Wednesday, May 27, 2009

Corpo de aluna desaparecida é encontrado.
Homem é preso tentando remover o cadáver.

Josef Parvanov, 41, foi preso em flagrante enquanto tentava remover o corpo da estudante Tatiana Petrov, 17, do local onde havia enterrado. Condenado a 30 anos de prisão, Josef Parvanov tentou resistir à abordagem dos aurores, mas acabou sendo mobilizado.

Em um julgamento que durou cerca de três horas, o estudante Maxmillian Parvanov, 17, foi absolvido e declarado inocente pela morte de Tatiana. O advogado de defesa do réu, Nikolai Stanislav, disse à imprensa que seu cliente não teve culpa na morte de Tatiana e que havia provas suficientes para encerrar o caso. Nikolai também pediu ao juiz que a guarda de seu cliente fosse retirada do pai e passada ao avô do réu, Andrei Stanislav. Devido ao histórico do réu, ele deverá ficar sob a custódia do avô até completar 21 anos.

A família de Tatiana não quis comentar a morte da filha, mas informou ao jornal que o enterro será dia 28 de Maio, às 15h no cemitério de Sofia, Bulgária. Veja detalhes do julgamento na página 12.


Dobrei o jornal e o deixei em cima da mesa, encarando Micah. Já havia passado uma semana desde que Dario apareceu apavorado na república, contando que Tatiana havia morrido. E até aquela manha, tudo que os alunos de Durmstrang sabiam era que ela estava desaparecida. A notícia de sua morte chocou a todos e aquele era o único assunto ouvido por todos os cantos do castelo. O fato de sua morte ter ocorrido dentro dos terrenos da escola e ter tido a presença de dois alunos piorava a situação. Dario, e principalmente Max atraiam olhares curiosos por onde passavam e alguns mais abusados os abordavam querendo detalhes, mas ambos estavam instruídos pelo meu tio Nikolai a não darem nenhum tipo de declaração sobre o assunto a ninguém.

Era véspera do meu aniversário, mas pela primeira vez não tinha planos para comemorar. Tinha tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo ao meu redor que acabei esquecendo e agora com o anuncio da morte de Tatiana, não tinha clima. Faltava só um mês para a nossa formatura, poderia comemorar depois que saísse da escola e deixasse pra trás toda a atmosfera pesada que ela carregava ultimamente.

Durante todo o dia, não conseguia deixar de observar Max. Afastado de Luka, sentou sozinho durante as primeiras aulas do dia e se ocupou em copiar tudo que os professores passavam, sem interromper com alguma gracinha ou conversar com ninguém. Notei que as pessoas evitavam se aproximar dele, talvez temessem ter o mesmo fim que Tatiana, e por mais que aquilo fosse horrível, não podia deixar de pensar que era culpa dele. Se não tivesse feito tanta bobagem, hoje não estaria recebendo aqueles olhares acusadores.

‘Bem feito’ Micah falou baixo do meu lado, vendo que eu olhava para Max do outro lado da sala ‘Ele procurou por isso, não sinto pena’

‘Eu sei que é culpa dele, mas sinto pena sim’ Respondi voltando minha atenção a ele ‘Apesar de tudo, ele é meu irmão’

‘Sei disso e não vou dizer o que deve ou não fazer, você não é mais criança’ Micah respondeu ‘Mas tome cuidado para não se magoar de novo’

‘Não se preocupe’ Sorri agradecida ‘E pode deixar que não vou exigir que se bem com Max por minha causa. Só não quero que fiquem trocando ofensas de graça’

‘Da minha parte isso não vai acontecer’ Ele garantiu, apontando para o quadro ‘Mas agora sugiro que comece a prestar atenção na revisão de Feitiços, nossos N.I.E.M.s começam em menos de duas semanas’

Depois da “bronca”, parei de prestar atenção ao que Max fazia e passei a prestar atenção ao que o professor Lênin dizia. Tínhamos pouco mais de uma semana de aulas antes das duas semanas onde aconteceriam os exames de N.O.M.s e N.I.E.M.s e o clima entre os alunos do quinto e do sétimo ano era de tensão. Alguns alunos, como Griffon, comerciavam entre os alunos produtos para auxiliar a concentração e melhorar a agilidade mental. Algumas vezes eu e as meninas ficamos tentadas em comprar uma das porcarias que Griff oferecia, principalmente a garrafa de Elixir de Cérebro de Baruffio, mas Ty nos advertiu que nem todos funcionavam, então desistimos.

