Quando cheguei Robbie e Parv estavam conversando e se espantaram em ver como eu estava, nem disse oi e me atirei na cama chorando. Consegui contar a eles o que havia acontecido, e claro, que eles ficaram tão indignados com Mitchell quanto eu. Depois que me acalmei, fizemos o que se faz quando se está com raiva: tomamos muito sorvete e falamos muito mal dos homens, e acabamos rindo, ao imaginar as vinganças mais malucas.
Voltamos às aulas eu procurei agir como se nada houvesse acontecido, afinal além dos deveres, eu tinha o concurso e o jornal para me ocupar, mas era dificil estar com Mitchell na mesma sala e não conseguir fazer a pergunta que mais me incomodava: ‘porque ele não confiou em mim?’.
Quando nos reunimos no grêmio para decidir o que fazer para o dia dos namorados, Mitchell que agora ocupava o lugar que havia sido de Jack, estava presente e muito participativo, o que me irritava muito, então toda sugestão que ele dava eu arrumava um jeito de menosprezar, até que chegou num ponto em que Robbie, precisou me segurar: eu estava parecendo uma megera e não estava ficando bonito. Claro, que zombei da idéia dele de um karaokê, mas quando todos aprovaram, ele sorriu vitorioso para mim, olhei-o por um momento, e sacudi a cabeça, o que eu esperava? Que ele ficasse sozinho? Até parece, pensei amarga. Bem, eu não devia estar me preocupando com isso, para mim seria um dia dos namorados como tantos outros. Solitário.
Depois do jogo, podiamos fazer o que quisessemos, enquanto Robbie e Alec, Parv e Lukas foram passear no vilarejo, eu optei por voltar para a república, ia trabalhar um pouco e verificar alguns documentos que o advogado havia me enviado com urgência.
À noite acompanhei meus amigos até o castelo, para jantar e também para a noite no karaokê, afinal eu era membro do grêmio e não poderia faltar. Fui obrigada a reconhecer que a idéia do Mitchell foi muito boa, pois o microfone estava concorrido, e não só ouvimos boas apresentações com canções românticas, como algumas obras primas assassinadas, mas também músicas que não eram românticas porém animadas.
- Leonora, podemos conversar?- Mitchell disse ao meu lado, enquanto eu aplaudia rindo, o assassinato de ‘Talk to the Moon’.
- Não. - respondi curta sem nem me virar para ele, que foi embora. Prestei atenção em Finn, que começou a cantar ‘On Brodway’ e as pessoas o acompanharam animadas. Vi quando Mitchell conseguiu o microfone e pude ver seus olhos grudados em mim. Ergui o queixo e ele soltou a voz, cantando uma das minhas favoritas:
Only you, can make this world seem right
Only you, can make the darkness bright
Only you, and you alone, can thrill me like you do
And fill my heart with love for only you
Only you, can make this change in me
For it's true, you are my destiny
When you hold my hand, I understand
the magic that you do
You're my dream come true
my one and only you
One and only you....
- Huum, acho que alguém quer pedir perdão.- disse Robbie e eu bufei, marchando até a fila do microfone. – Não sei se eu estava com uma expressão muito feia, ou as pessoas sabiam que estava rolando uma espécie de DR musical, pois consegui o microfone rápido, mesmo com a concorrência. Subi ao palco, escolhi a música e o procurei com os olhos:
See how I leave with every piece of you
Don't underestimate the things that I will do
There's a fire starting in my heart
Reaching a fever pitch
And it's bringing me out the dark
The scars of your love remind me of us
They keep me thinking that we almost had it all
The scars of your love they leave me breathless
I can't help feeling
We could've had it all
Rolling in the deep
You had my heart inside of your hand
And you played it
To the beat
Mitchell tentou falar comigo novamente e eu o olhei feio e ele se afastou contrariado, foi pegar um drink, vi quando ele e Oleg começaram a conversar. Continuei com meus amigos vendo as apresentações, mas sempre desviava o olhar para onde ele estava e Parv e Robbie chegaram a me zoar por isso. Depois de algum tempo, vi que Mitchell voltava ao palco, decidido.
- Mais um round? Isso está ficando muito legal. Não faça assim com os olhos, rugas chegam e ficam. - zombou Robbie quando o olhei de olhos apertados e quando ouvimos os primeiros acordes da musica, meu queixo caiu. Claro, que eu não era a única surpresa naquele salão:
If I should stay
I would only be in your way
So I'll go but I know
I'll think of you
Every step of the way
And I will always love you
I will always love you
You
My Darling you
Bitter sweet memories
That is all I'm taking with me
so goodbye, please don't cry
We both know I'm not what you, you need
I hope life treats you kind
And I hope you'll have
All you dreamed of
and I do wish you joy
And happiness
But above all this, I wish you love
And I will always love you
I will always love you
I will always love you
Apesar dos risos, ele foi muito aplaudido, inclusive pela professora Geórgia e pelo diretor Ivanovich, senti um leve cutucão nas costas, e sabia que era Robbie. Caminhei até Mitchell enquanto ele vinha na mesma direção e me olhou. Sabia que depois de tudo, eu é quem deveria mostrar que estava disposta a pelo menos ouvir. Estendi a mão a ele, que sorriu e me puxou para perto dele:
- Você me perdoa por ser um idiota ciumento?
- Por ser um idiota, sim. Ciúmes algumas vezes é...bom, você fica bonitinho e depois desta música, eu é que terei que rosnar para algumas garotas que estão prontas para dar o bote e...- ele me puxou para um beijo e disse quando me soltou, olhando no relógio:
- Quer aproveitar nosso primeiro dia dos namorados? – perguntou ansioso:
- Mas eu não te comprei um presente...- respondi e ele segurou meu rosto entre suas mãos:
- Fica comigo, é só o que quero.Vamos resolver tudo ok? - assenti. Saímos do castelo e fomos para o hotel do vilarejo, festejar nossa reconciliação.
N.Autora: Músicas: Talk to the Moon (Bruno Mars), Only you (The Platters), Rolling in the deep (Adele), I will always love you (Whitney Houston)
Friday, February 17, 2012
Thursday, February 16, 2012
Sábado, 14 de fevereiro de 2016 – Valentine’s Day.
Ozzy estava no vestiário terminando de colocar o uniforme dos Ducks quando entrei com Robbie e Leo. A maioria do time já estava pronto e começava a sair, mas ele demorou mais do que o necessário amarrando os patins nos pés para ficar sozinho com a gente.
- Tudo certo? – perguntei ansiosa – Vai mesmo fazer isso?
- Já disse que sim, relaxa – ele respondeu colocando o capacete na cabeça – Sentem na ponta da proteção de vidro, vou jogar ele contra ela naquele pedaço e vocês podem pegar a amostra.
- Como exatamente vamos fazer isso sem ninguém ver? – Robbie estava nervoso.
- Ninguém vai prestar atenção em vocês, vão estar vendo o jogo – ele deu de ombros, mas Robbie não parecia menos aflito – Só peguem o sangue e pronto.
- Ok então. Boa sorte – disse quando ele pegou o taco no armário e o fechou, pronto pra sair.
- Não preciso de sorte, sou bom nisso – disse convencido piscando pra gente e saiu do vestiário.
Deixamos o vestiário logo depois e ocupamos os lugares sugeridos por ele. Estávamos na primeira fileira, bem do lado do fim da proteção de vidro, seria fácil passar o cotonete que Robbie trazia dentro de um frasco no sangue que esperávamos que sujasse aquele pedaço.
O jogo já começou violento. A maior rivalidade do Hóquei de Durmstrang era entre os Mighty Ducks e os Wild Penguins, toda partida começava e terminava em confusão e dessa vez não tinha como ser diferente. Ozzy começou a marcação em cima de Patrick assim que o disco bateu no gelo e não saiu da sua cola. Os dois se acotovelavam o tempo inteiro e um tentava esmagar o outro contra o vidro, mas depois de muitos trancos, foi Ozzy quem conseguiu bater com o rosto de Patrick contra a proteção, exatamente onde ele havia dito que faria. O sangue que saiu do nariz dele foi inevitável e tomei o frasco da mão de Robbie, que ficou com nojo, e peguei nossa amostra assim que eles se afastaram.
O que aconteceu depois, no entanto, não estava programado. Furioso, Patrick atirou o taco no chão e partiu pra cima de Ozzy. Os dois trocaram alguns socos e no meio disso o capacete de Ozzy deve ter afrouxado, porque quando Patrick lhe deu um empurrão violento e ele caiu pra trás, o capacete voou longe e ele bateu com a cabeça no gelo. Levantei da arquibancada a tempo de ver Ozzy apagar, uma poça de sangue se formando em volta da sua cabeça.
ºººººººººº
Depois que Ozzy desmaiou e foi retirado do rinque, o jogo continuou. Os Ducks venceram, mas foi uma vitória apertada. Lukas chegou logo depois da confusão e foi uma surpresa, não esperava vê-lo em Durmstrang tão cedo. Fiquei feliz, é claro. Era dia dos namorados, nada mais justo que eu o passasse com o meu. Ainda passei na enfermaria pra ver como Ozzy estava, mas ele ainda estava desmaiado e não adiantava ficar lá, então sai com Lukas para o vilarejo.
Passamos à tarde no hotel da cidade, onde ele havia reservado um quarto. Era bom tê-lo por perto, mas ainda me sentia um pouco culpada pelo que havia acontecido no casamento de Katarina. Não era justo com ele, mas também não tinha a intenção de contar nada. Era passado, Ozzy e eu já havíamos resolvido isso, não tinha necessidade de voltar com o assunto pra causar problemas.
Teria ficado com ele a noite toda por lá também, mas tivemos que voltar para o castelo. A festa de Valentine’s Day que o grêmio havia organizado já havia começado e eu, como presidente dele, tinha a obrigação de comparecer. Dessa vez optamos por algo simples e decoramos o salão com as coisas padrões da data, mas deixamos o som por conta de um Karaokê. Durmstrang tinha aula de música, então era hora de ver se todos estavam tendo algum aproveitamento nelas.
Não me aventurei a cantar naquela noite. A fila pela posse do microfone estava muito grande e preferi ficar sentada na mesa vendo as apresentações. Todas muito divertidas, por sinal. Alguns ainda aproveitaram o karaokê pra fazer declarações de amor, o que rendia muita gozação depois, mas garantiam sucesso ao autor dela.
Lukas teve que ir embora às 23h e, cansada da agitação do dia, optei por voltar para a república depois que nos despedimos, mas minha idéia de dormir cedo foi pelo ralo assim que cheguei ao quarto. Abri o armário para pegar meu pijama e esbarrei em uma caixa no fundo dele, fazendo a tampa cair. Era o patins de Jack, que havia trazido comigo em setembro. Sequer lembrava que ele estava ali, mas de repente senti vontade de experimentá-los. Eu não era uma boa patinadora, fazia anos desde que havia calçado um daqueles pela última vez, mas me senti nostálgica e larguei o pijama de lado, tirando eles da caixa.
