ai que susto! - gritei e quase derrubei uma bandeja de bolinhos com enfeites de estrelas coloridas, enquanto olhava para Geórgia e as garotas ainda usando pijamas e respondi:
- Estava sem sono e resolvi fazer alguns bolinhos para o café da manhã...- e elas tinham os olhos arregalados.
- Alguns? Tem um monte de bolinho enfeitado aqui, parece uma confeitaria. - disse Nina e Evie comentou:
- Nossa, o cheiro disso está muito bom, até parece os que minha avó fazia para mim. Será que estão gostosos?
- Não sei, anda não comi, comam e me digam como está...- e coloquei um bolinho na mão de cada uma e aguardei. Depois da primeira mordida, elas suspiravam:
- Muito bom...- disse Annia, mordendo um com confeitos prateados.
- Não foi você que fez isso... Hmmm...Está melhor que o do castelo...- disse Vina.
- Um só não vai dar, preciso de mais alguns para conferir. - disse Evie, pegando mais bolinhos.
Peguei alguns bolinhos e subi para me arrumar, e por incrível que pareça eu não sentia o menor cansaço. Talvez eu esteja entrando na fase em que poucas horas de sono sejam suficientes, para que eu me sinta bem, e isso vai me fazer ganhar muito tempo, e tem tanta coisa pra se fazer...

Monday, May 18, 2009

Por Dario Stanislav

Já passava da meia noite e meus companheiros de quarto roncavam alto, mas eu ainda não havia pregado o olho. Andava tentando encurralar meu primo Max, na tentativa de conseguir que ele soltasse qualquer tipo de informação adicional que nos ajudasse a manter tio Josef cada vez mais afastado de Evie e Dimitri, mas não estava obtendo sucesso. Evie havia sugerido usarmos veritasserum e apesar de ter relutado no inicio, agora considerava a possibilidade. Desistindo de dormir de uma vez por todas, arranquei as cobertas e me agasalhei, saindo da república.

Não poderia entrar no laboratorio de poções sem passar pela sala do professor, mas sabia que o estoque de poções perigosas e proibidas da Reis & Sombras continha alguns frascos da poção da verdade, que era sempre usada ilegalmente quando melhor convinha ao líder do grupo. E lá poderia entrar sem problemas. Desci as escadas de pedras geladas e fui direto ao armário também de pedra. Eram muitos frascos, alguns etiquetados e outros sem identificação, mas logo reconheci o veritasserum. Tinha apenas um frasco e o guardei no bolso, mas me distrai lendo os outros rótulos, quando ouvi passos descendo as escadas de pedra. Na urgência de desaparecer de vista, derrubei alguns frascos de poções, mas não teria tempo de limpa-los, então deixei tudo para trás e me lancei para trás de uma mesa de pedra, onde aconteciam os rituais mais tradicionais da Sociedade. Os passos iam ficando cada vez mais próximos e arrisquei espiar pelo canto da mesa. Max descia as escadas de mãos dadas com uma garota, que reconheci como uma das meninas da Avalon.

‘Quem está ai?’ Max falou alto, olhando desconfiado para os frascos de poções quebrados no chão.

‘Não tem ninguém, Maxie’ A menina disse parecendo ansiosa ‘É aqui, não é? Se as pessoas soubessem como esse lugar é fantástico...’

‘Vá com calma, Tatiana’ Max falou em tom de aviso e vi o sorriso no rosto da garota morrer um pouco ‘Não esqueça do nosso trato. Não trouxe você aqui para não cumprir a sua parte’

‘Ok, ok, mas é que é um absurdo uma sociedade secreta funcionar debaixo do nariz de toda essa gente e ninguém sequer desconfiar!’ Ela voltou a se empolgar e percebia que Max a olhava com cautela ‘E você há de concordar que vocês não são dos mais discretos. Eu descobri sobre a movimentação sem muito esforço!’

‘Houveram alguns deslizes, mas nada que não possa ser encoberto’ Max deu de ombros, se justificando ‘Não toque nisso!’

