Wednesday, February 01, 2012

Memórias de Lucian P. Valesti e Lenneth V. Aesir

Janeiro de 2015 – Primeira semana após os feriados.

Lucian

Voltar a escola depois de tudo que tinha acontecido antes dos feriados foi estranho.
Primeiro, Liseria não voltaria... Sua mãe me procurou na véspera do Natal e me falou que sua filha desejava ficar em Beauxbatons e já estavam preparando todas as papeladas para a sua transferência. Ela me contou que Liseria estava arrasada e irritada comigo e que não queria me ver. Conversei com a mãe dela longamente e expliquei tudo que tinha acontecido. Ela não ficou feliz, mas preferiu que eu tivesse terminado agora do que ficar enganando sua filha por mais tempo.
E agora havia a questão da Lenneth... E era uma questão muito complexa.
Eu não tinha dúvidas do que sentia por ela, já tivera provas suficientes de que estava gostando dela, amando-a para ser mais exato. Mas no que isso implicaria? Éramos amigos desde criança, eu cresci com ela ao meu lado, a tratei como minha irmã por longos anos... E agora?
No casamento da irmã do Ozzy dançamos juntos, apesar de eu ter tentado passar a festa inteira fugindo dela. Mas quando dançamos foi especial de um modo como jamais senti.
E parecia que ela sentia o mesmo... Mas eu poderia estar errado... Poderia estragar uma amizade para sempre...
Como eu odeio “se”!

Lenneth

Liseria não voltara a Durmstrang. Recebi essa notícia chocada, pois significava que a briga entre ela e Lucian havia sido feia.
Não tinha conversado muito com ele desde o acontecido, pois ele parecia querer fugir de mim o tempo todo. Eu decidi dar a ele o espaço que queria, pois também não gostava da sensação de estar me aproveitando da distância de Liseria.
Agora, não sei o que fazer! Se ela não vai voltar, é porque eles se separaram realmente... Mas vou parecer uma aproveitadora caso vá atrás dele agora. E tudo que ele não precisa é de mais mentiras e acusações contra ele naquele maldito jornal clandestino.
Conversei isso tudo com Julie e ela me ouviu pacientemente, mas depois quase me deu uma bronca.
- Quem é você e o que fez com minha amiga? – Ela perguntou e eu a olhei sem entender. – Lenneth, desde quando você se importa com o que os outros pensam ou deixam de pensar? Você tem que correr atrás daquilo que acha certo. E nós duas sabemos que você tem chances com o Lucian, altíssimas!
- Você acha? – Eu perguntei.
- Está estampado na cara dele, e também na sua. Vocês se gostam, Lenneth, não deveriam ter medo de assumir isso.
Eu pensei por muito tempo no que ela disse, mas finalmente decidi tomar uma atitude. Eu gostava do Lucian, sempre gostei e sempre que tentei ignorar isso ou esquecê-lo, o que eu sentia ficou apenas mais forte.

No sábado de manhã eu tive que ir às pressas para a escola de música que eu tinha sido admitida e perdi toda a manhã finalizando minha matrícula.
Assim que voltei para Durmstrang, no meio da tarde procurei o Lucian pela escolha inteira e logo depois fui para o vilarejo, esperando encontrá-lo na livraria da Ferania, mas ele não estava lá. Então me lembrei sobre algo que Lucian falou uma vez.
Tinha um lugar que ele gostava de ir quando estava triste e queria ficar sozinho. Era um depósito da livraria, mas eu não fazia idéia de onde ficava.
- Ferania, preciso da sua ajuda! Onde o Lucian está? – Perguntei, quando entrei correndo na livraria. Ferania terminava de fazer anotações em um bloco, pronta para fechar a loja.