O lago de Durmstrang estava sempre congelado, não importa a estação do ano. Nos finais de semana patinar nele era a atividade favorita dos que preferiam ficar no castelo a voltar pra casa, mas desde que havia começado meus estudos, há quase 7 anos atrás, aquela era a primeira vez que ia até ele com aquela intenção. Já estava me aproximando quando ouvi o barulho de um taco batendo em um disco repetidamente. Não esperava encontrar ninguém ali àquela hora, todos estavam na festa, então foi uma surpresa ver que o autor do barulho era Ozzy. Estava parado no meio do lado com os patins no pé, quicando o disco no taco, e notei que tinha um curativo em sua cabeça.
- Você bateu a cabeça no gelo hoje e desmaiou – falei sentando no banco e ele se assustou, deixando o disco cair – Não deveria estar longe daqui?
- Cai porque fui empurrado, não caio sozinho, estou seguro – ele pegou o disco de volta e continuou equilibrando ele no taco – O que está fazendo aqui? Não deveria estar na festa?
- Lukas já foi embora, não quis voltar sozinha. Você chegou a ir até lá? Não me lembro de tê-lo visto no salão.
- Passei bem rápido só pra ver a decoração, mas tive a sorte de ser bem na hora que baixou a Whitney Houston no Mitchell.
- Ah, então você viu tudo que valia a pena. Aquilo foi impagável.
- Cara, isso vai render gozação com a cara dele pro resto da sua vida. Ele já estava planejando isso quando deu a sugestão do karaokê, não estava?
- Sem dúvida. Ele nem estava tão bêbado assim pra ter decidido pagar o mico da vida dele de repente.
- Veio até aqui pra ficar sentada ou vai patinar? – perguntou apontando para os patins na minha mão – São os do Jack?
- Sim... Ele deixou no meu quarto antes do acidente, trouxe comigo quando voltei. Nunca tive a intenção de usá-los, até hoje.
- Então coloque-os. Eles foram feitos pro gelo, não podem ficar guardados em uma caixa. É um insulto a memória dele.
- Eu não sou exatamente o que se pode chamar de boa patinadora. A última vez que usei um desses tinha oito anos, e posso lhe garantir, não foi nada bonito.
- Esses patins foram do Jack, não pode se sair mal com eles nos pés. Faça uma tentativa, tenho certeza que vai se sair bem.
Ele voltou à atenção ao disco e resolvi calçar os patins. Jack havia decorado ele todo com adesivos e rabiscos, mas que se olhados com atenção, eram até bonitos. Eles eram muito maiores que meu pé, então usei um feitiço para ajustá-los ao meu tamanho e levantei. Acho que fiquei quase um minuto parada no mesmo lugar antes de criar coragem de pisar no gelo. Deslizei na mesma hora, mas por um milagre consegui manter o equilíbrio e evitar a queda. Ozzy agora estava dando voltas no lago a toda velocidade e o odiei naquele momento por ser tão exibido. Tentei deslizar pra frente e estava conseguindo me movimentar devagar quando ele passou feito um foguete do meu lado e a rajada de vento me desequilibrou. Dessa vez não consegui controlar e cai de bunda no gelo. Ele freou e voltou de costas, parando do meu lado já rindo.
- Você é um exibido, sabia? E para de rir, não tem graça nenhuma! – disse irritada, ainda sentada no gelo.
- Desculpe, mas tem graça sim. Acho que o gelo tremeu com a queda.
- Está me chamando de gorda?
- Não, mas foi um tombo de impacto.
- Engraçadinho. Ao invés de ficar fazendo piada, por que não me ajuda a levantar?
- Você está fazendo tudo errado – disse me levantando com um puxão só – Parece o bambi aprendendo a andar. Se não perder o medo e arriscar, não vai dar certo.
- Qual parte do “eu não sei patinar direito” você não entendeu? Isso foi uma péssima idéia, melhor dormir que corro menos risco.
- Ah não senhora, você vai me fazer companhia hoje. Já veio até aqui, não vou deixar ir embora. Todo mundo está em algum encontro e seu namorado já foi embora, então não tem nada pra fazer.
- E pra que você precisa de companhia? Está tarde, vai dormir também. Alias, não era nem pra estar aqui!
- Não posso dormir. A enfermeira me proibiu de dormir por 24h porque posso ter um treco. Acho que ela falou algo sobre entrar em coma.
- E daí? Você não vai morrer, vai?
- Isso dói, Parvati. Não é legal. E como isso é em parte culpa sua, tem a obrigação de me fazer companhia hoje. Fora que você é minha parceira, isso é seu trabalho.
- Calma Drama Queen, precisa disso tudo, eu fico. Que horas você pode dormir de novo?
- Só às 9h da manhã. Então, vamos patinar? Eu puxo você até pegar o jeito.
- Você vai me fazer cair.
- Nunca vou fazer você cair – ele pegou minha mão e deu um sorriso – Pronta?
- Não, espera!
Mas ele me ignorou por completo e começou a patinar pelo lago me arrastando junto. No começo estava indo devagar, mas aos poucos começou a acelerar até que já estávamos correndo. Comecei a gritar pra ele parar porque eu ia cair, mas ele não diminuiu e fui obrigada a segurar seu braço inteiro. Se eu caísse, ia levar ele junto. Passamos a madrugada inteira no lago. Depois de um tempo já não estava mais apavorada com a idéia de bater a cabeça no gelo e abrir um buraco nela e já conseguia patinar mais rápido que uma tartaruga sem precisar me agarrar nele. Ainda estava longe de poder entrar para um time de hóquei, mas melhorei bastante.
Nem vimos a hora passar e só percebi que a madrugada havia ido embora quando vimos o sol nascer. Naquela altura eu já estava exausta e aproveitamos que o salão principal ainda estava vazio para tomar café da manhã. Perto das 8h eu me rendi, não agüentava mais, e ele não tentou me impedir de voltar pra Atena. Despedimos-nos e cada um foi pra um lado. Mesmo sem ter planejado, aquele tinha sido sem duvidas o Valentine’s Day mais divertido que já tive.
Ozzy estava no vestiário terminando de colocar o uniforme dos Ducks quando entrei com Robbie e Leo. A maioria do time já estava pronto e começava a sair, mas ele demorou mais do que o necessário amarrando os patins nos pés para ficar sozinho com a gente.
- Tudo certo? – perguntei ansiosa – Vai mesmo fazer isso?
- Já disse que sim, relaxa – ele respondeu colocando o capacete na cabeça – Sentem na ponta da proteção de vidro, vou jogar ele contra ela naquele pedaço e vocês podem pegar a amostra.
- Como exatamente vamos fazer isso sem ninguém ver? – Robbie estava nervoso.
- Ninguém vai prestar atenção em vocês, vão estar vendo o jogo – ele deu de ombros, mas Robbie não parecia menos aflito – Só peguem o sangue e pronto.
- Ok então. Boa sorte – disse quando ele pegou o taco no armário e o fechou, pronto pra sair.
- Não preciso de sorte, sou bom nisso – disse convencido piscando pra gente e saiu do vestiário.
Deixamos o vestiário logo depois e ocupamos os lugares sugeridos por ele. Estávamos na primeira fileira, bem do lado do fim da proteção de vidro, seria fácil passar o cotonete que Robbie trazia dentro de um frasco no sangue que esperávamos que sujasse aquele pedaço.
O jogo já começou violento. A maior rivalidade do Hóquei de Durmstrang era entre os Mighty Ducks e os Wild Penguins, toda partida começava e terminava em confusão e dessa vez não tinha como ser diferente. Ozzy começou a marcação em cima de Patrick assim que o disco bateu no gelo e não saiu da sua cola. Os dois se acotovelavam o tempo inteiro e um tentava esmagar o outro contra o vidro, mas depois de muitos trancos, foi Ozzy quem conseguiu bater com o rosto de Patrick contra a proteção, exatamente onde ele havia dito que faria. O sangue que saiu do nariz dele foi inevitável e tomei o frasco da mão de Robbie, que ficou com nojo, e peguei nossa amostra assim que eles se afastaram.
O que aconteceu depois, no entanto, não estava programado. Furioso, Patrick atirou o taco no chão e partiu pra cima de Ozzy. Os dois trocaram alguns socos e no meio disso o capacete de Ozzy deve ter afrouxado, porque quando Patrick lhe deu um empurrão violento e ele caiu pra trás, o capacete voou longe e ele bateu com a cabeça no gelo. Levantei da arquibancada a tempo de ver Ozzy apagar, uma poça de sangue se formando em volta da sua cabeça.
ºººººººººº
Depois que Ozzy desmaiou e foi retirado do rinque, o jogo continuou. Os Ducks venceram, mas foi uma vitória apertada. Lukas chegou logo depois da confusão e foi uma surpresa, não esperava vê-lo em Durmstrang tão cedo. Fiquei feliz, é claro. Era dia dos namorados, nada mais justo que eu o passasse com o meu. Ainda passei na enfermaria pra ver como Ozzy estava, mas ele ainda estava desmaiado e não adiantava ficar lá, então sai com Lukas para o vilarejo.
Passamos à tarde no hotel da cidade, onde ele havia reservado um quarto. Era bom tê-lo por perto, mas ainda me sentia um pouco culpada pelo que havia acontecido no casamento de Katarina. Não era justo com ele, mas também não tinha a intenção de contar nada. Era passado, Ozzy e eu já havíamos resolvido isso, não tinha necessidade de voltar com o assunto pra causar problemas.
Teria ficado com ele a noite toda por lá também, mas tivemos que voltar para o castelo. A festa de Valentine’s Day que o grêmio havia organizado já havia começado e eu, como presidente dele, tinha a obrigação de comparecer. Dessa vez optamos por algo simples e decoramos o salão com as coisas padrões da data, mas deixamos o som por conta de um Karaokê. Durmstrang tinha aula de música, então era hora de ver se todos estavam tendo algum aproveitamento nelas.
Não me aventurei a cantar naquela noite. A fila pela posse do microfone estava muito grande e preferi ficar sentada na mesa vendo as apresentações. Todas muito divertidas, por sinal. Alguns ainda aproveitaram o karaokê pra fazer declarações de amor, o que rendia muita gozação depois, mas garantiam sucesso ao autor dela.
Lukas teve que ir embora às 23h e, cansada da agitação do dia, optei por voltar para a república depois que nos despedimos, mas minha idéia de dormir cedo foi pelo ralo assim que cheguei ao quarto. Abri o armário para pegar meu pijama e esbarrei em uma caixa no fundo dele, fazendo a tampa cair. Era o patins de Jack, que havia trazido comigo em setembro. Sequer lembrava que ele estava ali, mas de repente senti vontade de experimentá-los. Eu não era uma boa patinadora, fazia anos desde que havia calçado um daqueles pela última vez, mas me senti nostálgica e larguei o pijama de lado, tirando eles da caixa.
O lago de Durmstrang estava sempre congelado, não importa a estação do ano. Nos finais de semana patinar nele era a atividade favorita dos que preferiam ficar no castelo a voltar pra casa, mas desde que havia começado meus estudos, há quase 7 anos atrás, aquela era a primeira vez que ia até ele com aquela intenção. Já estava me aproximando quando ouvi o barulho de um taco batendo em um disco repetidamente. Não esperava encontrar ninguém ali àquela hora, todos estavam na festa, então foi uma surpresa ver que o autor do barulho era Ozzy. Estava parado no meio do lado com os patins no pé, quicando o disco no taco, e notei que tinha um curativo em sua cabeça.