Tatiana se assustou com a voz grave dele e saltou para trás, deixando cair um frasco de cor púrpura. Max agitou a varinha depressa e conseguiu evitar que o vidro batesse no chão e o liquido se espalhasse. Ele a olhou irritado, mas Tatiana riu sem dar importância e correu para o outro lado da masmorra, desaparecendo por uma passagem apertada. Max correu atrás dela praguejando e os dois apareceram no topo de uma espécie de palco, de onde o líder costumava fazer pronunciamentos. Sua altura era de aproximadamente 3 metros e se tinha uma visão de toda a masmorra. A vista que se tinha lá de cima era uma imagem que não sairia mais da minha cabeça, pois foi no alto daquele palco de pedra que derrotei Max na luta com espadas, sob o olhar atento de dezenas de membros da sociedade.

‘Aqui em cima é onde Arthur faz todos os pronunciamentos e dá as sentenças, certo?’ Tatiana perguntou curiosa, rodeando o palco deslizando os dedos pelas pedras frias.

‘Sim, é aqui. Quer parar um pouco?’ Max pediu irritado, vendo-a correr em círculos ‘Você não pode sair entrando correndo pelas passagens, e se tiver mais alguém aqui embaixo?’

‘Relaxa, Maxie, você está muito estressado’ Tatiana parou atrás dele e passou a mão em seus cabelos, fazendo Max mexer a cabeça lentamente ‘Quando fica nervosinho assim, me lembra sua irmã’

‘O que tem a Evie?’ Max reagiu ao ouvir o nome dela e parecia incomodado, tirando as mãos dela de seus cabelos.

‘O que foi? Não posso falar da maninha? Pelo que sei, vocês nem se falam mais. Duvido até que saiba que ela está grávida. Imagino só quando o pai de vocês souber...’ Tatiana soltou a bomba e sorriu debochada, observando Max atentamente.

‘Isso não é da sua conta, deixe-a em paz’ Ele respondeu ranzinza e percebi que ele não sabia, mas não havia gostado da ameaça de contar ao tio Josef.

‘Maxmillian Parvanov defendendo a irmãzinha que fala mal dele?’ Tatiana ironizou ‘Eu morro e não vejo tudo!’

‘Deixe a Evie em paz’ Max repetiu, a encarando sério ‘Não se meta com a minha família, ouviu?’

‘Merlin! Isso é o que eu estou pensando??’

Tatiana ignorou a ameaça e correu até a parede, alisando algo gravado nela. Max parou atrás dela para ver também e Tatiana abriu a bolsa, puxando uma câmera de dentro e fotografando a parede tão rápido que Max nem teve tempo de impedir.

‘O que está fazendo?’ Max tomou a câmera da mão dela com brutalidade ‘Eu disse que não poderia registrar nada, por que trouxe isso? Não devia mesmo ter confiado em você, depois de saber que foi você que escreveu aquela matéria sobra as repúblicas de Durmstrang!’

‘Max, é o símbolo de Grindelwald, com a frase que marcou a vida dele!’ Tatiana apontava para a parede agitada ‘Eu preciso ter essa imagem, as pessoas precisam ver isso!’

‘NÃO!’ Max se irritou quando ela tentou recuperar a câmera ‘Não foi esse o combinado, você não pode contar a ninguém que esteve aqui!’

Tatiana pareceu se conformar e olhou mais uma vez para o símbolo na parede, mas em um movimento rápido, saltou para cima de Max e tomou a câmera de sua mão. Max perdeu a paciência de vez, partindo para cima na tentativa de tomá-la de volta e os dois começaram a travar uma batalha pela posse da câmera. Max puxava de um lado e Tatiana puxava do outro e já conseguia visualizar a câmera se partindo em vários pedaços. Max era absurdamente mais forte e levava vantagem, mas a garota não desistia. Tatiana deu um vacilo e Max deu um puxão com mais força, transformando a câmera em duas e fazendo a garota perder o equilíbrio. Tatiana cambaleou para trás e o salto que usava virou, fazendo-a despencar dos 3 metros de altura do palco. O barulho do corpo dela atingindo o chão de pedra fez com que me encolhesse atrás da mesa e ouvi meu primo gritar.

