Duas semanas antes do final do ano letivo...
Right from the start
You were a thief, you stole my heart
And I, your willing victim
I let you see the parts of me
That weren't all that pretty
And with every touch
You fixed them
Confesso que após a descoberta de que Sasha era minha mãe, não me esforcei muito para encontra-la novamente, nos vimos na delegacia e depois algumas vezes na promotoria quando fui dar depoimentos e colher sangue para os exames de DNA. Ela tentou se aproximar, mas seu advogado a segurou pelo braço e ela me acenou e eu retribui. Mitchell vivia me cobrando sobre isso mas eu sempre usava a formatura da escola, as empresas ou o jornal como desculpa. Somente Parv e Robbie entendiam o real motivo da minha hesitação: medo por não saber o que esperar desta nova pessoa em minha vida ou da situação em si. Cresci rejeitada por pai e mãe e agora descubro que tenho os dois? Ok, que Sasha não é Christine, o que por si só já é um bônus, mas George? Ele continua sendo ‘senhor’ para mim, mesmo sendo meu pai biológico, não vamos romantizar a situação. Eu e ele tínhamos um acordo não verbal de que cada um continuaria no seu espaço, simples assim.
Era sábado de manhã e como não tinhamos nada programado, Mitchell e eu demoramos a nos arrumar para irmos ver as roupas que usaríamos no baile de formatura. Haviamos acabado de tomar o café da manhã, quando ouvi barulho na porta da frente e Soren veio falar conosco:
- Senhorita Leonora, a senhora Dobrev está ai, quer recebê-la?- olhei em dúvida para Mitchell e ele respondeu por mim:
- Sim, nós vamos receber a senhora Dobrev. Nos dê alguns minutos.- Soren saiu e me virei para Mitchell:
- O que faço agora? Não preparei nada....O que eu digo? Er... se eu não quisesse vê-la o que ele faria?- e ele me abraçou:
- Se você não quiser receber alguém, Soren nao permitirá que esta pessoa se aproxime de você, posso garantir. E quanto ao que falar...ela se propôs a ser sua amiga quando você precisou, porque não continua daí? Todos merecem uma chance. – respondi:
- Ela é uma boa pessoa. Não importa o que digam...– ele assentiu e me deu um beijo me encorajando. Fui para a sala e Sasha estava distraída olhando as fotos de quando eu era pequena.Minha gata Duquesa estava sentada no sofá olhando sério para ela.
- Olá! – disse enquanto me aproximava e minha gata miou, na certa querendo saber o que havia de diferente naquela situação e eu a afaguei nas orelhas, enquanto Sasha se virava para mim e pude notar as olheiras e o ar preocupado enquanto dizia:
-Você parece feliz nestas fotos, apesar de tudo...
- Ah eu fui bastante feliz enquanto crescia. Vovô me estragou demais e vovó era mais mãe do que uma avó...(vi seu olhar dolorido e disse) - Desculpe, sente-se por favor.- [vi que ela soltou a contragosto a fotografia em que eu tinha uns sete anos e tentava me equilibrar numa bicicleta vermelha, era vovô quem me segurava, era o dia do meu aniversário e minha avó fez festa na escola onde eu estudava, Christine e George não foram, é claro]. Sasha e eu nos olhamos por algum tempo e ela disse:
- Sei que não marquei hora, mas esta situação não pode mais ficar assim, me orgulho de ser uma pessoa que vai direto ao ponto, para você é tudo muito novo, assim como para mim. – assenti e ela continuou:
- Gostaria que continuássemos amigas, não quero forçar uma convivência, pois temo embaraça-la por conta de quem sou, mas basta que você saiba que pode contar comigo, se precisar. Soube que o baile de formatura de vocês terá como tema os anos 40, então eu ficaria muito contente se você aceitasse este presente.- e me entregou uma caixa preta de veludo.