- Você bateu a cabeça no gelo hoje e desmaiou – falei sentando no banco e ele se assustou, deixando o disco cair – Não deveria estar longe daqui?
- Cai porque fui empurrado, não caio sozinho, estou seguro – ele pegou o disco de volta e continuou equilibrando ele no taco – O que está fazendo aqui? Não deveria estar na festa?
- Lukas já foi embora, não quis voltar sozinha. Você chegou a ir até lá? Não me lembro de tê-lo visto no salão.
- Passei bem rápido só pra ver a decoração, mas tive a sorte de ser bem na hora que baixou a Whitney Houston no Mitchell.
- Ah, então você viu tudo que valia a pena. Aquilo foi impagável.
- Cara, isso vai render gozação com a cara dele pro resto da sua vida. Ele já estava planejando isso quando deu a sugestão do karaokê, não estava?
- Sem dúvida. Ele nem estava tão bêbado assim pra ter decidido pagar o mico da vida dele de repente.
- Veio até aqui pra ficar sentada ou vai patinar? – perguntou apontando para os patins na minha mão – São os do Jack?
- Sim... Ele deixou no meu quarto antes do acidente, trouxe comigo quando voltei. Nunca tive a intenção de usá-los, até hoje.
- Então coloque-os. Eles foram feitos pro gelo, não podem ficar guardados em uma caixa. É um insulto a memória dele.
- Eu não sou exatamente o que se pode chamar de boa patinadora. A última vez que usei um desses tinha oito anos, e posso lhe garantir, não foi nada bonito.
- Esses patins foram do Jack, não pode se sair mal com eles nos pés. Faça uma tentativa, tenho certeza que vai se sair bem.
Ele voltou à atenção ao disco e resolvi calçar os patins. Jack havia decorado ele todo com adesivos e rabiscos, mas que se olhados com atenção, eram até bonitos. Eles eram muito maiores que meu pé, então usei um feitiço para ajustá-los ao meu tamanho e levantei. Acho que fiquei quase um minuto parada no mesmo lugar antes de criar coragem de pisar no gelo. Deslizei na mesma hora, mas por um milagre consegui manter o equilíbrio e evitar a queda. Ozzy agora estava dando voltas no lago a toda velocidade e o odiei naquele momento por ser tão exibido. Tentei deslizar pra frente e estava conseguindo me movimentar devagar quando ele passou feito um foguete do meu lado e a rajada de vento me desequilibrou. Dessa vez não consegui controlar e cai de bunda no gelo. Ele freou e voltou de costas, parando do meu lado já rindo.
- Você é um exibido, sabia? E para de rir, não tem graça nenhuma! – disse irritada, ainda sentada no gelo.
- Desculpe, mas tem graça sim. Acho que o gelo tremeu com a queda.
- Está me chamando de gorda?
- Não, mas foi um tombo de impacto.
- Engraçadinho. Ao invés de ficar fazendo piada, por que não me ajuda a levantar?
- Você está fazendo tudo errado – disse me levantando com um puxão só – Parece o bambi aprendendo a andar. Se não perder o medo e arriscar, não vai dar certo.
- Qual parte do “eu não sei patinar direito” você não entendeu? Isso foi uma péssima idéia, melhor dormir que corro menos risco.
- Ah não senhora, você vai me fazer companhia hoje. Já veio até aqui, não vou deixar ir embora. Todo mundo está em algum encontro e seu namorado já foi embora, então não tem nada pra fazer.
- E pra que você precisa de companhia? Está tarde, vai dormir também. Alias, não era nem pra estar aqui!
- Não posso dormir. A enfermeira me proibiu de dormir por 24h porque posso ter um treco. Acho que ela falou algo sobre entrar em coma.
- E daí? Você não vai morrer, vai?
- Isso dói, Parvati. Não é legal. E como isso é em parte culpa sua, tem a obrigação de me fazer companhia hoje. Fora que você é minha parceira, isso é seu trabalho.
- Calma Drama Queen, precisa disso tudo, eu fico. Que horas você pode dormir de novo?
- Só às 9h da manhã. Então, vamos patinar? Eu puxo você até pegar o jeito.
- Você vai me fazer cair.
- Nunca vou fazer você cair – ele pegou minha mão e deu um sorriso – Pronta?
- Não, espera!
Mas ele me ignorou por completo e começou a patinar pelo lago me arrastando junto. No começo estava indo devagar, mas aos poucos começou a acelerar até que já estávamos correndo. Comecei a gritar pra ele parar porque eu ia cair, mas ele não diminuiu e fui obrigada a segurar seu braço inteiro. Se eu caísse, ia levar ele junto. Passamos a madrugada inteira no lago. Depois de um tempo já não estava mais apavorada com a idéia de bater a cabeça no gelo e abrir um buraco nela e já conseguia patinar mais rápido que uma tartaruga sem precisar me agarrar nele. Ainda estava longe de poder entrar para um time de hóquei, mas melhorei bastante.
Nem vimos a hora passar e só percebi que a madrugada havia ido embora quando vimos o sol nascer. Naquela altura eu já estava exausta e aproveitamos que o salão principal ainda estava vazio para tomar café da manhã. Perto das 8h eu me rendi, não agüentava mais, e ele não tentou me impedir de voltar pra Atena. Despedimos-nos e cada um foi pra um lado. Mesmo sem ter planejado, aquele tinha sido sem duvidas o Valentine’s Day mais divertido que já tive.
Friday, February 03, 2012
Depois das aulas de sexta era normal que os alunos fossem para suas casas, aproveitar o fim de semana com a família. Eu costumava fazer isso e ia para Sofia quase toda sexta-feira, mas desde que as aulas do nosso último ano começaram, aquela era a primeira vez que ficava no castelo por obrigação. Atolada com o material do curso de auror que tinha para estudar, achei sensato ficar pra trás. Nem quando Leo convidou Robbie e eu para acompanhá-la até a Itália pude ceder. Ela acabou tendo que ir sozinha, pois Robbie também estava às voltas com um trabalho para o jornal que andava tirando seu sono. Seriamos só nós dois no fim de semana todo, cada um ocupado com os seus problemas.
- Você precisa se desafiar mais, Sr. von Hoult – Robbie imitou a voz da professora Mira e revirei os olhos – Sei que é perfeitamente capaz de escrever algo além de uma coluna de fofocas.
- Você vai passar o fim de semana inteiro reclamando? – perguntei impaciente – Se for me avise agora, que chuto o balde e vou atrás da Leo, ainda dá tempo de alcançá-la.
- Não estou reclamando, apenas desabafando. Você é minha amiga, cale a boca e me apóie.
- Por que você aceitou esse trabalho, afinal de contas?
- Porque achei que seria um desafio legal e que podia provar a ela que sou perfeitamente capaz de escrever algo sério, mas estou começando a me arrepender.
- Você é sim capaz de escrever outras coisas além de uma coluna de fofocas. Conte o que está tentando fazer, quem sabe não posso ajudar.
- Certo... – ele puxou uma folha de papel da bagunça que tinha no chão e me entregou – Ela sugeriu que eu tentasse escrever algo sério, mas não disse o que, então fiquei maluco tentando ter idéias, até que estava com Alec no vestiário dos Ducks e uma luz surgiu no meu caminho.
- O que vocês estavam fazendo no vestiário dos Ducks? – perguntei rindo e ele abanou a mão num gesto que dizia para não interrompê-lo.
- Estávamos saindo quando ouvimos um barulho de soco. Corremos pra ver quem era e a porta do armário de Lucian estava aberta e toda amassada, mas não tinha ninguém no corredor. Alec ainda correu para ver se encontrava o autor do vandalismo, mas não viu ninguém. A porta amassada do armário estava suja de sangue, provavelmente do agressor que se machucou, então pensei: e se eu tentasse bancar o repórter investigativo e descobrisse quem invadiu o vestiário?
- É uma boa idéia, mas você não está conseguindo descobrir quem foi, não é?
- Não, é mais difícil do que pensei! Minha primeira idéia foi coletar amostras do sangue da porta, porque se ele é do autor, então poderia descobrir através dele, mas não sei como fazer isso.
- Você precisa comparar com outra amostra de sangue ou não vai conseguir descobrir de quem é, a menos que tenha acesso a um computador do FBI e a pessoa tenha ficha – ele me olhou espantado e ri – Muito seriado policial nas férias e um professor que trabalha pro FBI.
- Bom, não tenho um computador do FBI, alguma outra brilhante sugestão? – ele perguntou debochado.
- Primeiro, melhore sua atitude ou não ajudo – ele me atirou uma bolinha de papel e desviei dela – Segundo, já tem um suspeito?
- Mais ou menos...
- Com licença... – ouvimos uma batida na porta e virei. Ozzy estava parado do lado de fora do quarto – Está muito ocupada?
- Sim, ela está em um raro momento de paciência com meus projetos, não interrompa! – Robbie respondeu irritado, mas não dei importância.
- Não, não estou.
- Ótimo, podemos conversar um instante? – ele olhou pro quarto, onde Jude e Penny ocupavam suas camas alheias à conversa – A sós?
- Parvati Karev, não desapareça! Preciso da sua ajuda nisso!
- Eu já vou voltar, pare de ser dramático!
Sai do quarto com ele e como a república estava uma bagunça e cheia de gente, fomos até varanda. Ele indicou o banco para eu sentar, mas não sentou de imediato. Parecia que estava se preparando para começar a falar. Finalmente ele sentou ao meu lado e por um instante achei que ele ia me contar que estava morrendo.
- Dr. Pace disse que preciso contar algumas coisas a você e disse que poderíamos fazer isso na próxima sessão, mas acho que precisamos aprender a conversar sem supervisão, então vim até aqui hoje pra isso.
- Também tenho que lhe dizer algumas coisas – admiti, um pouco aliviada por ele ter tomado a iniciativa – Você primeiro.
- Ok... Quando você foi até minha casa no Natal, se desculpar pela história da entrevista, eu menti quando disse que estava tudo bem, que já tinha esquecido aquilo – ele abaixou a cabeça para não me encarar – A verdade é que ainda não consigo perdoá-la pelo que fez. Não estou com raiva de você, não é isso. Acho que é mais mágoa, aquele era o meu sonho e por sua causa ele foi jogado fora.
- Eu sabia que você não tinha me perdoado, sabia que não estava nada bem. O que eu posso fazer pra consertar isso? Eu faço qualquer coisa, é sério.
- Não precisa fazer nada, de verdade. Tudo que preciso é de tempo pra digerir isso e então vai chegar um dia em que não vou mais estar magoado com isso e vou perdoá-la. Só preciso de tempo.
- Eu sinto muito, nunca me arrependi tanto de algo que fiz – ele assentiu, mas continuou de cabeça baixa – Minha vez. Quando você foi a minha casa depois de descobrir o que eu fiz, estava com raiva e nervoso e por isso me disse alguns insultos. Sei que estava no seu direito de estar me odiando, mas o que você disse me magoou.
