Thursday, May 30, 2013

“Anyone can achieve their fullest potential. Who we are might be predetermined, but the path we follow is always of our own choosing. We should never allow our fears or the expectations of others to set the frontiers of our destiny. Your destiny can’t be changed, but it can be challenged. Every man is born as many men and dies as a single one.”

NCIS - 7.07 End Game


Eu me lembro com clareza da formatura do meu irmão, em junho de 2016. Lembro-me muito bem que era uma rara noite de leve calor em Durmstrang, pois havia adquirido há pouco tempo a habilidade de ver todo o futuro das pessoas apenas ao tocá-las e precisava constantemente usar luvas. Aquela noite, porém, o tempo me obrigou a deixá-las no dormitório. E é por isso que me lembro tão claramente de tudo.

A festa começou assim que anoiteceu. Tendo como inspiração a década de 40, os formandos estavam todos vestidos com roupas da época e alguns alunos de outros anos também aderiram à moda. Eu entre eles, com um terno de risca de giz que me deixou com ares de mafioso, algo que Lawfer passou a noite inteira repetindo.

A decoração dos jardins estava particularmente nostálgica. O tema do baile era memórias e todo o caminho até o salão estava decorado com fotografias ampliadas dos formandos em seus sete anos em Durmstrang. Fotos deles sozinhos, fotos em grupos e também muitas fotos deles com amigos ou parentes de outros anos. Lawfer encontrou uma foto dele com Lucian e ao lado dela havia uma de Parvati abraçada a uma Alexis completamente pintada. Era do dia em que ela se tornou membro da Atena.

Enquanto Lawfer se divertia procurando fotos do irmão, observei Ozzy e os amigos olhando suas fotos. Como esperado, sempre que passavam em frente às fotos que tinham Jack demoravam um pouco mais e não conseguiam evitar o olhar saudoso. Era bom saber que ele não havia sido esquecido na homenagem aos formandos.

A festa foi bem bacana. A banca tocava apenas músicas da época, mas foi muito divertido mesmo mamãe tendo me feito dançar com ela inúmeras vezes. Já passava da meia noite quando me rendi ao cansaço e como Lawfer e eu íamos embora com nossos pais naquela noite mesmo, comecei a procurar meu irmão e seus amigos para parabenizá-los pela formatura e me despedir. E foi quando o que de fato tornou aquele baile memorável aconteceu. À medida que ia cumprimentando um por um, via flashes do que o futuro reservava para cada um deles.

Oleg deixou a Bulgária no final de agosto. Quando ele apertou minha mão entusiasmado e me puxou para um abraço, tive a primeira visão da noite, de sua formatura na academia do FBI. Na cena seguinte ele corria pelas ruas de Nova York na companhia de uma morena, o distintivo de detetives da NYPD balançando no pescoço de ambos. Depois ele estava no Egito, em frente às pirâmides de Gizé. Estava mais velho, outra aparência, com barba e cabelos longos. Conversava com um homem, parecia intimidá-lo, a arma presa em sua cintura à mostra. Depois o vi em um bar sujo, ainda no Egito. Era a mesma época da visão anterior, sua aparência era a mesma, mas dessa vez ele conversava com a mulher estava com ele em Nova York. Ela falava e ele ouvia atentamente, parecendo animado. Na última visão que tive, ele estava saindo de um taxi com uma mochila de viagens nas costas, de frente para o Big Ben. Oleg se mudou para Londres para se juntar a uma equipe de profilers da Scotland Yard e nunca mais retornou à Bulgária, exceto para passar as festas de fim de ano com a família.

Alec continuou na Bulgária. Assim que deixou a escola, conseguiu um emprego no Profeta Diário e foi aceito na Universidade de Sofia no curso de jornalismo. A primeira coisa que vi foi sua formatura na Universidade. Depois a visão mudou bruscamente e vi Alec recém-formado em Nova York, sendo recebido pelo irmão do aeroporto. Depois, ainda na cidade, o vi entrando no edifício do New York Times. A visão mudou outra vez e agora vi um Alec mais velho, na casa dos 30 anos, em uma zona de guerra. Carregava um gravador na mão e falava rápido nele, agachado para se proteger das bombas e tiros que cercavam o local. Minha última visão foi do mesmo Alec de 30 e poucos anos, agora limpo e de terno, recebendo o Pulitzer em uma cerimônia cheia de pompa. Oleg estava na primeira fileira, aplaudindo o irmão de pé. Alec continua morando em Nova York e embora ainda trabalhe para o New York Times, também é um Best-seller de livros de romance e usa o codinome Victoria St. Clair. Seu caminho cruzou com o de Robbie alguma outras vezes, mas eles nunca mais passaram de amigos.