- Sasha, não precisava... Ai que coisa linda!- disse olhando para o lindo colar de ouro com um pingente de borboleta toda em pedras preciosas, que mudavam de cor conforme a luz. - É uma peça vintage. Ficará lindo com meu vestido...- disse e ela respondeu:
- Fico feliz que tenha gostado, agora eu preciso ir, pois já tomei muito do seu tempo. Estes são os meus números de telefone, se precisar de qualquer coisa...-
- Você gostaria de ver outras fotos de quando eu era pequena? Estão espalhadas pela casa, tenho alguns álbuns....- disse enquanto pegava o cartão e ela me olhou curiosa, e continuei:
- Serei honesta com você. Eu já queria conhecê-la melhor, mesmo antes de saber que temos um laço de sangue. Gostaria de poder dizer que sou uma ótima pessoa e que sou a filha que todos os pais querem, mas estaria mentindo, não tenho muitos amigos, sou uma pessoa egoísta, não divido, mas os poucos amigos que tenho sabem que se alguém mexer com eles a encrenca é comigo, não costumo ligar para o que as pessoas pensam, talvez um dia eu a chame de mãe, mas até lá será que podemos voltar ao tempo em que passei na sua casa? Adorava nossas conversas...– e ela sorriu concordando e passamos algumas horas muito divertidas vendo albuns antigos, depois saimos juntas para jantar com Mitchell num restaurante famoso e foi inevitável não sermos fotografados todos juntos.
Claro que mesmo com as coisas que movimentaram a escola no ano que passou, como o sequestro de Lucian, a nova familia de Parvati, a morte de minha avó, eu descobrindo que fui roubada na maternidade, eram assuntos comentados pelos corredores, volta e meia ouvia piadinhas, indiretas e me fazia de surda, a cada nova matéria no jornal, as pessoas se divertiam muito. Estavamos sentados no salão principal almoçando, quando escutei uma vozinha esganiçada:
- E ai como se sente sendo alvo das fofocas, Leonora? O legal é que agora quando eu te chamar de vadia, posso dizer que está no sangue.- disse Tiffany, segurando um jornal de Sofia, ela era de uma república rival e que para variar eu não gostava muito, uma vez que era a ex namorada do Mitchell.- meu primeiro impulso seria voar no pescoço dela e torcer como se fosse uma galinha de borracha, mas eu havia prometido a tia Karen me comportar, respirei fundo e disse o mais calma possivel:
- Tiffany, soube que você foi aprovada para trabalhar como desfazedora de feitiços no Gringotes de Sofia...é verdade?
- Começo em setembro, mas não tente desviar do assunto...- a ignorei e continuei:
- Sempre me disseram era que os funcionários do banco, são pessoas confiáveis, que não falam demais, afinal o banco possui muitos segredos...E neste momento eu me sinto inclinada, a transferir todas as minhas contas para outra agência. Acho que seus chefes vão entender quando eu fizer isso por sua causa não é? Os duendes são chefes muito compreenssivos...
- Você não ousaria...
- Estes anos todos e você não sabe do que sou capaz? Ainda mais se mexerem com a minha mãe. - ela ficou pálida e começou a se afastar e eu disse:
- Não vai dizer mais nada? Mas presta bem atenção ao que vai dizer, não vamos ficar na escola para sempre. - e seu rosto ficou avermelhado:
- Peço desculpas pelo que falei, não devia ter falado mal de sua mãe e de você.- dei um meio sorriso:
- Que bom que nos entendemos. Agora me faça um favor: volte para o ralo de onde você saiu. - virei-me para continuar o meu almoço quando Robbie comentou:
- E eu achando que se você virasse a mão na cara dela, ia quebrar a unha e arruinar o trabalho da sua manicure, mas manda-la para o ralo machucou muito mais.- rimos e continuamos com o almoço.
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Dia da Formatura
Se tem uma coisa que podia dar como certo, é que o dia da formatura iria amanhecer claro e com uma brisa leve e não me enganei. Não estava calor, até porque Durmstrang não tem o apelido de geleira à toa, mas estava um clima agradável para quem era acostumado com temperaturas abaixo de zero. Fui escolhida como oradora da turma, acredito que foi uma pegadinha, mas no fundo eu gostei, então havia preparei meu discurso, e não o mostrei a ninguém, nem mesmo a Mitchell. E foi engraçado porque alguns colegas estavam começando a ficar com medo do que eu iria falar, ser colunista de fofocas, gera este tipo de reação nas pessoas.