‘TATIANA!’ Ainda em choque, vi Max se atirar na beirada do palco com a mão estendida ‘TATIANA! RESPONDE!’

Mas não houve resposta. Consegui me mover de onde estava e olhei pelo outro lado da mesa, onde conseguia ver o corpo dela estendido no chão. Ela estava completamente torta e um filete de sangue escorria pelos caminhos entre as pedras, o pedaço quebrado da câmera solto em sua mão aberta. Recolhi-me outra vez, horrorizado, e agora não podia ver mais nada, apenas ouvir que Max descia as escadas desabalado e começava a chorar de desespero. Ouvi quando ele chamou meu tio pelo espelho de duas vias e segundos depois ele já aparatava dentro da masmorra.

‘O que esta garota estava fazendo aqui, Maximillian?’ Tio Josef esbravejou, sem demonstrar qualquer tipo de pena pela garota.

‘Eu estava mostrando a sociedade a ela, ela não ia contar a ninguém’ Max se explicou, gaguejando ‘Não tive culpa, pai! Foi um acidente, ela perdeu o equilíbrio e caiu!’

‘Ela não ia revelar nada a ninguém e trouxe uma câmera fotográfica?’ Ele ignorou os apelos de Max e continuou brigando ‘Você é um irresponsável mesmo, uma decepção! Meus filhos só me dão desgosto!’

‘Pai, por favor’ Max suplicou, aos prantos ‘Não foi minha culpa, não ia deixar que nada saísse daqui. Desculpa!’

‘Saia daqui, anda!’ Ouvi meu tio caminhar pela masmorra e mexer no corpo dela ‘Suma daqui antes que alguém o veja!’

‘O que o senhor vai fazer?’ Max não se moveu.

‘Vou limpar a sua bagunça, não foi pra isso que me tirou de casa a essa hora da madrugada?’ Ele continuou sendo estúpido com Max ‘Volte para sua república e não se atreva a sair de lá até o horário das aulas. Não ouse mencionar que esteve aqui hoje. Se alguém lhe interrogar, você esteve comigo’

‘Mas não temos permissão de sair no meio da semana’ Max estava tão assustado que ainda o respondia, quando já deveria ter ido embora.

‘Sou seu pai, tiro você dessa escola quando bem entender. Agora suma daqui, ande! Não me faça mandar outra vez!’

Depois do ultimo aviso, Max não emitiu mais nenhum som e ouvi seus passos apressados correndo escada acima. Eu continuei imóvel atrás da mesa, sem saber quando poderia sair dali, e fui obrigado a ver meu tio Josef remover o corpo sem vida de Tatiana do chão, enrola-lo em um lençol branco e limpar o chão sujo de sangue, antes de desaparatar com ela de lá. E quando fiquei sozinho outra vez na masmorra, comecei a chorar.