Finn se mudou para a Itália logo depois da formatura, para ocupar a vaga de goleiro no time de Hóquei Bozzano. A primeira coisa que vi foi ele cercado de garotas, no auge da fama. A cena mudou e ele estava sendo transferido para o Montreal Canadians. Tive outro flash e vi Finn vencendo o campeonato da NHL e recebendo o troféu Memorial Hart, prêmio dado ao MVP da temporada, e o time recebendo a Copa Stanley. Num futuro mais à frente, o vi mais velho sendo amparado por sua esposa enquanto recebia emocionado das mãos de seu filho, que era sua cópia aos 20 anos, o troféu King Clancy por sua liderança e contribuição em causas humanitárias.

Lucian conseguiu um emprego no Profeta Diário para escrever para a seção cultural e internacional e começou assim que o verão terminou. Assim como Alec, ele também estudou jornalismo na Universidade de Sofia. Mas a primeira visão de Lucian que tive já não era mais no jornal. Ele estava de volta a Durmstrang, ministrando as aulas de Literatura Mágica e parecia ser o professore favorito dos alunos. A próxima visão tinha Lucian em uma livraria, cercado de fotógrafos e uma multidão com um livro na mão, esperando por seu autógrafo. E como era impossível ver o futuro de Lucian sem ver o da Lenneth, a última visão dele que tive foi do casamento dos dois, anos depois. Lucian se tornou um escritor de muito sucesso, realizando seu sonho de escrever livros de fantasia. A série lançada por ele ficou mundialmente conhecida, tanto no mundo bruxo quanto no trouxa.

Lenneth só se formaria no ano seguinte. Em seu último ano ela disputou o Torneio Tribruxo em Hogwarts, um lugar que a marcou, pois lá lutou para defender amigos em um ataque. E lá também nasceriam as sementes de uma banda, onde ela e um amigo seriam os fundadores, que viria a fazer muito sucesso entre os trouxas, misturando músicas pesadas e lentas, mas sempre dentro do gênero de metal e melódico com a bela voz lírica de Lenneth. Em minha primeira visão ela estava no primeiro grande show de sua banda. Cantava uma música muito bonita e usava um corpete negro. Na próxima visão a banda recebia um prêmio por um de seus álbuns. Na cena seguinte, Lenneth cantava ao lado de seu ídolo, a cantora Tarja, em um dueto diante de uma multidão em um festival de música. A última visão que tive foi de Lenneth descobrindo que estava grávida no meio de um show. A primeira filha deles nasceu oito anos depois que Lenneth se formou. O maior sucesso da banda até hoje é a música “Flight of the Valkyrie”, que foi sua primeira composição, em homenagem a uma de suas melhores amigas.

Julie também ficou na Bulgária depois da formatura. Seu tio conseguiu uma vaga no estágio do St. Alborghetti para ela assim que deixou a escola. Um ano depois, foi aceita para curso de medicina da Universidade de Sofia e passou a conciliar as duas coisas. Minha primeira visão foi de uma Julie mais velha, já médica formada, atendendo uma paciente na emergência do hospital. A visão mudou e vi a mesma paciente, agora recuperada, tomando café com Julie em um bistrô de Sofia. Minha última visão foi das duas andando na rua de mãos dadas com uma menina de no máximo 5 anos saltitando na calçada e fazendo as duas rirem. Julie nunca deixou Sofia. A menina que elas adotaram ainda bebê foi batizada de Jaqueline, mas Julie sempre a chamaria de Jackie.

Leo formou-se com louvor em Adminsitração na Universidade de Sofia e além de trabalhar nas empresas que herdou da avó, criou uma fundação que pesquisa problemas de coração e dá suporte a transplantados. Meu primeiro flash foi dois anos depois da formatura, em seu casamento com Mitchell, que já era capitão do time de quadribol dos Abutres de Vratsa. A visão mudou e vi Mitchell recebendo o bastão de ouro como melhor jogador do campeonato. Logo em seguida vi Leo descobrindo que estava grávida de duas meninas.  A última visão foi dos dois bem mais velhos sentados num jardim rodeados de netos. Leo sempre foi uma ativa colaboradora de uma ONG que realiza sonhos de pacientes terminais junto com Finn e Mitchell. Suas filhas foram batizadas de Cher e Madonna. Cinco anos depois tiveram dois meninos chamados Jagger e Lennon.