A cerimônia correu como o planejado, o diretor Ivanovitch, fez um discurso muito bonito e emocionado, haviamos escolhido a professora Georgia como nossa paraninfa, e a aplaudimos entusiasmados quando terminou seu discurso breve e recebeu seu buquê de flores.
Apesar da tensão, quando fui chamada, respirei fundo e fui para o lugar aonde eu teria que discursar. Caminhei e olhei para todos os meus colegas formandos e depois para a platéia, localizei Sasha e Apolo sentados em seus lugares, próximos aos pais de Robbie e Parv, que os haviam recebido muito bem. E para meu espanto, George estava sentado não muito longe e me encarava sério. Ergui o queixo e comecei:
- Muitos de nós aqui se lembram de quando tinhamos cinco anos, e nos perguntaram o que queriamos ser quando crescessemos...As respostas iam de astronautas, presidente, ou no meu caso princesa.- sorri e vi alguns sorrisos e continuei:
- Aos dez eles perguntaram novamente e respondemos: estrela de rock, jogadores de quadribol, hóquei... bem no meu caso eu ainda queria ser princesa. Mas agora nós crescemos e eles querem uma resposta séria...(dei um tapa no pulpito fazendo barulho) - Quem diabos sabe? Este não é o momento de tomar decisões rápidas e precipitadas, é o momento de cometer erros.Muitos! – disse dramática e ouvi o diretor arfar e vi Robbie colocar a mão na boca para não rir alto:
- É o momento de pegar o trem errado, e ficar preso em algum lugar, mesmo que seja olhando para o nada. Apaixonar-se muito... ou em alguns casos para sempre (olhei para Mitchell e depois pisquei para Parv e Ozzy). - Estude filosofia, mesmo que ela não dê uma boa carreira. Mude de idéia e mude de novo, porque nada é permanente. O nosso tempo nesta vida é limitado, então não o gaste vivendo a vida de outro alguém. Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior. Tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Hoje enquanto nos despedimos dos sete anos vividos aqui nesta escola, olhamos para próximo capítulo de nossas vidas e as aventuras que virão...Faculdades, carreiras, viagens, casamentos...Tudo aquilo que parecia tão longe está aqui, ao nosso alcance e eu confesso que estou apavorada, pois chegou rápido demais, e mesmo eu sendo uma pessoa bem cínica, sentirei falta deste lugar. Como Shel Silverstein escreveu: “Não há finais felizes. Os finais são a parte mais triste. Então só me dê um meio feliz e um começo muito feliz”. – olhei para meus amigos formandos, para os professores e depois para a platéia: - Muito obrigada a todos vocês por me darem um começo muito feliz aqui. Parabéns aos formandos de 2016! - e todos jogamos nossos chapéus para cima. Estávamos oficialmente formados.
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O tema do nosso baile de formatura era ‘Memórias’, e foi contratado um profissional para fazer fotografias dos formandos em preto e branco como ícones dos anos 40 que seriam intercaladas com fotos antigas dos nossos sete anos na escola, que haviam sido encontradas por Finn no arquivo do jornal e emolduravam as paredes do salão que havia sido decorado como os grandes clubes da época com mesas redondas, toalhas de linho brancas e talheres de prata e taças de cristal, um palco para a banda se apresentar com um lindo piano de cauda.Para a decoração do salão usamos como referência filmes como Gilda, Casablanca, Cidadão Kane ou o Falcão Maltês, eu adorei fotografar como Gilda, e acabei usando um vestido muito parecido com o dela, azul marinho com luvas combinando, acompanhado de uma estola de pele branca. O colar que ganhei de Mariska, combinou perfeitamente.E Mitchell assim como a maioria dos rapazes usava um smoking que o deixava muito bonito.