Tuesday, May 12, 2009

Depois que o Ministério deixou a escola, começamos a nos sentir mais livres. Claro que ninguém podia ficar aos beijos pela escola, mas ninguém mais impedia que casais conversassem pelos corredores, entre uma aula e outra, ou grupos de rapazes e garotas combinassem de se reunir nas repúblicas, para estudar ou mesmo conversar. Agora os tempos eram outros.
Havíamos vencido uma disputa contra o Ministério, a maioria de nós que estava no sétimo ano, já sabia o que fazer de sua vida, e uma coisa nos tornava mais ‘ousados’: era o nosso último ano em Durmstrang.
E esta ousadia se mostrou ao escolhermos o destino, de nossa viagem de formatura:um cruzeiro para um lugar cheio de praias com areia branca, coqueiros e drinks exóticos. E como tudo estava tranqüilo, não havia sentido em mandar um exercito de aurores nos acompanhar, já que iriam professores das três escolas, e o cruzeiro seria em um lugar de sol constante, extremamente quente, então não correríamos o risco de ter vampiros nos atacando no meio do mar azul do Caribe.
Emily e a professora Mira, haviam providenciado para todos folhetos explicativos com tudo que se podia fazer no navio, e havia tanta coisa para se fazer durante o passeio, que quase não sobrava tempo para dormir, ninguém queria perder nada. Evie na escola estava conseguindo controlar os enjôos da gravidez, mas bastou o barco levantar ancora, que ela começou a passar mal, e embora o barco quase não balançasse, ela ficava verde constantemente, por causa dos enjôos marítimos.
Um dos eventos no navio, era a noite de Gala. Tratava-se de uma noite onde jantaríamos com o comandante e tínhamos que estar trajados com roupas elegantes. Os rapazes deveriam usar smoking e as garotas, deveriam usar vestidos longos e salto alto. Por sorte a enfermeira do navio, com pena de ver o estado que Evie ficava, a aconselhou a tomar chá de gengibre para controlar os enjôos e nesta noite, ela estava com uma aparência melhor, conseguindo ficar junto conosco e aproveitar o evento. O jantar havia acabado, e enquanto os outros lotavam a boate do navio dançando, nós estávamos sentados no deck, próximos da piscina.
Meus amigos embora olhassem Luka com desconfiança não o tratavam mal, quando ele estava perto de mim. Eu havia recebido uma carta de casa com algumas fotos e estava mostrando a eles.
- Como seu irmão está se saindo como pai? E o trabalho? - perguntou Ricard.
- Yuri tem até alguma experiência com recém nascidos porque quando começou nas Ilhas Hébridas, ajudava a cuidar dos filhos do Carlinhos e da Morgan, mas, está exausto, ele tomou para si toda a responsabilidade com o bebê, já que está de licença do trabalho. Ela não é linda??- exibi a foto dela com a mãozinha próxima do rosto enquanto dormia, e as meninas fizeram coro:
- Ohnn!Que fofa...
- Só tem fotos dormindo? Opa, aqui tem uma de olhinhos abertos, nossa, que olho lindo, é bem azul. - disse Ty.
- Todos os bebês tem olhos azuis Ty...Não lembra da Haley no dia que nasceu?- disse Annia sorrindo e Ty completou:
- É mesmo. Até achamos que ela teria os olhos cinzentos dos McGregor, minha mãe era a única que dizia que não seria assim, e estava certa, os olhos da Haley escureceram como os do Logan.
- Mas no caso da Elena, eles devem continuar azuis, como os dos pais, é a lei da genética. - disse Vina.
Luka depois de olhar as fotos disse seco:
- Ela ainda tem cara de joelho amassado, esquisita.
- Claro, ela só tem um mês, mas pra uma prematura, está melhor do que quando nasceu e ela não é esquisita. - eu disse séria e ele se rendeu:
- Está bem, ela é...Engraçadinha. - disse cínico e eu cutuquei seu braço.
- É difícil criar um filho sozinho, ainda mais sendo jovem. Por sorte ele tem o apoio dos seus pais. - disse Nina.
- Acho que eu nunca vou ter filhos. - disse Luka e eu olhei espantada para ele.
- Como não vai ter filhos? Algum dia você vai querer tê-los não?- perguntei.
- Não me vejo no papel de pai. Ainda bem que a professora Mira, nem exigiu muito, não ia ter paciência de ficar brincando de ‘casinha’.
- Ah! Foi pra você que caiu ‘o pai ausente’. Tá explicado porque você se sentiu tão confortável no papel...- provocou Annia e Luka a olhou feio.
- Nem todos sonham em ter filhos, eu quero fazer muita coisa antes de ter a responsabilidade por alguém que além de me dar muito trabalho, não pediu para nascer. - e ficou com um clima estranho.
- Bom, eu sei que eu vou querer ter filhos, pelo menos uns seis, quero família grande. - disse Ty para quebrar o clima e Griff provocou:
- Estamos falando de filhos Ty, não de uma ninhada. Se bem no seu caso vai dar no mesmo. - começamos a rir e a zombar uns dos outros, e o clima de amizade entre nós deve ter incomodado ao Luka.
- Vou ficar com Max, nos vemos depois. - e disse baixo no meu ouvido “Adoro seu perfume”. - me deu um beijo, acenou com a cabeça para as meninas e foi para os lados de Max e outros garotos que conversavam animados. Logo Tatiana se juntou a eles. Achei aquilo estranho e comentei:
- Não sabia que Tatiana era tão amiga do Luka....- e meus amigos se viraram na direção deles.
- Credo, Milla, pára de olhar deste jeito para o Luka. - resmungou Nina e eu a encarei:
- De que jeito??
- Como se você estivesse faminta e ele fosse o ultimo pedaço de pizza que você está disputando com alguém. - e acabei rindo com ela, mas fiquei séria quando vi Tatiana passando a mão pelo ombro dele.
- O que ela pensa que está fazendo?- perguntei azeda.
- Tatiana é muito amiga do Luka e do Max, aliás acho isso muito estranho. Não faz o estilo do Max, estar com gente animadinha demais, ele é ‘superior’. - comentou Evie.
- Às vezes tenho a impressão que a Tatiana não é quem diz ser. - comentou Annia e Vina completou:
- E ela sempre parecer estar por perto quando as coisas acontecem...Como se farejasse problemas sabe?
Fiquei olhando o jeito daquela novata conversar com Luka e foi me dando uma sensação estranha, comecei a imaginar que ela e Luka estavam juntos demais, cheguei a visualizar em minha mente os dois se agarrando em algum canto escuro...Então me lembrei que na última semana ele faltou a um encontro nosso e não disse onde estava. Enquanto via o jeito de Tatiana rir, fui tomada por uma raiva descomunal.
- Milla, aonde vai?? Milla??
Ouvi ao longe mas nem parei para saber quem me chamava e me aproximei decidida deles e já cheguei empurrando a mão dela do ombro dele:
- Se quiser manter os dedos inteiros tire-os de cima do meu namorado. - disse zangada e ela me olhou espantada:
- Quem eu? Não estou fazendo nada demais.
- Para mim está, não ouse por as mãos em cima dele novamente...
- Luka é um amigo, e eu nunca agiria com segundas intenções com ele.
- Milla, nada a ver esta cena de ciúmes...- começou Luka e eu o olhei feio:
- Depois me acerto com você, agora meu assunto é com ela, que acha que o ar de sonsa engana a todos, mas a mim não.
- Millinha, você está ficando louca, deve ser reflexo do confinamento no navio. Já está tendo alucinações. - disse com voz calma, mas seus olhos eram zombadores. Eu fervia de irritação.
- Não estou louca, sei quando alguém não presta. E não sou ‘Millinha’.- rosnei.
- Luc, faça alguma coisa, sua namorada está me ofendendo, e eu nem fiz nada. - disse com voz chorosa, e o puxou pelo braço.
- Eu disse para não tocar meu namorado...- e só me lembro de ver tudo vermelho na minha frente, joguei-a na piscina, de salto e tudo e pulei atrás. Ao longe ouvia gritos mas tudo o que eu pensava na hora, era em acertar a cara dela com o maior numero de socos possíveis e acabei soltando alguns chutes.
Eu parecia fora de mim, mal percebi braços lutarem para me segurar, e aos poucos minha mente foi voltando ao normal. Ty, Micah e Victor me seguravam ensopados, enquanto Griff colocava a mão em meu ombro e senti um calor vindo das mãos dele. Do meu lado, vi que Ricard estava caído, gemendo no chão, segurando a barriga e estava todo molhado, e Vina e Geórgia o acudiam junto com Wes, Gabriel e Miyako. Procurei Tatiana e vi que ela tinha arranhões no rosto, um olho roxo e o nariz sangrando e todo o seu traje de festa estava arruinado, uma sandália ainda boiava na piscina e ninguém foi buscar, enquanto ela gritava, sendo amparada por Max, e outras pessoas, enquanto cuspia água.
- Ela tentou me matar....Ela precisa ser presa... Ela destruiu meu rosto...Tentou me afogar...- quando vi que Luka ia se aproximar, tentei ir pra cima dela novamente, e os meninos me seguraram mais forte:
- Pára, Milla, ou vou apagar você com um soco, estou falando sério. - disse Ty irritado, quando lhe dei uma unhada no braço para que me soltasse. Griff pressionou meu ombro com mais força e aos poucos eu me acalmei.
Max pegou Tatiana e a levou para a enfermaria para ser medicada, e os meninos dispersaram a platéia, e depois me olharam curiosos.
- Milla o que deu em você?? Parecia possuída. - disse Evie preocupada.
- Nunca pensei que fosse dizer isso, mas garotão, você bate como um homem. Que mão pesada...- disse Micah e percebi ele massagear o ombro. Olhei para Luka e ele me olhava tenso e disse:
- Milla vamos sair daqui...Já passamos muita vergonha com a sua loucura....- e eu disse um pouco histérica:
- Loucura?? Não me senti louca, me senti livre e foi muito bom extravasar a tensão. Água é tão relaxante.
- Luka, você não está ajudando aqui, acho bom dar uma volta...Sozinho. - frisou Annia e ele disse:
- Vou para minha cabine e mais tarde conversamos Milla. - e eu disse:
- Cuidado com quem anda Luka...Você ainda não viu o quanto eu posso enlouquecer. - e ri do olhar espantado dele, enquanto se afastava. Virei para meus amigos e disse:
- Bom, agora ele vai pensar duas vezes, antes de se deixar ‘alisar’ por qualquer uma. Nossa, nadar à noite me deixou com fome. Vamos comer alguma coisa??- perguntei descontraída e meus amigos após trocarem olhares incertos começaram a se sacar as varinhas para secar as roupas.
- Nunca achei que eu fosse ter que pular na piscina para separar duas garotas brigando. Quero o dinheiro volta, isso não foi sexy como na tevê, dá para usar um biquíni brilhante da próxima vez?? . - zombou Ty e comecei a rir da narrativa animada dos garotos da minha performance de mulher ciumenta, porém do jeito que eles falavam parecia que uma outra Ludmilla, havia surgido naquele navio e esta era do tipo nervoso e fugaz, pois eu não conseguia me lembrar dela.