- Aconteceu alguma coisa? – Ferania perguntou, ao me ver tão exaltada.
- Eu estou procurando o Lucian, mas não o encontro! – Falei.
- Eu não faço idéia de onde ele possa estar. – Ela falou, mas eu sabia que não era verdade.
- Fer, nós conhecemos desde pequenas, eu tenho certeza que você sabe onde ele está! É no armazém da loja, mas não sei onde fica.
- Lenneth, queria poder te ajudar, mas não sei onde o Lucian está. – Ela falou e eu senti meu ânimo desaparecer e me sentei em uma das poltronas.
- Eu preciso falar com ele... Se não for hoje não sei se terei coragem depois!
- Eu não deveria fazer isso, tanto como professora, como amiga de vocês. – Ela suspirou e sentou do meu lado. – Ele quer ficar sozinho, Lenneth, por isso me pediu o dia de hoje de folga e prometi não contar a ninguém onde ele estava... – Eu comecei a falar algo, mas ela levantou a mão. – Mas acho que ele precisa é de você, e você dele. Ele está no armazém, vou fazer um mapa para você.
Eu então gritei de alegria e beijei seu rosto e assim que ela me entregou o mapa, sai correndo.
O armazém ficava afastado da vila, em uma região remota e cheia de árvores. Era um lugar muito calmo que combinava com Lucian. Não havia som algum além do farfalhar das árvores e dos meus passos apressados, abafados um pouco pela neve fina.
Estava chegando perto do local indicado pelo mapa de Ferania e vi fumaça, proveniente de uma chaminé. Eu joguei o mapa fora e comecei a correr, pois sabia que estava perto.
O armazém era uma cabana mediana e antiga, provavelmente alguma casa de campo da família de Ferania. Ele era todo de madeira, com exceção da chaminé de pedra, provavelmente conectada a uma lareira. Havia luz dentro da cabana e corri até a porta.
Bati na porta com pressa e ouvi quando alguém se levantou de uma cadeira. Ouvi os passos se aproximando da porta, enquanto meu coração saltava acelerado.
- Algum problema Ferania? – Lucian perguntou ao abrir a porta, mas ficou calado ao me ver.
Ele segurava um livro em uma das mãos e ficou paralisado ao me ver. Seus olhos ficaram fixos nos meus e eu abri um sorriso enorme e saltei para ele abraçando-o com força.
- Lenneth? O que houve? Como chegou aqui? – Ele perguntou, mas eu só queria abraçá-lo e, mais devido às emoções do que a corrida, fiquei um tempo sem conseguir falar.
Então pensei que melhor do que palavras seriam atitudes.
Eu o beijei, um beijo longo e quente. De início ele pareceu surpreso, mas então soltou o livro e segurou minha cintura, beijando-me com vontade e carinho.
Não sei quanto tempo esse beijo durou, mas depois de um tempo nos soltamos e eu sorri, enquanto lágrimas desciam pelos meus olhos.
- Lenneth... Você é a garota daquela festa?! – Ele perguntou, a surpresa em seus olhos.
- Eu sou. – Eu consegui dizer e antes que ele pudesse falar algo, voltei a falar rapidamente. – Eu... Me perdoe pelo que fiz, mas daquela vez queria... Eu queria tê-lo para mim pelo menos uma vez. – Eu falei e ele ficou calado um tempo. – Você está irritado comigo?
- Não... Estou feliz. Lenneth, eu te amo. – Ele falou sorrindo para mim e me puxou para outro beijo, um pouco mais rápido que o anterior, mas ainda com muita vontade. Enquanto nos beijávamos, eu fechei a porta com o pé e senti quando ele me puxou para dentro da cabana, ainda abraçados e nos beijando.
- Eu te amo, Lucian. – Eu falei, entre beijos e o sentei na poltrona, sentando em seu colo, ainda nos beijando.
Sentia suas mãos nas minhas costas e não pude mais resistir.
Tirei a blusa que ele usava e depois deixei que ele tirasse a minha. Nos beijamos novamente, enquanto eu me deitava sobre ele no sofá.
A nossa primeira vez foi diante da lareira, com a neve caindo lá fora, enquanto nos entregávamos a um amor que levou anos para acontecer.