Robbie foi aceito em Juilliard com o vídeo que seu pai enviou de seu solo no piano. Partiu para Nova York ainda em agosto, acompanhado de Leo, Parvati e Ozzy, deixando Alec para trás. O namoro terminou logo no inicio do verão. A primeira imagem que vi foi de Robbie sozinho no palco de um teatro, tarde da noite, praticando no piano. Parecia esgotado, mas continuava tocando. Na visão seguinte, um Robbie mais velho se apresentava para uma platéia lotada no Carnegie Hall, que contava com Parvati e Leo na primeira fila, e era aplaudido de pé. A visão mudou de uma forma brusca. O cenário era o mais diferente possível de um palco. Robbie estava em um hospital e Julie o atendia. Tinha a mão esquerda enfaixada e chorava enquanto ouvia o que a amiga dizia. A visão mudou e Robbie estava sozinho em casa, deprimido, olhando seu piano. Depois de um longo período de depressão, onde Parvati e Leonora não saíram de seu lado, Robbie descobriu que podia reger uma orquestra tão bem quando tocar em uma. Ele hoje é compositor e um dos mais respeitados maestros do mundo.

Parvati foi para a França no final do verão para estudar na Academia de Aurores de Paris. Minha primeira visão foi dela em um terraço com a Torre Eiffel ao fundo levando uma surra em um treino de artes marciais. Ela tinha hematomas por todo o corpo, mas não desistia. Quando a visão mudou, ela estava parada em um beco e apontava uma arma para um homem que também tinha uma em punho. A expressão no rosto dela era bem diferente da que me lembrava, parecia perigosa. Sua arma disparou e o beco desapareceu. Estava vendo agora uma Parvati mais velha. O cenário era o carnaval de Veneza. Ela observava a multidão atentamente e vi Ozzy se aproximar. Também estava mais velho e tinha um semblante sério, mas sorriu ao vê-la. A última imagem que vi foi dos abraçados em um parque vendo um menino de 4 anos brincando no escorregador. Alex nasceu três anos depois que os dois se reencontraram. Parvati deixou a CIA para cuidar em tempo integral do filho e só retornou onze anos depois, quando ele foi para a escola.

Ozzy não deixou a Bulgária de imediato. Manteve a vaga que conquistou na Academia de Aurores e como haviam combinado, no final de agosto o namoro com Parvati terminou. Cada um tinha um caminho a seguir. Minha primeira visão foi de sua formatura na Academia. Ele conversava em particular com um homem de terno preto e a conversa terminou com ambos apertando as mãos selando um acordo. A visão mudou e vi meu irmão em Berlim, de terno preto, perseguindo a pé um homem que fugia de carro. Ele saltou de uma ponte e caiu em cima do carro do homem, arrancou-o de dentro dele, lhe nocauteando e atirando dentro do carro outra vez, assumindo o volante. No flash seguinte ele já estava mais velho, quase 30 anos, e parecia muito sério e importante, com o mesmo terno preto, enquanto escoltava um prisioneiro. A visão mudou e Ozzy estava em uma rua de Paris com um pedaço de papel na mão, diante de um prédio. Uma senhora de idade o recebeu e o convidou para entrar com um sorriso simpático no rosto A visão seguinte tinha Ozzy vasculhando as ruas de Veneza e encontrando uma Parvati surpresa em um café. A senhora que o recebeu era a avó de Parvati, com quem ela morou quando estava em Paris. Eles se casaram um ano depois e nunca mais se separaram.

Quanto a mim? Bem, eu me formei em Durmstrang dois anos depois, entrei para a faculdade de arquitetura na Universidade de Sofia e depois fui trabalhar para uma empresa na própria cidade. Casei com a mulher da minha vida 15 anos depois que decidi parar de envelhecer, quando cheguei aos 30 anos. Estava na mesma feira onde ia encontrar Alexis no dia do acidente quando uma mulher de 20 e poucos anos me abordou, dizendo ter a impressão de me conhecer de algum lugar. Quando ela estendeu a mão se apresentando e a toquei, um turbilhão de imagens invadiu minha mente. Não eram flashes do futuro, mas do passado. Vi todos os momentos importantes que vivi com Alexis de uma só vez e soube naquele instante que era ela. “Eu encontro você na feira” foi a última coisa que ela me disse ao telefone antes do acidente.

Esperei 30 anos, mas ela finalmente me encontrou.


'Cause you talk to me and it comes off the wall
You talk to me and it goes over my head

'Cause it's you
It's always you
I, I always knew
Oh, it's you

The Vaccines – I Always Knew

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Encerro aqui minha participação no Instituto Durmstrang, assim como também encerro o blog. Se será temporariamente ou permanentemente ainda não sabemos, mas o espaço continuará sempre aqui, ativo ou não, para quem quiser ler as histórias já postadas. =)