Tuesday, May 05, 2009

Já haviam se passado dois dias desde que havia descoberto que estava grávida, mas no entanto, Micah ainda não fazia idéia do que estava acontecendo. Me aproveitando do fato de que o desmaio havia sido causado pela minha anemia, contei apenas essa parte da conversa com a mãe do Gabriel e ele não fez mais nenhum tipo de pergunta, mas passava o dia todo me perguntando se estava seguindo as orientações dela. Mas meninas me cobravam uma posição a todo instante e sabia que precisava contar a ele o quanto antes, mas não conseguia encontrar um meio.

‘Já se passaram dois dias, Evie!’ Vina exclamou de repente, interrompendo nossos estudos no quarto.

‘Eu sei disso!’ Respondi nervosa, me desconcentrando ‘Sei que já devia ter contado, mas não consigo!’

‘Até poderia me oferecer para fazer isso, mas é você quem deve dizer e não uma de nós’ Nina falou me olhando séria e as outras concordaram.

‘Você não vai tomar nenhuma decisão sem antes falar com ele, não é?’ Annia perguntou desconfiada e logo todas me olharam alarmadas.

‘Não, claro que não, vou conversar com ele primeiro’

‘Então você está mesmo considerando tirar?’ Milla falou com uma voz de velório.

‘Não sei ainda’ A voz dela fez com que eu me sentisse culpada por ter considerado a idéia ‘Eu só tenho 17 anos. E se for o melhor pra ele?’

‘Interromper uma vida nunca é a melhor opção’ Vina sentenciou e abaixei a cabeça, calada.

‘Nina está certa, mas a decisão é de vocês dois. Você já sabe nossa opinião e sabe que tem o nosso apoio para o que fizer, então pare de se remoer em idéias nessa cama e vá procurar Micah, antes que passe um mês e ele perceba quando sua barriga crescer’ Milla encerrou a conversa, voltando a abrir o livro.

Aos poucos as outras também voltaram às atenções aos livros espalhados pelo chão, mas não conseguia mais me concentrar. Rasguei um pedaço de pergaminho e rabisquei um recado nele, levantando decidida. Ia contar a ele de uma vez por todas.