Era uma noite muito feliz, a banda contratada intercalava sucessos antigos com atuais, e estavam vestidos iguais às bandas da época. Minha mesa era perto da mesa dos pais de Robbie, Mitchell e Parv e não demorou e as familias resolveram ficar juntas. Tia Moira, mãe de Finn estava sentada junto de Mariska e as duas conversavam animadas os mais variados assuntos. Dancei com Finn, enquanto Mitchell dançava com sua irmã Madison, Camille que acompanhava Cooper, irmão de Mitchell procurou ser educada comigo e vice versa. George me parabenizou pela formatura e deu um pequeno sorriso quando citou meu discurso, dizendo que já aguardava o meu próximo quando me formasse na Universidade de Administração. Meus olhos deviam estar saltando das órbitas quando Mitchell me segurou pela cintura e me levou para os jardins e como a música chegava até lá, começamos a dançar enquanto conversávamos:
- Você está muito chocada com seu pai?
- Ele estar aqui já é um choque, elogiar meu discurso então...
- Ainda não disse, mas gostei muito do discurso, parabéns.- sorri e completei:
- Viu a cara do diretor quando bati na mesa? Achei que ele fosse infartar.- rimos e eu quis saber:
- O que George, Mariska e você conversavam tão sérios mais cedo?
- Ah aquilo? Seu pai queria saber quais são as minhas intenções e eu disse que vou me casar com você, aproveitei e comuniquei também à sua mãe.
- O QUÊ?- devo ter gritado porque as pessoas que dançavam ao nosso redor nos olharam curiosas e ele riu me girando.
- Sei que somos jovens e que você tem que terminar a faculdade e eu me dedicar ao começo da minha carreira no time, mas eu sei o que eu quero para o meu futuro. Então quando seu pai quis saber porque estávamos morando juntos, eu disse a ele que pretendo me casar com você, daqui a uns dois anos.
- Certo, para tranquilizar George você disse que nos casaríamos. Ele nunca quis saber nada sobre mim e não vai começar agora. Vou falar com ele...- disse irritada e Mitchell me segurou quando ameacei me soltar e disse me olhando firme:
- Não faça isso agora, acho que ele ainda está perdido com toda a situação, e esta conversa não foi diferente da que ele teve com Cooper, ele só está agindo como pai, quer você goste ou não. Eu não disse isso por ele, foi por nós, sua mãe não ficou surpresa. Então vai responder ou não?
- Qual foi a pergunta? – e ele se afastou um pouco e apoiou um dos joelhos no chão e disse, enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas:
- Acredito que, para duas pessoas se amarem, para se comprometerem uma com a outra, elas têm de tomar uma decisão. E essa decisão tem que ser vivida, todos os dias, mesmo quando as coisas estão difíceis, mesmo quando parece que o melhor é desistir. Essa decisão é a escolha de continuarem amando uma a outra, apesar de todas as dificuldades que surgirem no caminho. Então eu gostaria de saber Leonora, se você quer se casar comigo?- disse enquanto pegava a minha mão e colocava em meu dedo um anel que tinha uma safira azul no centro e era rodeado por pequenos diamantes brancos, igual ao da princesa Diana e eu respondi:
- Sim, Mitchell, eu vou me casar com você e não vou desistir.- e nos beijamos de forma apaixonada. Mal sabia que aquele seria o primeiro de muitos dias felizes em minha vida.
You'll never love yourself
Half as much as I love you
You'll never treat yourself right darlin'
But I want you to
If I let you know
I'm here for you
Maybe you'll love yourself like I love you
It's you
Oh it's you
They add up to
I'm in love with you
And all these little things
Nota da Autora: Shel Silverstein, foi um foi um poeta, compositor, músico, cartunista e autor de livros de crianças americano.Seu livro mais conhecido é ‘A árvore generosa’.
Discurso de Leonora foi um apanhado de discursos feitos em filmes como Crepúsculo, The Midlle, e pela internet.
O pedido de casamento de Mitchell é baseado no filme ‘Lado a Lado’.
Trechos das músicas: Give me a reason (Pink) e Little Things (One Direction)