‘Como todas as campanhas, é uma luta dura e sei como é difícil para um candidato perder, e também para sua família. Mas podem sair fortalecidos como homens em conseqüência da derrota desde que não se deixem abater’
Richard Nixon
A semana que se seguiu após as descobertas de ambos os lados na disputa pela presidência do conselho estudantil foi movimentada. Evie se recusava a desistir de sua candidatura e recebia o apoio das amigas, enquanto Georgia estava decidida a fazê-la abandonar a disputa. E a divergência de opiniões acabou por fazer as coisas saírem do controle.
Como prometido, Georgia espalhou cópias do jornal trouxa pela escola, e Nina entrou em pânico. Logo ela bolou uma estratégia para que o professor Andrei, avô de Evie, não colocasse as mãos em nenhum exemplar, e seu plano de guerra foi bem sucedido. Mas Nina não conseguiu evitar que suas amigas se vingassem pelo ataque gratuito. No dia seguinte, todos os murais da escola amanheceram decorados com fotos da infância oculta de Georgia. Os alunos riam ao olharem as fotos e apontavam para ela nos corredores, despertando a fúria da garota e desencadeando uma verdadeira guerra pelo poder.
Por duas semanas seguidas, Evie e Georgia se defenderam com as armas que possuíam, e sempre contando com a ajuda de sua equipe eleitoral. Nenhum truque era baixo demais, nenhum insulto era suficiente. Logo, porém, as coisas começaram a se tornarem pessoais. E Evie logo entendeu o significado da política em Durmstrang: não se tratava de ganhar uma eleição, mas sim de destruir o adversário.
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O dia do debate entre os candidatos havia finalmente chegado e Evie deveria enfrentar Georgia diante de toda a escola no auditório, e supostamente fazer um discurso de campanha e responder perguntas dos alunos. A idéia, simples do ponto de vista de Nina, tinha uma outra proporção na cabeça de Evie. A perspectiva de ficar em frente a mais de 200 alunos e discursar era, no mínimo, assustadora. E nem mesmo um discurso pronto ela tinha. Nina se recusara a fazer um, pois segundo ela, Evie era perfeitamente capaz de escrever o que pretendia fazer em seu mandato.
‘Já terminou seu discurso?’ Nina sentou ao lado dela na aula de Poções ‘Pois presumo que já tenha começado, estou certa?’
‘Estou trabalhando nele’ Evie respondeu sem olhar para a amiga
‘Discurso de Campanha, por Evie Parvanov... Isso é o seu discurso??’ Nina arrancou um papel da mão de Evie, onde não tinha nada além de desenhos, e no alto da folha, o titulo.
‘Eu disse que estou trabalhando nele, não disse que terminei. Se você parasse de frescura e fizesse por mim...’
‘Não, já disse que não vou ajudar a trapacear. Os candidatos devem escrever seus próprios discursos’
‘A Nina pode não querer ajudar, mas nós sim... Abra, vamos’ Milla chegou com Vina, Annia, Max e Chris e entregou um papel amassado para Evie
‘O que é isso?’ Mas Evie sabia o que era, só queria ter certeza
‘O discurso da Georgia. Annia roubou da mochila dela e copiou’ Vina estava empolgada com a aparente virada de mesa ‘Se você falar antes dela, não vai ter problema’
‘Você não vai usar isso, não é?’ Quando Evie não respondeu, Nina lhe lançou um olhar reprovador ‘Merlin, você vai fazer isso, não acredito!’
‘O que deu na Nina?’ Chris perguntou quando a garota esbarrou nele e em Max
‘Ela perdeu o controle da campanha da Evie, e vocês sabem como a Nina detesta não saber o que fazer’ Milla respondeu rindo
‘Bom, que seja... Nós temos a solução para esse debate ser todo seu, mana!’ Max puxou uma caixinha do bolso e Chris riu
‘O que é isso?’
‘Bombinhas fedorentas. Vamos soltá-las no meio do auditório na hora do discurso da Georgia, assim ninguém vai ouvir o que ela tem a dizer’ Chris falou orgulhoso do plano
‘E dessa forma, ninguém vai saber que os discursos são iguais’ Max concluiu sorridente
‘É bom que esse plano funcione’ Evie foi taxativa
‘Vai funcionar, confie em mim’
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Todos os alunos do Instituto Durmstrang já estavam acomodados no auditório da escola, aguardando o debate. Como de costume, os adversários já estavam no palco, junto de seus gerentes de campanha. Nina estava séria sentada ao seu lado e Evie sabia o motivo, mas não conseguira escrever seu próprio discurso e não tinha mais controle de nada. Tudo que ela queria era massacrar Georgia até o limite, pois sabia que a garota desejava a mesma coisa.