- Eu me arrependi do que disse no instante em que as palavras saíram da minha boca, mas estava alterado demais pra pedir desculpas. Eu realmente sinto muito. Jack tinha razão, nada me dava o direito de falar daquela forma com você.
- Eu sei que as pessoas falam as mesmas coisas de mim pelas costas, já ouvi algumas falando na minha cara e nunca dei importância, mas quando você disse foi a primeira vez que me magoou. Acho que foi jeito como você falou, eu senti a verdade na forma como me ofendeu, você acreditava naquelas palavras.
- Não, não é verdade – ele puxou minha mão e a acariciou – Eu nunca pensei aquelas coisas de você, nem quando estava no auge da minha irritação com as nossas brigas. Eu tinha sim a intenção de magoá-la, foi por isso que repeti o que ouvia na escola, mas eu nunca pensei nada daquilo.
- Não precisa tentar abafar o que sempre soube. Algumas ofensas às vezes tinham fundamento, não é como se fosse uma novidade.
- Nunca repita isso, Parvati. Você não é nada daquilo, não acredite se alguém disser o contrário. Tivemos nossos problemas, mas hoje somos amigos e sei que você é durona, mas também tem um lado doce que as pessoas não conhecem. Você não merece aceitar desaforo das pessoas aqui e deixar pra lá, essa não é a Parvati que passou dois anos batendo de frente comigo.
- Estou cansada de brigar com as pessoas por causa disso, com o tempo aprendi que o melhor a se fazer é ignorar.
- Bom, então nesse caso vou ter que começar a defender você. Não posso permitir que ofendam minha parceira e deixar isso barato.
- Então agora eu ganhei um defensor dos fracos e oprimidos? – perguntei rindo.
- Se você não faz nada a respeito, tenho a obrigação de fazer. Eu tenho que tomar as suas dores, não foi isso que o professor Wade falou?
Não sei quanto tempo ficamos sentados naquele banco, um de frente pro outro sem dizer nada, apenas sorrindo. Quando me dei conta de que não estávamos mais conversando e ele ainda acariciava as costas da minha mão com o polegar, puxei-a de volta depressa. Isso deve tê-lo feito acordar, pois saltou do banco feito uma mola e parou quase no meio da varanda. Robbie apareceu na porta naquele exato instante, o sorriso mais debochado do mundo estampado no rosto, mas tendo noção do perigo, não ousou soltar nenhum tipo de piada enquanto não estivéssemos sozinhos.
- Se não estiver interrompendo nada, gostaria de ter a atenção dos dois de volta ao quarto.
- Eu também? – Ozzy perguntou surpreso – Já estava indo embora.
- Estava nada, suba um instante, não vai demorar.
Ele me olhou curioso, mas dei de ombros e acompanhamos Robbie escada acima. As meninas que estavam na república agora desciam apressadas com mochilas nas costas, querendo o mais rápido possível chegar em casa e subimos esbarrando nelas pelo caminho. Jude e Penny também estavam de saída do quarto quando entramos e se despediram animadas, se juntando a confusão nas escadas.
- Então, o que quer nos mostrar? Já descobriu quem arrombou o armário?
- Não, porque como você disse, preciso de provas, mas tenho um suspeito.
- Que armário? O do vestiário? – Ozzy perguntou perdido na conversa e assentimos – Alec comentou que você estava querendo descobrir quem tinha feito aquilo, mas não falou mais nada, achei que tinha desistido.
- Não posso desistir, isso virou um projeto para o jornal e a professora está de olho.
- E quem é o suspeito? Pare de enrolar – disse impaciente.
- Patrick Boris – ele disse satisfeito e quando não respondemos nada, fez cara feia – O que foi?
- Com base em quê você chegou a conclusão de que Patrick invadiu o vestiário dos Ducks e arrombou o armário do Lucian?
- Ele era namorado da Lenneth e obcecado por ela, levou uma surra do Lucian na frente da escola inteira e agora o mesmo está namorando a ex dele. Isso não é motivo?
- Isso é tudo circunstancial. Por que ele iria arrombar o armário?
- É, nada foi roubado – Ozzy completou e Robbie soltou um suspiro de frustração.
- Tenho reunião do jornal às 17h, não posso aparecer lá sem uma evolução no trabalho. Vocês não estão colaborando!
- Se você pudesse provar que o sangue na porta é dele, não precisa de um motivo. Já o colocou na cena do “crime” – e fiz aspas com as mãos – Isso já é uma prova concreta, que não tem margem pra contestação.
- Certo, mas onde vou conseguir uma amostra de sangue dele? Não acho que ele e Lenneth tenham feito algum pacto de sangue e ela tenha guardado um pouco em um frasco.
- Ele joga pelos Wild Penguins, não é? – perguntei para Ozzy e ele assentiu – Acha que pode arrancar um pouco de sangue dele no próximo jogo?
- Está vendo? Durona! – ele sorriu animado com a ideia – Moleza, sempre tem um pouco de sangue em um jogo de Hóquei. E desde aquela história com a Lenneth estou procurando por um bom motivo para dar uns socos naquele idiota. Podem contar comigo.
Robbie voltou a se animar e passamos alguns minutos discutindo como faríamos para coletar o sangue que Ozzy tirasse de Patrick sem ter que invadir o rinque, então Ozzy foi embora e fiquei sozinha com Robbie. Passei horas naquele quarto ouvindo os comentários debochados dele. E o pior era que eu não tinha moral pra contestar nenhum deles. Ia ser um longo fim de semana.
- Você precisa se desafiar mais, Sr. von Hoult – Robbie imitou a voz da professora Mira e revirei os olhos – Sei que é perfeitamente capaz de escrever algo além de uma coluna de fofocas.
- Você vai passar o fim de semana inteiro reclamando? – perguntei impaciente – Se for me avise agora, que chuto o balde e vou atrás da Leo, ainda dá tempo de alcançá-la.
- Não estou reclamando, apenas desabafando. Você é minha amiga, cale a boca e me apóie.
- Por que você aceitou esse trabalho, afinal de contas?
- Porque achei que seria um desafio legal e que podia provar a ela que sou perfeitamente capaz de escrever algo sério, mas estou começando a me arrepender.
- Você é sim capaz de escrever outras coisas além de uma coluna de fofocas. Conte o que está tentando fazer, quem sabe não posso ajudar.
- Certo... – ele puxou uma folha de papel da bagunça que tinha no chão e me entregou – Ela sugeriu que eu tentasse escrever algo sério, mas não disse o que, então fiquei maluco tentando ter idéias, até que estava com Alec no vestiário dos Ducks e uma luz surgiu no meu caminho.
- O que vocês estavam fazendo no vestiário dos Ducks? – perguntei rindo e ele abanou a mão num gesto que dizia para não interrompê-lo.
- Estávamos saindo quando ouvimos um barulho de soco. Corremos pra ver quem era e a porta do armário de Lucian estava aberta e toda amassada, mas não tinha ninguém no corredor. Alec ainda correu para ver se encontrava o autor do vandalismo, mas não viu ninguém. A porta amassada do armário estava suja de sangue, provavelmente do agressor que se machucou, então pensei: e se eu tentasse bancar o repórter investigativo e descobrisse quem invadiu o vestiário?
- É uma boa idéia, mas você não está conseguindo descobrir quem foi, não é?
- Não, é mais difícil do que pensei! Minha primeira idéia foi coletar amostras do sangue da porta, porque se ele é do autor, então poderia descobrir através dele, mas não sei como fazer isso.
- Você precisa comparar com outra amostra de sangue ou não vai conseguir descobrir de quem é, a menos que tenha acesso a um computador do FBI e a pessoa tenha ficha – ele me olhou espantado e ri – Muito seriado policial nas férias e um professor que trabalha pro FBI.
- Bom, não tenho um computador do FBI, alguma outra brilhante sugestão? – ele perguntou debochado.
- Primeiro, melhore sua atitude ou não ajudo – ele me atirou uma bolinha de papel e desviei dela – Segundo, já tem um suspeito?
- Mais ou menos...
- Com licença... – ouvimos uma batida na porta e virei. Ozzy estava parado do lado de fora do quarto – Está muito ocupada?
- Sim, ela está em um raro momento de paciência com meus projetos, não interrompa! – Robbie respondeu irritado, mas não dei importância.
- Não, não estou.
- Ótimo, podemos conversar um instante? – ele olhou pro quarto, onde Jude e Penny ocupavam suas camas alheias à conversa – A sós?
- Parvati Karev, não desapareça! Preciso da sua ajuda nisso!
- Eu já vou voltar, pare de ser dramático!
Sai do quarto com ele e como a república estava uma bagunça e cheia de gente, fomos até varanda. Ele indicou o banco para eu sentar, mas não sentou de imediato. Parecia que estava se preparando para começar a falar. Finalmente ele sentou ao meu lado e por um instante achei que ele ia me contar que estava morrendo.
- Dr. Pace disse que preciso contar algumas coisas a você e disse que poderíamos fazer isso na próxima sessão, mas acho que precisamos aprender a conversar sem supervisão, então vim até aqui hoje pra isso.
- Também tenho que lhe dizer algumas coisas – admiti, um pouco aliviada por ele ter tomado a iniciativa – Você primeiro.
- Ok... Quando você foi até minha casa no Natal, se desculpar pela história da entrevista, eu menti quando disse que estava tudo bem, que já tinha esquecido aquilo – ele abaixou a cabeça para não me encarar – A verdade é que ainda não consigo perdoá-la pelo que fez. Não estou com raiva de você, não é isso. Acho que é mais mágoa, aquele era o meu sonho e por sua causa ele foi jogado fora.
- Eu sabia que você não tinha me perdoado, sabia que não estava nada bem. O que eu posso fazer pra consertar isso? Eu faço qualquer coisa, é sério.
- Não precisa fazer nada, de verdade. Tudo que preciso é de tempo pra digerir isso e então vai chegar um dia em que não vou mais estar magoado com isso e vou perdoá-la. Só preciso de tempo.
- Eu sinto muito, nunca me arrependi tanto de algo que fiz – ele assentiu, mas continuou de cabeça baixa – Minha vez. Quando você foi a minha casa depois de descobrir o que eu fiz, estava com raiva e nervoso e por isso me disse alguns insultos. Sei que estava no seu direito de estar me odiando, mas o que você disse me magoou.
- Eu me arrependi do que disse no instante em que as palavras saíram da minha boca, mas estava alterado demais pra pedir desculpas. Eu realmente sinto muito. Jack tinha razão, nada me dava o direito de falar daquela forma com você.
- Eu sei que as pessoas falam as mesmas coisas de mim pelas costas, já ouvi algumas falando na minha cara e nunca dei importância, mas quando você disse foi a primeira vez que me magoou. Acho que foi jeito como você falou, eu senti a verdade na forma como me ofendeu, você acreditava naquelas palavras.
- Não, não é verdade – ele puxou minha mão e a acariciou – Eu nunca pensei aquelas coisas de você, nem quando estava no auge da minha irritação com as nossas brigas. Eu tinha sim a intenção de magoá-la, foi por isso que repeti o que ouvia na escola, mas eu nunca pensei nada daquilo.