*****

Saí decidida da Avalon, caminhando firme pela estradinha que ligava as repúblicas, mas quanto mais me aproximava da Spartacus, mais a coragem ia se esvaziando. Minhas pernas começavam a tremer outra vez, minha mão suava frio e temia não conseguir falar mais uma vez, mas apertava o pedaço de pergaminho firme na mão, decidida a não sair de lá sem dizer nada pela milésima vez em dois dias. Ele estava sentado na cama lendo uma carta quando entrei e respirei fundo, já sem força nenhuma e a ponto de cair desmaiada no chão.

‘Ei, Evie!’ Micah levantou a cabeça quando me viu entrar no quarto e sorriu, apontando para um pedaço de papel ‘Acabei de chegar do escritório do professor Marko, ele escolheu alguns alunos para concorrer a uma bolsa de estudos na Academia de Aurores e fui um deles! O que foi?’ Ele notou que continuava parada no mesmo lugar e levantou, caminhando até mim, se assustando quando comecei a chorar ‘Evie, está tudo bem?’

‘Eu não sabia como dizer a você, já fazem 2 dias, então anotei em um papel’ Estiquei a mão tremendo a ele, segurando um pedaço de papel já amassado ‘Para o caso de perder a coragem outra vez’

‘O que é isso?’ Ele pegou o papel da minha mão e leu, sorrindo em seguida ‘Você está grávida?’

‘Você está rindo??’ Falei exaltada e o sorriso no rosto dele evaporou imediatamente ‘Micah, isso é sério!’

‘Eu sei, desculpe, foi reflexo’ Disse apressado, segurando minha mão ‘Quando foi isso? Quando que nós deixamos...’

‘Pelas minhas contas, na semana que você voltou pra Durmstrang’ Respondi ainda chorando e ele me abraçou ‘E agora, Micah? O que vamos fazer? Conversei com as meninas sobre as opções que temos’

‘Você quer interromper?’ Ouvi sua voz sair rouca.

‘Não sei, ainda nem sei como vou contar ao vovô’ Afundei minha cabeça em seu ombro, mas ele segurou meu rosto com firmeza e me forçou a encará-lo.

‘Acho que antes de qualquer coisa, temos que falar com ele. E eu vou respeitar sua decisão, independente do que seja, vou ficar do seu lado’

‘Obrigada’ Voltei a afundar o rosto no ombro dele ‘Quero contar a ele logo, mas não sei como. Queria falar com a Nikki primeiro, mas ela não respondeu minha carta’

‘Ela não deve ter recebido ainda, tenho certeza que já estaria aqui se tivesse lido’

‘Com licença’ Alguém bateu na porta e viramos o rosto. Era Filipe ‘Evie, o vovô pediu para chamar vocês dois, ele está esperando no escritório. Está tudo bem?’

‘Está sim, Lipe’ Sequei as lágrimas depressa e sorri, mesmo sabendo que ele não ia acreditar ‘Sabe o que ele quer?’

‘Não, ele não disse, só pediu que viesse chamá-los. Vocês vão lá?’

‘Sim, já estamos indo, obrigada’ E ele saiu me encarando desconfiado.

‘Quer contar a ele agora?’ Micah perguntou quando Filipe fechou a porta.

‘Acho melhor acabar logo com isso’

‘Então vamos’ Ele sorriu de leve, segurando minha mão.

Deixamos a república e voltamos ao castelo, mas não conversávamos no caminho, apenas andávamos de mãos dadas, encarando a estrada à frente. Minha cabeça ia trabalhando depressa, tentando encontrar um meio de trazer o assunto à tona e contar ao vovô que estava grávida, mas nenhuma idéia surgia. Tudo que conseguia pensar era na sua reação e de como eu o havia desapontado. Estava tão distraído com meus pensamentos confusos que não percebi que já estávamos em frente ao seu escritório até Micah bater na porta. Vovô abriu a porta nos deixando entrar e para minha surpresa, Nikki estava sentada no sofá. Ela sorriu ao me ver entrar e levantou, abrindo os braços.