‘Boa tarde alunos, professores’ O vice-diretor falou no microfone e todos fizeram silencio ‘Nosso debate começará com cada oponente fazendo um discurso individual, vocês terão chance de fazer perguntas, e por fim, um debate entre as duas candidatas. Vou chamar a aluna Nina Olenova para apresentar sua candidata. Srtª Olenova, por favor’
Nina levantou da cadeira e antes de caminhar até a bancada, olhou pela ultima vez para Evie, implorando em silencio que ela não prosseguisse com aquilo, mas não parecia funcionar.
‘Evangeline Parvanov é uma garota direita. Ela é legal, leal aos amigos e honesta. E eu escolhi apoiar sua campanha porque sei que ela faz as escolhas certas. Porque sei que se ela for eleita, será da maneira justa’
Enquanto Nina falava diante dos alunos, Evie ia se encolhendo na cadeira. Tudo que ela queria naquele momento era saber aparatar e desaparecer dali. Chris e Max sacudiam a caixinha com as bombinhas e apontavam para ela, para que Evie pudesse ver. Talvez fosse uma boa idéia eles estourarem elas, mas ao invés de fazerem isso no discurso de Georgia, poderiam fazer um favor a Evie e solta-las em seu próprio discurso.
Evie percebeu que era sua vez de ir até a bancada e começar a discursar e não viu outra saída senão ir até lá. Georgia cochichava alguma coisa com sua gerente de campanha e ria debochada. Evie parou de frente a todos os alunos, abriu o papel amassado com o discurso de Georgia e encarou Nina. O papel estava ali, em sua frente, e lê-lo sem duvida lhe garantiria a presidência do conselho estudantil, mas na hora H, Evie recuou. Aquilo não era algo que ela faria. Ela não era assim, não sabia trapacear para se dar bem em alguma coisa. Nina tinha razão, Evie se desviara do real motivo da campanha e só queria humilhar Georgia. E então, sem pensar duas vezes, ela sabia o que tinha que fazer.
‘Caros alunos, professores, eu-’ Evie viu Chris apontando para a bombinha mais uma vez e desviou o olhar dos amigos ‘eu renuncio a minha candidatura’
O auditório se encheu com o falatório dos alunos diante da atitude inesperada de Evie. Ela podia ver Milla, Vina e Annia olhando para ela em choque, Nina tinha uma expressão que misturava surpresa e satisfação, e Georgia não poderia estar mais espantada. Mas a reação que causou de fato algum impacto foi a de Chris. Max levantou de repente ao ouvir a renuncia e esbarrou em Chris, fazendo com que ele derrubasse a caixa com as bombinhas. Elas estouraram no instante em que se chocaram com o chão.
‘Bombinha fedorenta!!’ Max gritou olhando para o liquido escorrendo em seu pé
A cena que seguiu o grito seria engraçada se o momento não fosse quase dramático. Todos os alunos levantaram juntos e começaram a gritar, correndo para fora do auditório com os cachecóis enrolados nos rostos. Evie continuou parada no palco, olhando a tudo estarrecida. Nina também ainda estava sentada na cadeira, e só restavam as duas no lugar. Olhando para os últimos alunos correndo na direção da porta, Evie só comprovou o que sempre soube: política fedia.
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Dois dias depois, toda a escola votou em quem queria para presidente. Georgia ganhou disparado, com mais 60% dos votos, Nina levou 15% deles mesmo sem concorrer, alguns alunos não votaram e outros anularam seus votos escolhendo personagens de desenhos. Evie não teve sequer seu próprio voto, mas ela não se arrependeu por ter concorrido a presidente do conselho estudantil. E nem pelas duas semanas de suspensão que se seguiram. Na verdade, de muitas formas, ela se tornara uma pessoa melhor graças a tudo aquilo. Evie aprendeu que não é passando por cima dos outros que se chega a algum lugar na vida, mesmo tendo perdido as eleições até para o pato Donald... De qualquer forma, estava na hora de deixar a política para os políticos.