- Não precisa tentar abafar o que sempre soube. Algumas ofensas às vezes tinham fundamento, não é como se fosse uma novidade.
- Nunca repita isso, Parvati. Você não é nada daquilo, não acredite se alguém disser o contrário. Tivemos nossos problemas, mas hoje somos amigos e sei que você é durona, mas também tem um lado doce que as pessoas não conhecem. Você não merece aceitar desaforo das pessoas aqui e deixar pra lá, essa não é a Parvati que passou dois anos batendo de frente comigo.
- Estou cansada de brigar com as pessoas por causa disso, com o tempo aprendi que o melhor a se fazer é ignorar.
- Bom, então nesse caso vou ter que começar a defender você. Não posso permitir que ofendam minha parceira e deixar isso barato.
- Então agora eu ganhei um defensor dos fracos e oprimidos? – perguntei rindo.
- Se você não faz nada a respeito, tenho a obrigação de fazer. Eu tenho que tomar as suas dores, não foi isso que o professor Wade falou?
Não sei quanto tempo ficamos sentados naquele banco, um de frente pro outro sem dizer nada, apenas sorrindo. Quando me dei conta de que não estávamos mais conversando e ele ainda acariciava as costas da minha mão com o polegar, puxei-a de volta depressa. Isso deve tê-lo feito acordar, pois saltou do banco feito uma mola e parou quase no meio da varanda. Robbie apareceu na porta naquele exato instante, o sorriso mais debochado do mundo estampado no rosto, mas tendo noção do perigo, não ousou soltar nenhum tipo de piada enquanto não estivéssemos sozinhos.
- Se não estiver interrompendo nada, gostaria de ter a atenção dos dois de volta ao quarto.
- Eu também? – Ozzy perguntou surpreso – Já estava indo embora.
- Estava nada, suba um instante, não vai demorar.
Ele me olhou curioso, mas dei de ombros e acompanhamos Robbie escada acima. As meninas que estavam na república agora desciam apressadas com mochilas nas costas, querendo o mais rápido possível chegar em casa e subimos esbarrando nelas pelo caminho. Jude e Penny também estavam de saída do quarto quando entramos e se despediram animadas, se juntando a confusão nas escadas.
- Então, o que quer nos mostrar? Já descobriu quem arrombou o armário?
- Não, porque como você disse, preciso de provas, mas tenho um suspeito.
- Que armário? O do vestiário? – Ozzy perguntou perdido na conversa e assentimos – Alec comentou que você estava querendo descobrir quem tinha feito aquilo, mas não falou mais nada, achei que tinha desistido.
- Não posso desistir, isso virou um projeto para o jornal e a professora está de olho.
- E quem é o suspeito? Pare de enrolar – disse impaciente.
- Patrick Boris – ele disse satisfeito e quando não respondemos nada, fez cara feia – O que foi?
- Com base em quê você chegou a conclusão de que Patrick invadiu o vestiário dos Ducks e arrombou o armário do Lucian?
- Ele era namorado da Lenneth e obcecado por ela, levou uma surra do Lucian na frente da escola inteira e agora o mesmo está namorando a ex dele. Isso não é motivo?
- Isso é tudo circunstancial. Por que ele iria arrombar o armário?
- É, nada foi roubado – Ozzy completou e Robbie soltou um suspiro de frustração.
- Tenho reunião do jornal às 17h, não posso aparecer lá sem uma evolução no trabalho. Vocês não estão colaborando!
- Se você pudesse provar que o sangue na porta é dele, não precisa de um motivo. Já o colocou na cena do “crime” – e fiz aspas com as mãos – Isso já é uma prova concreta, que não tem margem pra contestação.
- Certo, mas onde vou conseguir uma amostra de sangue dele? Não acho que ele e Lenneth tenham feito algum pacto de sangue e ela tenha guardado um pouco em um frasco.
- Ele joga pelos Wild Penguins, não é? – perguntei para Ozzy e ele assentiu – Acha que pode arrancar um pouco de sangue dele no próximo jogo?
- Está vendo? Durona! – ele sorriu animado com a ideia – Moleza, sempre tem um pouco de sangue em um jogo de Hóquei. E desde aquela história com a Lenneth estou procurando por um bom motivo para dar uns socos naquele idiota. Podem contar comigo.
Robbie voltou a se animar e passamos alguns minutos discutindo como faríamos para coletar o sangue que Ozzy tirasse de Patrick sem ter que invadir o rinque, então Ozzy foi embora e fiquei sozinha com Robbie. Passei horas naquele quarto ouvindo os comentários debochados dele. E o pior era que eu não tinha moral pra contestar nenhum deles. Ia ser um longo fim de semana.
Thursday, February 02, 2012
Anotações de Leonora Carrara - Ultima semana de janeiro 2015
Quando Mitchell e eu voltamos para a escola, pensei que teríamos a rotina de namorados que eu via entre Parv e Lukas e mesmo entre Robbie e Alec, mas nao foi o que aconteceu. Mitchell tinha que se dividir entre os treinos de quadribol, as aulas para auror, e eu além de estar no jornal, estava muito ocupada com o concurso de culinária que acabou movimentando até mesmo os alunos da escola, vários vinham comentar que seus pais haviam se inscrito no site, que mandei montar para o concurso, o que facilitava que eu acompanhasse tudo, de um laptop que comecei a usar e o carregava comigo para todo lugar. Acabei acertando um anúncio com Lucian e além de continuar a coluna de fofocas, também divulgavamos as receitas mais votadas, que ao final da votação on-line, eram avaliadas pela banca julgadora que se reunia duas vezes ao mês. E sempre que tínhamos uma folga nas aulas, Mitchell e eu nos encontravamos para namorar e tudo ia muito bem entre nós. Meu namoro com Finn foi breve, e sem querer acabava comparando-o ao de agora. E embora, Mitchell e eu não ficassemos grudados o tempo todo, nosso tempo juntos era de qualidade. Ok, a quem eu quero enganar com esta frase de workaholic de consciência pesada? Bastava ter um canto vazio que nos agarrávamos como se não houvesse amanhã, mas também conversávamos e fazíamos planos como um casal normal.
-o-o-o-o-o-
Sexta-feira, após o almoço
- Vocês têm certeza de que não podem vir?- perguntei mais uma vez para Robbie e Parv, enquanto arrumava uma mochila com algumas roupas.
- Não posso, amada. Tenho que terminar o trabalho que a professora Mira passou, olha que vergonha, até você fez o seu antes do meu.Tem algo errado no mundo.- rimos e olhei para Parv, que se mostrava chateada.
- Você acha que eu iria recusar comida boa, de graça e a oportunidade de boas risadas, se não tivesse aula? O doutor Pace já está na minha cola, e se eu faltar amanhã, posso dar adeus à carreira de auror. Porque Mitchell não vai com você?- e eu bufei:
- Porque ele já foi para Sofia, para encontrar a família, nem quis almoçar.Mas devemos voltar juntos para cá, domingo á noite.
- Há algum problema entre vocês? – ela quis saber e respondi:
- A mãe dele não gosta de mim.Acho que é questão de tempo...
- Como assim não gosta de você? Estavam todos bem, no casamento da irmã do Ozzy.Você até dançou com o pai dele.- disse Robbie e eu olhei para Parv e ela entendeu o que eu queria saber:
- Desculpe, estava com o filtro no máximo e não captei nada, mas pela aparência achei que tudo estivesse normal. Meus pais gostaram deles, e que história é esta de ‘questão de tempo’, vai terminar? Ele falou alguma coisa? - ela perguntou e eu neguei com a cabeça e Robbie se agitou:
- Vocês não podem terminar só porque a mãe dele não gosta de você, pirou? Ele é o melhor namorado que uma garota pode ter, e amiga, vocês se amam, todo mundo vê isso. E o mais importante: EU gosto do Mitch, e ele é muito amigo do Alec. Viu? Boas razões apra você não terminar com ele.
- Será que um namoro pode sobreviver quando a mãe do cara que você ama não te considera boa o bastante, ou nas palavras dela: ‘ainda se fosse a outra, Ivashkov’.- resmunguei.
- Ela falou isso na sua cara? Quem ela pensa que é? Não conhece aquela vaca da Camille. – disse Robbie nervoso e eu respondi:
- Claro que ela não falou comigo, ela é uma ‘Forbes’, e tem o mínimo de educação, então ela finge. Acabei ouvindo sem querer um comentário dela com o marido, depois da festa, na casa da tia dele. Eu havia voltado para pegar minha bolsa, que deixei na entrada, eles nem me viram.
- Não faça nada precipitado, Léo. Você contou ao Mitchell? – quis saber Parv.
- Não, e não vou contar, ele adora os pais e não quero que briguem por minha causa. Por favor, não comentem nada ok?Tudo vai se resolver.- eles concordaram e os deixei na república, e fui pegar o trem. Tinha muitos pensamentos conflitantes a respeito de Mitchell na cabeça, que sumiram quando abri o bolso da frente da minha mochila para pegar a minha passagem, e encontrei um bilhete com a caligrafia dele.
‘Estou contando os minutos para domingo. M.”
Remexi mais um pouco na bolsa e encontrei uma saquinho de veludo e dentro havia uma pulseira de prata, cheia de pequenos berloques, do tipo que as pessoas usam para ter sorte, como trevo de quatro folhas, ferradura, um coração onde havia nossas iniciais.Sorri feito boba.
- ‘Problema da mãe dele se não gosta de mim, ele gosta...E muito!’.- disse a mim mesma enquanto admirava a pulseira em meu pulso.
o-o-o-o-o-o
Quando cheguei na Itália, foi uma correria só, pois eram muitos participantes, e o senhor Vincenzo, já havia organizado boa parte das eliminatórias, e no sábado quando teriamos a prova final com a presença de juizes, escolheriamos as 3 finalistas desta etapa. Por ser uma causa beneficente, convidamos algumas celebridades, entre eles um chef americano de origem italiana chamado, Rocco Di Spirito, que estava fazendo um programa para seu canal de televisão e era amigo do avô do Damon, e como ele ofereceu a estrutura do estúdio, fomos todos para lá. Eu entrava na estúdio destinado ao programa quando ouvi alguém me chamar, me virei e era a mãe do Finn. Sorri quando nos abraçamos:
- Minha querida que saudades de você. Está linda! – ela disse amorosa e eu a abracei novamente:
- Você está muito bem, tia Moira.O que faz aqui?
- Finn está dando entrevista junto com o time, no estúdio do lado, para um programa de esportes e você sabe que a única coisa que entendo deste jogo é que quando ele defende o...o...
- Puck.- completei e ela riu concordando:
- Isso! Quando ele defende o puck, é bom para ele e para o time.- rimos e eu disse:
- Só aprendi, porque tive que ver muitos dos jogos dele na escola. Quer ficar um pouco aqui, enquanto ele termina as entrevistas? Estou esperando a ultima jurada do concurso de culinária. Rocco Di Spirito, vai apresentar o programa.