‘O que está fazendo aqui?’ Perguntei surpresa ‘Você não recebeu minha carta, não é?’

‘Recebi sim, e é por isso que estou aqui’ Ela respondeu olhando para o vovô e percebi que ele já sabia.

‘Nikki veio conversar comigo, pois achou que você poderia fazer alguma bobagem antes que eu tomasse conhecimento do assunto’

‘Desculpe não ter dado a vocês a chance de contar a Andrei, mas fiz o que achei certo’ Ela se justificou ‘Filha, sei que você está confusa e achando que vai estragar sua vida, mas não é assim. Muita coisa vai mudar sim, mas vocês precisam considerar todos os aspectos para não tomarem uma decisão que vá causar arrependimento depois’

‘E quero que fique claro que apesar de não achar certo minha neta de 17 anos estar grávida, ela terá todo o apoio de nossa família’ Vovô falou, nos encarando ‘Vocês foram irresponsáveis, mas não há como voltar no tempo e consertar as coisas, então devem assumir suas responsabilidades’

‘Não se preocupe quanto a isso, professor Andrei’ Micah o encarou firme, parando ao meu lado ‘Eu amo sua neta e não vou sair do lado dela. Vou apoiar qualquer decisão que ela tome’

‘Eu vou levar adiante’ Falei baixo, encarando o chão ‘Não posso interromper, não vou conseguir’

‘Vai dar tudo certo, você vai ver’ Micah me abraçou sorrindo confiante e beijou meu rosto.

‘Você parece aliviado com isso, Micah’ Nikki comentou divertida.

‘Embora só tenhamos 18 e 17 anos e nada tenha sido planejado, acho que o certo é encarar’ Sorri surpresa e ele me encarou ‘Ia apoiar qualquer decisão que tomasse, mas se me perguntasse o que preferia, diria para termos o bebê. Não somos tão irresponsáveis assim, podemos dar conta’

‘E vocês não estão sozinhos, tenham certeza disso’ Vovô sorriu e me abraçou, parecendo feliz com a minha decisão.

‘Nunca senti tanto medo na minha vida’ Confessei um pouco mais aliviada por todos eles já estarem sabendo e me larguei no sofá ‘Eu não sei o que vai acontecer e isso me apavora’

‘A gente sabe que você sempre teve sua vida muito planejada, mas às vezes um pouco de surpresas e caminhos que você não conhece fazem bem’ Nikki sentou ao meu lado e sorriu.

‘E já estamos no fim do semestre, as pessoas não precisam saber que está grávida, se não quiser’ Vovô falou e Nikki e Micah concordaram com a cabeça ‘Mas sei que está com anemia e fique avisada que vou pegar no seu pé. Se vai manter a gravidez, terá que se cuidar’

‘Quanto a isso também não precisa se preocupar, senhor’ Micah apertou meu ombro, sorrindo ‘Vou ficar na cola dela 24 horas por dia, me certificar de que está fazendo tudo que a mãe do Gabriel mandou’

‘Ótimo, quero minha neta e meu bisneto saudáveis’ Ele falou orgulhoso e não pude conter o sorriso.

‘Bom, infelizmente tenho que ir, pois larguei o trabalho no meio para vir aqui. E também tenho que voltar para casa e contar a Tessa e Vivi que vamos ser avós!’ Nikki agarrou minha cabeça e apertou contra seu peito, empolgada ‘Sexta-feira quero você na minha casa, vamos conversar, ouviu?’ Disse séria e assenti com a cabeça.

Nos despedimos de Nikki, mas não voltamos para as republicas. Ficamos mais de uma hora no escritório do vovô conversando sobre tudo que ia mudar daqui pra frente. Micah iria para casa na sexta-feira contar aos seus pais e vovô se ofereceu para contar a nossa família, depois que recuei a idéia de ter que conversar com um por um. Nossa vida ainda estava incerta, eu continuava sem saber qual próximo passo deveria dar e Ainda estava apavorada com a idéia de ser mãe, mas sabia que tinha Micah do meu lado para tudo que precisasse e se não estivéssemos preparados para enfrentar o que estava por vir, iríamos aprender juntos.