Depois da aula de Trato de Criaturas Mágicas tínhamos Educação Física, mas como estava grávida, o treinador havia me liberado das aulas e me delegado a tarefa de fazer todas as anotações que ele solicitava, então passei a aula inteira sentada na arquibancada com uma prancheta na mão, observando a turma correr de um lado para o outro atirando bolas uns nos outros em uma acirrada disputa de queimada, dessa vez com cinco bolas mais pesadas em campo. Milla agora estava mais calma, mas ainda assim Volkov se certificou de escolhê-la para o seu time. Max ficou por último e Micah se viu forçado a chamar seu nome para completar o time que comandava. A brincadeira seguia amistosa, até que um dos amigos de Max atirou uma bola com violência para cima dele, acertando seu rosto. Uma segunda bola voou na direção de Chris, partindo de outro amigo de Max, e também o acertou no rosto. O apito do treinador soou na hora.

‘Eu disse que era uma brincadeira amistosa!’ Esbravejou enquanto entrava em campo, retendo as bolas ‘Max, Chris, para o banco. Ivan, Klaus, 10 voltas no campo. Os outros podem continuar o jogo’ E devolveu as bolas

Max e Chris caminharam na direção onde eu estava e abri a bolsa térmica que estava do meu lado, pegando gelo. O rosto dos dois estava bem vermelho, a marca das linhas da bola bem evidentes. Chris sentou do meu lado, mas Max pegou o gelo da minha mão e desceu alguns degraus, mantendo distancia.

‘E ai? Vai comemorar o aniversário aonde?’ Chris perguntou sorrindo, mesmo com uma bolsa de gelo no rosto.

‘Não vou comemorar, não tem muito clima’ Respondi desanimada.

‘Ah não, nada disso!’ Exclamou indignado e ri ‘Você está completando 18 anos e está esperando um bebê! Não pode passar em branco!’

‘Não inventem nada exagerado, por favor’ Quase supliquei ‘Não tem o menor clima pra bagunça, os alunos acabaram de saber da morte da Tatiana’

‘Pode deixar, vai ser simples’ Ele jogou a bolsa em cima do banco e levantou ‘Vou jogar mais um pouco’

Chris desceu as arquibancadas correndo e voltou para o jogo, mas Max não saiu do lugar. Sei que ele estava ouvindo nossa conversa, embora não se movesse e fizesse parecer que não estava prestando atenção a nenhum barulho ao seu redor. Queria falar com ele, não negava. Mas ainda não conseguia reunir coragem para isso. Max havia me magoado demais, não sabia quando poderia perdoar tudo que fez e passar uma borracha no passado. Mas para minha surpresa e alivio, foi ele quem deu o primeiro passo. Meu irmão levantou de onde estava e veio até mim.

‘Não precisa falar comigo, tudo bem’ Falou de repente, me pegando desprevenida ‘Só quero que saiba que Tatiana me contou antes de morrer que você está grávida e eu não contei ao nosso pai. No que depender de mim, ele jamais vai saber’ Ele terminou de falar e me devolveu a bolsa, virando de costas.

‘Max!’ Chamei-o de volta e ele se virou ‘Feliz aniversário’

‘Feliz aniversário pra você também’ Ele deu um sorriso discreto e sorri de volta. Ainda não estava pronta para conversar com ele, mas era um começo.

Ele voltou ao jogo e continuei sentada assistindo. Depois da aula me dei folga dos clubes daquela noite e Georgia, como presente de aniversário, me liberou da reunião com clima de velório que teria no jornal. Já era quase meia noite quando saímos da aula de Adivinhação e quando cheguei a Avalon, Georgia, Dario, Victor, Ricard, Ty, Gabriel, Miyako, Griff, Gina, Shannon, Luna, Seth, Reno e as gêmeas já nos esperavam e tinham decorado toda a sala com balões. Cada um usava um chapeuzinho de festa colorido e colocaram um cor de rosa na minha cabeça.

‘Ainda restam 10 minutos do seu aniversário, dá tempo de assoprar as velas e fazer um pedido’ Ty disse enquanto ajeitava o chapéu na minha cabeça.

‘Vocês fizeram um bolo?’ Perguntei surpresa.

‘Não é bolo, é muffin’ Nina saiu da cozinha com uma bandeja com 18 dos bolinhos feitos por Milla, cada um contendo uma vela acessa ‘Sabe como é, ninguém consegue comer 300 desses em uma semana, então congelamos alguns pro seu aniversário’

‘Vamos, faça um pedido antes de assoprar as velas!’ Milla disse animada, batendo palmas.

‘Calma, estou pensando!’ Falei rindo, enquanto eles se aglomeravam em volta de mim.

‘Depressa, só tem 8 minutos’ Vina consultou o relógio.

‘Se passar de meia noite não vale mais’ Micah falou.

‘Ok, já sei!’ Falei animada e eles comemoraram pela demora.

Aproximei-me das 18 velas, mas antes de assoprar olhei para cada um deles ali na sala. Estavam todos rindo, usando aqueles chapeuzinhos cônicos, assoprando cornetas e batendo palmas, alheios a tudo de ruim que já havíamos passado naquele ano. Guardei aquela imagem na memória e antes de assoprar as velas, desejei ter aquelas pessoas do meu lado pelo resto da minha vida, permitindo que momentos assim se repetissem muitas e muitas vezes.