- Ah que maravilha, adoro o programa dele. Sabe que sempre uso o azeite da sua empresa e pedi a todas as minhas amigas que o usassem, Finn me contou da sua luta em salvar a fábrica, conte comigo, querida.
-Obrigada, tia, isso me ajuda e muito. Quer ser minha convidada para ver o programa e depois vamos comer em algum lugar e matar as saudades?- ficamos conversando por um tempo e logo Finn se juntava a nós, junto com alguns colegas do time, que ele apresentou a nós duas. No começo ele estava um pouco seco comigo, mas depois começou a conversar normal e logo estávamos rindo, dos comentários deles sobre a entrevista, e seus novos amigos eram muito engraçados, além de bonitos, e algumas vezes não entendiam algumas palavras que diziamos, e um deles veio colocando a mão sobre meu ombro, me convidando para sair e eu sem disfarçar, retirava sua mão e seus colegas o zoaram. O tempo foi passando e o diretor do programa veio me avisar que a convidada de Rocco teve um imprevisto e não iria comparecer, e isso poderia invalidar esta etapa do concurso.
- Por Odin, o que faço agora? Não posso dizer ao Rocco que não vai ter mais concurso e a gravação dele ser prejudicada. E se tiver, a prova pode ser invalidada porque não temos todos os juízes imparciais do regulamento. – comentei aflita, peguei o celular para ligar para o avô de Damon, quem sabe ele poderia conhecer alguém quando tia Moira, disse:
- Se você precisa de gente famosa para dar audiência ao programa, poderia convidar Finn e os amigos, o time deles é famoso ou não dariam entrevista para televisão daqui não é? – ela disse e olhei suplicante para Finn e ele quis saber:
- É importante para você? Só me apresento na próxima temporada, mas os caras aqui, já estão na ativa...
- Sim, e eu ficaria muito agradecida se você e seus amigos me ajudassem.
Ele conversou com os amigos e após ligarem para o técnico, que ainda estava no estúdio ao lado, concordaram. Corri até o diretor e conversei com ele, e ele só faltou pular de alegria, quando os rapazes entraram no estúdio. E Rocco, como já conhecia e era fã do Bolzano na Itália, adorou os novos convidados, e os apresentou á platéia, que ficou eufórica, pois em sua maioria eram mulheres. Quando o programa acabou e as três vencedoras da etapa tiravam fotos com os convidados, eu respirei aliviada, abraçando tia Moira e sua ótima idéia.O diretor do programa veio contente dizer que o show havia sido lider de audiência, e que se numa próxima oportunidade quisesse trabalhar com eles novamente, era só ligar para ele.
Depois de tudo resolvido, agradeci a todos os amigos do time do Finn, e prometi me tornar a sua mais nova torcedora, ganhei pares de ingressos, e um deles, o engraçadinho do Enrico, disse que se um dia eu precisasse de um guia na cidade, era só ligar para ele, claro que ele recuou quando Finn rosnou para ele, dizendo que estava brincando, mas piscou para mim quando Finn não estava olhando. Embora eu tivesse muita coisa para fazer, optei por ficar com Finn e sua mãe, e fomos passear por alguns pontos turisticos que ficavam lindos à noite e ela adorou. Como ficamos paseando até tarde, no dia seguinte optamos por voltar todos juntos para Sofia, acompanhei Finn até a casa de sua mãe e depois fomos para a minha casa, onde eu ficaria para esperar por Mitchell.
Já era começo da tarde de domngo, e Finn estava sentado na sala, e fui buscar alguma coisa para comermos, e quando voltei acabei tropeçando e ele agilmente me segurou, e começamos a rir, pois eu sempre fui estabanada.Mitchell nos encontrou assim e disse:
- O que está acontecendo aqui? – e antes que eu abrisse a boca, vi que sua mãe, que estava com ele me olhava sarcástica. Finn, notando o clima tenso disse:
- Léo, é melhor eu ir embora...
- Não, você não vai, porque a casa é minha e recebo quem eu quiser aqui, especialmente meus amigos.- respondi olhando Mitchell, que havia me olhado de cima a baixo e se demorou nos meus pés descalços, quando me encarou novamente, havia julgamento em seus olhos:
- Passaram o fim de semana juntos?- perguntou frio e antes que eu respondesse, sua mãe disse:
- Eu disse que era perda de tempo tentar ter alguma amizade com esta garota Mitchell, nota-se que ela não é para você.
- Sim, passamos.- respondi o mais fria possível, mas por dentro eu fervia de irritação com o comentário da mãe dele, e ela o puxou pelo braço:
- Vamos embora, querido. Já vimos o bastante.- e ele começou a se virar com ela, quando eu explodi:
- Isso, esconda-se atrás da mamãe, sem saber realmente o que está acontecendo.- provoquei.
- Não ouse falar assim com meu filho...- ela se virou defensiva e sua voz se elevou um pouco, e eu respondi mais alto:
- Abaixe o tom, pois está na minha casa e aqui quem grita sou eu. Eu não a convidei para vir.- ela ofegou, talvez porque ninguém nunca tenha falado assim com ela e Mitchell disse nervoso:
- Não fale assim com a minha mãe.
- Ela que não fale comigo deste jeito, ela nunca ouviu dizer que em briga de...de casal ninguém mete a colher?- respondi e ele novamente me olhou e encarou novamente Finn, dizendo:
- Busco as minhas coisas assim, que possível...- não deixaria ele ter a última palavra:
- Não se dê ao trabalho, eu as mando para você. – ele saiu e a porta ficou entreaberta, fui até lá e a bati com força.
- Léo, sinto muito...Você está bem? - ouvi Finn perguntando enquanto meus olhos começaram a arder, mas respirei fundo e disse:
- Vou buscar minha mochila, preciso voltar para a escola agora, você vem comigo?
-Sim, claro.
Eu sabia que iria chorar e muito, mas o inferno congelaria se eu chorasse na frente de um ex-namorado.
Quando Mitchell e eu voltamos para a escola, pensei que teríamos a rotina de namorados que eu via entre Parv e Lukas e mesmo entre Robbie e Alec, mas nao foi o que aconteceu. Mitchell tinha que se dividir entre os treinos de quadribol, as aulas para auror, e eu além de estar no jornal, estava muito ocupada com o concurso de culinária que acabou movimentando até mesmo os alunos da escola, vários vinham comentar que seus pais haviam se inscrito no site, que mandei montar para o concurso, o que facilitava que eu acompanhasse tudo, de um laptop que comecei a usar e o carregava comigo para todo lugar. Acabei acertando um anúncio com Lucian e além de continuar a coluna de fofocas, também divulgavamos as receitas mais votadas, que ao final da votação on-line, eram avaliadas pela banca julgadora que se reunia duas vezes ao mês. E sempre que tínhamos uma folga nas aulas, Mitchell e eu nos encontravamos para namorar e tudo ia muito bem entre nós. Meu namoro com Finn foi breve, e sem querer acabava comparando-o ao de agora. E embora, Mitchell e eu não ficassemos grudados o tempo todo, nosso tempo juntos era de qualidade. Ok, a quem eu quero enganar com esta frase de workaholic de consciência pesada? Bastava ter um canto vazio que nos agarrávamos como se não houvesse amanhã, mas também conversávamos e fazíamos planos como um casal normal.
-o-o-o-o-o-
Sexta-feira, após o almoço
- Vocês têm certeza de que não podem vir?- perguntei mais uma vez para Robbie e Parv, enquanto arrumava uma mochila com algumas roupas.
- Não posso, amada. Tenho que terminar o trabalho que a professora Mira passou, olha que vergonha, até você fez o seu antes do meu.Tem algo errado no mundo.- rimos e olhei para Parv, que se mostrava chateada.
- Você acha que eu iria recusar comida boa, de graça e a oportunidade de boas risadas, se não tivesse aula? O doutor Pace já está na minha cola, e se eu faltar amanhã, posso dar adeus à carreira de auror. Porque Mitchell não vai com você?- e eu bufei:
- Porque ele já foi para Sofia, para encontrar a família, nem quis almoçar.Mas devemos voltar juntos para cá, domingo á noite.
- Há algum problema entre vocês? – ela quis saber e respondi:
- A mãe dele não gosta de mim.Acho que é questão de tempo...
- Como assim não gosta de você? Estavam todos bem, no casamento da irmã do Ozzy.Você até dançou com o pai dele.- disse Robbie e eu olhei para Parv e ela entendeu o que eu queria saber:
- Desculpe, estava com o filtro no máximo e não captei nada, mas pela aparência achei que tudo estivesse normal. Meus pais gostaram deles, e que história é esta de ‘questão de tempo’, vai terminar? Ele falou alguma coisa? - ela perguntou e eu neguei com a cabeça e Robbie se agitou:
- Vocês não podem terminar só porque a mãe dele não gosta de você, pirou? Ele é o melhor namorado que uma garota pode ter, e amiga, vocês se amam, todo mundo vê isso. E o mais importante: EU gosto do Mitch, e ele é muito amigo do Alec. Viu? Boas razões apra você não terminar com ele.
- Será que um namoro pode sobreviver quando a mãe do cara que você ama não te considera boa o bastante, ou nas palavras dela: ‘ainda se fosse a outra, Ivashkov’.- resmunguei.
- Ela falou isso na sua cara? Quem ela pensa que é? Não conhece aquela vaca da Camille. – disse Robbie nervoso e eu respondi:
- Claro que ela não falou comigo, ela é uma ‘Forbes’, e tem o mínimo de educação, então ela finge. Acabei ouvindo sem querer um comentário dela com o marido, depois da festa, na casa da tia dele. Eu havia voltado para pegar minha bolsa, que deixei na entrada, eles nem me viram.
- Não faça nada precipitado, Léo. Você contou ao Mitchell? – quis saber Parv.
- Não, e não vou contar, ele adora os pais e não quero que briguem por minha causa. Por favor, não comentem nada ok?Tudo vai se resolver.- eles concordaram e os deixei na república, e fui pegar o trem. Tinha muitos pensamentos conflitantes a respeito de Mitchell na cabeça, que sumiram quando abri o bolso da frente da minha mochila para pegar a minha passagem, e encontrei um bilhete com a caligrafia dele.
‘Estou contando os minutos para domingo. M.”
Remexi mais um pouco na bolsa e encontrei uma saquinho de veludo e dentro havia uma pulseira de prata, cheia de pequenos berloques, do tipo que as pessoas usam para ter sorte, como trevo de quatro folhas, ferradura, um coração onde havia nossas iniciais.Sorri feito boba.
- ‘Problema da mãe dele se não gosta de mim, ele gosta...E muito!’.- disse a mim mesma enquanto admirava a pulseira em meu pulso.
o-o-o-o-o-o
Quando cheguei na Itália, foi uma correria só, pois eram muitos participantes, e o senhor Vincenzo, já havia organizado boa parte das eliminatórias, e no sábado quando teriamos a prova final com a presença de juizes, escolheriamos as 3 finalistas desta etapa. Por ser uma causa beneficente, convidamos algumas celebridades, entre eles um chef americano de origem italiana chamado, Rocco Di Spirito, que estava fazendo um programa para seu canal de televisão e era amigo do avô do Damon, e como ele ofereceu a estrutura do estúdio, fomos todos para lá. Eu entrava na estúdio destinado ao programa quando ouvi alguém me chamar, me virei e era a mãe do Finn. Sorri quando nos abraçamos:
- Minha querida que saudades de você. Está linda! – ela disse amorosa e eu a abracei novamente:
- Você está muito bem, tia Moira.O que faz aqui?
- Finn está dando entrevista junto com o time, no estúdio do lado, para um programa de esportes e você sabe que a única coisa que entendo deste jogo é que quando ele defende o...o...
- Puck.- completei e ela riu concordando:
- Isso! Quando ele defende o puck, é bom para ele e para o time.- rimos e eu disse:
- Só aprendi, porque tive que ver muitos dos jogos dele na escola. Quer ficar um pouco aqui, enquanto ele termina as entrevistas? Estou esperando a ultima jurada do concurso de culinária. Rocco Di Spirito, vai apresentar o programa.
- Ah que maravilha, adoro o programa dele. Sabe que sempre uso o azeite da sua empresa e pedi a todas as minhas amigas que o usassem, Finn me contou da sua luta em salvar a fábrica, conte comigo, querida.
-Obrigada, tia, isso me ajuda e muito. Quer ser minha convidada para ver o programa e depois vamos comer em algum lugar e matar as saudades?- ficamos conversando por um tempo e logo Finn se juntava a nós, junto com alguns colegas do time, que ele apresentou a nós duas. No começo ele estava um pouco seco comigo, mas depois começou a conversar normal e logo estávamos rindo, dos comentários deles sobre a entrevista, e seus novos amigos eram muito engraçados, além de bonitos, e algumas vezes não entendiam algumas palavras que diziamos, e um deles veio colocando a mão sobre meu ombro, me convidando para sair e eu sem disfarçar, retirava sua mão e seus colegas o zoaram. O tempo foi passando e o diretor do programa veio me avisar que a convidada de Rocco teve um imprevisto e não iria comparecer, e isso poderia invalidar esta etapa do concurso.
- Por Odin, o que faço agora? Não posso dizer ao Rocco que não vai ter mais concurso e a gravação dele ser prejudicada. E se tiver, a prova pode ser invalidada porque não temos todos os juízes imparciais do regulamento. – comentei aflita, peguei o celular para ligar para o avô de Damon, quem sabe ele poderia conhecer alguém quando tia Moira, disse:
- Se você precisa de gente famosa para dar audiência ao programa, poderia convidar Finn e os amigos, o time deles é famoso ou não dariam entrevista para televisão daqui não é? – ela disse e olhei suplicante para Finn e ele quis saber:
- É importante para você? Só me apresento na próxima temporada, mas os caras aqui, já estão na ativa...
- Sim, e eu ficaria muito agradecida se você e seus amigos me ajudassem.
Ele conversou com os amigos e após ligarem para o técnico, que ainda estava no estúdio ao lado, concordaram. Corri até o diretor e conversei com ele, e ele só faltou pular de alegria, quando os rapazes entraram no estúdio. E Rocco, como já conhecia e era fã do Bolzano na Itália, adorou os novos convidados, e os apresentou á platéia, que ficou eufórica, pois em sua maioria eram mulheres. Quando o programa acabou e as três vencedoras da etapa tiravam fotos com os convidados, eu respirei aliviada, abraçando tia Moira e sua ótima idéia.O diretor do programa veio contente dizer que o show havia sido lider de audiência, e que se numa próxima oportunidade quisesse trabalhar com eles novamente, era só ligar para ele.
Depois de tudo resolvido, agradeci a todos os amigos do time do Finn, e prometi me tornar a sua mais nova torcedora, ganhei pares de ingressos, e um deles, o engraçadinho do Enrico, disse que se um dia eu precisasse de um guia na cidade, era só ligar para ele, claro que ele recuou quando Finn rosnou para ele, dizendo que estava brincando, mas piscou para mim quando Finn não estava olhando. Embora eu tivesse muita coisa para fazer, optei por ficar com Finn e sua mãe, e fomos passear por alguns pontos turisticos que ficavam lindos à noite e ela adorou. Como ficamos paseando até tarde, no dia seguinte optamos por voltar todos juntos para Sofia, acompanhei Finn até a casa de sua mãe e depois fomos para a minha casa, onde eu ficaria para esperar por Mitchell.
Já era começo da tarde de domngo, e Finn estava sentado na sala, e fui buscar alguma coisa para comermos, e quando voltei acabei tropeçando e ele agilmente me segurou, e começamos a rir, pois eu sempre fui estabanada.Mitchell nos encontrou assim e disse:
- O que está acontecendo aqui? – e antes que eu abrisse a boca, vi que sua mãe, que estava com ele me olhava sarcástica. Finn, notando o clima tenso disse:
- Léo, é melhor eu ir embora...
- Não, você não vai, porque a casa é minha e recebo quem eu quiser aqui, especialmente meus amigos.- respondi olhando Mitchell, que havia me olhado de cima a baixo e se demorou nos meus pés descalços, quando me encarou novamente, havia julgamento em seus olhos:
- Passaram o fim de semana juntos?- perguntou frio e antes que eu respondesse, sua mãe disse:
- Eu disse que era perda de tempo tentar ter alguma amizade com esta garota Mitchell, nota-se que ela não é para você.
- Sim, passamos.- respondi o mais fria possível, mas por dentro eu fervia de irritação com o comentário da mãe dele, e ela o puxou pelo braço:
- Vamos embora, querido. Já vimos o bastante.- e ele começou a se virar com ela, quando eu explodi:
- Isso, esconda-se atrás da mamãe, sem saber realmente o que está acontecendo.- provoquei.
- Não ouse falar assim com meu filho...- ela se virou defensiva e sua voz se elevou um pouco, e eu respondi mais alto:
- Abaixe o tom, pois está na minha casa e aqui quem grita sou eu. Eu não a convidei para vir.- ela ofegou, talvez porque ninguém nunca tenha falado assim com ela e Mitchell disse nervoso:
- Não fale assim com a minha mãe.
- Ela que não fale comigo deste jeito, ela nunca ouviu dizer que em briga de...de casal ninguém mete a colher?- respondi e ele novamente me olhou e encarou novamente Finn, dizendo:
- Busco as minhas coisas assim, que possível...- não deixaria ele ter a última palavra:
- Não se dê ao trabalho, eu as mando para você. – ele saiu e a porta ficou entreaberta, fui até lá e a bati com força.
- Léo, sinto muito...Você está bem? - ouvi Finn perguntando enquanto meus olhos começaram a arder, mas respirei fundo e disse:
- Vou buscar minha mochila, preciso voltar para a escola agora, você vem comigo?
-Sim, claro.
Eu sabia que iria chorar e muito, mas o inferno congelaria se eu chorasse na frente de um ex-namorado.
Wednesday, February 01, 2012
Memórias de Lucian P. Valesti e Lenneth V. Aesir
Janeiro de 2015 – Primeira semana após os feriados.
Lucian
Voltar a escola depois de tudo que tinha acontecido antes dos feriados foi estranho.
Primeiro, Liseria não voltaria... Sua mãe me procurou na véspera do Natal e me falou que sua filha desejava ficar em Beauxbatons e já estavam preparando todas as papeladas para a sua transferência. Ela me contou que Liseria estava arrasada e irritada comigo e que não queria me ver. Conversei com a mãe dela longamente e expliquei tudo que tinha acontecido. Ela não ficou feliz, mas preferiu que eu tivesse terminado agora do que ficar enganando sua filha por mais tempo.
E agora havia a questão da Lenneth... E era uma questão muito complexa.
Eu não tinha dúvidas do que sentia por ela, já tivera provas suficientes de que estava gostando dela, amando-a para ser mais exato. Mas no que isso implicaria? Éramos amigos desde criança, eu cresci com ela ao meu lado, a tratei como minha irmã por longos anos... E agora?
No casamento da irmã do Ozzy dançamos juntos, apesar de eu ter tentado passar a festa inteira fugindo dela. Mas quando dançamos foi especial de um modo como jamais senti.
E parecia que ela sentia o mesmo... Mas eu poderia estar errado... Poderia estragar uma amizade para sempre...
Como eu odeio “se”!
Lenneth
Liseria não voltara a Durmstrang. Recebi essa notícia chocada, pois significava que a briga entre ela e Lucian havia sido feia.
Não tinha conversado muito com ele desde o acontecido, pois ele parecia querer fugir de mim o tempo todo. Eu decidi dar a ele o espaço que queria, pois também não gostava da sensação de estar me aproveitando da distância de Liseria.
Agora, não sei o que fazer! Se ela não vai voltar, é porque eles se separaram realmente... Mas vou parecer uma aproveitadora caso vá atrás dele agora. E tudo que ele não precisa é de mais mentiras e acusações contra ele naquele maldito jornal clandestino.
Conversei isso tudo com Julie e ela me ouviu pacientemente, mas depois quase me deu uma bronca.
- Quem é você e o que fez com minha amiga? – Ela perguntou e eu a olhei sem entender. – Lenneth, desde quando você se importa com o que os outros pensam ou deixam de pensar? Você tem que correr atrás daquilo que acha certo. E nós duas sabemos que você tem chances com o Lucian, altíssimas!
- Você acha? – Eu perguntei.
- Está estampado na cara dele, e também na sua. Vocês se gostam, Lenneth, não deveriam ter medo de assumir isso.
Eu pensei por muito tempo no que ela disse, mas finalmente decidi tomar uma atitude. Eu gostava do Lucian, sempre gostei e sempre que tentei ignorar isso ou esquecê-lo, o que eu sentia ficou apenas mais forte.
No sábado de manhã eu tive que ir às pressas para a escola de música que eu tinha sido admitida e perdi toda a manhã finalizando minha matrícula.
Assim que voltei para Durmstrang, no meio da tarde procurei o Lucian pela escolha inteira e logo depois fui para o vilarejo, esperando encontrá-lo na livraria da Ferania, mas ele não estava lá. Então me lembrei sobre algo que Lucian falou uma vez.
Tinha um lugar que ele gostava de ir quando estava triste e queria ficar sozinho. Era um depósito da livraria, mas eu não fazia idéia de onde ficava.
- Ferania, preciso da sua ajuda! Onde o Lucian está? – Perguntei, quando entrei correndo na livraria. Ferania terminava de fazer anotações em um bloco, pronta para fechar a loja.
- Aconteceu alguma coisa? – Ferania perguntou, ao me ver tão exaltada.
- Eu estou procurando o Lucian, mas não o encontro! – Falei.
- Eu não faço idéia de onde ele possa estar. – Ela falou, mas eu sabia que não era verdade.
- Fer, nós conhecemos desde pequenas, eu tenho certeza que você sabe onde ele está! É no armazém da loja, mas não sei onde fica.
- Lenneth, queria poder te ajudar, mas não sei onde o Lucian está. – Ela falou e eu senti meu ânimo desaparecer e me sentei em uma das poltronas.
- Eu preciso falar com ele... Se não for hoje não sei se terei coragem depois!
- Eu não deveria fazer isso, tanto como professora, como amiga de vocês. – Ela suspirou e sentou do meu lado. – Ele quer ficar sozinho, Lenneth, por isso me pediu o dia de hoje de folga e prometi não contar a ninguém onde ele estava... – Eu comecei a falar algo, mas ela levantou a mão. – Mas acho que ele precisa é de você, e você dele. Ele está no armazém, vou fazer um mapa para você.
Eu então gritei de alegria e beijei seu rosto e assim que ela me entregou o mapa, sai correndo.
O armazém ficava afastado da vila, em uma região remota e cheia de árvores. Era um lugar muito calmo que combinava com Lucian. Não havia som algum além do farfalhar das árvores e dos meus passos apressados, abafados um pouco pela neve fina.
Estava chegando perto do local indicado pelo mapa de Ferania e vi fumaça, proveniente de uma chaminé. Eu joguei o mapa fora e comecei a correr, pois sabia que estava perto.
O armazém era uma cabana mediana e antiga, provavelmente alguma casa de campo da família de Ferania. Ele era todo de madeira, com exceção da chaminé de pedra, provavelmente conectada a uma lareira. Havia luz dentro da cabana e corri até a porta.
Bati na porta com pressa e ouvi quando alguém se levantou de uma cadeira. Ouvi os passos se aproximando da porta, enquanto meu coração saltava acelerado.
- Algum problema Ferania? – Lucian perguntou ao abrir a porta, mas ficou calado ao me ver.
Ele segurava um livro em uma das mãos e ficou paralisado ao me ver. Seus olhos ficaram fixos nos meus e eu abri um sorriso enorme e saltei para ele abraçando-o com força.
- Lenneth? O que houve? Como chegou aqui? – Ele perguntou, mas eu só queria abraçá-lo e, mais devido às emoções do que a corrida, fiquei um tempo sem conseguir falar.
Então pensei que melhor do que palavras seriam atitudes.
Eu o beijei, um beijo longo e quente. De início ele pareceu surpreso, mas então soltou o livro e segurou minha cintura, beijando-me com vontade e carinho.
Não sei quanto tempo esse beijo durou, mas depois de um tempo nos soltamos e eu sorri, enquanto lágrimas desciam pelos meus olhos.
- Lenneth... Você é a garota daquela festa?! – Ele perguntou, a surpresa em seus olhos.
- Eu sou. – Eu consegui dizer e antes que ele pudesse falar algo, voltei a falar rapidamente. – Eu... Me perdoe pelo que fiz, mas daquela vez queria... Eu queria tê-lo para mim pelo menos uma vez. – Eu falei e ele ficou calado um tempo. – Você está irritado comigo?
- Não... Estou feliz. Lenneth, eu te amo. – Ele falou sorrindo para mim e me puxou para outro beijo, um pouco mais rápido que o anterior, mas ainda com muita vontade. Enquanto nos beijávamos, eu fechei a porta com o pé e senti quando ele me puxou para dentro da cabana, ainda abraçados e nos beijando.
- Eu te amo, Lucian. – Eu falei, entre beijos e o sentei na poltrona, sentando em seu colo, ainda nos beijando.
Sentia suas mãos nas minhas costas e não pude mais resistir.
Tirei a blusa que ele usava e depois deixei que ele tirasse a minha. Nos beijamos novamente, enquanto eu me deitava sobre ele no sofá.
A nossa primeira vez foi diante da lareira, com a neve caindo lá fora, enquanto nos entregávamos a um amor que levou anos para acontecer.
Janeiro de 2015 – Primeira semana após os feriados.
Lucian
Voltar a escola depois de tudo que tinha acontecido antes dos feriados foi estranho.
Primeiro, Liseria não voltaria... Sua mãe me procurou na véspera do Natal e me falou que sua filha desejava ficar em Beauxbatons e já estavam preparando todas as papeladas para a sua transferência. Ela me contou que Liseria estava arrasada e irritada comigo e que não queria me ver. Conversei com a mãe dela longamente e expliquei tudo que tinha acontecido. Ela não ficou feliz, mas preferiu que eu tivesse terminado agora do que ficar enganando sua filha por mais tempo.
E agora havia a questão da Lenneth... E era uma questão muito complexa.
Eu não tinha dúvidas do que sentia por ela, já tivera provas suficientes de que estava gostando dela, amando-a para ser mais exato. Mas no que isso implicaria? Éramos amigos desde criança, eu cresci com ela ao meu lado, a tratei como minha irmã por longos anos... E agora?
No casamento da irmã do Ozzy dançamos juntos, apesar de eu ter tentado passar a festa inteira fugindo dela. Mas quando dançamos foi especial de um modo como jamais senti.
E parecia que ela sentia o mesmo... Mas eu poderia estar errado... Poderia estragar uma amizade para sempre...
Como eu odeio “se”!
Lenneth
Liseria não voltara a Durmstrang. Recebi essa notícia chocada, pois significava que a briga entre ela e Lucian havia sido feia.
Não tinha conversado muito com ele desde o acontecido, pois ele parecia querer fugir de mim o tempo todo. Eu decidi dar a ele o espaço que queria, pois também não gostava da sensação de estar me aproveitando da distância de Liseria.
Agora, não sei o que fazer! Se ela não vai voltar, é porque eles se separaram realmente... Mas vou parecer uma aproveitadora caso vá atrás dele agora. E tudo que ele não precisa é de mais mentiras e acusações contra ele naquele maldito jornal clandestino.
Conversei isso tudo com Julie e ela me ouviu pacientemente, mas depois quase me deu uma bronca.
- Quem é você e o que fez com minha amiga? – Ela perguntou e eu a olhei sem entender. – Lenneth, desde quando você se importa com o que os outros pensam ou deixam de pensar? Você tem que correr atrás daquilo que acha certo. E nós duas sabemos que você tem chances com o Lucian, altíssimas!
- Você acha? – Eu perguntei.
- Está estampado na cara dele, e também na sua. Vocês se gostam, Lenneth, não deveriam ter medo de assumir isso.
Eu pensei por muito tempo no que ela disse, mas finalmente decidi tomar uma atitude. Eu gostava do Lucian, sempre gostei e sempre que tentei ignorar isso ou esquecê-lo, o que eu sentia ficou apenas mais forte.
No sábado de manhã eu tive que ir às pressas para a escola de música que eu tinha sido admitida e perdi toda a manhã finalizando minha matrícula.
Assim que voltei para Durmstrang, no meio da tarde procurei o Lucian pela escolha inteira e logo depois fui para o vilarejo, esperando encontrá-lo na livraria da Ferania, mas ele não estava lá. Então me lembrei sobre algo que Lucian falou uma vez.
Tinha um lugar que ele gostava de ir quando estava triste e queria ficar sozinho. Era um depósito da livraria, mas eu não fazia idéia de onde ficava.
- Ferania, preciso da sua ajuda! Onde o Lucian está? – Perguntei, quando entrei correndo na livraria. Ferania terminava de fazer anotações em um bloco, pronta para fechar a loja.
- Aconteceu alguma coisa? – Ferania perguntou, ao me ver tão exaltada.
- Eu estou procurando o Lucian, mas não o encontro! – Falei.
- Eu não faço idéia de onde ele possa estar. – Ela falou, mas eu sabia que não era verdade.
- Fer, nós conhecemos desde pequenas, eu tenho certeza que você sabe onde ele está! É no armazém da loja, mas não sei onde fica.
- Lenneth, queria poder te ajudar, mas não sei onde o Lucian está. – Ela falou e eu senti meu ânimo desaparecer e me sentei em uma das poltronas.
- Eu preciso falar com ele... Se não for hoje não sei se terei coragem depois!
- Eu não deveria fazer isso, tanto como professora, como amiga de vocês. – Ela suspirou e sentou do meu lado. – Ele quer ficar sozinho, Lenneth, por isso me pediu o dia de hoje de folga e prometi não contar a ninguém onde ele estava... – Eu comecei a falar algo, mas ela levantou a mão. – Mas acho que ele precisa é de você, e você dele. Ele está no armazém, vou fazer um mapa para você.
Eu então gritei de alegria e beijei seu rosto e assim que ela me entregou o mapa, sai correndo.
O armazém ficava afastado da vila, em uma região remota e cheia de árvores. Era um lugar muito calmo que combinava com Lucian. Não havia som algum além do farfalhar das árvores e dos meus passos apressados, abafados um pouco pela neve fina.
Estava chegando perto do local indicado pelo mapa de Ferania e vi fumaça, proveniente de uma chaminé. Eu joguei o mapa fora e comecei a correr, pois sabia que estava perto.
O armazém era uma cabana mediana e antiga, provavelmente alguma casa de campo da família de Ferania. Ele era todo de madeira, com exceção da chaminé de pedra, provavelmente conectada a uma lareira. Havia luz dentro da cabana e corri até a porta.
Bati na porta com pressa e ouvi quando alguém se levantou de uma cadeira. Ouvi os passos se aproximando da porta, enquanto meu coração saltava acelerado.
- Algum problema Ferania? – Lucian perguntou ao abrir a porta, mas ficou calado ao me ver.
Ele segurava um livro em uma das mãos e ficou paralisado ao me ver. Seus olhos ficaram fixos nos meus e eu abri um sorriso enorme e saltei para ele abraçando-o com força.
- Lenneth? O que houve? Como chegou aqui? – Ele perguntou, mas eu só queria abraçá-lo e, mais devido às emoções do que a corrida, fiquei um tempo sem conseguir falar.
Então pensei que melhor do que palavras seriam atitudes.
Eu o beijei, um beijo longo e quente. De início ele pareceu surpreso, mas então soltou o livro e segurou minha cintura, beijando-me com vontade e carinho.
Não sei quanto tempo esse beijo durou, mas depois de um tempo nos soltamos e eu sorri, enquanto lágrimas desciam pelos meus olhos.
- Lenneth... Você é a garota daquela festa?! – Ele perguntou, a surpresa em seus olhos.
- Eu sou. – Eu consegui dizer e antes que ele pudesse falar algo, voltei a falar rapidamente. – Eu... Me perdoe pelo que fiz, mas daquela vez queria... Eu queria tê-lo para mim pelo menos uma vez. – Eu falei e ele ficou calado um tempo. – Você está irritado comigo?
- Não... Estou feliz. Lenneth, eu te amo. – Ele falou sorrindo para mim e me puxou para outro beijo, um pouco mais rápido que o anterior, mas ainda com muita vontade. Enquanto nos beijávamos, eu fechei a porta com o pé e senti quando ele me puxou para dentro da cabana, ainda abraçados e nos beijando.
- Eu te amo, Lucian. – Eu falei, entre beijos e o sentei na poltrona, sentando em seu colo, ainda nos beijando.
Sentia suas mãos nas minhas costas e não pude mais resistir.
Tirei a blusa que ele usava e depois deixei que ele tirasse a minha. Nos beijamos novamente, enquanto eu me deitava sobre ele no sofá.
A nossa primeira vez foi diante da lareira, com a neve caindo lá fora, enquanto nos entregávamos a um amor que levou anos para acontecer.
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